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sábado, 29 de janeiro de 2022

TRANSIÇÃO ENERGÉTICA, UM LOGRO? Conferência por Jean-Baptiste Fressoz


                                                (falado em francês. Tem legendagem em inglês)


Importante conferência, centrada sobre a evolução das fontes e consumos energéticos durante a História, em particular, a partir da revolução industrial. Deita abaixo muitos dos mitos, preconceitos e construções ideológicas do presente. A não perder! 
Veja também, neste blog, sobre o esgotamento dos recursos minerais e energias «renováveis»:  

sábado, 19 de junho de 2021

[Chris Marteson] VERDADEIROS PROBLEMAS QUE TEREMOS QUE ENFRENTAR NO FUTURO PRÓXIMO


Um conceito muito simples, o retorno sobre o investimento, tem implicações muito graves sobre a nossa capacidade de manter a nossa civilização. Veja o vídeo e saiba porquê.

sexta-feira, 12 de julho de 2019

CIENTISTAS PÕEM EM CAUSA O EFEITO DO CO2 ANTROPOGÉNICO NO CLIMA

                         

Dois grupos de investigadores finlandeses e japoneses apelam a que seja completamente reavaliado o modelo actual climático sobre o qual se têm baseado no «Painel inter-governamental para o Clima». Segundo eles, o modelo tem defeitos profundos, pois ...
“Durante os passados cem anos, a temperatura aumentou cerca de 0.1ºC,  por causa do dióxido de carbono.  A contribuição humana foi de cerca de 0.01°C.

Além deste aspecto, o corrente modelo despreza uma variável de grande importância para explicar as variações climáticas: o efeito de radiações cósmicas, que induzem a formação de nuvens a baixa altitude, as quais por sua vez diminuem a exposição da superfície às radiações solares. Segundo o grupo de cientistas japoneses trata-se de uma variável crucial
«Este estudo fornece uma oportunidade para repensar o impacto das nuvens no clima. Quando os raios cósmicos galácticos aumentam, assim também acontece com as nuvens baixas; quando os raios cósmicos diminuem, também a formação de nuvens; portanto o aquecimento climático pode ser causado por um efeito contrário ao efeito guarda-sol. O efeito guarda-sol, causado pelos raios galácticos, é importante quando se pensa sobre o actual aquecimento, ou sobre o aquecimento ocorrido na época medieval.»
Desde há vários anos que tenho alertado amigos, colegas  e leitores deste blog para o facto do actual modelo climático não ter sustentabilidade científica. O facto dos raios cósmicos desempenharem papel tão relevante é novo para mim, mas eu (e todos os cientistas do clima!) já conhecia bem a importância do vapor de água, como principal gás de «efeito de estufa», o qual existe numa percentagem variável  na atmosfera. A existência de nuvens é um parâmetro essencial, pois elas vão ter um efeito guarda-sol, ao impedirem que chegue ao solo e à baixa atmosfera a radiação solar total, pois os comprimentos de onda da luz solar são parcialmente interceptados e reflectidos pela superfície das nuvens, um efeito parecido com o albedo das calotes polares e dos glaciares.
Lamentavelmente, este assunto do clima foi apropriado por políticos demagógicos, como Al Gore, que fizeram dele seu «cavalo de batalha» político e eleitoral. 
O condicionamento pela propaganda faz com que muitas pessoas estejam convencidas, não apenas da realidade «científica» do efeito antropogénico no aquecimento climático, como deste ter um efeito decisivo no fenómeno do aquecimento global. 
Estas pessoas não se apercebem que estão a ser manipuladas por políticos, que se servem do clima como pretexto, para fazer avançar a sua agenda globalista. 
Os direitos de carbono (e as taxas carbono), o «capitalismo verde», o lóbi das «energias renováveis», tudo isto avança a coberto da operação de intoxicação do público, fazendo-lhe crer que a questão científica está «fechada», ou seja, de que não há  contestação séria ou controvérsia nos meios científicos. 
Há um criminoso silêncio, uma autêntica conspiração dos media corporativos, para que apenas surjam as notícias apoiando o tal modelo e do modo mais sensacionalista possível, para desencadear o pânico... 

Veremos qual o impacto desta avaliação dos grupos finlandês e japonês, na média «mainstream»: eu vaticino que, caso chegue a ser noticiada, terá o tratamento mais discreto possível e será, eventualmente, acompanhada por apreciações pondo em causa a sua validade.

quarta-feira, 26 de junho de 2019

NO G-20 RÚSSIA-ÍNDIA- CHINA VÃO CAPTAR AS ATENÇÕES

Sob Modi, a Índia está em bons termos com a China e Rússia 



                       
Na foto: o Presidente da Rússia, Putin e o primeiro-ministro da Índia abraçam-se antes da sessão do Conselho de Estados da organização de Cooperação de Xangai. AFP / Grigory Sysoev / Sputnik


Por PEPE ESCOBAR 


TRADUÇÃO DE MANUEL BAPTISTA PARA OBSERVATÓRIO DA GUERRA E MILITARISMO 

Tudo começou com a cimeira Putin-Xi Jinping em Moscovo em 5 de Junho. Longe de ser um encontro bilateral, este encontro actualizou o processo de integração euro-asiático projectando-o noutro nível. Putin e Xi bordaram todos os assuntos, desde a interconexão em desenvolvimento das Novas Estradas da Seda com a União Euro-asiática, especialmente na e em volta da Ásia Central, até À sua estratégia concertada em relação à península coreana. 

