domingo, 6 de fevereiro de 2022

[Valérie Bugault] A IMPOSTURA TEM DE ACABAR


Segundo Valérie Bugault, as políticas parlamentares e as eleições não mudam absolutamente nada das reais forças em presença, dos que possuem o poder «por detrás dos cortinados», a grande finança.

Estamos em risco de perder o fundamental da nossa humanidade. É «graças» à revolução digital e ao controlo pelas grandes empresas tecnológicas, que se vai instalando o «Great Reset». Este, não é apenas do domínio económico, embora tenha ao comando os detentores do domínio económico.

Acima, apenas apresentei dois aspetos que me interessaram particularmente, mas a entrevista é muito rica de ideias: veja e oiça, tem muito interesse!

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PS: Ver outros vídeos de entrevistas com Valérie Bugault 



 

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2022

A PROPÓSITO DO ANO DO TIGRE

                                          Foto: tigre siberiano fêmea, no seu habitat natural


Esta magnífica foto serve para nos lembrar que estes nobres animais estão, nos diversos habitats que ocupam, em sério risco de extinção.

Segundo a definição corrente, uma espécie considera-se extinta, quando não existe qualquer população natural, capaz de se reproduzir em liberdade. Os animais dessa espécie que possam subsistir, não têm possibilidade, a maior parte das vezes, de repovoar os habitats de origem. Seja por falta de condições dos mesmos, por terem sido de tal maneira perturbados por ação humana, seja porque é impossível prevenir a ação criminosa de caçadores e traficantes de troféus, que depois os vendem por elevado preço. É o caso de defesas de elefantes (e objetos em marfim); dos «cornos» de rinoceronte (usados como ingrediente, afrodisíaco(?) em certas culturas orientais); de vesículas biliares de ursos (usados em «medicina» tradicional chinesa e coreana); e uma enorme diversidade de seres selvagens que são massacrados pelo prazer, ou por «miraculosa» propriedade medicinal.

Na realidade, não existe pior depredador do que a espécie humana, pois tem levado à extinção inúmeras espécies. No caso dos tigres, é muito evidente o seu papel como super- predadores, nos ecossistemas. Os carnívoros que têm essa posição na pirâmide alimentar, são essenciais para a saúde e  equilíbrio dinâmico dos habitats de onde sejam nativos. Eles têm uma estratégia de caça apropriada pois caçam preferencialmente os animais velhos, doentes ou feridos, ou seja, deixam um contingente suficiente de presas em idade reprodutora, capazes de sobreviver e de repovoar a área, na estação seguinte. A pressão de seleção dos predadores sobre as presas tem um efeito de regulação sobre outras componentes do ecossistema, nomeadamente, os recursos vegetais não serão demasiado utilizados. Com o desaparecimento da espécie superpredador (como aconteceu com os lobos, as águias, etc. na maior parte da Europa), os ecossistemas degradam-se rapidamente. Os herbívoros, que antes eram mantidos  sob controlo devido à predação, vão ter uma explosão populacional e as plantas de que se alimentavam entram em extinção, provocando a degradação profunda, a breve prazo, desse ecossistema. Esta espiral descendente tem-se verificado frequentemente, conhecem-se bem as consequências que têm as extinções de espécies do topo da cadeia alimentar, na «saúde geral» dos ecossistemas. 

Na realidade, os tigres existem em várias espécies, ou subespécies, com características - por vezes - bem distintas. Todas estas espécies e subespécies têm uma capacidade magnífica de sobreviver e se integrarem nos ecossistemas de onde  são naturais. 




A frequência com que se veem tigres em zoos, em todo o mundo, não nos deve deixar a ilusão de que os humanos estão a fazer tudo para preservar as espécies em causa. Uma reprodução em cativeiro não significa que as crias, uma vez tornadas adultas, tenham capacidade - por si próprias - de caçar e subsistir, repovoando a zona. As tentativas de repovoamento das zonas nativas de várias espécies saldaram-se por fracassos, demasiadas vezes.

