sábado, 27 de setembro de 2025

TODA A EVOLUÇÃO HUMANA TERÁ DE SER REESCRITA?










A origem dos Denisovanos e do Homo longi, estaria revelada num fóssil de crânio com um milhão de anos, encontrado em Yunxian. Este, teria vivido 400 mil anos mais cedo do que se pensava ser a bifurcação entre neandertais e homens «modernos». 
Além disso, também a origem da nossa linhagem poderá ser razoavelmente considerada como estando na Ásia e não em África, como era consenso geral, até há pouco tempo. 
Mas, a revolução na cronologia das formas ancestrais não se fica por aqui: Estudos recentes, reavaliando a datação de fósseis da Sima de los Huesos (Espanha), situam-nos anteriormente aos primeiros neandertais: Isto implica que a divergência entre neandertais e homens «modernos»  é necessariamente anterior à idade dos referidos fósseis da Sima de los Huesos. Se a emergência acima referida dos neandertais foi há cerca de 800 mil anos, a divergência entre linhagens conducentes ao «homem moderno» e aos neandertais, deve ter sido - no mínimo - há um milhão de anos.
Assim, a linhagem específica produtora dos H. sapiens, tem uma profundidade insuspeitada e que põe em causa um conjunto de relações filogenéticas do género Homo.
Estas descobertas recentes revelam igualmente a profundidade doutras linhagens, mais  diversas e mais antigas do que inicialmente postulado.
Estas evidências reforçam a nossa visão da evolução humana seguindo um «padrão arbustivo». Muitos ramos desenvolveram-se em paralelo, havendo introgressões (cruzamentos entre espécies diferentes mas próximas) e migrações numa enorme área geográfica (África e o continente Euro-asiático). 
 O facto de hoje haver apenas uma espécie humana, tem muito a ver com o acaso, visto que numerosas espécies aparentadas connosco viveram e prosperaram antes e durante a presença de H. sapiens.



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Algumas leis monetárias que todos devíamos saber

 


quinta-feira, 25 de setembro de 2025

Obras de Manuel Banet: «SE EU PUDESSE VOAR...»



Se eu pudesse voar, levantava voo

De cada vez que troassem os céus;

Que reflexos metálicos, meus olhos

Subitamente captassem.

Não deixaria nem pluma

Nos pavimentos de sangue

Mental escorrendo dos carrascos.

Nem hesitaria procurar

Abrigo nas sombras do arvoredo

Certo de que a sombra é aliada

Quando o Sol ilumina

Infâmias, traições e cobardias




Se eu pudesse voar

Estaria numa ilha deserta

Junto dos meus semelhantes.

Com eles, mesmo doutras espécies,

Faria como que uma sociedade,

Mas nunca poderia integrar

As tropas de rapinadores

Só procurando destruição

Só interessados em sangue




Se eu pudesse voar

Não iria nunca descer

Aos antros das hienas

Em que se rasgam as carnes

Pelo prazer da destruição.

Ficaria junto de minhas gentes

Aladas, sobrevoando cidades

Campos, colinas e rios

...

Ah, se eu pudesse voar!





quarta-feira, 24 de setembro de 2025

ENDOGAMIA E EVOLUÇÃO


A ideia muito divulgada de que os cruzamentos consanguíneos terão necessariamente como resultado o enfraquecimento das gerações futuras, é muito simplista e pode até induzir-nos em grave erro.

Primeiro, a existência de um par de alelos idênticos num indivíduo, só é problemática se estes forem de genes causadores de deficiência. No caso contrário, com genes alelos idênticos e «normais», ou seja, perfeitamente funcionais, esta homozigotia não deve apresentar problemas, nem para os seus portadores, nem para a descendência.

Só assim se compreende a existência de animais perfeitamente viáveis, seleccionados pelo homem, portadores de características próprias (as raças artificiais), que resultam de séculos de «apuramento», ou seja, da rejeição dos genes não-conformes ao padrão desejado e da reprodução selectiva dos animais portadores dos genes desejados. Se houvesse problemas graves resultantes da homozigotia numa extensa parte do genoma, estes animais não seriam viáveis, ou seriam de tal maneira frágeis, que não serviriam os propósitos dos criadores.

