sexta-feira, 30 de março de 2018

A GUERRA DE PROPAGANDA ANTECEDE A GUERRA A QUENTE

                   
                   o efeito da propaganda

Manter-se teimosamente em estado de denegação, recusar olhar o mundo tal como ele é, consiste na mais infantil e mais perigosa reacção a uma situação de perigo iminente:
Desde o Irão, hoje... até à propaganda anti-Rússia, construída peça por peça, como se pode comprovar no excelente artigo de «The Moon of Alabama»... Mas, passa também pelo miserável conluio da «democratíssima» UE, da «exemplar» Alemanha de Merkel, que pretende entregar Puigdemont  à vingança do governo e dos tribunais políticos espanhóis (que mantêm presos políticos catalães). Julian Assange foi silenciado por causa desta situação, pelo governo do Equador... pressionado por governos mais poderosos. 

                     A marcha pelo retorno, que mobiliza palestinianos durante 6 dias

Dá-me a impressão (oxalá me engane, mas temo que seja bem real) que as elites que dominam as corporações gigantes e governos do «Ocidente» estão à procura de casus belli, ou seja, daqueles pretextos, fabricados em geral, que permitem uma nação declarar-se «vítima» de agressão de outra, justificando assim um ataque «em resposta» a tal suposta agressão.

A indiferença da cidadania é a força dos poderosos: quem se recusa participar na urgente campanha pela paz, pela liberdade dos povos, pela não ingerência... está simplesmente a virar a cara.

quarta-feira, 28 de março de 2018

O SARCÓFAGO QUE AFINAL NÃO ESTAVA VAZIO...

Leia-se a história verídica de um sarcófago supostamente vazio, transportado para a universidade em Sydney (Austrália), contendo uma múmia, que afinal ninguém suspeitara que lá estivesse.

                   

A múmia contém apenas 10% dos restos mortais de uma sacerdotisa, cujo nome está indicado no interior, na parede do sarcófago.

                       [imagem de TC com dedos dos pés da múmia]

Mesmo assim, apesar do estado de conservação da múmia não ser famoso, é interessante; abre a possibilidade de seu ADN ser estudado e comparado com outros ADN. 


terça-feira, 27 de março de 2018

BUÇACO: GRANDE BELEZA E BIODIVERSIDADE

              

A poucos quilómetros de Coimbra, encontra-se a Serra do Buçaco, com a sua Mata, no centro da qual está o hotel-palácio do Buçaco. Inicialmente mandado construir por D. Carlos I, como pavilhão de caça, acabou por ser adquirido e transformado em hotel, desde 1917. 
A arquitectura e decoração vão buscar os seus elementos ao Estilo Manuelino, com elementos copiados de monumentos do início do século XVI.


              

Os jardins, à francesa, evocam zonas equivalentes do palácio da Pena, em Sintra. Mas todo este luxo real não nos deve fazer esquecer que o Buçaco foi um local de vida espiritual e  árdua dos monges, em séculos anteriores.



               

Ainda se pode visitar o convento onde Sir Wellesley, futuro Duque de Wellington foi descansar, após a batalha do Buçaco de 1810, que foi decisiva para a derrota da terceira e última invasão napoleónica.


            

A natureza da vegetação desta altura das guerras peninsulares, era muito mais rala; não havia muitas árvores de grande porte; a vegetação era essencialmente formada por arbustos e ervas. 
A florestação desta zona começou em meados do século XIX. Muitas árvores de grande porte, que se podem hoje observar na Mata do Buçaco, foram plantadas no referido século.  


 


 A zona é muito abundante em água, que escoa durante todo o ano a partir de várias nascentes.


 

Como biólogo, fiquei  muito interessado na biodiversidade desta mata, embora saiba que uma parte das espécies não é vegetação autóctone. As espécies autóctones, porém correspondem às que povoavam a floresta primitiva ibérica; estes exemplares, assim como outros, vindos de outros pontos, poderiam fornecer as sementes para a plantação das áreas ardidas do Centro de Portugal, no ano passado. 
O eucaliptal não se pode designar como autêntica floresta, visto que não é uma formação natural, mas uma plantação. A sua substituição poderia proporcionar o restauro  e a regeneração do ecossistema, assim como o repovoamento humano. Os ecossistemas florestais são dos mais produtivos, quer em quantidade de biomassa, quer em biodiversidade. 

