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sexta-feira, 4 de fevereiro de 2022

A PROPÓSITO DO ANO DO TIGRE

                                          Foto: tigre siberiano fêmea, no seu habitat natural


Esta magnífica foto serve para nos lembrar que estes nobres animais estão, nos diversos habitats que ocupam, em sério risco de extinção.

Segundo a definição corrente, uma espécie considera-se extinta, quando não existe qualquer população natural, capaz de se reproduzir em liberdade. Os animais dessa espécie que possam subsistir, não têm possibilidade, a maior parte das vezes, de repovoar os habitats de origem. Seja por falta de condições dos mesmos, por terem sido de tal maneira perturbados por ação humana, seja porque é impossível prevenir a ação criminosa de caçadores e traficantes de troféus, que depois os vendem por elevado preço. É o caso de defesas de elefantes (e objetos em marfim); dos «cornos» de rinoceronte (usados como ingrediente, afrodisíaco(?) em certas culturas orientais); de vesículas biliares de ursos (usados em «medicina» tradicional chinesa e coreana); e uma enorme diversidade de seres selvagens que são massacrados pelo prazer, ou por «miraculosa» propriedade medicinal.

Na realidade, não existe pior depredador do que a espécie humana, pois tem levado à extinção inúmeras espécies. No caso dos tigres, é muito evidente o seu papel como super- predadores, nos ecossistemas. Os carnívoros que têm essa posição na pirâmide alimentar, são essenciais para a saúde e  equilíbrio dinâmico dos habitats de onde sejam nativos. Eles têm uma estratégia de caça apropriada pois caçam preferencialmente os animais velhos, doentes ou feridos, ou seja, deixam um contingente suficiente de presas em idade reprodutora, capazes de sobreviver e de repovoar a área, na estação seguinte. A pressão de seleção dos predadores sobre as presas tem um efeito de regulação sobre outras componentes do ecossistema, nomeadamente, os recursos vegetais não serão demasiado utilizados. Com o desaparecimento da espécie superpredador (como aconteceu com os lobos, as águias, etc. na maior parte da Europa), os ecossistemas degradam-se rapidamente. Os herbívoros, que antes eram mantidos  sob controlo devido à predação, vão ter uma explosão populacional e as plantas de que se alimentavam entram em extinção, provocando a degradação profunda, a breve prazo, desse ecossistema. Esta espiral descendente tem-se verificado frequentemente, conhecem-se bem as consequências que têm as extinções de espécies do topo da cadeia alimentar, na «saúde geral» dos ecossistemas. 

Na realidade, os tigres existem em várias espécies, ou subespécies, com características - por vezes - bem distintas. Todas estas espécies e subespécies têm uma capacidade magnífica de sobreviver e se integrarem nos ecossistemas de onde  são naturais. 




A frequência com que se veem tigres em zoos, em todo o mundo, não nos deve deixar a ilusão de que os humanos estão a fazer tudo para preservar as espécies em causa. Uma reprodução em cativeiro não significa que as crias, uma vez tornadas adultas, tenham capacidade - por si próprias - de caçar e subsistir, repovoando a zona. As tentativas de repovoamento das zonas nativas de várias espécies saldaram-se por fracassos, demasiadas vezes.

Por exemplo, na Península Ibérica, a reintrodução do lince ibérico, não se pode considerar um sucesso, pois apenas se conseguem mantê-los em parques naturais, onde a caça é interdita, preservando assim os coelhos, a principal presa do lince. 

Fora destas áreas, a possibilidade de serem esmagados por automóveis nas estradas é demasiado grande. Estas e outras dificuldades para uma harmoniosa reintrodução, provam que é muito melhor preservar os ambientes pouco perturbados e conservar as espécies no habitat natural, do que tentar reintroduzi-las nos seus prévios ecossistemas. 

O ecossistema e cada espécie nele inserida, formam um todo: A destruição duma parte, pode significar que o ecossistema no seu todo entra numa fase de degradação irreversível.