domingo, 20 de fevereiro de 2022

OS VERDADEIROS INIMIGOS DA EUROPA



    - Força britânica da NATO na Estónia

A crise ucraniana é muito pouco palatável, mas funciona como reveladora:
Desde a histérica campanha mediática, insuflada pelos anúncios alarmistas repetidos de Biden e sua administração, de que a invasão russa «estava iminente», que se verifica quão bajuladores os governos da maioria dos países da OTAN/NATO se têm mostrado, em relação ao Senhor feudal, o governo de Washington.
Esta maioria de governos não inclui dois, o da França e da Alemanha, que compreendem que seus países têm nenhum interesse em ver cortadas as relações diplomáticas e comerciais com a grande nação euroasiática.
Pelo contrário, compreendem que estão a ser empurrados (mais uma vez) a fazer uma guerra americana por procuração. Quem pagaria o preço de um corte total com a Rússia, já para não falar de uma verdadeira guerra, com armas e bombas, seriam obviamente os europeus.
François Mitterrand não se poderia chamar um político destituído de realismo: foi ele que disse, numa entrevista pouco antes de morrer, que existia um inimigo mortal da unidade europeia, e que esse inimigo disfarçado, era tido como nosso aliado: os EUA.
De facto, trata-se da grande paranoia dos estrategas que dominam em Washington, pelo menos desde a época do presidente Clinton.
O perigo soviético manteve a Europa ocidental debaixo do «chapéu-de-chuva» americano, como dissuasor. Era a proteção militar americana que jogava como fator poderoso em manter os governos ocidentais, a maioria das forças políticas e, por extensão, das opiniões públicas, favoráveis à hegemonia americana. Isto manteve-se, decénios depois do fim da IIª Guerra mundial.
O povo da República federal alemã, como o de leste, não tinha qualquer laivo de independência, visto que se encontrava ou sob ocupação americana, ou soviética (no caso da Alemanha de Leste). Mas, a unificação alemã veio transformar a geopolítica do continente europeu, «congelada» de 1945 a 1990.
As peripécias políticas e militares da NATO (e fora da NATO) dos diversos «parceiros» europeus, seria um tema demasiado longo para descrever aqui, embora seja muito útil e mesmo indispensável, para se perceber o que se está a passar neste preciso momento.
Assiste-se a uma manobra de desestabilização pelos EUA, ainda não plenamente conseguida e que pode também falhar. Como disse em artigo anterior de análise sobre a crise ucraniana, trata-se de causar um bloqueio do Nord Stream 2, um embargo do gás russo (e doutros bens de exportação), por sanções, cujo preço vai ser pago pelas economias europeias ocidentais.
Note-se a coordenação anglo-americana a este propósito, com Boris Johnson a fornecer armas e peritos para treino das tropas, enquanto faz reuniões com Zelensky, sem qualquer outro motivo que não seja aparentar uma «procura da paz».
Quanto a Biden, ou melhor, aos que puxam os cordéis em Washington, têm gritado «vem aí o lobo» da invasão russa, dia sim, dia sim. Estão realmente a fazer o papel que lhes é reservado, como atores profissionais ao serviço do lobby do armamento, o maior lobby dos EUA, aquele que tem tudo a ganhar dum renovo da guerra-fria.
Com efeito, se nós tivermos em conta análises, não enviesadas, sobre o peso das despesas de defesa nos orçamentos americanos, verificamos que o nível mais alto da Guerra Fria nº1, é ultrapassado no presente. A indústria de guerra, juntamente com a indústria farmacêutica e do entretenimento de Hollywood, são grandes exportadores dos EUA, mas a indústria bélica é - largamente - a maior.
Por conseguinte, estamos a assistir a um apodrecimento da situação na «frente leste», com as barragens de artilharia dum lado e de outro das linhas de demarcação das repúblicas do Donetsk e Lugansk, com a Ucrânia. Que isto seja prelúdio para uma guerra mais intensa, com batalhas nesses territórios, só o futuro o dirá, mas existe grande probabilidade que assim seja.
Zelensky com todo o seu aspeto simpático de ex-comediante, é refém dos americanos e do setor ultranacionalista ucraniano. Não sei se ele poderá desejar pessoalmente, evitar a guerra e obter uma forma de solução pacífica, através do processo dos acordos de Minsk. Mas, sei que a maioria dos partidos representados do parlamento de Kiev, têm a retoma - por quaisquer meios - das repúblicas separatistas e da Crimeia, como objetivo claro (o que não significa que as populações tenham o mesmo ponto de vista).
Assim, a população dos restantes países está refém das intrigas de Washington, que se relaciona com o governo de Kiev como o senhor feudal com os servos. Do lado russo, não há o mínimo interesse em intervir na Ucrânia, pelos motivos já amplamente descritos noutras crónicas minhas.
Porém, é perfeitamente compreensível que, ao nível humanitário, estejam a evacuar e dar realojamento às pessoas das repúblicas do Don (crianças, idosos, inválidos e mulheres em prioridade) perante a possibilidade de uma guerra no seu solo. É perfeitamente lícito ajudar a população largamente russófona, vítima de longos anos de guerra ativa ou larvar. Aliás, numerosos cidadãos dessas repúblicas têm dupla nacionalidade, ou seja, têm documentos de cidadania russa, além de serem cidadãos ucranianos e/ou das repúblicas separatistas.
Para além dos aspetos legais, é particularmente chocante ver-se que outros russos são discriminados, humilhados, quase remetidos para a clandestinidade, nas «democráticas» repúblicas bálticas que resultaram da decomposição da União Soviética: A Letónia, Estónia, Lituânia (membros da NATO, da União Europeia e doutras instituições). As minorias etnicamente russas, destes países estão sujeitas a tudo isso. Porém, delas não se fala nunca: «Russian lives DON'T MATTER».
De qualquer maneira, se sanções duras contra a Rússia se vierem a concretizar, prevejo que os grandes prejudicados serão os povos europeus.
Os alemãs, em particular, privados de gás natural a preço acessível, para seus lares e suas indústrias. Mas, também todas as outras nações europeias, que terão muito a perder economicamente, também pela perda de comércio. Desde os frutos e legumes, aos automóveis, e passando por produtos como perfumes, modas, vinhos etc. todos eles, produtos são exportados agora e poderiam vir a sê-lo ainda mais para o grande mercado russo. Uma enorme área de comércio ficaria fora do alcance das empresas europeias.
Os EUA ficarão contentes, pois irão manter e reforçar as suas partes de mercado, não apenas nos países da Europa ocidental, como terão, mundialmente, menos competição nos seus produtos tecnológicos, em particular.
Estamos, portanto, a assistir às primeiras salvas de uma guerra híbrida, cujo desfecho é incerto, mas que tem como objetivo implícito abaixar a capacidade de autonomia e de concorrência da Europa, nos mercados mundiais. Trata-se, sem dúvida, de uma guerra contra os Estados, os sistemas económicos e os povos europeus.
O seu sucesso ou insucesso depende, em larga medida, de que uma percentagem esclarecida da cidadania acorde e veja, para além de toda a propaganda, os golpes económicos associados a estes desenvolvimentos geopolíticos.