Um tema, em especial, sobressaiu: Discutiram como é que o papel da Pérsia na Rota da Seda antiga está a ser retomado agora pelo Irão, nas Novas Rotas da Seda ou Iniciativa Cinturão e Rota. E isto não é negociável. Sobretudo depois de a parceria estratégica entre a Rússia e China, há menos de um mês antes desta cimeira de Moscovo ter oferecido apoio explícito a Teerão, assinalando que a mudança de regime, simplesmente não será aceite, segundo as fontes diplomáticas declararam. 

Putin e Xi consolidaram o Mapa-roteiro no Fórum económico de S. Petersburgo. A grande conexão euro-asiática continua a ser tecida após a conclusão da cimeira da Organização de Cooperação de Xangai(OCX) realizada em Bishkek, com dois interlocutores essenciais: a ìndia, uma participante dos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul) e membro da OCX e o Irão, com estatuto de observador da OCX. 

Na cimeira encontravam-se sentados à mesma mesa Putin, Xi, Modi, Imran Khan e Rouhani (Irão). Suspensa sobre os encontros, como espadas de Dâmocles, estavam a guerra comercial EUA-China, as sanções contra a Rússia e a situação explosiva no Golfo Pérsico. 

Rouhani foi enfático – e jogou as suas cartas com mestria – ao descrever o bloqueio económico dos EUA sobre o Irão, que levou Modi e os líderes das repúblicas da Ásia Central a dedicarem mais atenção ao roteiro traçado pela Rússia e China para a Eurásia. Tal ocorreu na ocasião em que Xi tornou claro que haverá aumento significativo de investimento chinês em toda a Ásia Central, em torno dos projectos das Novas Rotas da Seda. 

A Rússia e a China interpretaram diplomaticamente o que aconteceu em Bishkek como “vital para a reformulação da ordem mundial.” Significativo foi não apenas o desempenho trilateral – Rússia, Índia e China – mas o seu ensaio da próxima cimeira do G20 em Osaca. Os diplomatas asseguram que a empatia recíproca de Xi, Putin e Modi operou maravilhas. 

O formato RIC (Rússia-Índia-China) remonta ao antigo perito orientalista Yevgeny Primakov nos finais dos anos 1990. Deveria ser interpretado como a pedra de toque da multi- polaridade do século 21 e isto, diga o que disser, na sua interpretação, Washington. 

A Índia, um elo fundamental na estratégia do Indo-Pacífico, tem estado muito satisfeita com a emergência da Rússia-China, essa «ameaça existencial» para aquele «competidor externo» – acontecimento temido desde que o pai fundador da geopolítica/geoestratégia, Halford Mackinder, publicou o “Eixo Geográfico da História” em 1904 – que surge finalmente da Eurásia. 

A RIC também foi a base sobre a qual os BRICS foram construídos. Moscovo e Pequim estão diplomaticamente refreando-se em falar disso. Mas com a administração de Jair Bolsonaro no Brasil, vista como mero instrumento de Trump, não surpreende que o Brasil tenha sido excluído do RIC em Osaca. É aí que vai haver um encontro dos BRICS mesmo antes do G20 na Sexta-feira, mas o que terá real importância será o acordado entre os RIC. 

Tomai atenção ao que vier a acontecer no entretanto 

A triangulação interna ao RIC é extremamente complexa. Por exemplo, na cimeira da OCX Modi disse que a Índia apenas poderá apoiar projectos de conectividade «baseados no respeito pela soberania» e «integridade regional». Isso é linguagem codificada para dizer que não fará parte das novas Rotas da Seda, em especial a por causa do Corredor Económico China-Paquistão que a Índia insiste atravessa ilegalmente território do Caxemira. Porém, a Índia não bloqueou a declaração final de Bishkek. 

O que importa é que a troca bilateral Xi-Modi na OCX foi tão auspiciosa que o Secretário das Relações Exteriores Vijay Gokhale a descreveu como “o início de um processo, após a formação do governo na Índia, para que agora se trate das relações Índia-China de ambos os lados num contexto mais largo do século 21, e do nosso papel na região Ásia-Pacífico.” Haverá um encontro cimeiro informal Xi-Modi na Índia em Outubro. E estarão de novo juntos na cimeira dos BRICS no Brasil, em Novembro. 

Putin tem sido um excelente proporcionador de aproximações. Modi foi convidado de honra no Fórum Económico do Leste em Vladivostok, no princípio de Setembro. Esta demonstração de confiança foi para mostrar a Modi as vantagens para a Índia em participar activamente neste processo mais largo de integração euro-asiático em vez de desempenhar o papel de mero auxiliar na produção «made in USA». 