Num ambiente natural, pequenas populações isoladas não terão outro modo de subsistir e de perpetuar-se, senão através de cruzamentos consanguíneos, numa percentagem mais ou menos elevada. 
O conceito de especiação por «genetic drift» implica que a população isolada, possuíndo determinado conjunto de genes, irá cruzar-se entre si (endogamia), originando assim uma nova espécie, se o isolamento desta população for por tempo suficiente.
No caso da espécie humana (e englobando aqui os homininos que antecederam, ou viveram em simultâneo com Homo sapiens), a estrutura das populações seria de pequenos bandos isolados, em extensos territórios. Por vezes, dois bandos encontravam-se e haveria trocas, incluindo «noivos e noivas» de um bando que passavam para o outro, sendo automaticamente adoptados como novos membros do bando de acolhimento.

Deve ter sido tal norma que proporcionou encontros fecundos entre humanos modernos e neandertais, entre denisovanos e neandertais e entre homens modernos e denisovanos. Os estudos com ADN antigo mostram a existência de híbridos, assim como a integração, no genoma antigo, de pedaços de ADN mais ou menos extensos, vindos doutra(s) espécie(s).

O que é notável, neste caso, é que os genes conservados não sejam ao acaso. Isto significa que havia um certo grau de incompatibilidade genética entre estes híbridos. 
Nos humanos modernos, verifica-se a exclusão de certos conjuntos de genes de origem neandertal, por exemplo, os relacionados com funções reprodutoras.
Mas, outros genes de origem neandertal, conferindo imunidade, ou da cor da pele, do cabelo, dos olhos, etc, foram conservados. As populações euroasiáticas atuais contêm de 1 a 4% de ADN de origem neandertal, individualmente; mas, no seu conjunto, cerca de 40% do genoma neandertal está representado na população humana contemporânea. Isto quer dizer que houve uma selecção positiva para certos genes neandertais e uma exclusão por incompatibilidade, para outros genes da referida espécie, no ambiente genético prevalecente nos humanos (sapiens).

De qualquer maneira, duvido da tese segundo a qual os neandertais se terão extingido por excessiva endogamia. 
De facto, tanto os neandertais como os humanos modernos (sapiens) atravessaram fases extremamente difíceis para sua subsistência, devido ao clima e à escassez de alimentos. Estes fatores causaram um estreitamento dos efetivos populacionais, em populações que - normalmente - já viviam dispersas.

Nestas centenas ou milhares de anos de máximos glaciares, a endogamia seria absolutamente indispensável para dar continuidade à espécie. Nestas condições extremamente rudes, a selecção natural atuava em pleno: Ela excluía as combinações de genes deficitárias,  que incapacitam seu portador, face às rigorosas condições de existência. Se uma característica desfavorável resulta desse(s) gene(s), ele(s) seria(m) excluído(s), não havendo, em geral, oportunidade do seu portador chegar ao estado adulto e reproduzir-se. É a exclusão sistemática dos genes deficientes, que se observa hoje nas populações de animais selvagens. Ela mantém o grau elevado de adaptação destas populações, perante as exigências do ambiente.

Os genomas neandertais têm evidências de introgressões, resultantes de cruzamentos com H. sapiens. Em seguida à reprodução, um mecanismo complexo de exclusão, por incompatibilidade nos híbridos, parece ter existido. Ainda assim, seria necessário dispormos de evidências sólidas de que isto efetivamente aconteceu. Tal mecanismo iria operar segundo o princípio da exclusão dos híbridos (nas duas espécies). É um mecanismo ao nível cromossómico que acaba por levar à separação de populações, parcialmente interférteis, que - ao longo do tempo - foram divergindo, ao ponto dos seus genomas se tornarem incompatíveis em certas sequências. É uma forma de especiação observada em várias espécies, tanto no Reino Animal, como no Reino Vegetal.