NB1: Um pouco de refrescar da memória, sobre como a NATO e o Império americano coagem os países a pertencer à aliança, que não é defensiva mas ofensiva e claramente orientada contra a Rússia. Leia AQUI.
NB2: Da página web de Paul Craig Roberts:
 In a televised address President Putin announced this morning a military operation to “demilitarize and denazify Ukraine.”

As it is impossible to learn anything factual from the fake news Western media, I will do my best to tell you what is happening.

As far as I can tell, at this time of writing there are no Russian troops involved. Russian troops don’t even seem to have been sent to the territory of the republics. Using precision weapons the Russian military has disabled Ukrainian military infrastructure facilities, air defenses, military airfields and aircraft. Putin has announced that Ukrainian soldiers who lay down their arms will not be attacked. Tass reports that “Ukrainian troops are leaving their positions in large numbers, dropping their weapons.” Clearly, the Ukrainian soldiers have more sense than their leaders.

https://www.paulcraigroberts.org/2022/02/24/breaking-news-russia-demilitarizes-ukraine/

sábado, 19 de fevereiro de 2022

REGRESSO

 [OBRAS DE MANUEL BANET]

 Regresso ao conforto do porto de abrigo,  depois de vaguear por serras e vales, no meio de vida selvagem, ou não domesticada, cheio de fervor pelo ambiente verdadeiro e real da biologia no seu esplendor, desde a árvore pujante e secular, à ave fugidia; desde o pequeno inseto, ao rochedo coberto de musgo.

Tudo resplandece de vida. Nada sai fora da Lei Natural da Palavra Divina, onde coelhos e perdizes espreitam entre ramas e tufos. Que se escondem de nós, intrusos. Eles, por instinto, nos sabem evitar.

Estou agora mais firme na convicção de deixar para trás a ilusão das coisas efémeras, objetos maravilhosos, mas de uso muito limitado no meio dos campos infinitos, ou das serras.