Isso poderá mesmo incluir a parceria para desenvolver a Rota da Seda Polar, no Articom que reunirá a Nova Rota da Seda com a Rota do Mar Russo do Norte. A companhia Chinesa COSCO já é parceira da companhia russa, para encaminhamento de gás natural, quer para leste quer para oeste, a partir da Sibéria. 

Xi está também a atrair a atenção de Modi sobre as possibilidades renovadas com o corredor Bangladesh-China-India-Myanmar (BCMI), outro projecto importante das Novas Rotas da Seda, assim como o melhoramento da conectividade do Tibete com o Nepal e com a Índia. 

Evidentemente, permanecem muitos obstáculos, desde a contestação das fronteiras nos Himalaias, à dificuldade em fazer avançar a Regional Comprehensive Economic Partnership (RCEP) formada por 16 países, a sucessora da defunta TPP (Trans-Pacific Partnership). Pequim deseja que a RCEP vá por diante e está mesmo preparada a deixar pelo caminho Nova Deli. 

Uma das decisões importantes que Modi vai ter de tomar respeita à continuação da importação do petróleo iraniano, tendo em conta que não haverá mais excepções às sanções dos EUA. A Rússia está disposta a ajudar o Irão, assim como a Índia e outros clientes asiáticos preocupados, caso os países europeus continuem a arrastar os pés na implementação do seu veículo especial de pagamento. 

A Índia é um dos principais países consumidores do petróleo iraniano. O porto de Chabahar é absolutamente essencial para que a mini-Rota da Seda indiana alcance a Ásia Central, através do Afeganistão. Perante uma administração Trump a sancionar Nova Deli por ter adquirido à Rússia o sistema de defesa de mísseis S-400 e face à perda do estatuto comercial de nação mais favorecida, a aproximação aos parceiros do BRI com a garantia-chave de que o Irão seja o fornecedor de energia, torna-se assim uma oportunidade económica a não perder. 

Com o roteiro traçado para o futuro, através da parceria estratégica Rússia-China plenamente solidificada nas cimeiras de Moscovo, S. Petersburgo e Bishkek, a ênfase agora, para a aliança Rússia-China, será trazer a Índia a bordo, para um RIC em pleno. A parceria estratégica Rússia-Índia já está a realizar-se, em termos práticos. E a relação Modi com Xi parece estar em sincronia. Osaca vai ser o ponto de viragem da consolidação do RIC. 





domingo, 12 de maio de 2019

TRUMP JÁ PERDEU A GUERRA COMERCIAL COM A CHINA


                                 O presidente dos EUA, Donald Trump (à direita na mesa), e o presidente da China, Xi Jinping, durante encontro da cúpula do G20 em Buenos Aires — Foto: Kevin Lamarque/Reuters

Agora mesmo começou e já estou a anunciar a derrota, mais que certa, desta guerra de tarifas (comerciais) entre o maior exportador de bens manufacturados (a China) e o maior importador dos mesmos (os EUA). 
É que o presidente dos EUA está rodeado de conselheiros tão patéticos como Bolton e Pompeo, que pensam que intimidando tudo e todos com sanções, conseguem manter a hegemonia e, sobretudo, esta traduz-se pelo famoso petro-dólar. 
Mas, cada vez mais, o dólar deixa de ser uma reserva indispensável, à medida que se expande a rede de trocas «win-win» entre a China e um número considerável de parceiros, nas famosas Novas Rotas da Seda. 
As nações não são muito diferentes de cada pessoa individual, pelo menos no que toca a cálculo de vantagens e inconvenientes: 
Se tivesse uma oferta de negócio sólido, em que tivesse boa probabilidade de tirar vantagens concretas, acompanhado pela anulação das suas dívidas, sem o risco de vir a perder algo essencial, como a casa onde vive, o que faria? 
- Muitos países endividados, mantidos num estado de infraestruturas muito deficiente, têm agora a possibilidade de desenvolver projectos de vias de comunicação, rodoviárias, ferroviárias, marítimas e aéreas. 
Estes países têm possibilidade de obter créditos em dólares. Estes empréstimos da China, são também uma boa jogada para ela se ver livre do excedente em dólares (mais de um trilião) que tem vindo a acumular. Assim ela coloca esses dólares à disposição dos referidos países. Estes podem pagar-lhe de volta em yuan, ou noutra divisa  com circulação internacional ou através de fornecimento de matérias-primas. 
Haverá portanto uma parte do mundo, que será cada vez mais a esfera do yuan; a guerra comercial apenas vai acelerar o processo.
Por outro lado, são o povo e os negócios americanos que serão prejudicados:
- irão sofrer a aceleração da inflação, sabendo-se que os actuais valores de inflação apregoados pelo governo e media corporativa são falsos.
- irão sofrer por não conseguirem escoar certos produtos e matérias-primas: Os agricultores do Mid West, já não conseguem escoar a sua soja e outras produções para o seu comprador tradicional (entretanto, a China passou a comprar ao Brasil). A China também deixou de ser cliente do petróleo resultante de fracking, vai abastecer-se noutros mercados, incluindo o iraniano. Perante isto, os ultra-imperialistas de Washington não poderão fazer nada.

