O OURO DOS BANCOS CENTRAIS

O ouro que está à guarda dos bancos centrais, na Europa, pertence ao respectivo povo. Não pertence ao governo, não pertence ao Banco Central Europeu (BCE), nem à Comissão de Bruxelas. É preciso reafirmá-lo neste momento, pois os governos querem usá-lo na guerra contra a Rússia. Uma guerra que não conta com o apoio da maioria do povo europeu. Os governos procuram a guerra para não ter de prestar contas da sua gestão catastrófica das economias. A guerra serve para disfarçar a bancarrota; esta pode facilmente (e falsamente) ser atribuída à guerra.

segunda-feira, 8 de dezembro de 2025

A SINFONIA DE MONTEVERDI A HAYDN (Segundas-f. musicais nº41 )





A sinfonia é um género musical, que teve uma evolução muito rápida na época clássica. 

O típico exemplo de «sinfonia clássica» possui 4 movimentos: um allegro inicial, um andante ou adagio; um scherzo (ou um menuet) e um final (presto ou allegro molto). Esta codificação, como todas em música, pode sofrer pequenas variações. Por exemplo, a sequência acima descrita pode ser antecedida por um breve andamento lento e solene... 

As sinfonias que aparecem antes da época clássica, possuem o mesmo nome, mas francamente não pertencem ao mesmo tipo de música. Receberam o nome «sinfonia», no sentido de serem peças em que os vários instrumentos formam conjunto. Mas, de resto pouco mais têm em comum. A designação de tais peças tornou-se comum em óperas já no tempo de Monteverdi, sendo depois muito frequente aparecer em oratórias e cantatas. Haendel e J.S. Bach compuseram sinfonias no sentido antigo do termo. Carlos Seixas e Vivaldi, seus contemporâneos, usaram o termo no mesmo sentido. 

As primeiras sinfonias no sentido moderno são devidas à escola napolitana, com Alexandre Scarlatti e seus discípulos. Nesta época (por volta de 1700) o termo era intercambiável com o de «Overture». De facto, muitas aberturas de óperas tinham a designação e estrutura da sinfonia.

Foi a escola Checa com Johann e Carl Stamitz, que no século XVIII codificou a sinfonia: os andamentos, os naipes de instrumentos e a unidade temática de cada andamento. 

O célebre e cosmopolita Johann Christian Bach, filho de João Sebastião, fez carreira em Milão e em Londres. Ele compôs sinfonias e concertos para orquestra com solista. A sua criatividade e seu saber transparecem nas sinfonias, pelo equilíbrio entre a tradição do barroco e o  estilo galante. 

Mas, foram Mozart e Haydn que elevaram a sinfonia ao estatuto de composição de grande significado, de monumento revelador dos recursos do compositor e que punha à prova a qualidade dos instrumentistas e do maestro.

Cada exemplo abaixo, justificaria extenso comentário. Mas, decidi cingir-me apresentar as peças, esperando que a curiosidade do auditor o leve a procurar elementos sobre elas e seus respectivos compositores.

                  MONTEVERDI    
                                                                             Sinfonia do «Orfeo»



J. B. LULLY       
   
                   Sinfonia de «Amadis»


                                                                                  Sinfonia em Si bemol maior


VIVALDI       
                                                                                 Sinfonia «Al Sepolcro»


                                                   Andante da Sinfonia em Ré Maior Op. 18, No. 4

             
 
                              

W.A. MOZART. 1º andamento da Sinfonia «Praga»



                                                                    Andante da sinfonia Hob. 101 «The Clock»



                            


domingo, 7 de dezembro de 2025

OTAN envolve-se diretamente na guerra contra a Rússia



O prof. Mearsheimer dá conta da gravidade da situação político-militar. As forças da OTAN nunca estiveram antes envolvidas em combates diretos contra o território russo. É um momento que pode significar uma escalada de parte a parte. Putin avisou muito diretamente que um ataque contra solo russo pelas forças da OTAN legitimava uma resposta nuclear pela Rússia, contra cidades desses países, incluindo os EUA.