Mas, bem preciso de instinto e juízo seguro, na viagem exterior e interior, é disso que preciso, como Bússola, Canivete, Mapa em papel, Binóculos e Botas de caminhar. Talvez algo mais eu deva carregar, mas evitarei coisas inúteis, estéreis, demasiado frágeis, ou corruptíveis.

De que te serve aqui um relógio?  

- SIM, PODEREI SER «MINIMALISTA»: QUANDO ENCHER A MOCHILA, QUERO QUE ELA SEJA O MAIS LEVE POSSÍVEL, PARA CONSERVAR A  ENERGIA, PARA NÃO ME FATIGAR NOS PRIMEIROS QUILÓMETROS PERCORRIDOS.

Esta meditação vale também para as coisas do espírito. Temos muita bagagem na mente, mas pouca deveras essencial. A bugiganga mental, tal como a outra, impede-nos de movimentar o espírito com agilidade, é um estorvo: E julgamos ser ela uma parte indispensável do nosso pensamento! 

Cada vez mais, quero pensar como o ser natural que sou, afinal de contas: Pensar com as moléculas do meu ser por inteiro, não com toneladas de lixo cinzento, que me foram impingidas e que eu comi, sem perceber.


Murtal, 19 de Fevereiro de 2022





quarta-feira, 16 de fevereiro de 2022

TOMORROW IS A LONG TIME - ODETTA SINGS DYLAN




If today was not an endless highway
If tonight was not a crooked trail
If tomorrow wasn't such a long time
Then lonesome would mean nothing to me at all
Yes and only if my own true love was waitin'
And if I could hear his heart a-softly poundin'
Yes, only if he was lyin' by me
Then I'd lie in my bed once again
I can't see my reflection in the waters
I can't speak the sounds that show no pain
I can't hear the echo of my footsteps
Or remember the sound of my own name
Yes, and only if my own true love was waitin'
And if I could hear his heart a-softly poundin'
Yes and only if he was lyin' by me
Then I'd lie in my bed once again
There's beauty in the silver, singin' river
There's beauty in the sunrise in the sky
None of these and nothing else can touch the beauty
That I remember in my true love's eyes
Yes and only if my own true love was waitin'
If I could hear his heart a softly poundin'
Yes and only if he was lyin' by me
Then I'd lie in my bed once again
(Letra e Música de Bob Dylan)

terça-feira, 15 de fevereiro de 2022

[F. William Engdahl] BLACKROCK? MUITO MAIS DO QUE VOCÊ IMAGINA

            https://www.globalresearch.ca/more-blackrock-than-you-might-imagine/5748159

Publicado pela primeira vez pela Global Research em 20 de junho de 2021

Uma empresa de investimento praticamente não regulamentada hoje exerce mais influência política e financeira do que a Federal Reserve (a Reserva Federal, o Banco Central dos EUA) e a maioria dos governos deste planeta.

A empresa, BlackRock Inc., a maior gestora de ativos do mundo, investe impressionantes 9 triliões US$ em fundos de clientes em todo o mundo, uma soma mais que o dobro do PIB anual da República Federal da Alemanha.

Esse colosso fica no topo da pirâmide da propriedade corporativa mundial, inclusive na China, mais recentemente. Desde 1988, a empresa se posicionou para controlar de fato a Reserva Federal, a maioria dos megabancos de Wall Street, incluindo o Goldman Sachs, o Fórum Económico de Davos e o seu «Great Reset», a Administração Biden e, se não for travado, o futuro económico de nosso mundo. A BlackRock é o epítome do que Mussolini chamou de Corporativismo, onde uma elite corporativa não eleita governa, de cima para baixo, a população.

Como o maior “banco sombra” do mundo exerce esse enorme poder sobre o mundo deve nos preocupar. A BlackRock, desde que Larry Fink a fundou em 1988, conseguiu montar softwares financeiros e ativos exclusivos, que nenhuma outra entidade possui. O sistema de gestão de risco Aladdin da BlackRock, uma ferramenta de software que pode rastrear e analisar negociações, monitora mais de 18 triliões US$, em ativos de 200 empresas financeiras, incluindo a Reserva Federal e bancos centrais europeus. Aquele que “monitora”, também sabe, podemos imaginar. A BlackRock foi chamada o “canivete suíço do exército – investidor institucional, gestor de dinheiro, empresa gestora de participações privadas e parceiro do governo global, em um só ”. No entanto, a grande média trata a empresa como mais uma empresa financeira de Wall Street, apenas.

Existe uma interface perfeita que une a Agenda 2030 da ONU, com o «Great Reset» do Fórum Económico Mundial de Davos e com as políticas económicas do governo Biden. Essa interface é BlackRock.