segunda-feira, 26 de março de 2018

SISTEMA DE «CRÉDITO SOCIAL», INVENÇÃO CHINESA

Sabemos que não existe totalitarismo «benévolo». Sabemos que o poder da elite reinante, em qualquer parte do mundo, é sempre dependente da boa-vontade ou do medo dos súbditos. 
A China tem de desenvolver-se na produção industrial,  dirigida ao mercado interno, proporcionando um bem-estar generalizado à população, condição sine qua non para subir a número um no pódio mundial.  
Com a abundância, ou a ausência de austeridade para o povo, vêm sempre exigências de democracia, normalmente expressas por sectores das classes médias e do operariado. 
A oligarquia que comanda o partido comunista (em cujas famílias se contam bilionários) está perante o dilema de ter que desenvolver a produção para o mercado interno, melhorando radicalmente o nível de vida do povo, ao mesmo tempo que conserva o controlo dos vários instrumentos do poder: forças armadas, polícia, sistema bancário, meios de comunicação social de massas... 
Por outro lado, a população chinesa é disciplinada e cívica, o que denota um estado civilizado profundo no seu povo. O poder sabe servir-se disso e, sobretudo, explora do reverso desta qualidade, que é o convencionalismo. Existe uma desconfiança que se traduz facilmente numa franca hostilidade perante alguém que saia fora da norma. É fácil na China obter-se uma «boa nota social» por fazer-se algo aparentemente «bem-comportado». Mas o comportamento original dos criadores e das pessoas insatisfeitas (os «dissidentes»), é facilmente confundido com individualismo, hooliganismo ou, mesmo, criminalidade.

A reportagem abaixo deve ser um alerta; não está excluído que esta «inovação social» não venha a ser copiada por múltiplos governos. 
O facto do governo da China ser nominalmente «comunista», tranquiliza muitos, que pensam  que as medidas tomadas não podem ser retomadas em Estados ditos «democráticos». 
Com este raciocínio as pessoas enganam-se muito, pois a forma de governo é essencialmente a mesma, uma oligarquia = o governo de poucos, literalmente. 
A ideologia só vem como capa, como cobertura para o mesmo bolo, que é essencialmente o mesmo.  



domingo, 25 de março de 2018

DO MOVIMENTO «#ME TOO» À RUSSO-FOBIA INSTITUCIONAL

Creio que ninguém que me conhece suspeita sequer que sinto a mínima simpatia por predadores sexuais. No entanto, a campanha que foi - há uns meses - erguida por feministas radicais do outro lado do Atlântico, a partir do desmascarar de Harvey Weinstein e outros empresários de Hollywood, transbordou muito rapidamente as marcas, tornando-se uma nova versão de «caça às bruxas/os». 
Porventura, muitas mulheres foram efectivamente vítimas de abusos sexuais diversos. Mas igualmente o arrastar na lama de muitos homens, sem outra evidência para serem considerados uns «predadores sexuais» que as alegações (verdadeiras ou falsas, mas não provadas) das supostas vítimas... fez muito mais mal, quer à justiça em geral, visto que muitos homens inocentes viram as suas vidas destroçadas, quer à causa do verdadeiro feminismo: portador dos valores da igualdade de direitos e de dignidade entre géneros, não dum histerismo em considerar a priori qualquer homem heterossexual como um potencial suspeito de crime hediondo!
A responsabilidade cabe também à  imprensa «tablóide» e a toda ela afinal, pois já não conseguimos distinguir qualquer ética e exigência de rigor nos títulos que tinham reputação de sérios. 
A média foi amplificando este movimento, seguindo o seu princípio de que «quanto mais escandaloso, melhor». Quanto aos acusados dos tais actos sexuais, por vezes de há vinte ou trinta anos, eles que «se defendam». 
O que significou que o chamado «ónus da prova» foi deslocado do acusador para o acusado. O acusado, ao ter de se defender de um alegado crime na praça pública, acaba por adensar as suspeitas em relação à sua inocência. Os que sofrem estas difamações são irreversivelmente destruídos, em termos de imagem pública, de relacionamento familiar, de carreira profissional. As acusadoras têm praticamente garantida a impunidade, não sendo possível, na prática, demonstrar que as suas acusações foram apenas uma perversa mentira, destinada a  atingir alguém que se odeia.
A inversão do dever de prova está agora perigosamente a ocorrer entre Estados, nomeadamente com o governo britânico a exigir à Rússia que esta faça «prova» de que nada tem a ver com uma tentativa de assassinato de dois cidadãos russos, em solo britânico, para logo decretar que o governo russo é culpado, agitando uma série de sanções, diplomáticas e económicas, exigindo que os aliados da Grã-Bretanha se guiem pela mesma bitola.
Aqui também, a ampliação mediática da histeria governamental tem um efeito de ampliação e reforço da convicção no público: para pessoas assustadas, desinformadas e sujeitas a propaganda, os russos são «evidentemente» os responsáveis, não havendo argumentação sensata e equilibrada, que queiram ouvir. 
O público, tal como no caso das denúncias contra alegados «predadores sexuais», aceita tudo como «verdade inquestionável», apenas por as autoridades governamentais afirmarem a sua «convicção» sem provas, seguida no imediato de sanções.