ATUALIZAÇÃO:

EUROPA, ECOLOGIA E PAZ:


Retirado de Antithèse & Bon pour la tête contact@news.antithese.info 




APOSTA [OBRAS DE MANUEL BANET]



Sempre tive grande relutância

Em apostar nalguma coisa

Ou acontecimento. Pensava:

Se podes calcular a probabilidade

Dessa coisa, apostar é fútil,

E se não podes, é suicidário.


Mas hoje declaro que aposto.

Aposto pela vida, face ao caos

Face à extinção, ao domínio

Absoluto, incontroverso;

Face à capitulação, também

À fraqueza dupla do querer.


Aqueles que hesitam, calculam

Mas calculam mal; o cálculo 

É simples: Escolhes lutar 

Ou sofrer a humilhação 

Antes de morreres esmagado.

Só os fracos hesitariam


Porque quem luta, quem se ergue

Usando seus meios e inteligência

Está a ganhar a partida;

Se ganhou, salvou-se e salvou-nos

De uma secular servidão.

Se perdeu, não perdeu... pois

A sua semente vingará.

Se não luta,  é certo:

Perderá de certeza.


Por isso, aposto que o tempo

Trará uma nova geração

Bastante mais comprometida

Perante a urgência 

De salvar a humanidade

De quem pretende dominá-la.

Se eles fizerem esta aposta

Terão meu apoio e participação

Na medida em que puder ser útil


A esperança reside no humano

Que subsiste em cada um.

Que este ascenda à consciência,

É A MINHA APOSTA 


Murtal, Parede

A 5 de Dezembro de 2025





 

sábado, 6 de dezembro de 2025

OURO, PRATA E YUAN: OS 3 VECTORES DA QUEDA DO DÓLAR

A China tem avançado passo a passo, para desinvestir do dólar:

A- Lançando obrigações em yuan que podem ser convertidas em ouro no Mercado de Metais Preciosos de Xangai. Com rendimento de 7%, são  muito mais apetecíveis que as Treasuries americanas, que apenas dão 2%.

B- Compra de ouro em quantidades bem superiores (10 vezes mais) às oficialmente declaradas.

C- Venda de prata no Mercado de Xangai, mas apenas em Yuan. Como existe uma enorme falta de prata disponível nos mercados ocidentais, os compradores têm de trocar as suas divisas por Yuan, para poderem comprar em Xangai. O valor da divisa chinesa e a sua internacionalização são  cada vez maiores e a fatia das trocas comerciais em dólares vai diminuindo. 

D - A China deixou, há anos, de acumular dólares  sob forma de obrigações do Tesouro americano e tem colocado à  venda quantidades elevadas das mesmas obrigações. 

E- Tem promovido, com os seus parceiros dos BRICS (e outros), contratos comerciais envolvendo apenas Yuan e divisas dos parceiros, com exclusão do dólar. 

Veja o vídeo abaixo, de Paulo Nogueira Batista Junior:



sexta-feira, 5 de dezembro de 2025

JÁ NÃO HÁ COMO DISFARÇAR...

 (debaixo das imagens clica nos URL  para visualizar os vídeos)



https://www.youtube.com/watch?v=JcRPHORpaRg&t=150s

PS1: Dois vídeos com origem no Brasil, com uma qualidade e profundidade de análise notáveis. Não se trata aqui de propaganda, nem de especulações. Trata-se de pôr em perspectiva a fragilidade insuspeitada por muitos, do Império USA. As pessoas, não tendo este conhecimento, podem ainda estar na ilusão da omnipotência do Império. No entanto, as manifestações de resistência do resto do mundo, por um lado e a crescente incoerência das respostas americanas aos desafios que lhe são colocados, por outro, são prova de que a estrutura hegemónica dos EUA, com os seus capitais, as suas forças armadas e com as agências encarregues da «guerra suja», já não são mais do que um pálido reflexo do passado. De um passado em que a hegemonia dos EUA permitia que eles ditassem quem pode comerciar com quem, visto que dispunham da divisa indispensável para efetuar as trocas comerciais internacionais. Quem não se conformasse, era sancionado. 
Mas, hoje as coisas mudaram: A Venezuela, com as suas fragilidades e contradições, tem sabido evitar o colapso deliberadamente provocado pelos EUA e mostra que é possível vender o seu petróleo, recebendo Yuan e outras divisas, mas não o dólar, tornando as sanções dos EUA muito menos eficazes. 

quinta-feira, 4 de dezembro de 2025

Richard Wolff: PARA ONDE VAI O DINHEIRO PERDIDO NUM CRASH DA BOLSA?