Equipe Biden e BlackRock

Nesta altura deve estar claro para qualquer um que se dê ao trabalho de olhar, que a pessoa que afirma ser presidente dos EUA, Joe Biden, de 78 anos, não toma pessoalmente nenhuma decisão. Ele manifesta dificuldades em ler de um teleponto, ou em responder às perguntas preparadas pela média amigável sem confundir Síria e Líbia, ou mesmo, se ele é o presidente. Ele está sendo micromanipulado por um grupo para manter a “imagem padronizada" de um presidente, enquanto a política é feita nos bastidores por outros. Ele lembra assustadoramente o personagem do filme de Peter Sellers de 1979, Chauncey Gardiner, em Being There .

O que é menos público são as pessoas-chave que administram a política económica da Biden Inc. Eles são, simplesmente, os da BlackRock. Assim como o banco de investimento Goldman Sachs dirigiu a política económica sob Obama e também sob Trump, hoje a BlackRock está desempenhando esse papel fundamental. O acordo aparentemente foi selado em Janeiro de 2019, quando Joe Biden, então candidato e com probabilidades de derrotar Trump, foi se encontrar com Larry Fink em Nova York, que teria dito ao “Joe classe trabalhadora” que: “ Eu estou aqui para ajudar .”

Agora, como presidente, numa de suas primeiras decisões, Biden nomeou Brian Deese para diretor do Conselho Económico Nacional, o principal conselheiro do presidente para a política económica. Uma das primeiras Ordens Executivas Presidenciais abordava a economia e a política climática. Isso não é surpreendente, já que Deese veio da BlackRock de Fink, onde era Diretor Global de Investimentos Sustentáveis. Antes de ingressar na BlackRock, Deese ocupou altos cargos económicos sob Obama, incluindo a substituição de John Podesta como conselheiro sénior do presidente, onde trabalhou ao lado de Valerie Jarrett. Sob Obama, Deese desempenhou um papel fundamental na negociação  dos Acordos de Paris sobre o Aquecimento Global.

No cargo-chave de política como vice-secretário do Tesouro da secretária Janet Yellen, encontramos Adewale “Wally” Adeyemo, nascido na Nigéria. Adeyemo também vem da BlackRock, onde de 2017 a 2019 foi consultor sénior e chefe de gabinete do CEO da BlackRock, Larry Fink, depois de deixar o governo Obama. Seus laços pessoais com Obama são fortes, pois Obama o nomeou o primeiro presidente da Fundação Obama em 2019.

E uma terceira pessoa sénior da BlackRock administrando a política económica no governo agora também é incomum em vários aspetos. Michael Pyle é o consultor económico sénior da vice-presidente Kamala Harris. Ele veio para Washington do cargo de estratega-chefe de investimentos globais da BlackRock, onde supervisionou a estratégia de investimento de  cerca de US$ 9 triliões em fundos. Antes de atingir na BlackRock o mais alto nível, ele também esteve no governo Obama como consultor sénior do Subsecretário do Tesouro para Assuntos Internacionais e, em 2015, tornou-se consultor da candidatura presidencial de Hillary Clinton.

É digno de nota o fato de três dos mais influentes representantes económicos do governo Biden serem da BlackRock e, antes disso, todos do governo Obama. Há um padrão definido e sugere que o papel da BlackRock em Washington é muito maior do que nos dizem.

O que é BlackRock?

Nunca antes uma empresa financeira com tanta influência nos mercados mundiais esteve tão escondida do escrutínio público. Isso não é acidente. Como tecnicamente não é um banco que faz empréstimos bancários ou recebe depósitos, ele foge à supervisão regulatória da Reserva Federal, embora faça o que a maioria dos mega bancos como HSBC ou JP MorganChase fazem – comprar e vender títulos para obter lucro. Quando houve uma tentativa do Congresso para incluir gestores de ativos como BlackRock e Vanguard Funds debaixo da alçada da lei Dodd-Frank pós-2008, como “instituições financeiras sistemicamente importantes” ou SIFIs, um grande esforço de lobby da BlackRock acabou com a ameaça. A BlackRock é essencialmente quem faz a lei a si mesma. E, de fato, é “sistemicamente importante” como nenhuma outra, com possível exceção da Vanguard, que também é a maior acionista da BlackRock.

O fundador e CEO da BlackRock, Larry Fink, está claramente interessado em comprar influência globalmente. Ele nomeou o ex-deputado alemão da CDU Friederich Merz como chefe da BlackRock Alemanha, quando parecia que poderia suceder à chanceler Merkel e o ex-chanceler britânico do Tesouro George Osborne, como “consultor político”. Fink nomeou a ex-chefe de gabinete de Hillary Clinton Cheryl Mills, para o conselho da BlackRock quando parecia certo que Hillary logo ganharia a Casa Branca.