Curiosamente, a China é agora como as grandes potências industriais de meados do século XIX, que eram produtoras e exportadoras de produtos manufacturados para os país pobres e periféricos. 
Quem está na posição dos países fracos, agora, são os orgulhosos países industrializados do Ocidente, durante o século XIX, os EUA, a Grã-Bretanha, a França... 
Estupidamente, desindustrializaram-se e agora não conseguem ser autónomos para muitos produtos industriais, electrónica, informática, robótica, etc (que têm de comprar no extremo-oriente) e também não possuem - dentro de fronteiras - a capacidade de produzir alimentos em quantidade e diversidade necessárias para nutrir a sua população. 
Quanto à energia, embora a Grã-Bretanha possua algum petróleo e gás natural, essa fonte (do mar do Norte) está a diminuir acentuadamente. Os Estados Unidos, com a indústria do fracking, por agora conseguem ser autónomos, mas este processo é extremamente prejudicial em termos ambientais e deixa de ser rentável se o petróleo for a um preço demasiado baixo, durante um certo tempo (o limite de sustentabilidade seria 75 $ por barril, segundo especialistas).

O mais estranho disto tudo, é que os conselheiros da Casa Branca pensam que o jogo das trocas comerciais é um jogo em que «eles ganham e nós perdemos» ou vice-versa! 
Não, o jogo do comércio é logicamente um jogo «win-win», pois os que compram, ou os que vendem, fazem-no porque têm vantagens ao fazê-lo: o «perdedor ou vencedor», numa troca comercial normal, simplesmente não existe, pois a mercadoria -ou o serviço- foi transaccionada por uma soma  apropriada, por ambas as partes, caso contrário, não aconteceria. 
Isto é a norma das trocas, tanto ao nível dos indivíduos, como de grandes compras e vendas entre países. 

São pessoas embriagadas de poder, que estão a causar um prejuízo enorme no mercado mundial, fazendo com que vários países estejam já a sofrer consequências. Por exemplo: se determinada matéria-prima é fundamental para fabricar um produto industrial; se houver uma diminuição significativa da procura desse produto, também - a montante - a procura dessa matéria-prima será menor.
Todos os países, mas - em especial - os países mais fracos, serão afectados pela diminuição do comércio mundial. 
Oxalá que as contradições se avolumem, de tal maneira que, o próprio povo dos EUA ponha um termo a esta política de brutalidade arrogante e primária.


quarta-feira, 2 de janeiro de 2019

QUAL É O VERDADEIRO CHOQUE DE CIVILIZAÇÕES?

Neste início de 2019, escrevo reflexões que podem - ou não - estar caducas, obsoletas, dentro de pouco tempo. Mas, de qualquer maneira, se escrevo «para a posteridade», é só para a posteridade de mim próprio, ou seja, para eu próprio saber me situar no futuro em relação ao presente, uma medida do caminho que o mundo percorreu e que eu acompanhei, ou não...

Em primeiro lugar, estamos perante uma viragem tectónica de civilização. De uma civilização mundializada sob um paradigma totalitário tecnológico, estamos a passar para um paradigma onde se podem afirmar uma multiplicidade de actores, de poderes, de produtores de saber e técnica. Neste aspecto sou optimista, pois este tipo de evolução - creio  - será mais benéfico para a humanidade e para a civilização, do que uma monstruosa centralização de poder, por cima de diferenças culturais e de desenvolvimento económico, como o globalismo mais desenfreado nos queria (e quer) impor. 

Em segundo lugar, confirma-se a tendência para a perda de hegemonia do dólar enquanto moeda principal das trocas comerciais e como moeda de reserva dos bancos centrais ao nível mundial. Assim, estou convencido de que os próprios EUA vão estar mais centrados em si próprios, mais interessados em desenvolverem o seu próprio potencial e menos interessados em projectarem o seu poderio em todas as direcções. 
O mundo vai sofrer uma crise económica de grande amplitude, esta vai ser um banco de ensaio para novas soluções ao nível monetário.
Consoante ganhe a visão totalitária tecnológica ou a visão multipolar soberanista, teremos um tipo de relacionamento diferente ao dinheiro e à forma como o encaramos: Como reserva de valor, ou como instrumento de submissão e chantagem; como fruto do trabalho, ou como produto de extorsão (mais-valia)...

As múltiplas facetas do dinheiro vão estar em jogo neste período de transição. Vai continuar a tentativa de digitalização absoluta e total, o que forneceria aos Estados e grandes corporações um meio de controlo totalitário dos cidadãos, até ao pormenor mais ínfimo das suas  vidas. Mas também se vão desenvolver criptomoedas completamente fora do controlo dos Estados, assim como esquemas de troca, de partilha, de construção de relações sociais não-mediadas pela visão capitalista de valor. 


