terça-feira, 26 de abril de 2022

[Mitsuko Uchida] W. A. Mozart: Fantasia em Ré menor, K. 397




                                            https://www.youtube.com/watch?v=eNOhBE20zsI

A minha dupla homenagem, ao génio pré-romântico de Mozart e a Mitsuko Uchida que exprime toda a subtileza da música mozartiana, de modo único.

(para uma análise da peça, ver AQUI )
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Meu comentário:

Esta peça, tal como outras composições de Wolfgang Amadeus, tem um inegável toque de sensibilidade romântica. Talvez, o que caracteriza o romantismo seja - antes de mais - uma configuração mental. 

A época dita «rococó» está cheia de exemplos de peças ou de passagens, que soam como românticas aos nossos ouvidos. Provavelmente, porque na época seguinte, durante o Século XIX, muitos compositores se serviram de certas fórmulas como clichés. 
Aliás, não só Mozart revela sensibilidade pré-romântica. Também se pode notar esta tendência (estilo «Empfindsamkeit») nos filhos de Bach, Carl Philipp Emanuel e Wilhelm Friedmann, ou mesmo em Joseph Hadyn.
É notório que o movimento literário «Sturm und Drang» do final do século XVIII, era totalmente romântico. Porém, nessa época - cerca dos anos 1780 - a música ainda se regia pelos cânones do Classicismo.
Creio que o romantismo musical surge como a cristalização de tendências que já se afirmavam no Barroco tardio e no Classicismo.

 

segunda-feira, 25 de abril de 2022

MESA-REDONDA: A GUERRA NA UCRÂNIA E O COLAPSO DA ORDEM MUNDIAL




Veja esta mesa redonda, com os convidados seguintes: Alastair Crooke Former EU senior diplomat and the founder and director of Conflicts Forum. Scott Ritter Former US Marine Corps Intelligence officer and UN Chief Weapons Inspector. Max Blumenthal American Journalist, author, blogger, and editor of The Grayzone website. Seyed Mohammad Marandi Professor of English literature and Orientalism, University of Tehran. Hosted by the Institute for North American & European Studies (INAES)

---------------- PS1: Em complemento, uma entrevista com Annie Lacroix-Riz:

domingo, 24 de abril de 2022

F. LISZT: «UN SOSPIRO» [VALENTINA LISITSA]

                                           



                                             https://www.youtube.com/watch?v=oHBul0bc55o

«Un Sospiro»: Quem deu este título (em italiano) ? Não foi o autor da peça.
Liszt, já bastante adiantado na idade, compôs algo que é impossível definir; um «noturno»? um «estudo»?

-Afinal, não se trata de um suspiro, mas de respiração ampla, oceânica.
A paisagem musical/poética descreve as ondulações do mar, a brisa salgada que nos enche os pulmões.

A maleabilidade e leveza de Valentina Lisitsa, resultam na interpretação perfeita de «Un Sospiro»


sábado, 23 de abril de 2022

Ucrânia/Palestina - dois pesos, duas medidas





 VIOLÊNCIA nunca é justificada contra pessoas pacíficas que estão a celebrar uma cerimónia religiosa. 

Apenas as pessoas que no Ocidente pretendem ser quem define o que é e qual a gravidade duma «violação dos direitos humanos», pode aceitar o que se passa há meio século na Palestina ocupada por Israel, uma guerra de extermínio, um genocídio, contra o povo da Palestina.

E tudo isto, conta com a conivência, aprovação e apoio concreto, sob forma de muitos milhões de dólares, muitas armas e equipamento de guerra, constante violação dos direitos mais elementares contra um povo indefeso. 

Porque é silenciado tudo isto? Porque só interessa, se for para reforçar a posição do «Império Yankee», ou os seus «reinos vassalos», mas não lhes interessa realmente o destino das pessoas concretas.

Tanto os civis ucranianos, como palestinianos, devem ser aliviados e poupados de toda a violência; não há violência contra civis que seja tolerável; não existe guerra - de baixa ou alta intensidade- que não cause (muitas vezes, uma maioria) vítimas civis.

