sexta-feira, 17 de agosto de 2018

ARETHA FRANKLIN


A mais notável cantora de soul - Aretha Franklin - foi ontem para junto do Criador. Deixou-nos tantas interpretações cheias de alma («soul») que nós não acreditamos que ela tenha realmente desaparecido, apenas mudou de forma.





quarta-feira, 15 de agosto de 2018

A VERDADEIRA CAUSA DA GUERRA COMERCIAL EUA-TURQUIA

Turkey favors switching from dollars to national currencies in trade with Russia & China
Empresários turcos seguram dólares para trocá-los por liras


A verdadeira razão pela qual o governo dos EUA impôs tarifas sobre produtos turcos, causando uma crise de confiança na lira, não é por causa do pastor protestante que é julgado por -segundo Ancara - ter conspirado contra Erdogan. A razão verdadeira é simplesmente o facto da Turquia ter decidido aderir ao bloco Rússia- China- Irão e estabelecer trocas fora do dólar.
As trocas em dólares passam por um mecanismo de «clearance» (despacho) que passa pelos bancos americanos e entidades de controlo dos mesmos, que pode ser bloqueado, criando uma arma de chantagem do governo dos EUA sobre qualquer outro governo ou entidade.

Agora a Turquia está a retaliar. Nada será como dantes, tanto nas relações bilaterais com os EUA como na esfera de organizações como a NATO ou a OMC.
Provavelmente, a Turquia já escolheu o seu campo: os BRICS.

terça-feira, 14 de agosto de 2018

EMERGEM MOEDAS VIRTUAIS ASSOCIADAS AO OURO


                        

As criptomoedas foram vistas como «rivais» do ouro na medida em que o seu crescimento exponencial (1) teria desviado potenciais investidores no metal amarelo. Mas, como todas as apreciações apressadas, esta também se revelou muito errada. O mercado do ouro (2) é sólido e não será abalado de forma significativa pelas criptomoedas. Pelo menos, não do modo como certa imprensa supõe. 
Na realidade, a força das criptomoedas está na facilidade em serem transaccionadas, sem custos, de uma ponta à outra do globo ... Sem custos e sem o controlo exercido pelos bancos e governos. 
Mas, a sua natureza mesma, faz delas maus repositórios de valor,  ao contrário do ouro e da prata, que têm sido capazes de conservar o seu valor, ao longo de mais de 5 milénios e continuam a fazê-lo. 
Se as criptomoedas tiverem o ouro como garantia de última instância, tal como tinham as moedas do século XIX, tudo isto poderá mudar. Com efeito, naquela época, o padrão ouro permitiu um comércio sem grandes sobressaltos e um desenvolvimento do capitalismo como não voltou a ser experimentado, depois. 
Por isso, os governos e bancos centrais olharam primeiro com receio e agora, pelo menos alguns, tentam «domesticar» a tecnologia de «blockchain», na base das criptomoedas, para possuírem uma forma de controlo sobre elas.

(1) http://www.bilan.ch/argent-finances-plus-de-redaction/renouveau-crypto-monnaies-basees-lor

(2) https://www.youtube.com/watch?v=X4ZOwzZ2Sng

domingo, 12 de agosto de 2018

[OBRAS DE MANUEL BANET] VERSOS LUNÁTICOS


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Atiro invectivas à Lua, escravo da minha loucura

Seria mais fácil tornar-me Chopin, do que reviver

Os momentos felizes da ilusão passada.


                                        


Gostaria de sonhar para fora com palavras a borbotar

Nos lábios tremendo salmo sussurrado

Antes que a Morte diga: Vem a meus braços e fica tranquilo


                                   

«Fiz o que pude e não me arrependo; não quero pena ou compaixão. 

Apenas vivi e sofri como os demais.

Uma mudança de estado, só isso. Sim, estou tranquilo perante ti.» 

Assim lhe responderei 


                                                         


Só a Lua reflectirá no silêncio do lago o que agora estou murmurando.

Sem ela, não haveria música nas águas nem cantos nocturnos nos bosques.

Como, como saberia todas as coisas que me ensinou, o caminho dos sonhos?


                                                       


Vieste, mais uma vez na límpida noite, gentil fantasma, melodia sem descanso.

Repousa no velho e cansado peito na lembrança das coisas terrestres.

Saberei guardar silêncio, fantasma também o sou, contigo me casei...


                                                       


Agora que decidi tudo falar, que verdade tenho para dizer?

Como estátua pousada num ermo ou estrela distante...que importa?!

O som que escorre dos meus versos só ele conta; só o som, a música!


