Sabemos que não existe totalitarismo «benévolo». Sabemos que o poder da elite reinante, em qualquer parte do mundo, é sempre dependente da boa-vontade ou do medo dos súbditos.
A China tem de desenvolver-se na produção industrial, dirigida ao mercado interno, proporcionando um bem-estar generalizado à população, condição sine qua non para subir a número um no pódio mundial.
Com a abundância, ou a ausência de austeridade para o povo, vêm sempre exigências de democracia, normalmente expressas por sectores das classes médias e do operariado.
A oligarquia que comanda o partido comunista (em cujas famílias se contam bilionários) está perante o dilema de ter que desenvolver a produção para o mercado interno, melhorando radicalmente o nível de vida do povo, ao mesmo tempo que conserva o controlo dos vários instrumentos do poder: forças armadas, polícia, sistema bancário, meios de comunicação social de massas...
Por outro lado, a população chinesa é disciplinada e cívica, o que denota um estado civilizado profundo no seu povo. O poder sabe servir-se disso e, sobretudo, explora do reverso desta qualidade, que é o convencionalismo. Existe uma desconfiança que se traduz facilmente numa franca hostilidade perante alguém que saia fora da norma. É fácil na China obter-se uma «boa nota social» por fazer-se algo aparentemente «bem-comportado». Mas o comportamento original dos criadores e das pessoas insatisfeitas (os «dissidentes»), é facilmente confundido com individualismo, hooliganismo ou, mesmo, criminalidade.
A reportagem abaixo deve ser um alerta; não está excluído que esta «inovação social» não venha a ser copiada por múltiplos governos.
O facto do governo da China ser nominalmente «comunista», tranquiliza muitos, que pensam que as medidas tomadas não podem ser retomadas em Estados ditos «democráticos».
Com este raciocínio as pessoas enganam-se muito, pois a forma de governo é essencialmente a mesma, uma oligarquia = o governo de poucos, literalmente.
A ideologia só vem como capa, como cobertura para o mesmo bolo, que é essencialmente o mesmo.
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