A adaptabilidade às variações do ambiente tem sido a característica mais notável do género Homo. De outro modo, como viveriam eles  - originários dos climas tropicais equatoriais de África - durante as eras glaciares, na Europa e na Ásia, em climas semelhantes aos das estepes siberianas de hoje? Sabemos que os humanos (H. sapiens, ou espécies irmãs) estiveram próximos da extinção, em várias ocasiões. Se não houvesse recurso à endogamia, os pequenos grupos iriam extinguir-se e, com eles, seria  a extinção da própria espécie. 
Se a endogamia fosse causadora de extinção, então não haveria descendentes para repovoar o planeta, depois desses tais estrangulamentos populacionais (e sabemos que houve vários).
As causas da extinção dos neandertais (ou dos denisovanos), que foram durante milénios contemporâneos do homem «moderno»,  será sempre um mistério. Haverá evidências que irão favorecer mais uma hipótese, enquanto outras evidências apontam noutra direcção. Mas, os estudos sobre populações animais que, durante várias gerações, praticam endogamia, quer no estado selvagem, quer em cativeiro, não apoiam a tese da extinção por excesso de endogamia.

Creio que a «ciência popular» difundiu uma ideia errada: O incesto é mau porque perpetua «defeitos» genéticos. No fundo, trata-se dum moralismo encoberto por argumentação falsa, vinda da biologia, pois pretende «justificar biologicamente» o tabu do incesto nas sociedades atuais. Mas, querer justificar tais escolhas éticas e comportamentais do homem contemporâneo à custa de argumentos especiosos, não é nem etica, nem cientificamente defensável.

O último a saber ...



 «O último a saber» é a expressão que se aplica, proverbialmente, para se referir ao marido enganado. 

Mas, neste caso, não se trata do marido enganado, trata-se antes da grande maioria do público nos países «ocidentais», que incluem os do Ocidente (Europa e América do Norte) e países que se situam na Ásia (Japão, Coreia do Sul) e na Oceânia (Austrália, Nova Zelândia). 

Porque, aquilo que está em jogo é uma mudança do sistema monetário, o «Great Reset». O sistema financeiro mundial, desde há vários anos, pelo menos desde a grande crise financeira de 2008, que quase se tornou a crise definitiva do capitalismo, está em ruptura. As moedas dos vários países, foram desenhadas para se irem desvalorizando. Assim, iam possibilitando que os governos e grandes empresas entrassem em dívida, mesmo de maneira crónica, sem grandes consequências para eles, pois estariam apenas obrigados a pagar dentro de X anos, numa divisa que perdeu - em termos reais - uma parte do seu valor. Mas, um sistema que queira conservar uma certa fiabilidade, uma certa estabilidade, tem de ser adossado a algo sólido. E dizer «algo sólido», em termos monetários, traduz-se em metais preciosos como garantia e - em particular - em relação ao ouro.

Desde cedo, que eu estava numa posição de descrença em relação ao sistema no qual vivíamos. Para mim, a crise de 2008 não foi a surpresa, mas foi-o seu «epílogo». Os grandes bancos, as multinacionais, as grandes fortunas, serem refinanciados apesar do que tinham desbaratado, em particular, na financiarização e desindustrialização (auto-induzida): Por exemplo, empresas industriais «convertidas» em empresas de gestão de capitais bolsistas. As injeções de dinheiro fresco, não correspondente a maior riqueza, nem a contrapartida de qualquer espécie, foram-se sucedendo sob o nome de «Q.E.». O pretexto falacioso, totalmente contrário ao mantra do «livre mercado» capitalista, era de que os grandes bancos, as grandes empresas, eram «demasiado grandes», para se deixar ir à falência. Esta extravagância na proteção aos mais ricos, em detrimento de todos os outros, induziu o comportamento de irresponsabilidade total, tanto nas finanças públicas, com nos grandes empórios monopolistas. Acentuou-se a divisão entre aqueles que tinham acesso ilimitado ao crédito barato, virtualmente com zero de juros, e todos os outros que, para comprar casa, carro, etc, tinham de pagar  empréstimos aos bancos, com juros que pesavam nos seus orçamentos.  

Entretanto, a crise do COVID pôs a nu a situação que já vinha de antes e se traduziu numa crise, em Setembro de 2019, com a subida brutal dos juros nos mercados Repo ( = mercados interbancários de empréstimos a muito curto prazo). 

Não sei a partir de quando as altas oligarquias deram ordens para accionar o seu «Grande Reset», mas o facto é que, logo a seguir ao «COVID», se preocuparam muito pouco com qualquer semblante de equilíbrio e preferiram gastar milhares de milhões numa guerra estúpida, cruel e destinada a ser perdida, mas que lhes permitiria travar os BRICS e as " Novas Rotas da Seda" ou «Cintura e Estrada» (Belt and Road Iniciative). Estas, correspondem à verdadeira globalização, a das mercadorias e das trocas comerciais em todo o planeta.