                                                           


Perdi alegre o sentido do verso, que naquela melodia encontro

Mais verdade e puros sentidos. Mais real que o sonho não há;

E da realidade, apenas desejo a brisa acariciando os cabelos 


                                                             


Na Lua há sempre alguém ouvindo os loucos e eles nem precisam falar 

- Basta-lhes mentalmente dedicar um verso.

Da Lua, alguém responde: Nem deusa, nem astronauta, mas a própria alma 


                                                           


Ondas sonoras concêntricas sobre o lago onde me afundo 

A canção serena e silenciosa. Lua, secreta amante, responde

Assim poderei nascer de novo à tempestuosa paixão... 





(Murtal, 12 de Agosto, 2018)




















quinta-feira, 9 de agosto de 2018

FORMAS FRACTAIS NA FAUNA DE EDIACARA, COM MAIS DE 500 MIL ANOS



As formas pré-Câmbricas são muito raras, pois as estruturas dos organismos eram pouco propícias a deixarem vestígios fossilizados. 
As formas que se conhecem hoje em dia, provenientes de Burgess no Canadá e de Ediacara na Austrália, são de um interesse excepcional, na medida em que revelam «experiências» no Reino Animal, que correspondem a filos inteiramente desaparecidos, completamente diferentes, em estrutura, dos filos resultantes da chamada «explosão» do Câmbrico.
Nomeadamente, as ramificações fractais que se podem observar nas fotos de fósseis animais de Ediacara, abaixo, poderiam originar uma atribuição equivocada ao Reino Vegetal. 


            Fig. 2.

Quanto aos fósseis do tipo Stromatoveris sp., como na foto abaixo, também não pertencem a qualquer filo subsistente hoje em dia.

              

É difícil de imaginar o mundo dessa época. 
Os seres vivos que existiam então, com certeza, possuíam relações complexas entre si. Porém, as suas estruturas e os modos de locomoção eram de tal modo distantes do que veio a seguir, que será quase impossível fazer uma reconstituição rigorosa do seu modo de vida.

Julgava-se que a «explosão» das diferentes formas de vida, no Câmbrico, incluindo muitos dos filos ainda representados na fauna contemporânea, teria causado a extinção da fauna de Ediacara. 
Porém, a realidade é bastante mais matizada: várias formas desta mesma fauna subsistiram ainda durante umas dezenas de milhões de anos, antes de se extinguirem.  
Isto torna ainda mais misteriosa a causa do desaparecimento desta fauna do pré-Câmbrico, pois vários destes filos animais prosperaram durante mais de 30 milhões de anos, durante os quais tiveram, com certeza, uma óptima adaptação às condições ecológicas. 


REPORTÓRIO PARA O CLAVICÓRDIO (SEC.XVI - SEC. XVIII )

Apresento aqui duas excelentes gravações, por interpretes de grande erudição e qualidade musical: S.M. Kastner e M. Thomas. 
Ambas, permitem-nos avaliar a subtileza e versatilidade do clavicórdio.  

O clavicórdio, um instrumento de tecla hoje pouco cultivado  e apreciado, foi o mais popular instrumento de tecla e corda na península Ibérica, até aos finais do século XVIII. Havia uma grande abundância de oficinas de construção de clavicórdios, nesta época. A construção de cravos, pelo contrário, nunca foi muito desenvolvida. Somente as casas mais ricas os possuíam. Eram instrumentos caros, normalmente importados de Itália. 
A Escola de Tecla Ibérica está representada em disco mas, sobretudo, em gravações no órgão ou no cravo. 
Existem poucas gravações no clavicórdio dos compositores portugueses António Carreira e Manuel Rodrigues Coelho, ou dos castelhanos Cabezón e Correa de Araúxo,  como no histórico disco abaixo, com interpretação pelo musicólogo Santiago Macário Kastner.  

                                


A popularidade deste instrumento foi grande, não só na península Ibérica. Houve até uma moda do clavicórdio do Norte da Europa, na segunda metade do século XVIII. 
Muito do que é hoje tido como literatura para cravo, foi realmente composto e executado ao clavicórdio; existem evidências claras disso.
O disco de Michael Thomas apresenta obras de J. S. Bach especialmente adequadas para execução neste instrumento. Sabe-se que Bach possuía vários clavicórdios, um deles com pedaleira. Seu filho, Carl Philip Emmanuelmestre de capela na corte de Frederico da Prússia, foi um excelente compositor e intérprete deste instrumento. Deixou um tratado sobre como interpretar a música de tecla - « Versuch über die wahre Art das Clavier zu Spielen» - cujo conteúdo se aplica perfeitamente ao clavicórdio.