Ele nomeou ex-banqueiros centrais para seu conselho e passou a garantir contratos lucrativos com suas antigas instituições. Stanley Fisher, ex-chefe do Banco de Israel e também mais tarde vice-presidente da Reserva Federal, é agora consultor sénior da BlackRock. Philipp Hildebrand, ex-presidente do Banco Central Suíço, é vice-presidente da BlackRock, onde supervisiona o BlackRock Investment Institute. Jean Boivin, ex-vice-governador do Banco do Canadá, é o chefe global de pesquisa do instituto de investimentos da BlackRock.

BlackRock e a Fed

Foi esta equipa de ex- membros de bancos centrais da BlackRock que desenvolveu o plano de resgate de “emergência” para o presidente da Fed, J. Powell, em março de 2019, quando os mercados financeiros pareciam à beira doutro colapso, semelhante ao da “crise do Lehman” de 2008. Como "obrigado", o presidente da Fed, Jerome Powell nomeou - sem concurso - a BlackRock para gerir todos os programas de compra de títulos corporativos da Fed, incluindo títulos em que a própria BlackRock investe. Conflito de interesses? Um grupo de cerca de 30 ONGs escreveu ao presidente da Fed, Powell: “Dando à BlackRock o controle total desse programa de compra de dívidas, a Fed... torna a BlackRock ainda mais importante sistemicamente para o sistema financeiro. No entanto, a BlackRock não está sujeita ao escrutínio regulatório das outras instituições financeiras sistemicamente importantes, ainda que menores .”

Em um relatório detalhado de 2019, um grupo de pesquisa sem fins lucrativos de Washington, Campaign for Accountability, observou que “a BlackRock, a maior gestora de ativos do mundo, implementou uma estratégia de lobby, contribuições de campanha e contratações de porta giratória para combater a regulamentação governamental e estabelecer-se como uma das empresas financeiras mais poderosas do mundo.”

A FED de Nova York contratou a BlackRock em março de 2019 para gerir seu programa de títulos baseados em hipotecas comerciais e suas compras primárias e secundárias de  750 biliões US$ em títulos corporativos e ETFs em contratos sem licitação. Os jornalistas financeiros dos EUA Pam e Russ Martens, ao criticarem o sombrio resgate de Wall Street, pela FED em 2019, observaram: “pela primeira vez na história, a FED contratou a BlackRock para “comprar diretamente” 750 biliões US$ em títulos corporativos primários e secundários e ETFs (Exchange Traded Funds), um produto do qual a BlackRock é um dos maiores fornecedores do mundo.” Eles continuaram: “Acrescentando ainda mais indignação, o programa administrado pela BlackRock receberá  75 biliões US$ dos  454 US$ biliões do dinheiro dos contribuintes para compensar as perdas em suas compras de títulos corporativos, que incluirão seus próprios ETFs, que a Fed está permitindo comprar…"

O chefe da FED, Jerome Powell e Larry Fink conhecem-se bem, aparentemente. Mesmo depois de Powell ter dado à BlackRock o negócio, extremamente lucrativo e sem concurso, de compra direta, Powell continuou a ter a mesma BlackRock como gestora de cerca de 25 milhões US$ de investimentos, em títulos privados de Powell. Registros públicos mostram que, nessa época, Powell mantinha ligações telefónicas confidenciais diretas com o CEO da BlackRock, Fink. De acordo com a divulgação financeira exigida, a BlackRock conseguiu duplicar o valor dos investimentos de Powell em relação ao ano anterior! Nenhum conflito de interesse, não é?

Um  México muito BlackRock

A história obscura da BlackRock no México mostra que os conflitos de interesse e a construção de influência com as principais agências governamentais não se restringem apenas aos EUA. O candidato presidencial do PRI Peña Nieto foi a Wall Street durante sua campanha em novembro de 2011. Lá, ele conheceu Larry Fink. O que se seguiu à vitória de Nieto em 2012 foi uma relação estreita entre Fink e Nieto que estava repleta de conflito de interesses , clientelismo e corrupção.

Provavelmente para ter certeza de que a BlackRock estava do lado vencedor no novo regime corrupto de Nieto, Fink nomeou Marcos Antonio Slim Domit, de 52 anos, filho bilionário do homem mais rico e provavelmente mais corrupto do México, Carlos Slim, para o conselho da BlackRock. Marcos Antonio, juntamente com seu irmão Carlos Slim Domit, comandam hoje o enorme império empresarial do pai. Carlos Slim Domit, o filho mais velho, foi co-presidente do Fórum Económico Mundial da América Latina em 2015 e atualmente atua como presidente do conselho da América Móvil, onde a BlackRock é um dos principais investidores. Pequeno mundo acolhedor.