A perda de centralidade do valor "trabalho" para a estruturação das sociedades e das vidas individuais das pessoas vai continuar a desenrolar-se e a causar muito sofrimento e disfunções: por muito que sofram desta disjunção as actuais gerações, a continuidade da sociedade, enquanto tal, deverá obrigar a um salto qualitativo dos valores que enformam a mesma: Vai haver outros meios para manter uma coesão social, para permitir um funcionamento colectivo do organismo social. 
Não posso adivinhar quais serão esses outros meios, nem sequer quanto tempo durará este processo de desagregação da sociedade baseada no valor trabalho. Mas, tenho a certeza que esta tendência se irá reforçando, pois ela se verifica, no mínimo, há três décadas; não é uma novidade.

O binómio capital-trabalho precisa de ambos os pólos para subsistir: se o pólo «trabalho» é inviabilizado, o pólo «capital» está imediatamente condenado, também. Por isso mesmo, embora tenha esperança na transição para uma sociedade pós-capitalista, não posso concebê-la como um tipo de capitalismo de Estado, vulgarmente designado como «socialismo» ou «comunismo», isso seria uma aberração. 
O Estado está para o capital, como o cofre está para o dinheiro ou as jóias que contenha. A função do Estado é preservar a estrutura da sociedade, onde se procura uma concentração de poder cada vez maior. O desígnio do Estado, enquanto tal, e de todos os seus actores políticos relevantes, ou seja, que disponham de alguma forma de poder, é de centralizar - cada vez mais - o referido poder sob todas as suas formas: político, jurídico, militar, policial, administrativo, económico, educacional e cultural... Por isso mesmo, qualquer partido é tendencialmente totalitário, mesmo que se auto-defina como «anti-totalitário», na sua ideologia. Com efeito, todos os partidos aspiram ao poder e, uma vez no poder, não desejam realmente partilhá-lo com os outros; se o fizerem, é porque não têm outra escolha. 

No sistema político dos países ditos «ocidentais», o poder dos aparelhos ideológicos e dos partidos, em particular, está fortemente limitado. Não é que as suas propostas tenham perdido actualidade, ou sejam menos adequadas ao mundo de hoje, do que o foram no momento do seu auge (talvez o auge, na sociedade portuguesa, tenha sido nos anos 70 -80 do século passado). 
A verdadeira razão da decadência do pensamento ideológico e partidário é que todos estão espartilhados por uma série de dependências económicas profundas, de conivências, cuja trama apenas é perceptível para os que observam o lado de dentro, do outro lado do palco, dos bastidores. 
O regime instaurado nas chamadas democracias liberais é um sistema intrinsecamente corrupto, independentemente da integridade pessoal do actor A ou B ou C. 
Isto, porque a capacidade de ganhar ou perder eleições está constantemente dependente de enormes máquinas de propaganda, que custam dinheiro, muito dinheiro mesmo. 
Todos os que querem ascender a presidentes ou primeiros-ministros, sabem que a  possibilidade de o serem depende - em primeiríssimo lugar  -da capacidade de veicular a sua mensagem, de «vender» a sua pessoa, ao eleitorado. 
Para tal, os conselheiros de imagem, que fazem o marketing eleitoral, são pagos a peso de ouro e dispõem de somas colossais para as suas campanhas de imagem. Sem isso, não haverá hipótese de qualquer candidato vencer. 
Por outro lado, os que fornecem os fundos são grandes capitalistas, empresas, entidades ou pessoas que têm algo a ganhar em termos muito pragmáticos, se o eleito for o candidato A e não B. As doações de tais entidades estão implícita ou explicitamente associadas a promessas e favores... 
O simples cidadão pode ter a ilusão de fazer uma escolha, mas esta, na realidade, não existe pois o jogo é determinado pelas forças do poder económico (incluindo potências estrangeiras e empresas multinacionais).

As pessoas só tomarão as vidas nas suas próprias mãos, quando descobrirem como têm sido desapossadas, menorizadas, como lhes tem sido extorquida a seiva vital. 
Todas as formas de autonomia, de cooperação, de entre-ajuda, de associativismo, que a humanidade já experimentou e experimenta, são bases perfeitamente adequadas para a construção duma sociedade política e económica do futuro: a única coisa que falta é lucidez e vontade de autonomia. 
As jovens gerações irão ser constantemente desviadas por ideologias e por consumismos, umas e outros com aparência de serem soluções «fáceis», imediatas, que vão ao encontro das aspirações confusas dos jovens. Acredito que algumas comunidades intencionais possam realizar - em parte - uma aproximação a esse novo paradigma social. 
Não acredito que uma revolução política possa trazer isso. 

As revoluções políticas que vimos ao longo do século XX trouxeram sofrimento, opressão, injustiças, por vezes ainda piores que as que vigoravam anteriormente. Os motivos profundos que levaram ao seu triunfo e manutenção têm a ver com o estádio de desenvolvimento das sociedades respectivas e da necessidade de consolidação dos Estados, como esteios do modo de produção capitalista. 
Pouco importa, se estes sistemas produziram capitalismos baseados na propriedade individual ou colectiva (capitalismo de Estado). O facto, é que em ambos os casos, oprimiram - tanto quanto o necessário - os seus povos. 
Não interessa reproduzir os erros do passado; por isso mesmo é muito importante estudá-lo atentamente, de forma a que se compreenda o que não fazer... 