Agora, Honk Kong vai ter um depósito de ouro, para comerciar com o resto do mundo, sendo claro para o «Sul Global» e para os BRICS, que o ouro é o veículo de troca ideal para intercâmbios internacionais, não estando sujeito aos abusos do dólar, ou de qualquer outra moeda que viesse a suceder ao dólar, depois deste ser destronado. 

O público ocidental foi mantido no escuro, foi enganado vezes sem conta sobre o ouro e sobre a «subida» das moedas fiat, sobre os ativos bolsistas e doutros ativos financeiros sem substância no mundo real. Entretanto, paulatinamente, os bancos centrais iam comprando ouro às dezenas de toneladas (tanto os bancos centrais de países orientais, como ocidentais) e os muito ricos convertiam em ouro, ou em propriedades, uma grande parte dos ativos financeiros.

Agora, quem quiser comprar ouro (ou prata), terá de desembolsar uma soma bem maior do que há poucos anos atrás (ver gráfico* sobre o custo do ouro em dólares, no último decénio). Pois, o público ocidental é «o último a saber»...



* Custo do ouro em dólares, no último decénio



terça-feira, 23 de setembro de 2025

O MELHOR DE TOM JOBIM




 Interpretando suas próprias canções, Tom Jobim dá-nos o seu melhor...

EXPLORE ESTE ÁLBUM 

(poesia de Vinícius de Moraes em muitas das faixas)

No mundo não lusófono, Tom Jobim não é adequadamente celebrado como compositor de real talento e inventor de um novo estilo (a Bossa Nova). As pessoas conhecem a «Garota de Ipanema», mas nem sequer conhecem a sua versão original (em português) e desconhecem o nome do compositor. Mas, Tom Jobim é nome indelével, incontornável, da música brasileira e lusófona...

segunda-feira, 22 de setembro de 2025

A NOVA DESORDEM MUNDIAL [CRÓNICA DA IIIª GUERRA MUNDIAL, Nº 49 ]

 Não sei se algum título como este já existe, é provável - mas no caso deste escrito - entendo que se trata do título mais apropriado.

Senão vejamos; a liberdade é proclamada e negada, na prática. Não se pode defender um determinado ponto de vista perfeitamente legítimo e racional, sem se ter consequências gravosas, se este ponto de vista se traduz numa desacralização do poder.

Pelo contrário, podem cometer-se atrocidades, violações sistemáticas dos direitos humanos, impunemente, se forem cometidas sob a tutela e seguindo o guião da potência hegemónica. As coisas não mudaram, desde há cerca de 75 anos. Um adjunto do presidente dos EUA, Truman, fez-lhe notar que se estava a apoiar uns «bastardos» (já não sei de que país latino-americano); ao que Truman respondeu...«Sim; mas são os NOSSOS bastardos».

Hoje em dia, a ditadura totalitária de Zelensky tem as honras de governos ocidentais, enquanto vai prendendo os opositores, que «desaparacem», ou vai colocando para sacrifício inútil, centenas de milhares de soldados na mira de fogo das tropas russas, sobretudo vai construíndo - ele e seus associados - fortunas colossais, à custa do erário  público ucraniano (e nosso). Mas ninguém se preocupa, nas administrações que têm doado sucessivos  biliões, para onde vão estas somas. 

Os manifestantes que protestam contra o genocídio dos palestinianos, são dispersos à bastonada, são presos às centenas; isto tem lugar no suposto «modelo» da democracia e dos direitos civis, a Grã Bretanha. 

Em simultâneo, a indústria armamentista, nomeadamente, na UE, no Reino Unido e nos EUA, envia para Israel o que este precisa para efetuar o referido genocídio. Como podem os políticos  se apresentar como «observadores impotentes», durante estes quase três anos de genocídio, sabendo-se que um embargo de armas a Israel iria fazer parar rapidamente o Holocausto Palestiniano?

Claro que jogam os interesses económicos e a importância dos lobis pró-sionistas. Aliás, não devemos confundir estes com as comunidades judaicas: Estas podem estar completamente dissociadas da mentalidade suprematista e colonialista do governo de Israel. 

