Muitas pessoas aceitam a situação de massacres de populações indefesas em Gaza e noutras paragens, porque foram condicionadas durante muito tempo a verem certos povos como "inimigos". Porém, as pessoas de qualquer povo estão sobretudo preocupadas com os seus afazeres quotidianos e , salvo tenham sido também sujeitas a campanhas de ódio pelos seus governos, não nutrem antagonismo por outro povo. Na verdade, os inimigos são as elites governantes e as detentoras das maiores riquezas de qualquer país. São elas que instigam os sentimentos de ódio através da média que controlam.
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quarta-feira, 15 de julho de 2020

MEDINDO ACTIVOS FINANCEIROS E MERCADORIAS EM GRAMAS DE OURO

Num artigo anterior, expliquei as vantagens - em termos de avaliação de rendibilidade - de se converter em ouro as quantias em moedas «fiat», pois apenas o ouro dá uma base sólida de conservação de valor, enquanto as moedas «fiat», estão vocacionadas e desenhadas, à partida, para irem perdendo valor com o tempo.
Assim, em relação ao dollar US, o seu valor - em termos de ouro - tem decrescido muito substancialmente, como se pode verificar na figura 1, abaixo, que retraça a evolução do dólar em mg de ouro, no intervalo entre 2006 e hoje.

Figura 1

Mas, todos os activos expressos em dólares, ou noutra divisa «fiat», são sujeitos a um processo semelhante. 
Note-se que o índice mais famoso de acções da bolsa nova-iorquina - o «Dow Jones» - é sujeito à «força estabilizadora» do preço do ouro (ver fig. 2 abaixo), o qual costuma se deslocar em sentido contrário ao das acções cotadas. Sendo assim, a evolução do Dow Jones, numa larga faixa de tempo, parece muito menos espectacular do que se os valores ao longo do tempo forem expressos em dólares.  

                                    
                                                                    Figura 2

Isto permite-nos compreender como são falsas as narrativas que nos pretendem convencer de que investimentos nas bolsas ou em fundos baseados em valores bolsistas são susceptíveis de ganhos espectaculares. De facto, tal não acontece: No longo prazo, o ouro tem superado quaisquer índices de activos financeiros, como o S&P 500, o Dow Jones, índices de obrigações de empresas ou, ainda, as obrigações do tesouro USA...
Nos meses mais recentes, de Abril até agora, Julho de 2020, neste início de grande recessão/depressão, notava-se uma acentuada descida do dólar, em termos de mg. de ouro. Contrariamente ao que é habitual, o preço do euro em mg de ouro é mais sustentado. Isto traduz-se na subida mais acentuada do valor do quilograma ou da onça de ouro, em dólares do que em euros. 

 Ver figuras 3 e 4, respectivamente, da cotação do ouro em euros e em dólares.

Figura 3 (ouro/euros)


                                                             Figura 4 (ouro/dólares)

Penso que estes exemplos falam por si, mas podem-se obter muitos outros dados interessantes sobre o valor em gramas (ou miligramas) de ouro, quer duma série de produtos financeiros, quer de matérias primas e produtos de consumo corrente, no site seguinte: http://pricedingold.com/

O facto de ter sido retirada a equivalência do dólar ao ouro, no início da década de 70 do século passado, contribuiu para uma série de bolhas inflacionárias, que permitiram o forte endividamento dos Estados (incluindo os EUA). 
Porém, agora estamos a começar uma nova era, em que o valor das divisas «fiat» está a ser destruído intencionalmente pelos governos e bancos centrais, sobretudo, nos países do Ocidente. É certo que daí irá resultar uma hiper-inflação. Isso será o final deste sistema monetário, baseado no petro-dólar. 
O que vem a seguir, ninguém sabe, embora as diversas potências e respectivos bancos centrais, estejam activamente a posicionar-se em função do que prevêem ser o futuro, o «great reset».
Em relação às pessoas comuns, aos seus salários, pensões, rendimentos, poupanças... vão sofrer cortes mais ou menos profundos do seu poder de compra. Deve-se compreender que este processo já vem de trás, apenas se acelerando na fase presente. No próximo futuro, virá algo inimaginável para muitos, quando aquilo que era dado como «seguro», se esfumar em nada.

terça-feira, 7 de janeiro de 2020

O QUE ESTÁ POR DETRÁS DO ASSASSINATO DO GENERAL SOLEIMANI

                             

Para além da decisão táctica de Trump e do Pentágono de eliminar Soleimani, o que está em jogo é o controlo da região mais rica em petróleo e decisiva para o abastecimento internacional. 