É mais fácil agora imaginar sociedades funcionando segundo esquemas descentralizados, com as revoluções das comunicações e das energias renováveis. 
Uma e outra, que - aliás - estão muito estreitamente associadas, foram desviadas pelos senhores do capital para obterem um suplemento de centralização e de poder. Mas basta pensar um pouco, para vermos como podem ser instrumentos excelentes nas mãos de pessoas apostadas em fazer surgir núcleos económicos e sociais de autonomia, como «cogumelos» de nova forma de organizar a vida, a produção, o relacionamento de uns com os outros. 
Não é preciso, nem é conveniente, esperar pacientemente que venha uma hipotética «transformação cataclísmica». Podemos, em qualquer momento, pôr as mãos à obra e na nossa família, no nosso entorno social, na nossa comunidade, criar as bases para isso. 

Afinal, este será o verdadeiro «choque de civilizações»: o choque entre uma civilização caduca, esgotada e aquela que está nascendo debaixo dos nossos olhos (mas... é preciso abri-los, para a ver!)


sábado, 22 de dezembro de 2018

A URGÊNCIA CLIMÁTICA É UMA FALSIFICAÇÃO



François Gervais é um reputado professor universitário francês, ex-membro do GIEC. 
Tudo o que ele diz, está baseado em dados seguros, inclusive, dados do próprio GIEC. 
Em várias ocasiões, há mais de um ano, tenho exposto neste blog, argumentos e evidências apontadas por este universitário de maneira muito clara e pedagógica.
A razão profunda desta enorme fraude tem a ver com o controlo das finanças mundiais através da famosa «taxa carbono»
A insurreição dos coletes amarelos em França, tem como ponto de partida o repúdio de mais esta taxa, suportada pelos trabalhadores para consolidar o poder das elites.

O referido professor publicou recentemente o livro «L’urgence climatique est un leurre» (a urgência climática é uma falsificação) onde mostra que, se existe consenso, é antes de natureza mediática e política, em vez de científica!

A não perder!

segunda-feira, 17 de setembro de 2018

A SOLUÇÃO PARA REDUÇÃO DO CO2 ATMOSFÉRICO? - CONHECIDA HÁ BILIÕES DE ANOS...

... E CHAMA-SE FOTOSSÍNTESE

                         Resultado de imagem para panneau solaire feuille photosynthèse

Tentarei fazer aqui a crítica dum artigo na revista suíça Bilan, «o CO2 Torna-se uma Matéria-prima», sobretudo da realidade subjacente ao mesmo. Este artigo revela algo típico de uma certa miopia, quando alguns só se interessam pelo ganho em termos monetários.
A natureza faz bem melhor em termos de recuperação do CO2 emitido: 
As enzimas que presidem à fixação do carbono atmosférico e sua «fixação» em moléculas de glúcidos são enzimas cujo óptimo está bem acima daquilo que são as concentrações médias de CO2 atmosférico: 300-400 ppm (partes por milhão). 
Para um funcionamento óptimo destas enzimas (PEP carboxilase e RuDP carboxilase/oxidase) seria necessária uma concentração dez vezes maior... 
A razão da maior produtividade das estufas, advém da elevada concentração (por falta de dispersão) do CO2, na maioria originado no solo pelas raízes das plantas e pelos micróbios do solo. Não é a temperatura no interior da estufa que é benéfica para o crescimento das plantas. Esta seria benéfica, quanto muito, para o amadurecimento dos frutos.

Assim, um aumento da cobertura verde, não apenas terrestre, como também de fitoplâncton, irá aumentar a captação do CO2 em excesso. 
As grandes causas contemporâneas do aumento do CO2 na atmosfera são a existência de fogos de grandes proporções, em simultâneo com o abandono da agricultura em vastíssimos espaços, por um lado e, por outro, diminuição da produtividade dos oceanos, causada pela quantidade de plásticos, detergentes, venenos químicos que são constantemente atirados aos mares...
Um retorno a uma agricultura, em termos modernos, com tecnologia apropriada, com os recursos disponíveis hoje em dia, que fazem com que a vida no campo possa ser tão ou mais confortável que nas melhores cidades mundiais, esta seria a aposta inteligente, mas ela não implica algo a ganhar pelas grandes multinacionais. 
Não cultivaria a dependência dos indivíduos, mas pelo contrário a sua independência, pois um agricultor bem sucedido e - sobretudo - uma comunidade destes, tem auto-suficiência, autonomia. 
Os políticos corruptos não querem isso, de forma nenhuma: querem as pessoas a depender deles, da distribuição dos apoios do Estado, o que lhes permite manter todos os tráficos de influência e corrupções. 
Por esta razão, não se fala do retorno à agricultura em relação à geração do milénio, que seria uma dupla solução: em termos ambientais e em termos de acabar com a crise de emprego. 
- Em termos ambientais, os jovens, na sua actividade agrícola, seriam consumidores líquidos do CO2 atmosférico, seriam produtores de biomassa, de produtos agrícolas, salvariam as paisagens e preveniriam os grandes fogos florestais, pois deixaria de haver grandes manchas de território, que se podem designar de desertos verdes, onde não existem povoações, apenas uma vegetação totalmente abandonada, crescendo sem cuidados (remoção da camada arbustiva, pistas de acesso para carros de bombeiros, etc). 
- Em termos de emprego, seriam eles próprios os geradores de emprego, para si próprios e suas famílias, mas também fariam reviver o tecido de aldeias que houve em tempos, as infraestruturas que essa vida implica também iriam requerer muita mão de obra... Os desempregados nos grandes centros urbanos poderiam ser canalizados para zonas rurais carentes de mão-de-obra, especializada ou não. 
Mas isto implicaria um outro modelo de sociedade, baseado na descentralização, na autonomia dos indivíduos e comunidades locais, na própria descentralização do poder, que tal transformação na distribuição demográfica traria em paralelo. 
Mas tal «utopia*» (*entre aspas, pois ela existe e está realizada, é o modo mais antigo de as sociedades humanas se auto-organizarem, desde que abandonaram o modo de vida de caçadores-recolectores) deveria ser desejada, tornada apetecível, deveria ser cultivado o amor pela Natureza, mas um amor não platónico, não romântico, mas sim um amor feito de conhecimento profundo e verdadeiro da mesma, em todo o seu esplendor. 