Por exemplo, na Península Ibérica, a reintrodução do lince ibérico, não se pode considerar um sucesso, pois apenas se conseguem mantê-los em parques naturais, onde a caça é interdita, preservando assim os coelhos, a principal presa do lince. 

Fora destas áreas, a possibilidade de serem esmagados por automóveis nas estradas é demasiado grande. Estas e outras dificuldades para uma harmoniosa reintrodução, provam que é muito melhor preservar os ambientes pouco perturbados e conservar as espécies no habitat natural, do que tentar reintroduzi-las nos seus prévios ecossistemas. 

O ecossistema e cada espécie nele inserida, formam um todo: A destruição duma parte, pode significar que o ecossistema no seu todo entra numa fase de degradação irreversível.


 

[Leonid Kogan] CHACONNE PARA VIOLINO SOLO BWV 1004

Johann Sebastian Bach (1685-1750) 
Chaconne da Partita nº2 em Ré menor BWV 1004



Leonid Kogan (1924-1982) violinista russo 
Gravação de  2. 14.1954, ao vivo no Grande Hall do Conservatório de Moscovo
 
Esta peça faz parte da partita nº2, com 5 andamentos:
Allemande - Courante - Sarabande - Gigue - Chaconne

Segundo alguns alunos de Bach, a Partita nº2 e a Chaconne que constitui o seu andamento final, terão sido escritas em memória da falecida esposa, Maria Bárbara.
Esta Chaconne é muito expressiva e plangente. Tem duração muito maior que os outros andamentos. 
A Chaconne (em italiano Ciaconna) é uma dança ternária, inicialmente de andamento vivo, importada das Américas no final do século XVI pelos marinheiros espanhóis e espalhada por toda a Europa, no século seguinte. 
A partir do século XVII, foi adaptada para instrumentos de orquestra ou de tecla. É baseada, tal como a Pasacalle, num tema do baixo com variações.  Numerosos compositores que antecederam Bach, como Louis Couperin ou J. Pachebel, compuseram Chaconnes. A peça composta por Bach está integrada nesta tradição. 
No entanto, a Chaconne de Bach tornou-se muito famosa pois foi popularizada com numerosas transcrições  para vários instrumentos. A transcrição de Busoni é a mais célebre das transcrições para piano.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2022

SISTEMA REALMENTE NATURAL DE VALOR (EM ECONOMIA E EM TUDO)

 Sempre tive um grande respeito pelas coisas da Natureza. Sempre me interessei pelos mecanismos subtis e realmente adaptados aos seus fins que constituem os sistemas naturais, desde a mais insignificante bactéria, até aos ecossistemas mais exuberantes, regurgitando de vida, como as florestas tropicais /equatoriais. 

Aquilo que caracteriza a nossa época, é um enorme avanço nas ciências, em particular na Biologia, e - em paralelo - um total obscurecimento da mente humana, devido a uma ideologia mecanicista, derivada da «mentalidade de engenheiro» (os bons engenheiros me perdoem!), que prevalece, assimilando o humano e todas as criaturas vivas, a máquinas. Pior ainda, este mecanicismo afirma-se sem qualquer consciência de que o é. Ou seja, nem sequer é uma posição filosófica assumida como tal. Por isso, leva as pessoas, quer sejam muito pouco instruídas, quer tenham os mais brilhantes estudos e títulos académicos, a se comportarem como aquele indivíduo que serra o tronco da árvore no qual está sentado. Os sistemas naturais estão em perigo permanente, devido à predação e depredação - sob todas as formas - que é levada a cabo, devido à acumulação de detritos, poluentes de toda a espécie, produzidos e não apenas impossíveis de serem reciclados pela Natureza, como fator de destruição de espécies e dos seus habitats. No meio disto, a ideologia dominante inventou uma muito exagerada, senão falsa, ameaça do «efeito de estufa» culpando o CO2 pelos piores males do planeta, quando se trata de um gás como outros: Até, com papel fundamental no ecossistema global, visto que é a partir deste, que todas as plantas efetuam a fotossíntese e é graças a ele que temos temperaturas amenas, em grande parte do planeta e uma estabilidade relativa das mesmas, coisas que seria impossível existirem, sem o tal efeito de estufa. 