Até agora, os americanos contentaram-se em obter acordos de «protecção» dos reinos petrolíferos a troco da exclusividade da venda do petróleo em dólares. Lembre-se que as transacções em US$ são rastreadas pelos bancos dos EUA, e podem ser eficazmente embargadas por ordem de Washington. 
Lembremos também o papel decisivo dos petro-dólares na compensação do défice crónico e monstruoso do orçamento dos EUA. O défice é colmatado graças à compra de obrigações do tesouro dos EUA por parte das petro-monarquias. Além disso, com os dólares obtidos, a Arábia Saudita e outros, compram armamento sofisticado e sua manutenção à indústria bélica americana (o maior exportador de armamento mundial).

Se decidiram assassinar Soleimani, não foi certamente pelas razões invocadas. Mas antes, porque estão desesperados por não conseguir mais fazer funcionar o sistema do petro-dólar, pois demasiados actores estão a rebelar-se ou a - discretamente - virar a casaca, para garantirem protecção dos poderosos aliados Rússia e China. Esta é a realidade estratégica global a que os EUA estão confrontados. 

A resposta a esta situação foi - com certeza - cozinhada pelas forças que controlam Washington e que têm Trump na mão (chame-se complexo militar industrial, Estado profundo, militaristas do Pentágono...): Para eles, a solução longamente planeada era o confronto directo com o Irão, única forma que encaravam para contrariar a deserção de uma série de aliados na região e portanto, a perda de hegemonia e o fim do sistema do petro-dólar. Eis a lógica intrínseca deles: Como não conseguem mais obter, como dantes, a submissão dos seus aliados-vassalos no Médio-Oriente, têm de fomentar uma guerra. Assim, poderão obter o alinhamento forçado destes contra o Irão. 
Eventualmente, conseguirão - em caso de vitória - o controlo directo dos poços de petróleo iraquianos, o que revela sua ambição totalitária de domínio mundial. Esta ambição de guerra já existia há muito tempo, manifestou-se múltiplas vezes, mas muitas pessoas não conseguiam compreender a natureza verdadeira do jogo. 
Agora, com a pretensão de Trump de se apropriar (roubar) o petróleo, não só da Síria, como do Iraque, está-se perante uma afirmação clara e descarada de apropriar o petróleo do Médio-Oriente, como despojo de guerra. 

Claro que, tanto os inimigos como os amigos dos EUA, vêm isto tudo e estão a posicionar-se em conformidade.

domingo, 12 de maio de 2019

TRUMP JÁ PERDEU A GUERRA COMERCIAL COM A CHINA


                                 O presidente dos EUA, Donald Trump (à direita na mesa), e o presidente da China, Xi Jinping, durante encontro da cúpula do G20 em Buenos Aires — Foto: Kevin Lamarque/Reuters

Agora mesmo começou e já estou a anunciar a derrota, mais que certa, desta guerra de tarifas (comerciais) entre o maior exportador de bens manufacturados (a China) e o maior importador dos mesmos (os EUA). 
É que o presidente dos EUA está rodeado de conselheiros tão patéticos como Bolton e Pompeo, que pensam que intimidando tudo e todos com sanções, conseguem manter a hegemonia e, sobretudo, esta traduz-se pelo famoso petro-dólar. 
Mas, cada vez mais, o dólar deixa de ser uma reserva indispensável, à medida que se expande a rede de trocas «win-win» entre a China e um número considerável de parceiros, nas famosas Novas Rotas da Seda. 
As nações não são muito diferentes de cada pessoa individual, pelo menos no que toca a cálculo de vantagens e inconvenientes: 
Se tivesse uma oferta de negócio sólido, em que tivesse boa probabilidade de tirar vantagens concretas, acompanhado pela anulação das suas dívidas, sem o risco de vir a perder algo essencial, como a casa onde vive, o que faria? 
- Muitos países endividados, mantidos num estado de infraestruturas muito deficiente, têm agora a possibilidade de desenvolver projectos de vias de comunicação, rodoviárias, ferroviárias, marítimas e aéreas. 
Estes países têm possibilidade de obter créditos em dólares. Estes empréstimos da China, são também uma boa jogada para ela se ver livre do excedente em dólares (mais de um trilião) que tem vindo a acumular. Assim ela coloca esses dólares à disposição dos referidos países. Estes podem pagar-lhe de volta em yuan, ou noutra divisa  com circulação internacional ou através de fornecimento de matérias-primas. 
Haverá portanto uma parte do mundo, que será cada vez mais a esfera do yuan; a guerra comercial apenas vai acelerar o processo.
Por outro lado, são o povo e os negócios americanos que serão prejudicados:
- irão sofrer a aceleração da inflação, sabendo-se que os actuais valores de inflação apregoados pelo governo e media corporativa são falsos.
- irão sofrer por não conseguirem escoar certos produtos e matérias-primas: Os agricultores do Mid West, já não conseguem escoar a sua soja e outras produções para o seu comprador tradicional (entretanto, a China passou a comprar ao Brasil). A China também deixou de ser cliente do petróleo resultante de fracking, vai abastecer-se noutros mercados, incluindo o iraniano. Perante isto, os ultra-imperialistas de Washington não poderão fazer nada.