O maravilhoso das soluções naturais, da engenharia natural, deveria ser mostrado em todos os media de massas, ensinado de modo criativo nas escolas: 
- Em vez de uma colectânea de «curiosidades» apenas, a Biologia deveria ser ensinada como a chave do nosso futuro. 
- A Ecologia deveria ser central na formação científica dos jovens do novo milénio, através de um estudo dos ecossistemas, não na visão «fundamentalista» duma «ecologia New-Age».

O ponto central do artigo que mencionei é o do «mercado de carbono», ou seja, como transformar o ar, a atmosfera em mercadoria, e colocá-la numa bolsa de carbono...

quinta-feira, 12 de janeiro de 2017

REFLEXÕES SOBRE ECONOMIA, SOCIEDADE E GUERRA

                           

ECONOMIA REAL VERSUS ECONOMIA DIGITAL No meu treino em biologia, que incluía com especial destaque bioquímica celular, microbiologia e ecologia, habituei-me a reflectir sobre a economia natural, ou seja a grande eficácia de seres vivos e dos ecossistemas que eles formam em optimizar a extracção e utilização de energia do ambiente.
O padrão de economia natural poderia ser o «equivalente de uma molécula-grama de glicose» ou fracções desta unidade, assim como na economia se adoptou o padrão do «equivalente energético do barril de petróleo», exactamente porque, num caso como noutro, o combustível é universal fonte de energia e as suas utilizações directas ou indirectas estão na base de toda a construção dos seres vivos num caso, das sociedades no outro.
Porém, as pessoas não têm o bom senso de realmente verem a economia, seja ela na escala global ou local, como essencialmente o modo como a energia é obtida e distribuída. Para isso concorrem diversos factores, como seja a separação da grande maioria da população do trabalho agrícola, para todo um ecossistema que utiliza o excedente agrícola para tornar possível a utilização de cada vez maior percentagem de mão-de-obra em tarefas de indústria ou de serviços. Assim, poucas pessoas (5 a 10%) nas sociedades ditas desenvolvidas têm profissão na produção de alimentos, o que faz com que a imensa maioria deixe de pensar e equacionar as suas vidas, a sua actividade, os seus projectos, em termos do real acesso a fontes de alimentos.
ECONOMIA MONETÁRIA A monetarização da economia começou há muitos séculos, porém a extinção de comunidades autónomas e auto-suficientes deu-se muito progressivamente. No mundo inteiro existem ainda vastas zonas onde as trocas não são mediadas pelo dinheiro, porém a imensa maioria dos humanos não vive nessas zonas. A humanidade vive maioritariamente em cidades, as quais possuem frequentemente muitos milhões de indivíduos. Embora uma certa agricultura urbana exista e tenha um papel a desempenhar no futuro próximo, não creio que as sociedades no seu todo estejam vocacionadas para uma reconversão completa de paradigma.
Penso que, a prazo, haverá uma mudança. Porque a economia das sociedades humanas não pode continuar a viver numa ficção, a de que o dinheiro, que é apenas papel ou electrões num computador, possa ser mais do que uma representação muito indirecta e muito simbólica do que é a riqueza verdadeira, ou seja, a que resulta de uma produção real, tangível, de bens, matérias-primas, produtos agrícolas ou piscícolas, assim como de bens industriais de toda a ordem, com utilidade – directa ou indirecta- na economia real.
O DINHEIRO COMO DÍVIDA Quando o mundo é inundado de unidades de crédito, de dívida (centenas de triliões de dólares!), que são tidos como receptáculos de valor quando, na realidade, não possuem nada a afiançar este mesmo valor. Quando as disfunções diversas originam assimetrias globais e brutais, quer entre países, quer no interior do mesmo país. Quando a única resposta dos bancos centrais a situações de risco de falência dos grandes bancos, tem sido «imprimir» dinheiro a rodos, oferecer-lhes esse dinheiro gratuitamente, ao comprar aos bancos títulos que eles possuem, mas que são sem valor ou com diminuto valor de mercado, pelo seu valor nominal. Quando se preparam os governos para fazer desaparecer o dinheiro físico, obrigando as pessoas a terem uma conta bancária (na Índia, por exemplo, muitas pessoas nas zonas rurais não possuem conta bancária), isto com o propósito claro de taxar as pessoas numa segunda fase, fazendo-lhes pagar para terem as suas poupanças no banco, em vez de receberem por isso um juro, por mínimo que fosse.