O pai, Carlos Slim, na época nomeado pela Forbes como a pessoa mais rica do mundo, construiu um império baseado em sua aquisição da Telemex (mais tarde America Movil). O então presidente, Carlos Salinas de Gortari, na verdade deu o império das telecomunicações a Slim em 1989. Salinas mais tarde fugiu do México sob a acusação de roubar mais de 10 biliões US$  dos cofres do Estado.

Como é comum no México desde a década de 1980, o dinheiro das drogas aparentemente desempenhou um grande papel com o ancião Carlos Slim, pai do diretor da BlackRock, Marcos Slim. Em 2015, o WikiLeaks divulgou e-mails internos da empresa de inteligência privada, Stratfor. A Stratfor escreve  num e-mail de abril de 2011, quando a BlackRock está estabelecendo seus planos para o México, que um agente especial da DEA dos EUA, William F. Dionne, confirmou os laços de Carlos Slim com os cartéis de droga mexicanos. Stratfor pergunta a Dionne: “Billy, o bilionário MX (mexicano) Carlos Slim está ligado aos narcotraficantes?” Dionne responde: “Em relação à sua pergunta, o bilionário das telecomunicações MX é.” Num país onde 44% da população vive na pobreza, você não se torna o homem mais rico do mundo -em apenas duas décadas - vendendo biscoitos caseiros.

Fink e PPP mexicano

Com Marcos Slim como diretor da BlackRock e o novo presidente Enrique Peña Nieto, o sócio mexicano de Larry Fink na aliança PublicPrivatePartnership (PPP) de Nieto Peña, de 590 biliões US$, BlackRock estava pronto para colher os frutos. Para ajustar suas novas operações mexicanas, Fink nomeou o ex-subsecretário de Finanças mexicano Gerardo Rodriguez Regordosa para dirigir a Estratégia de Mercados Emergentes da BlackRock em 2013. Então, em 2016, Peña Nieto nomeou Isaac Volin, então chefe da BlackRock México, para ser o número 2 na PEMEX, onde ele presidiu à corrupção, a escândalos e à maior perda na história da PEMEX, 38 biliões US$.

Peña Nieto abriu o enorme monopólio estatal do petróleo, PEMEX, aos investidores privados, pela primeira vez desde a nacionalização na década de 1930. O primeiro a beneficiar foi a BlackRock de Fink. Em sete meses, a BlackRock garantiu 1 bilião US$ em projetos de energia da PEMEX, muitos deles, como o único licitante. Durante o mandato de Peña Nieto, um dos presidentes mais polémicos e menos populares, a BlackRock prosperou graças aos laços íntimos. Logo se envolveu  em projetos de infraestrutura altamente lucrativos (e corruptos) sob Peña Nieto, incluindo não apenas oleodutos, gasodutos e poços, mas também estradas com portagem, hospitais, gasodutos e até prisões.

Notavelmente, o “amigo” mexicano da BlackRock, Peña Nieto, também era “amigo” não apenas de Carlos Slim, mas também do chefe do notório Cartel de Sinaloa, “El Chapo” Guzman. Em depoimento no tribunal em 2019 em Nova York, Alex Cifuentes, um traficante colombiano que se descreveu como o “braço direito” de El Chapo, testemunhou que, logo após sua eleição em 2012, Peña Nieto havia solicitado 250 milhões US$ ao Cartel de Sinaloa, antes de se satisfazer com  100 milhões US$Só podemos adivinhar para quê.

Larry Fink e o «Great Reset» do WEF 

Em 2019, Larry Fink ingressou no Conselho do Fórum Económico Mundial de Davos, a organização com sede na Suíça que há cerca de 40 anos promove a globalização económica. Fink, que está perto do chefe tecnocrata do WEF, Klaus Schwab, defensor do «Great Reset», agora está posicionado para usar o enorme peso da BlackRock para criar o que é potencialmente, se não entrar em colapso antes, a maior Pirâmide de Ponzi do mundo, usando critérios «ESG» (Environmental and Social Governance) para o investimento corporativo. Fink - com 9 triliões US$ para alavancar - está levando a cabo a maior transferência de capital da história para um golpe conhecido como ESG Investing. A agenda da “economia sustentável” da ONU está sendo realizada silenciosamente pelos mesmos bancos globais que criaram a crise financeira em 2008. Desta vez, eles estão preparando, com ajuda de Klaus Schwab do WEF, o Great Reset direcionando centenas de biliões e logo triliões, em investimentos para suas mãos - empresas “acordadas” (woke) escolhidas, e para longe dos “não acordados” (non-woke), como empresas de petróleo e gás, ou carvão. A BlackRock, desde 2018, está na vanguarda para criar uma nova infraestrutura de investimento que escolhe os “vencedores” e os “perdedores” para investimento, de acordo com a seriedade da empresa em relação a «ESG – Meio Ambiente, Valores Sociais e Governança».