A visão das pessoas é enviesada por uma insidiosa campanha de lavagem ao cérebro, com a assimilação de povos inteiros como sendo «justos» ou «injustos», «amigos» ou «inimigos», etc. 

Este tipo de raciocínio, propalado constantemente pela media e pelos governos, tem um efeito devastador; é um elemento que permite a continuação de atos cobardes e assassinos. 

Torna impossível qualquer solidariedade ou mero respeito pela «civilização ocidental» e por consequência, connosco também, da parte dos povos das nações que foram oprimidas pelo colonialismo, o chamado Terceiro Mundo. 

Já viram aquilo que os dirigentes e os media ao serviço do grande capital estão a fazer, na indiferença total, permitindo a continuação do sofrimento do povo Palestiniano? E que três quartos do mundo veja as manifestações de solidariedade de povos europeus com o povo ucraniano como hipócritas?? 

sexta-feira, 22 de abril de 2022

LISBOA TEM 48 MIL HABITAÇÕES VAZIAS (TOTALMENTE) E A PERDA DE POPULAÇÃO É ENORME

Os problemas com habitação em Portugal, em particular nos grandes centros urbanos, nunca foram adequadamente abordados e tratados. Prova de que somos efetivamente uma «república das bananas», por muito ofendidas que fiquem certas pessoas ao lerem isto. 

A redução do número de lisboetas pode ser facilmente avaliada pelas estatísticas. Por alturas do 25 de Abril de 74, Lisboa (Lisboa cidade) tinha aproximadamente um milhão de moradores, hoje (dados de 2016) está reduzida a 504 mil, ou seja, a metade.


Agora, o jornal em língua inglesa «The Portugal News», dá-nos conta da situação objetiva, resultante da miopia dos dirigentes, sejam eles governantes de sucessivos governos, sejam autarcas. 

https://www.theportugalnews.com/news/2022-04-20/48000-empty-homes-in-lisbon/66511


A estupidez e ganância é que levam as pessoas a «facilitar» esta (ausência de) gestão do espaço urbano. 

- A estupidez, porque querem dar a ilusão de que «graças a eles (governantes, autarcas) o país avança, enriquece». Porém, é tudo uma ilusão, uma mercantilização e gentrificação da urbe e, portanto, um atentado à vida, à economia e à cultura do país. 

- A ganância, porque as pessoas com algum dinheiro investem no imobiliário para tirarem rendimento, só no curto prazo, não se importando muito com o deserto humano que estão a criar, ao promoverem (indiretamente, mas sabem que o resultado é esse) a expulsão da população de origem, das famílias modestas, dos trabalhadores dos chamados «bairros históricos» para alugar os apartamentos, apenas durante uns dias por mês, a estrangeiros. Estes negócios, aliás, são muito pouco regulados e fiscalizados. Isto significa que são empresas de serviços turísticos sem as devidas garantias (de higiene, de segurança e de infraestruturas de apoio) e que deveriam ter. 

Eu não sou contra a utilização de casas ou apartamentos em regime de tipo "RB&B", ou "turismo de habitação". Porém, a estratégia inteligente deveria ser a de manter nos bairros - em particular, os históricos - a população autóctone, com os serviços do quotidiano, que podem servir a população, etc. Isto implicaria uma visão dos planificadores, tanto dos ministérios, como das autarquias. Implicaria, por exemplo, lançarem um programa de rendas controladas nestes locais, assim como promover outros apoios concretos às famílias, aos comércios. 

A selva capitalista do imobiliário é potenciada pelo «deixa andar» dos responsáveis, que mais parecem irresponsáveis. De tal forma que o resultado prático disto é a zona histórica da capital estar a ficar esvaziada de população, o mesmo é dizer, estar a morrer.

