Espectros distantes assomam às janelas da mente..
Não com intenção de vindicta, mas de guias silenciosos. Será uma criação, fantasia da minha mente perturbada?
Serão outra realidade, que nós conseguimos apenas de quando em quando, aflorar?
Por vezes sinto-me tão possuido de memórias do tempo em que tais espectros tinham "carne e osso", fossem eles parentes, mestres, amigos ...
Convivendo com estas memórias espectrais não tenho nada a recear, não caio num desequilibrio ou num alheamento da realidade.
Antes pelo contrário, a minha vida pessoal e social , aparecem ambas com uma espessura, que permite avaliar os bons e maus momentos que agora atravesso.
Seria abusivo pretender que todo o meu saber-viver, de experiência acumulada e transmutada, o devo à frequentação daqueles meus espectros habituais.
Mas, o que é certo, é que me proporcionam um diálogo interior. Pouco importa que o interlocutor seja imaginário. De facto, este diálogo interior é o ancoradouro para eu não resvalar num estado patológico, que faço tudo para evitar.
Não vivo no passado. Elaboro as experiências do presente e as reflexões que daí extraio, em confronto e em diálogo com as experiências passadas.
É como se recorresse a escritos passados, desde meus rascunhos, a obras lidas de vários autores, para compor uma nova obra. A diferença com um escritor verdadeiro existe porém e não é pequena, pois eu não me dou ao trabalho de redigir e burilar a escrita deste romance: Ele permanece inédito; antes o quero viver, que escrevê-lo!
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