Mas, o objeto deste artigo é outro. Resumindo a minha tese:

Os objetos naturais e - em particular - os sistemas vivos, são o modelo natural de que os homens se deveriam inspirar em primeiro lugar, para a construção de seu modelo de economia. Com efeito, se observarmos com atenção, a Natureza «inventou» as formas mais eficazes de captar, aproveitar, reciclar e conservar a energia, assim como as matérias-primas de que carece, para construir suas estruturas e manter em funcionamento os organismos. 

A Natureza tem uma eficácia global inultrapassada, no que toca às reações químicas: os sistemas enzimáticos e seu papel na fisiologia da célula, de qualquer célula (desde a bactéria, ao homem), são duma eficácia inigualável pela Química contemporânea. Muitas reações correntes nas suas células, caro/a leitor/a, são absolutamente impossíveis de acontecer em sistemas não vivos, à temperatura e pressão normais. Apenas sistemas com temperaturas e pressões incompatíveis com a vida, poderiam permitir que tais reações (corriqueiras nas células) tivessem lugar e, quase sempre, com rendimento menor ao que se verifica na célula viva. 

Logicamente, querendo resolver problemas de engenharia, seja ela naval, aeronáutica, química, etc. muitos engenheiros e inventores se voltaram para os seres vivos e tentaram adaptar os modelos desenvolvidos por «Éons de evolução» e que têm comprovadamente a maior eficácia, em termos energéticos e do aproveitamento inteligente dos recursos ambientais.

Mas, os sistemas vivos também conseguem fazer uma gestão otimizada nos seus sistemas internos: A economia intracelular funciona, graças ao ATP e outras moléculas com papel nas trocas de energia. Na era em que se trata de sair das divisas emitidas pelos Estados, em que se tenta um sistema desmaterializado do dinheiro, como não pensar no inteligente «porta-moedas» que constitui o sistema bioquímico de "ATP-ADP-AMP"? Este, associado a  outros do mesmo tipo (GTP,etc),  encarrega-se de assegurar que os saldos positivos (ou seja, as reações exo-energéticas) sejam transferidos para reações devoradoras de energia (reações endo-energéticas).

Os sistemas evoluíram no sentido de fazerem o máximo com o que tinham «à mão de semear». Assim, por exemplo, numerosas proteínas, enzimáticas e outras, têm o ferro como elemento não-proteico na sua estrutura, pois este é o mais banal de todos os metais de transição. Estes são metais que possuem uma camada interna dos eletrões, não inteiramente preenchida e podem, portanto, efetuar ligações químicas muito interessantes, aproveitadas pelas enzimas. 

As formas de reserva de energia são muito eficazes; contêm um stock de energia facilmente mobilizável, em caso de necessidade, para o organismo. Há polissacarídeos, como o amido ou o glicogénio, que preenchem esta  função. Mas, o organismo tem uma reserva «estratégica», que são os lípidos, as gorduras armazenadas em tecidos especializados (tecidos adiposos). 

O papel de centrais energéticas celulares é preenchido pelas mitocôndrias, nos seres eucarióticos. Conseguiu a Natureza, nos eucariotas, incorporar e domesticar certas bactérias que usavam o oxigénio como oxidante, ou recetor final de eletrões numa cadeia de oxidação, com várias etapas associadas à síntese de ATP. Assim, a incorporação de novidade trouxe, nos alvores da vida na Terra, esta variedade de formas que hoje conhecemos. 

A Evolução Biológica é o processo que permite a otimização dos seres vivos e opera à escala de biliões de anos. Em cada geração, numa determinada espécie, no entanto, podem dar-se transformações, que se espalham em pouco tempo. Temos aqui um modelo de como combinar a conservação daquilo que tem sido positivo ao longo das gerações, com a aceitação e difusão rápida de inovação, caso esta realmente se traduza em vantagem para os indivíduos que a transportam. 

