Apresento aqui duas excelentes gravações, por interpretes de grande erudição e qualidade musical: S.M. Kastner e M. Thomas.
Ambas, permitem-nos avaliar a subtileza e versatilidade do clavicórdio.
O clavicórdio, um instrumento de tecla hoje pouco cultivado e apreciado, foi o mais popular instrumento de tecla e corda na península Ibérica, até aos finais do século XVIII. Havia uma grande abundância de oficinas de construção de clavicórdios, nesta época. A construção de cravos, pelo contrário, nunca foi muito desenvolvida. Somente as casas mais ricas os possuíam. Eram instrumentos caros, normalmente importados de Itália.
A Escola de Tecla Ibérica está representada em disco mas, sobretudo, em gravações no órgão ou no cravo.
Existem poucas gravações no clavicórdio dos compositores portugueses António Carreira e Manuel Rodrigues Coelho, ou dos castelhanos Cabezón e Correa de Araúxo, como no histórico disco abaixo, com interpretação pelo musicólogo Santiago Macário Kastner.
A popularidade deste instrumento foi grande, não só na península Ibérica. Houve até uma moda do clavicórdio do Norte da Europa, na segunda metade do século XVIII.
Muito do que é hoje tido como literatura para cravo, foi realmente composto e executado ao clavicórdio; existem evidências claras disso.
Muito do que é hoje tido como literatura para cravo, foi realmente composto e executado ao clavicórdio; existem evidências claras disso.
O disco de Michael Thomas apresenta obras de J. S. Bach especialmente adequadas para execução neste instrumento. Sabe-se que Bach possuía vários clavicórdios, um deles com pedaleira. Seu filho, Carl Philip Emmanuel, mestre de capela na corte de Frederico da Prússia, foi um excelente compositor e intérprete deste instrumento. Deixou um tratado sobre como interpretar a música de tecla - « Versuch über die wahre Art das Clavier zu Spielen» - cujo conteúdo se aplica perfeitamente ao clavicórdio.
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