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segunda-feira, 26 de março de 2018

SISTEMA DE «CRÉDITO SOCIAL», INVENÇÃO CHINESA

Sabemos que não existe totalitarismo «benévolo». Sabemos que o poder da elite reinante, em qualquer parte do mundo, é sempre dependente da boa-vontade ou do medo dos súbditos. 
A China tem de desenvolver-se na produção industrial,  dirigida ao mercado interno, proporcionando um bem-estar generalizado à população, condição sine qua non para subir a número um no pódio mundial.  
Com a abundância, ou a ausência de austeridade para o povo, vêm sempre exigências de democracia, normalmente expressas por sectores das classes médias e do operariado. 
A oligarquia que comanda o partido comunista (em cujas famílias se contam bilionários) está perante o dilema de ter que desenvolver a produção para o mercado interno, melhorando radicalmente o nível de vida do povo, ao mesmo tempo que conserva o controlo dos vários instrumentos do poder: forças armadas, polícia, sistema bancário, meios de comunicação social de massas... 
Por outro lado, a população chinesa é disciplinada e cívica, o que denota um estado civilizado profundo no seu povo. O poder sabe servir-se disso e, sobretudo, explora do reverso desta qualidade, que é o convencionalismo. Existe uma desconfiança que se traduz facilmente numa franca hostilidade perante alguém que saia fora da norma. É fácil na China obter-se uma «boa nota social» por fazer-se algo aparentemente «bem-comportado». Mas o comportamento original dos criadores e das pessoas insatisfeitas (os «dissidentes»), é facilmente confundido com individualismo, hooliganismo ou, mesmo, criminalidade.

A reportagem abaixo deve ser um alerta; não está excluído que esta «inovação social» não venha a ser copiada por múltiplos governos. 
O facto do governo da China ser nominalmente «comunista», tranquiliza muitos, que pensam  que as medidas tomadas não podem ser retomadas em Estados ditos «democráticos». 
Com este raciocínio as pessoas enganam-se muito, pois a forma de governo é essencialmente a mesma, uma oligarquia = o governo de poucos, literalmente. 
A ideologia só vem como capa, como cobertura para o mesmo bolo, que é essencialmente o mesmo.  



domingo, 18 de março de 2018

PAUL ROBESON, A VOZ INOLVIDÁVEL

Paul Robeson (1898- 1976) continua a ter imensos cultores, devido à  qualidade da sua voz, pelo esmero e bom gosto das suas interpretações. Conheço versões das peças abaixo por outros interpretes, mas não tenho dúvida, pelo menos nestes casos, que prefiro a interpretação de Paul Robeson. Não é esta avaliação ditada por nostalgia ou pelo prestígio; este cantor tinha uma voz excepcional e grande capacidade expressiva.


«Mood Indigo» O clássico dos clássicos do blues, pelo célebre cantor negro de ópera, que por ser membro do partido comunista, foi perseguido e proibido de cantar no palco e cinema, na «democracia» dos EUA.



«Joe Hill»: era um organizador do sindicato revolucionário IWW, assassinado pelos capangas dos patrões. 


                          

«It aint necessarily so»: Esta é uma das canções de «Porgy and Bess» (de George Gershwin). Como muitas outras passagens da famosa ópera, foi inúmeras vezes interpretado pelos mais variados cantores.


                          

«Deep River»: Um espiritual negro que Paul Robeson interpreta de forma poderosa.