Por exemplo, uma empresa obtém avaliações positivas pela seriedade de sua contratação de funcionários e gerentes com diversidade de género, ou toma medidas para eliminar sua “pegada” de carbono, tornando suas fontes de energia verdes ou sustentáveis, ​​para usar o termo da ONU. Como é que corporações contribuem para uma governança global sustentável, é o mais vago da estratégia de ESG e pode incluir qualquer coisa, desde doações corporativas ao "Black Lives Matter" até ao apoio a agências da ONU, como a OMS. Empresas do petróleo, como a ExxonMobil ou empresas de carvão, não importa a situação em que estejam, estão condenadas, já que Fink e seus amigos, agora, promovem o «Great Reset» financeiro ou «Green New Deal». É por isso que ele fez um acordo com a presidência de Biden em 2019.

Siga o dinheiro. E podemos esperar que o New York Times torça pela BlackRock, enquanto ela destrói as estruturas financeiras mundiais. Desde 2017, a BlackRock é a maior acionista do jornal. Carlos Slim foi o segundo maior. Até Carl Icahn terá dito uma vez sobre a BlackRock: “uma empresa extremamente perigosa… Eu costumava dizer, você sabe, a máfia tem um código de ética melhor do que eles”. 


F. William Engdahl é consultor de risco estratégico e palestrante, é formado em política pela Princeton University e autor best-seller sobre petróleo e geopolítica, exclusivamente para a revista online  “New Eastern Outlook”  onde este artigo foi originalmente publicado. Ele é um pesquisador associado do Centro de Pesquisa sobre Globalização.

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                                            BLACKROCK E VANGUARD : Veja


domingo, 13 de fevereiro de 2022

Os Senhores do Mundo e os Povos do Mundo




With God on our Side*
(música e letra de Bob Dylan)