Curiosamente, a China é agora como as grandes potências industriais de meados do século XIX, que eram produtoras e exportadoras de produtos manufacturados para os país pobres e periféricos. 
Quem está na posição dos países fracos, agora, são os orgulhosos países industrializados do Ocidente, durante o século XIX, os EUA, a Grã-Bretanha, a França... 
Estupidamente, desindustrializaram-se e agora não conseguem ser autónomos para muitos produtos industriais, electrónica, informática, robótica, etc (que têm de comprar no extremo-oriente) e também não possuem - dentro de fronteiras - a capacidade de produzir alimentos em quantidade e diversidade necessárias para nutrir a sua população. 
Quanto à energia, embora a Grã-Bretanha possua algum petróleo e gás natural, essa fonte (do mar do Norte) está a diminuir acentuadamente. Os Estados Unidos, com a indústria do fracking, por agora conseguem ser autónomos, mas este processo é extremamente prejudicial em termos ambientais e deixa de ser rentável se o petróleo for a um preço demasiado baixo, durante um certo tempo (o limite de sustentabilidade seria 75 $ por barril, segundo especialistas).

O mais estranho disto tudo, é que os conselheiros da Casa Branca pensam que o jogo das trocas comerciais é um jogo em que «eles ganham e nós perdemos» ou vice-versa! 
Não, o jogo do comércio é logicamente um jogo «win-win», pois os que compram, ou os que vendem, fazem-no porque têm vantagens ao fazê-lo: o «perdedor ou vencedor», numa troca comercial normal, simplesmente não existe, pois a mercadoria -ou o serviço- foi transaccionada por uma soma  apropriada, por ambas as partes, caso contrário, não aconteceria. 
Isto é a norma das trocas, tanto ao nível dos indivíduos, como de grandes compras e vendas entre países. 

São pessoas embriagadas de poder, que estão a causar um prejuízo enorme no mercado mundial, fazendo com que vários países estejam já a sofrer consequências. Por exemplo: se determinada matéria-prima é fundamental para fabricar um produto industrial; se houver uma diminuição significativa da procura desse produto, também - a montante - a procura dessa matéria-prima será menor.
Todos os países, mas - em especial - os países mais fracos, serão afectados pela diminuição do comércio mundial. 
Oxalá que as contradições se avolumem, de tal maneira que, o próprio povo dos EUA ponha um termo a esta política de brutalidade arrogante e primária.


quarta-feira, 12 de dezembro de 2018

A GRANDE CRISE FINANCEIRA GLOBAL ESTÁ EM CURSO

     A grande crise financeira (e económica) global está em curso, mas o «main-stream» não diz absolutamente nada que possa assustar os pequenos investidores, enquanto os grandes vão tirando as suas «fichas» do jogo. 
No final, restarão apenas os pequenos, para serem «tosquiados». 
Como sinal significativo, nota-se uma inversão completa da estratégia dos dois gigantes da finança mundial: os bancos J P Morgan e Goldman Sachs estão a comprar ouro em grandes quantidades, fortalecendo suas posições, como não o faziam há vários anos. 
Além disso, J P Morgan tem armazenado uma quantidade de prata* cujo total não foi divulgado , mas é enorme, talvez a maior acumulação de prata existente numa única instituição.                  

                  Global Market Crash

Segundo Jim Willie (de GoldenJackass ):

«As instituições financeiras sistémicas importantes (IFSI) não podem ser salvas, visto que a maior parte está insolvente, são gigantescas estruturas ocas, dependentes de lucro fácil de «carry trades» com obrigações e das receitas obtidas pela lavagem do narco-negócio. Têm como garantia o apoio incondicional dos bancos centrais, que cobrem sua exposição a derivados, da ordem de triliões. À medida que o petro-dólar se dissolve, estes derivados vão se tornando impossíveis de gerir.»
A passagem acima foi retirada do artigo**: Gold & The Global Financial Crisis Redux (That Has Finally Arrived)


* acumulação de prata por J P Morgan:

**O artigo na íntegra (em inglês) pode ser lido aqui.