DESAPARECECIMENTO DO DINHEIRO FÍSICO Num contexto destes, a própria «elite» do dinheiro está a querer acelerar a vinda de uma enorme crise, que seja percebida pela população como uma situação de urgência extrema, que obrigue à tomada de medidas excepcionais: a totalidade dos activos financeiros terão de ser mantidos cativos dentro do sistema bancário, não poderá haver transacções em dinheiro físico, tudo será processado por via electrónica. Isso trará duas consequências:
-o dinheiro depositado pode ser - ele próprio - fonte de lucro para os bancos, independentemente deste servir ou não para gerar empréstimos;
- qualquer pessoa pode ter a sua vida escrutinada até ao ínfimo pormenor, por decisão arbitrária de poderes judiciais ou policiais, sem que o próprio cidadão tenha a menor ideia de que isso está acontecendo (transparência máxima da entidade controlada e opacidade máxima do poder controlador).
TOTALITARISMO Este cenário que, de ano para ano, se vai tornando mais visível, corresponde à ascensão de um totalitarismo planetário, de uma enorme acumulação de poder, mas de formas que não parecem – inicialmente – nefastas quer para a subsistência, quer para os direitos humanos das pessoas. Ou seja, estamos a assistir a uma progressiva transformação na chamada «Nova Ordem Mundial», um regime mundial de controlo máximo sobre a generalidade da população, que se pode classificar como «neofeudal».
CONTROLO Infelizmente, as pessoas aderem a ilusões de toda a espécie, acreditam em ideologias políticas que supostamente lhes trarão a salvação, mas isso não tem a mínima importância para os senhores do mundo. As pessoas poderiam organizar-se em cooperativas e em associações diversas, com finalidade de autogerir a sua vida. Nada disso está no horizonte a curto prazo, infelizmente, pois as pessoas têm ilusões persistentes e induzidas pela lavagem ao cérebro permanente. As campanhas de desinformação e deseducação constantes, junto com o conformismo (o que foi ontem, é ainda hoje e será também amanhã…) e a cobardia (a pseudodemocracia dita representativa é a perfeita desculpa para isso), encarregam-se de manter as populações calmas, submissas. Quando ocorrem explosões de descontentamento popular, elas viram-se contra os símbolos do poder e sobre seus agentes, não sobre os que são responsáveis directos do estado de coisas. As possibilidades de insurreições com verdadeiro ímpeto libertador, revolucionário, são mínimas, a elite sabe-o e conta sobre isso; porém, para se assegurar de que tem mão em qualquer dessas situações, ela própria manipula as ONGs, criadas ou subsidiadas pelos vários poderes (vejam-se as ONGs que o multibilionário Jorge Soros financia e controla, em muitos pontos do globo, através da sua fundação, por exemplo…)   
GESTÃO MUNDIAL DA CRISE A situação que se vem desenvolvendo é de uma crise mundial, mas as pessoas no «ocidente» não se apercebem disso, em geral. No entanto, sabemos que a catástrofe atinge muitos povos do chamado «Terceiro Mundo», afinal de contas a maioria da humanidade. Quando a crise atingia – no passado – proporções alarmantes para os poderes, uma das saídas possíveis era a guerra. Hoje em dia, essas guerras ocorrem, mas não enquanto confrontos directos entre superpotências. São confrontos em que as forças em presença são aliadas de um ou outro superpoder, que fica na retaguarda, fornecendo armas, informações, algumas vezes com «conselheiros» no terreno, só muito raramente tem envolvimento directo, com tropas combatentes.  

 AS GUERRAS DE HOJE Este permanente estado de guerra de intensidade baixa, porque não envolve o confronto directo entre potências nucleares, é porém eficaz em manter um determinado número de países debaixo da órbita de certas potências, enquanto outros alinham com potências rivais. Sem dúvida, o controlo de matérias-primas como o petróleo e outras, é um objectivo geoestratégico, mas também se verifica que, nas sociedades mais ricas, existem grupos de interesses fortemente mobilizados para empurrar os seus dirigentes para a guerra. Estes grupos corporativos são directamente e economicamente beneficiários de situações de guerra; não apenas os consórcios de armamento, mas também outros, como grandes empresas de construção civil e de infra-estruturas, pois à destruição causada por uma guerra, deverá suceder – mais tarde ou mais cedo- uma reconstrução dos edifícios e equipamentos destruídos. Vemos, portanto, que a guerra é hoje em dia, mais do que nunca, um negócio.