Tristemente, tenho de dar plena razão a Voltaire («difamem, difamem, ficará sempre qualquer coisa»),  mas não significa que esteja conformado com a ditadura de tipo orwelliano que se vem instalando nas chamadas «democracias ocidentais». 
Significa que tenho de assumir que muitas pessoas são tão manipuladas, alienadas, que já nem têm consciência disso. Não sou inteiramente pessimista, porque sei que existem pessoas que conservam o seu espírito crítico no meio destes ventos de histeria colectiva. 
Uma notícia, ao ser veiculada por algum órgão de comunicação ou opinião com o qual temos simpatia, não nos deve impedir de exigir que esse mesmo órgão seja rigoroso e dê provas do que afirma, mormente se são acusações graves, com consequências muito para além dos factos em si mesmo.

sábado, 24 de março de 2018

SMOKE GETS IN YOUR EYES*... ARTISTAS DIVERSOS

*«O FUMO QUE NOS VAI PARA OS OLHOS»




CHANTAL CHAMBERLAND  interpreta com originalidade este «standard», um sucesso de décadas, composto por Jerome Kern  e Otto Harbach. 

Já não têm conta os músicos e cantores de jazz que utilizaram esta canção. Os interpretes que mais aprecio são:


Benny Goodman & Helen Forrest com um swing natural, que flui da própria melodia.

https://www.youtube.com/watch?v=91Sjh5nszHg

Dinah Washington  no melhor da sua expressão vocal. 



https://www.youtube.com/watch?v=n0lyWfTOYyM

Sarah Vaughan, que dá nobreza à melodia pela criatividade da interpretação.

                                               https://www.youtube.com/watch?v=gaIic-5jsO0



sexta-feira, 23 de março de 2018

O FACEBOOK E O «DISCURSO DA SERVIDÃO VOLUNTÁRIA»

Mesmo não concordando com certos detalhes da narrativa desta «opinadora» (vê os russos por todo o lado...), tenho alguma concordância com o conteúdo deste seu artigo de opinião sobre o Facebook.
Infelizmente as pessoas estão sempre muito atrasadas em relação à realidade, em todos os tempos e, sem dúvida, nestes últimos tempos também. 
Eu estava plenamente informado, desde há muitos anos, sobre os aspectos menos luzidios das chamadas redes sociais, sobretudo devido às leituras de vários autores (de tendências diversas) que se podem designar como «pensamento alternativo».

                Mark Zuckerberg na capa da Wired de Março 2018

As redes sociais, o Facebook em particular, são um exemplo perfeito de «servidão voluntária», como a definiu, há mais de 5 séculos, Étienne de La Boétie (um amigo de Montaigne). 

                                                              
O poder do «príncipe» (ou seja, dos que detêm as rédeas do poder, sejam eles nobres ou plebeus, militares ou civis...) é assegurado pela submissão voluntária dos súbditos, visto que a sua revolta colectiva iria (num instante) destronar, reduzir a nada, o seu poder. É por causa dessa submissão, que se tornou como uma «segunda natureza» dos cidadãos, que o poder e os poderosos têm ainda uns belos dias pela frente.
Faço notar que não será um povo inculto e fanatizado que fará a revolução, pelo menos essa revolução que se deseja, que traga maior justiça, igualdade, distribuição horizontal do poder neste mundo.
Acredito profundamente que esta acontecerá, mas durará vários decénios, ou mesmo séculos, a chegar, pelo que os «revolucionários de meia tigela» irão ignorá-la, pois querem ter no imediato uma sensação, nem que seja um breve instante, dessa tal «revolução». 
Como a revolução sem aspas é um processo, longo do ponto de vista da história individual, mesmo que breve do ponto de vista da História, prefiro projectar meus anseios no futuro e reservar-me o mais possível em relação ao presente, aos «radicalismos de pacotilha», vendidos por «profissionais da política».