Em todo o lado, a igualdade dos seres humanos perante a lei, a sua dignidade fundamental, estão postas em causa. Um assassinato irá fazer a primeira página dos noticiários, consoante a vítima seja judeu (sionista ou não) ou um arauto «cristão», em associação com o sionismo, ou consoante se trate de um árabe, que pode ser muçulmano, cristão, de outra religião ou mesmo, ateu. No caso do árabe, nem será referido na maior parte dos noticiários; se o for, será classificado de «terrorista» ou de membro do Hamas, para desencadear repúdio e não qualquer sentimento de compaixão no público.

A ordem moral é a primeira a desfazer-se, quando se inicia a derrocada da ordem política-económica-jurídica.

 Aquilo que se chama «civilização» é um estado de imposição duma falsa ordem, porque baseada na repressão: É isso que significam expressões como «Pax Romana», ou «Pax Americana». 

A ordem moral não pode subsistir quando os do topo da hierarquia são impunes, face às regras aplicadas ao comum dos mortais. Vejam-se os casos (abafados) dos escândalos sexuais em torno da figura de Jeffrey Epstein, ou a total impunidade dos criminosos que lançaram a operação COVID («vacina anti-COVID») para benefício das multinacionais farmacêuticas Pfizer, Moderna, Astra-Zeneca...

Apenas dois exemplos acima citados, mas haveria muitos mais, se contabilizarmos os que no establishment se especializaram em lançar guerras  (Afeganistão, Iraque, Líbano, Líbia, Palestina, Irão...) que têm causado milhões de mortes, incontáveis feridos e deslocados. Mas, a media corporativa reserva sempre o melhor acolhimento para estes senhores e senhoras. 

Em desespero, os antigos aliados de ontém do Ocidente, estão em massa a aderir aos BRICS ou, pelo menos, a  estabelecer acordos comerciais frutuosos com estes países, pois vêm que do lado Ocidental e Americano, só há a perspectiva de manter os países mais fracos sob o seu domínio, por todos os meios, incluindo militares.

 Mas, o comércio precisa de liberdade. Sobretudo, de liberdade de escolha; em dado país participar ou não num dado acordo. Também precisa de um conjunto de regras. Porém, estas regras (acordadas e ratificadas na OMC) são sistematicamente ignoradas ou violadas pelos mesmos que clamam pelo seu respeito.  

A utilização do dólar como arma, abusando do privilégio de ser a principal moeda de reserva mundial (uma herança do acordo de Bretton Woods, 1944), levou a que mais trocas sejam efetuadas nas divisas dos respetivos países, não envolvendo o dólar. O dólar deixou de ser visto como «porto seguro», como reserva nos Bancos Centrais, em muitos países:  Estes passaram a acumular ouro, o qual não pode ser instrumentalizado. Quanto muito, poderá ser expropriado ou roubado, num contexto de guerra, com invasão e tomada do ouro do banco central (como aconteceu na Líbia e noutros casos).

A «lei» da força, ela própria, está posta em causa quando os rivais dos EUA e dos países da OTAN, possuem armas ao mesmo nível, ou que ultrapassam as ocidentais. Em relação à guerra assimétrica, temos assistido aos danos severos causados por mísseis e drones das milícias Houthis (Iemene), a instalações militares e civis israelitas, assim como mantêm o bloqueio no Mar Vermelho, para a navegação destinada a Israel, incluindo porta-aviões dos EUA. Podíamos também descrever o efeito do uso maciço dos drones que - com uma tecnologia relativamente simples - conseguem ultrapassar defesas anti-aéreas de uns e de outros, no teatro da guerra Russo-Ucraniana.

O mundo está cada vez mais complexo e as armas mais perigosas (armas nucleares) estão sob controlo de psicopatas, nalguns casos. A determinação de Netanyahu, ou do seu sucessor, em fazer explodir bombas nucleares contra inimigos (Irão, principalmente) pode configurar a «alternativa Sansão». Ou seja, tal como na narrativa bíblica, trata-se de deitar abaixo todo o edifício (Israel), de modo que os seus inimigos também morram. É uma loucura completa, mas que está consignada em manuais de estratégia militar israelitas, pelo que não pode ser tomada ao de leve.


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Ps1: Jeffrey Sachs e a nova ordem  mundial 

https://youtu.be/97pxh5BifVU?si=H58F_pxUbI0pYdi_