As «soluções» que os engenheiros encontram* para os problemas da nossa civilização, são extremamente pobres, têm pouca maleabilidade e não têm em conta as externalidades. Por exemplo, a poluição associada ao seu fabrico e uso: São inevitáveis, a um, ou outro nível. Mesmo quando publicitam que tal ou tal aparelho «não poluí», da sua construção não falam, nem da destruição dos ecossistemas e  esgotamento das matérias-primas. 

A economia humana pode caraterizar-se pela quantidade de desperdícios, dos produtos que se transformam em lixo, muito do qual não é reciclado (e nalguns casos, nem é reciclável). A Natureza recicla e aproveita sempre os materiais; o desperdício de uma espécie, é o nutriente de outra. «Nada se perde, tudo se transforma» (Lavoisier): Não sei se a célebre frase está correta à escala do Universo, mas à escala da Biosfera, está corretíssima.

Os seres vivos não vivem para «acumular dinheiro». O seu equivalente do dinheiro, é a energia. Ela é vista como deve ser, como um meio para alcançar um fim. O fim (de qualquer ser vivo) é a manutenção em vida saudável do indivíduo e a sua reprodução.  Não existe obesidade em animais selvagens; mesmo quando têm abundância de alimento. Pelo contrário, os que vivem como animais de estimação na sociedade humana e estão sujeitos às «lógicas humanas», são cada vez mais obesos (ou seja, doentes), tal como os seus donos...

Por estranho que pareça, não há muitos sistemas teóricos que usem - na economia, sociologia, ou noutras ciências sociais - a modelização a partir do que foi observado na biologia dos indivíduos, dos grupos e dos ecossistemas. Historicamente, a economia e a sociologia desenvolveram-se e criaram seus paradigmas no século XIX, quando a ciência biológica estava ainda na sua infância. A compreensão do mundo vivo explodiu literalmente no século XX. Essa explosão prolonga-se no presente século. 

Eu sei que existem modelos que tentam mimetizar o processo da Evolução Biológica, mas também me parecem pobres, inadequados.  Talvez, porque são feitos por economistas, filósofos ou outros, que veem do exterior a Biologia e a Evolução. Não sei se a era da biotecnologia irá mudar o modo como «decisores» políticos, e outros, encaram as questões. Atualmente, vejo antes «uma invasão» de mentalidade tecnocrática, típica de economistas e engenheiros, a infestar os cérebros, nos domínios da biologia aplicada. Talvez seja uma fase transitória. Porém, a formação dos cientistas (sejam biólogos, sejam outros) é cada vez mais precocemente especializada, pelo que eles não têm uma visão panorâmica quer na Natureza, quer da sociedade humana. Para haver inversão de paradigma, seria preciso haver uma mudança radical, ao nível da formação académica.

Basicamente, o que a Natureza nos ensina, é muito simples de adotar porque temos o próprio modelo em funcionamento, literalmente, debaixo dos olhos. Quer o tomemos tal como ele é, quer o transformemos, para servir nossos propósitos, estamos somente a operar como «oportunistas», que se aproveitaram duma longuíssima cadeia de ensaios (desde que a vida começou, há mais de 4 biliões de anos!) e que colhem os frutos da sabedoria acumulada. Mas, afinal, é o mais natural e biológico a fazer. 

Aliás, pode dizer-se que foi graças a essa atitude, que uns frágeis símios das savanas, há uns milhões de anos, criaram a sua tecnologia, transmitiram esse saber técnico e construíram sociedades baseadas na troca, evoluindo até à humanidade de hoje!