            [Se tiver dificultade em ir diretamente para o vídeo, clique no URL acima]


 Este vídeo do prof. universitário Richard Wolff explica em pormenor os mecanismos bolsistas que se alimentam do subjectivismo dos investidores. Ao contrário da bolsa e de todo o mecanismo especulativo que a sustenta, a economia real não depende de "sentimentos" , de "intuições" ou de "jogadas audaciosas". Muito pragmaticamente, depende de trabalho real, para fornecer bens ou serviços, de que a sociedade necessita e aos quais atribui valor. Mas, na economia financeirizada tem sido atribuido valor e capital a ativos inflacionados em bolhas, cada vez mais monstruosas. Porém, TODAS as bolhas estão destinadas a esvaziar-se. Tal aconteceu em TODOS os casos historicamente registados. Vemos agora isto com as empresas que pretendem "desenvolver a IA", algo semelhante ao que ocorreu em 2000, com as empresas "DOT.COM" e em 2007, com o crédito hipotecário.  

quarta-feira, 3 de dezembro de 2025

O MEDO E COMO O COMBATER






A configuração das relações de força internacionais, a agressividade crescente da media, que atiça os conflitos em vez de os tentar explicar, a preocupação permanente com a sobrevivência de muitos milhões, que os leva a viver numa prisão de trabalhos forçados, esgotando-se e não conseguindo satisfazer as necessidades elementares, o crescimento de toda a espécie de patologias do foro psíquico... Todos os fenómenos acima são sinais dum desequilíbrio fundamental que atingiu a humanidade.

Mas que fenómeno? Que desequilíbrio?

- Penso que - para além de factores materiais, objetivos, jogam factores da área afetiva-cognitiva.

Estes últimos factores costumam ser desprezados, em geral, talvez por os indivíduos do século XXI estarem fortemente condicionados a pensar em termos materialistas. Não no sentido filosófico de materialista, mas no sentido de apenas ter interesse pelos aspetos materiais da vida, aquilo que se chama de «materialismo vulgar». No entanto, este tipo de materialismo tanto ocorre em pessoas ateias, como em pessoas aderindo a uma crença religiosa.

Mas é justamente nesta área afetiva/cognitiva, que se dão grande parte dos traumas, embora não imediatamente visíveis. É nestes domínios que as pessoas se tornam incapazes de conduzir a sua vida, de conservar o sentido do real, de se relacionar humanamente com os outros humanos.

As pessoas que estão sujeitas a enorme pressão (e são cada vez mais), são muitas vezes incapazes de compreender o que se passa com elas e com o seu entorno. Se o fossem, na mesma teriam dificuldades e teriam de lutar, mas isso não as faria bascular para um desequilíbrio crónico, para um refúgio fora da realidade, para um regresso a aspectos da psique infantil. Todos estes mecanismos são resultantes duma incapacidade continuada em fazer face à realidade .

Por isso, são destruidores os traumatismos de guerra, ou de períodos prolongados de violência: Porque sobre tal violência, as pessoas não têm hipótese de agir. São situações em que a sobrevivência parece dever-se ao acaso e as acções que se tomarem, tanto podem ser efetivas na salavaguarda individual, como conduzir ao contrário, ou seja, à morte.