«With God on our side», ou «Gott mit uns», etc... Sempre a mesma cantilena. Será que vai funcionar também desta vez? Será que a propaganda maciça dos media serviçais dos poderes poderá persuadir nossos povos que a «Rússia é o nosso inimigo e é o império do Mal»???
As pessoas que estão conscientemente a soprar os ventos de discórdia e de guerra, deveriam ter medo de já não estar «na Graça de Deus», caso fossem cristãs. Porque, a maior parte dos governantes e dos que os manipulam, dizem-se «cristãos». Cristãos, que não hesitam em atacar um país fundado na base do cristianismo ortodoxo, há cerca de um milénio, onde a aventura do comunismo autoritário e oficialmente ateu, se saldou num retumbante fracasso. Nesse fracasso, teve imenso peso a espiritualidade do povo russo, que nunca esqueceu a sua relação de origem com o cristianismo. Foi a sua fé que lhe permitiu aguentar com paciência, coragem e estoicismo, os cerca de 70 anos terríveis, incluindo os da IIª Guerra Mundial e os de Estaline.
Francamente, eu estou mais perto dos cristãos ortodoxos russos, que dos cristãos ocidentais, que dizem seguir os Evangelhos e a Religião do Amor, mas que - porém - fazem tudo ao contrário dos ensinamentos de Jesus Cristo. Estes, só têm como finalidade aguentar-se no poder, porque o poder significa benesses, privilégios, opressão dos menos fortes. Onde é que isto é «cristão»?
A canção de Bob Dylan tem-me obcecado nestes últimos dias. É como música de fundo, descrevendo acertadamente a hipocrisia dos poderes «cristãos» e a ilusão de um povo. Na canção de Bob Dylan, trata-se dos EUA e do povo americano, mas - igualmente - pode ser qualquer um, do campo «Ocidental». Estes, têm sido abundantemente aspergidos com propaganda de ódio contra tudo o que seja russo*. Têm sido doutrinados, têm sofrido lavagens ao cérebro, por políticos e media de massas sem escrúpulos, constantemente.
O renovo do belicismo e da agressividade (fabricada) contra a Rússia não tem outro fim, senão manter as pessoas num complexo de medo.
Agora, que a narrativa do COVID está (quase) desacreditada, eles estão a inundar as mentes com outro «papão»!! Já não servem as narrativas utilizadas até há bem pouco tempo:
-Nem o «vírus mortífero» que já está amansado,
- Nem «o terrorismo jihadista», que agora serve na Síria para fazer a guerra em «nosso nome»,
- Nem «o comunismo», que já não assusta, como na Guerra Fria Nº1, agora é um «fantasma de anteontem».
Então, agora é o medo pânico da guerra: Enquanto eles conseguirem manter as pessoas num complexo de medo, sabem muito bem que elas não se atreverão a rebelar-se contra eles, os poderes que as oprimiram e oprimem, que lhes mentem constantemente e são culpados dos crimes mais graves.
Causar uma guerra é um crime contra a humanidade e incitar à guerra, é também um crime contra a humanidade. Porque será que este princípio acima, que é o da ONU, soa agora como «irrealista», quando deveria reunir o consenso mais amplo, entre as nações e os povos???
- A resposta é que não existe, na maioria dos dirigentes ocidentais, verdadeira compreensão do que seja a paz. Além disso, o poder hegemónico de Washington, levou a que eles se tomassem, a si próprios, pelos «Senhores do Mundo**».
A conivência com os poderes criminosos nunca foi uma atitude cristã. Os cristãos foram perseguidos inúmeras vezes no passado histórico e continuam a sê-lo no presente. A perseguição mais grave, no entanto, é o que eu chamaria de extinção por dentro do cristianismo. Fazer dele uma mera «decoração», um «ritual social», é a pior traição que se possa fazer. São cúmplices igrejas e seus chefes, de várias denominações, assim como hierarquias, que não fazem nada de positivo para dissipar os ventos da guerra e militarismo, que têm sido assoprados ultimamente.
Será que as suas palavras só se aplicam quando servem a propaganda dos seus governos, quando vêm reforçar o complexo de medo?
- Se a resposta é sim, então devemos rezar um requiem pelas mesmas igrejas e pelos seus dirigentes, pois estão mortas, em termos de fé cristã. Estão mortas, deixaram de estar na cristandade. Há pessoas individuais, dentro dessas instituições, que não perderam a coragem, que dizem as verdades, mas elas são (ainda) demasiado poucas. Demasiadas «ovelhas» estão desatentas, ou tomadas pela hipnose coletiva. Há uma janela estreita de tempo para que elas acordem, antes que os globalistas levem a cabo seus planos sinistros.
A força do povo é muito maior do que ele próprio suspeita. Vejam-se os presentes exemplos de movimentos de desobediência massiva e não violenta do povo cristão do Canadá, de França, de vários outros países ocidentais. Verifico que estes movimentos são inclusivos, são tolerantes, não-violentos. É exatamente aquilo que se espera duma luta de povos profundamente cristãos (e mesmo que alguns tenham outras religiões, ou sejam agnósticos, ou ateus). Estes povos estão fartos e já acordaram para o que as «elites» dos seus países, e a «elite» globalista, querem impor a nós todos.
É fácil nos conectarmos uns com os outros, é fácil e necessário - neste contexto - construir alianças pelos nossos interesses, no curto e longo prazo, isto constitui a verdadeira cidadania. Só assim poderemos, no longo prazo, construir a sociedade que todos desejamos. Uma tal sociedade terá as melhores relações possíveis com os outros povos. Isto é também o que estes querem.
A isso chama-se viver em paz, a Paz do Senhor: Esta Paz encontra-se no coração de cada pessoa, individualmente, quer seja cristão, ou tenha quaisquer outras posições religiosas e filosóficas. Deveria estar, em particular, no coração de alguém que se assume como cristão. Seja de que tendência for, um cristão tem de recusar a histeria belicista e, pelo contrário, espalhar o espírito de paz à sua volta, apoiando as iniciativas que reforçam a paz e o bom entendimento entre os povos, sem sectarismos, sem atitudes racistas, ou xenófobas. Todos os povos são muito semelhantes em suas aspirações mais profundas pela paz.

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(*) Excerto da letra
«I've learned to hate the Russians
All through my whole life
If another war comes
It's them we must fight
To hate them and fear them
To run and to hide
And accept it all bravely
With God on my side »

(**)
Em termos cristãos, a designação «Senhor do Mundo» é sinónimo de «Senhor dos Infernos». Não sei o que pensa o leitor sobre a existência do inferno e do mal. Mas é evidente para mim, que esta época é marcada por um total divórcio entre a Palavra dos Evangelhos e a prática dos que se dizem cristãos. Infelizmente, há demasiados cristãos de base, com sua indiferença ou ilusão, que acabam por reforçar os poderosos, através do voto, do apoio e do silêncio cúmplice perante tudo o que sabem, no foro íntimo, que está mal e que é anticristão.