Sinto-me impotente para explicar melhor o meu sentimento: Seria preciso haver, na nossa época, maior cooperação e menos competição. Não considero isto original, nem pretendo que o seja, mas tenho impressão de que esta visão da Natureza é desprezada pelos meus contemporâneos. Creio que houve momentos na História das Sociedades e Civilizações,  em que a Natureza foi muito mais respeitada, foi seguida como fonte do que é bom, justo e apropriado (a «Mãe-Natureza»). Quanto mais tarde a humanidade regressar ao paradigma natural, desde a sociologia, antropologia, psicologia, política, urbanismo, à economia, mais irá sofrer. Sofrimento absurdo, porque não há necessidade, nem vantagem, em continuar neste jogo sadomasoquista de destruição, de depredação e de domínio violento sobre a Natureza e os homens. 

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(*) Vejam-se os exemplos dados por Fressoz, na sua conferência, AQUI.


PS1: Pensar-se que o dinheiro é algo «neutro», que é um mero instrumento, que depende só das mãos em quem ele está, é um erro crasso. As pessoas que acreditam nisso, são demasiado ingénuas e podem ser exploradas pelos espertos sem escrúpulos. Quando às que detêm realmente as alavancas do dinheiro, desde a sua emissão, à circulação e à distribuição, sabem que tal não é assim. Dirão que é um instrumento neutro, para confundir e ocultar o facto (tão evidente, afinal) que «quem detém o poder de emissão da divisa de uma nação é quem detém o poder verdadeiro, ao ponto de lhe ser indiferente quem governa e quem faz as leis»... Este pensamento, atribuído a Mayer Amschel Rothschild, continua a ter plena atualidade. 

O sistema monetário «fiducitário» (ou seja, o dinheiro baseado «na confiança» que o público tenha nos que o emitem), é a base do poder da finança. Mas, para que outro sistema o venha substituir, não apenas tem de ser operacional nas condições atuais, mas deverá ter clara vantagem sobre o sistema que ele substitui. Creio que é esse o problema principal contemporâneo; a manutenção e evolução de uma civilização mundializada passam por aí.


quarta-feira, 2 de fevereiro de 2022

Início da longa marcha: OS CAMIONISTAS DO CANADÁ INDICAM O CAMINHO

 


A Caravana da Liberdade no Canadá é uma iniciativa inédita de um movimento que poderá alastrar a muitos outros sítios. 

A ideia central deste movimento de desobediência civil pacífica, com repercussões óbvias na política e na economia, é de mostrar ao poder que o povo não se deixará jamais esmagar.

O detestado Trudeau e o seu governo, ou cedem e retiram as restrições impostas a pretexto de COVID (elas são totalmente absurdas e contrárias aos direitos humanos elementares), ou então terão de se demitir. 

Esta é a força de um movimento popular genuíno. 

Por todos os sítios onde a caravana passava, viam-se muitas manifestações óbvias de apoio das populações. Desde alimentos, até povo à beira da estrada, erguendo bandeiras e faixas com slogans, é uma insurreição pacífica a que se assiste em muitas terras atravessadas. 

Lembremos que a viagem se iniciou na costa Oeste do Canadá e foi até Ottawa. Aí estão, frente às instituições do governo. Vários polícias tornaram-se simpatizantes dos camionistas, vendo o grau de auto-organização, de disciplina; não há nenhuma tolerância para atos de violência, sejam eles causados por «excitados», ou por agentes provocadores, exteriores aos manifestantes. Enfim, temos aqui um modelo para muita luta futura, que será bem necessária, pois os poderes instalados fazem o que lhes mandam os oligarcas, não aquilo que o povo quer. 

Nesta, como noutras ocasiões, a media corporativa comporta-se com a baixeza habitual: Primeiro, «ignorou», fez «black-out» informativo, logo no início do protesto. Depois, difamou e mentiu, desde diminuindo o número dos camiões envolvidos, até ao ponto de atribuir, a este movimento, uma etiqueta falsa de extrema-direita. 

Nunca os vi corrigir informações falsas (fake news) que eles próprios propagam: Afinal quem são os difusores de «teorias da conspiração»?   