Um caso particular de guerra, é a guerra económica lançada pelas «elites» do capital e do Estado sobre os mais frágeis, os destituídos, os que dependem do salário para sobreviver e sustentar a família. Este terrorismo económico, prolonga-se no tempo e no espaço, para que as pessoas não vejam que ele é uma estratégia deliberada da classe possidente. Porém, é nas sociedades ocidentais, ditas democráticas, que a modalidade «guerra económica» mais se tem feito sentir. As garantias de emprego, de salário, de pensão de reforma, e outras, consideradas desde os anos 60 (há 60 anos, pelo menos!) como «naturais», foram paulatinamente retiradas ou abastardas, pelos senhores do capital e do Estado, de forma que isso não suscitasse demasiada indignação, usando todas as manhas, desde jogar com a inflação monetária, às sucessivas modificações das leis. Este expoliar fraccionado conduz a que as pessoas sejam defraudadas daquilo que lhes tinha sido prometido, porém sem que elas tenham realmente compreendido como foram defraudadas.

A insegurança na satisfação das necessidades básicas vai conduzir as pessoas a uma série de mecanismos de «auto-defesa» que são apenas ilusões, ou mecanismos simbólicos. Assim, interioriza-se a angústia, o medo constante mas indefinível, de impossibilidade de se manter as condições mínimas económicas e um nível básico de satisfação das necessidades.

O bombardear pela publicidade comercial e, sobretudo, por órgãos da media transformados em máquinas de condicionamento de massas (ou de lavagem ao cérebro), faz com que a maior parte das pessoas sinta os medos sem a mínima capacidade de análise crítica e muito menos de distanciamento. O efeito, é que estas pessoas vão reagir automaticamente a certos estímulos, a palavras ou imagens, de forma condicionada, desencadeando respostas reflexas, que podem parecer genuínas, mas que foram incutidas.

As pessoas condicionadas não aceitam a realidade. Esta foi substituída por uma grelha de leitura codificada pelo seu entorno e reforçada pela média corporativa, de tal forma que rejeitam liminarmente tudo o que saia fora do «molde» interior. É como se todos fôssemos ensinados que «2+2= 5» e alguém nos viesse dizer que não, que não é 5, mas 4. Tal indivíduo seria visto como louco, extravagante ou até subversivo ... pondo em causa a «normalidade».

A coação psicológica é muito mais importante que a coação física. Embora esta seja dura e brutal, sabemos de onde parte e quem a exerce, mas a coação psicológica é muito mais subtil: As pessoas que amamos, inclusive, podem ser veículo dessa coação, pensando que o fazem para o nosso bem, para nossa proteção...

A figura tutelar da «autoridade», reproduzindo a imagem interior que tivemos na fase precoce da nossa vida, em relação a pai e mãe, vai imiscuir-se de forma subreptícia: Através de símbolos, de gestos, de palavras que ativam esse condicionamento da infância e desencadeiam uma reacção automática de submissão. É portanto compreensível que muitas pessoas se projetem como «filhos» e «filhas» de pais e mães simbólicos, que são afinal os poderosos.

A emancipação em relação a estes esquemas de poder é possível, mas a grande maioria não irá fazê-lo. Na prática, é necessário ter-se um projeto de libertação individual e de autonomia, que poucas pessoas adoptam. Por outro lado, na sociedade fragmentada e atomizada contemporânea, certas pessoas podem ter um tal projeto. Porém, ele só se poderá concretizar se houver convergência de vários indivíduos para a construção conjunta de projetos explicitamente destinados a instaurar uma prática social diferente. Existem, mas são minoritários. Creio que será difícil desenvolver uma dinâmica que os transforme em prática corrente.

Aquilo que é possível fazer (e pude verificar, em várias circunstâncias), é criar espaços conjuntos, onde haja troca de bens e serviços, ao mesmo tempo que se desenvolvem capacidades de interação, de auxílio mútuo, de audição atenta do outro e de debate de ideias sem censura, mas com autodisciplina, onde ninguém se sinta coagido ou inibido.

Um projeto para singrar não tem necessariamente de ser do agrado da maioria, nem deve implicar que a maioria se possa nele participar. Os núcleos que dinamizarem estes projetos grupais, devem ter flexibilidade e uma grande clareza de objetivos: 
- Queremos desenvolver um projeto assim, para quê? E como ? E em que área(s)? E para que fim (fins)? ... etc.