sábado, 19 de fevereiro de 2022

REGRESSO

 [OBRAS DE MANUEL BANET]

 Regresso ao conforto do porto de abrigo,  depois de vaguear por serras e vales, no meio de vida selvagem, ou não domesticada, cheio de fervor pelo ambiente verdadeiro e real da biologia no seu esplendor, desde a árvore pujante e secular, à ave fugidia; desde o pequeno inseto, ao rochedo coberto de musgo.

Tudo resplandece de vida. Nada sai fora da Lei Natural da Palavra Divina, onde coelhos e perdizes espreitam entre ramas e tufos. Que se escondem de nós, intrusos. Eles, por instinto, nos sabem evitar.

Estou agora mais firme na convicção de deixar para trás a ilusão das coisas efémeras, objetos maravilhosos, mas de uso muito limitado no meio dos campos infinitos, ou das serras.

Mas, bem preciso de instinto e juízo seguro, na viagem exterior e interior, é disso que preciso, como Bússola, Canivete, Mapa em papel, Binóculos e Botas de caminhar. Talvez algo mais eu deva carregar, mas evitarei coisas inúteis, estéreis, demasiado frágeis, ou corruptíveis.

De que te serve aqui um relógio?  

- SIM, PODEREI SER «MINIMALISTA»: QUANDO ENCHER A MOCHILA, QUERO QUE ELA SEJA O MAIS LEVE POSSÍVEL, PARA CONSERVAR A  ENERGIA, PARA NÃO ME FATIGAR NOS PRIMEIROS QUILÓMETROS PERCORRIDOS.

Esta meditação vale também para as coisas do espírito. Temos muita bagagem na mente, mas pouca deveras essencial. A bugiganga mental, tal como a outra, impede-nos de movimentar o espírito com agilidade, é um estorvo: E julgamos ser ela uma parte indispensável do nosso pensamento! 

Cada vez mais, quero pensar como o ser natural que sou, afinal de contas: Pensar com as moléculas do meu ser por inteiro, não com toneladas de lixo cinzento, que me foram impingidas e que eu comi, sem perceber.


Murtal, 19 de Fevereiro de 2022





1 comentário:

Graça Bastos disse...

Que a viagem seja aprazível e segura.