PS1 - Os manifestantes sabem tirar partido da visibilidade que dá a internet. Vejam: https://www.youtube.com/watch?v=yT_c_5_vz3U

PS2: O movimento está a alastrar aos EUA. Milhares de camionistas estão a organizar uma «excursão» da Califórnia a Washington, veja: https://www.globalresearch.ca/america-next-us-truckers-mobilizing-convoy-washington-dc-white-house-full-panic/5769082

ps3: HOJE 5/02/22 A caravana dos camiões da liberdade chega Québec-City. Veja (em direto!): https://www.youtube.com/watch?v=nayMq7ALStM


PS4: Veja AQUI o e-livro de Michel Chossudovsky «The 2020-22 Worldwide Corona Crisis: Destroying Civil Society, Engineered Economic Depression, Global Coup d’État and the “Great Reset”» (ele dedicou esta edição aos camionistas da caravana pela liberdade)

PS5: Apesar do black-out da media mainstream, têm vindo ao conhecimento público as prisões em massa (pelo menos uma centena) assim como a brutalidade policial: veja AQUI.


terça-feira, 1 de fevereiro de 2022

ELEGIA [OBRAS DE MANUEL BANET]

                                                              Verónica Oliveira Baptista
                                                    Cópia de Cabeça de Anjo de Rafael (guache)


Tu, que não morreste 
Transporto por dentro 
Teu secreto olhar 
Por ele iluminado

Tu, sopro do vento 
Sorris ao Sol fecundo
Às ondas deste mar
Se as olho, te vejo

A Natureza não esquece
Foi ela inteira em ti
Que resplandeceu 
Alma que Deus tem

O Criador interrogo
Porque te deu vida
Porque cedo a colheu
Que sentido tem afinal 

És o breve raio de luz 
Que à Terra ilumina 
Entre nuvens cinzentas

Tua vida não foi em vão 
És a dádiva sem condição
Frutifica e dá semente

(Murtal, Parede, 29 de Janeiro 2022)

J. J. FROBERGER: «Tombeau faict à Paris sur la mort de Monsieur Blancheroche»


[Na imagem de capa do disco: um cravista a afinar seu instrumento]

Johann Jacob Froberger (1616-1667) é hoje reconhecido como um compositor fundamental, dentro da grande tradição do cravo barroco. A música para cravo foi, provavelmente, o que o século XVII nos deu de mais precioso na arte dos sons. Não há dúvida de que a música específica para instrumentos de tecla e corda (cravo, virginal, espineta, clavicórdio) surgiu mais cedo. Porém, o mais precioso reportório da música dedicada ao nobre instrumento, data dos séculos XVII e XVIII.

A nostalgia que se desprende desta peça é bem adequada ao seu tema: Descreve a morte do amigo e colega, o alaudista francês Blancrocher. Com uma retórica de tristeza contida, Froberger exprime o seu desgosto pela morte inesperada do amigo,  falecido após ter caído de uma escada abaixo. O aspeto descritivo está bem presente na escala descendente que termina a peça.
Na tradição francesa de música para o cravo e o alaúde, as peças designadas por Tombeau (= túmulo) eram uma homenagem musical póstuma a um príncipe, patrono, colega ou amigo.
Froberger deixou-nos meditações musicais e outras peças descritivas, de caráter melancólico. Porém, o compositor barroco merece ser conhecido e apreciado, igualmente, pelas suas suites e toccatas.
Na evolução da música para cravo, embora Froberger não tivesse deixado discípulos diretos, firmou a estética deste instrumento. Muitos dos traços idiomáticos e estilísticos próprios do cravo estão codificados e ilustrados - de modo magnífico - nas suas obras. As peças para cravo, da segunda metade do século XVII e da primeira metade do século seguinte, são específicas para este instrumento e, quanto muito, poderão ser interpretadas no clavicórdio
Pode-se dizer, sem exagero que, a partir da época de Froberger, a música para cravo atinge a maturidade.

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Gustav Leonhardt deixou-nos gravações de uma perfeição tal, que podem ser igualadas por outros intérpretes, mas não creio possam ser ultrapassadas. De facto,  foi um dos grandes mestres do renovo na interpretação da música barroca.