NB: Em baixo, alguns artigos meus anteriores, que abordam a temática da habitação em Portugal. 

 https://manuelbaneteleproprio.blogspot.com/2020/07/um-pais-em-ruina-beira-mar-plantado.html

https://manuelbaneteleproprio.blogspot.com/2017/04/a-bolha-imobiliaria-mundial-atingiu-o.html

https://manuelbaneteleproprio.blogspot.com/2017/02/da-gentrificacao.html

Mendelssohn - concerto n.2 para piano e orquestra








                                               https://www.youtube.com/watch?v=m_E2lyd07u8

Leia AQUI, um pequeno relato de como esta composição nasceu, das circunstâncias que estiveram envolvidas na vida de Mendelssohn e verá que vale a pena!

F. Mendelssohn / Piano Concerto No.2 in d minor, Op.40 Hee-chuhn Choi, Conductor Julius Jeongwon Kim, Piano KBS Symphony Orchestra


 

quinta-feira, 21 de abril de 2022

EXTRADIÇÃO DE JULIAN ASSANGE, REVELADORA DA TOTAL FALÊNCIA MORAL DO OCIDENTE






A reportagem do vídeo acima está essencialmente correta. Qualquer pessoa que tem acompanhado o caso Julian Assange saberá quais os pontos essenciais deste caso.
Não irei, portanto, repetir aquilo que está no conteúdo do vídeo acima.
Pretendo apenas sublinhar três coisas.
1ª A morte do Estado de Direito: No Ocidente a figura do Estado de Direito foi-se afirmando, ao longo de séculos, querendo isso dizer que o Estado não se rege mais pelo capricho ou interesse dos que estão no poder, mas sim de acordo com as leis do país. Estas leis obrigam - segundo o credo da democracia liberal - os governos e os governados. Em particular, ninguém pode ser acusado e julgado por algo que não é crime na nação em que está a ser julgado.
2º A  morte da imagem de uma «esquerda» liberal, preocupada com a proteção dos direitos humanos, seja qual for a etnia, causa, país, etc. onde estão a ser violados. A chamada «esquerda» (do Reino Unido, ou de qualquer país da Europa), se nós tivéssemos de a definir por esse critério, seria o punhado de ativistas que tem persistentemente feito manifestações em frente da prisão onde está encarcerado Assange, e todos aqueles que realmente defendem Assange e denunciam a conspiração real, não uma teoria, para o ter aprisionado sem haver verdadeiro motivo (1) para tal.
3º A morte da media dita «mainstream» ou «legacy», que depois de ter beneficiado do trabalho de Assange e de Wikileaks, foi instrumentalizada (deixou-se instrumentalizar) pelos governos dominados por neocons, nos EUA, para «denunciar» Assange, supostamente por ele não ser um «jornalista», mas sim um «hacker», o que além de mentira absurda, é um comportamento vergonhoso de «arrependido»: Eles, jornalistas mainstream, seriam igualmente passíveis de prisão e condenação por «traição», visto que colaboraram na divulgação das tais imagens e dados objetivos que tanto incomodaram o poder nos EUA. Eles é que traíram Assange e a confiança que muitas pessoas honestas ainda tinham no jornalismo mainstream, agora são considerados apenas como um braço do poder, o da propaganda. 

Face a esta constatação, o melhor que se pode fazer, seja qual for o destino dado a Assange? -Trata-se, para nós, «simples cidadãos», de retirar TODA a confiança aos que se apoderaram dos comandos do governo, da justiça, etc. e que fizeram as piores velhacarias em nosso nome. 
Se nós não lhes dermos confiança, se não fizermos como se eles «apenas» se tivessem enganado, como é que eles poderão sobreviver, no longo prazo? Se ficam expostos como os piores verdugos, os piores criminosos de guerra, que nos escravizam e aterrorizam? Desejais maior prova do terrorismo do poder quando transformam os whistleblowers, ou jornalistas corajosos em bodes expiatórios, pela denúncia dos crimes DELES?
Não ficarão logo derrotados, mas o seu apoio será muito menor, se houver um sobressalto das pessoas - muitas, felizmente - que têm «decência» (a «common decency», de que falava Orwell).
Na verdade, eles sobrevivem graças à passividade de muitos de nós. Nesta e noutras situações, «quem cala, consente» ou seja, não condenar esta iniquidade, é ser cúmplice  dela.
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(1) Leia o resumo do caso por Paul Craig Roberts, AQUI