quinta-feira, 25 de agosto de 2022

HIPOCRISIA ECOLÓGICA

 Eu fico estarrecido primeiro, depois fico deprimido com os «ecologistas» de pacotilha contemporâneos.

Não duvido que existam muitas e boas pessoas que não tomam a ecologia como uma espécie de moda. Que estudaram a ecologia como ciência, sem demagogias, com rigor e abertura crítica. Mas, estes honestos ecologistas científicos (ou com motivações genuínas em defesa do ambiente e - portanto -levados a buscar a verdade dos factos, não as aparências) são submersos pela «onda verde» de falsos ecologistas, pessoas contratadas pelos grandes interesses capitalistas, as grandes corporações, pelo status quo, que pretendem assim fazer «green-washing». De facto, é uma lavagem ao cérebro que atinge mais os jovens,  confrontados com fenómenos de moda, com o falso discurso «alternativo», etc. Estes jovens não aprenderam na escola o pensamento crítico, o ceticismo saudável, a preocupação de objetividade, mas foram injetados de propaganda «green» sob pretexto de «ciência». 

Os dados da psicologia mostram que é muito mais difícil convencer do seu engano uma pessoa que acreditou numa teoria errónea, do que mostrar a uma pessoa, que ainda não tomou partido, que realmente essa teoria é falsa, não repousa sobre factos comprovados reais. Esta perversão das pessoas bem-intencionadas, é um dos objetivos dos multimilionários que se acotovelam em Davos, junto a Klaus Schwab, Bill Gates, a chefes de estado e de governo, além de «cientistas» comprados com benesses, que julgam o seu sucesso mediático ser devido ao seu talento; de facto, são promovidos para fazerem parte da «coudelaria» científica de Davos!

Note-se que a ONU está completamente inserida nesta operação: Com o seu GIEC, que é um painel intergovernamental, portanto não é um comité científico, tanto existindo nele cientistas do clima, como meros funcionários de ministérios e pessoal da política, não cientistas. O mesmo, ou pior, se pode dizer da OMS, tomada de assalto há alguns anos pelas grandes farmacêuticas, as quais, com a Fundação Bill e Melinda Gates e outras mais, se arrogam o direito de ditar ou influenciar de modo decisivo as políticas da OMS: É bem conhecido que o financiamento privado  (fundações + grandes empresas do sector), na OMS, é muito superior ao estatal (os países da ONU, na proporção do seu PIB, contribuem para a OMS e para outras agências da ONU). 

A ONU produziu uma espécie de «roteiro», a AGENDA 2030. Eles preconizam, sob capa de «economia verde, sustentável», o decrescimento, ou seja a versão mais radical, que significa em concreto que muitos no Sul Global vão morrer à fome e de doenças evitáveis, porque assim teremos um mundo talhado à dimensão dos sonhos malthusianos e eugenistas da «elite», desde os tempos de Cecil Rhodes e da «Round Table», que povoam «think tanks», inúmeras comissões governamentais, para-governamentais e intergovernamentais, além das ONG's («Organizações Não-Governamentais») que -afinal - também são governamentais, pois dependem de subsídios e/ou encomendas governamentais.

Todo esse belo mundo usa slogans da «ecologia profunda» para fazer com que haja uma regressão civilizacional, que eles celebram, através de vocabulário que mascara a realidade dura, recaindo sobre a cidadania de seus próprios países: Eles são peritos em palavras, por isso, substituíram a «austeridade» pela «simplicidade», ou seja, os cidadãos são obrigados - em nome da simplicidade - a serem como uns santos, despojados de quase tudo (e até do essencial), para que os Senhores (os donos do planeta) se passeiem de jet, de conferência em colóquio, de simpósio em congresso, sempre para o maior bem da Terra Mãe, claro!



O «reciclável» é uma psi-op (operação psicológica). O mesmo se poderá dizer das máscaras que não protegem da transmissão viral, mas causam dano visível nas pessoas (micropartículas de plástico inaladas e aumento de cancros) e na vida selvagem (inúmeras aves têm uma morte horrível, armadilhadas pelas máscaras que se enrolam nas patas).

E quem julgam vocês que vai sofrer com falta de alimento e com imenso frio, nesta próxima temporada? Serão os ricos, com os seus SUV EV e as suas mansões termorreguladas? - Não serão os pobres, em especial dos países da periferia, dos países pobres, muitos dos quais também são capitalistas, por sinal e até de um capitalismo mais selvagem?? 

A originalidade da situação é que mesmo em países afluentes, como a Alemanha e a Holanda, já se percebe a enorme vaga de descontentamento popular, porque as pessoas estão a abrir os olhos e a compreender toda a conjura, o golpe de Estado global que nos caiu em cima em Fevereiro-Março de 2020.

 Desenganem-se os que atribuem a Putin e à guerra na Ucrânia (provocada pelo Ocidente) todos os males da economia, do clima, da escassez manufaturada de alimentos: Àquela elite globalista convém ter um supervilão, um demónio, uma encarnação do mal, sobre o qual poderão deitar todas as culpas. 

Mas, a realidade é teimosa (como dizia Lenine), ela mostra, por exemplo, que as medidas contra os agricultores na Holanda, nada têm que ver com a guerra na Ucrânia. São tomadas por um governo muito «bem comportado» na NATO e na UE

A vaga de revolta que levou ao derrube do governo do Sri Lanka, foi devida ao aumento brutal dos preços dos bens essenciais. Sim, mas isso é consequência do governo (corrupto) ter decidido, sob influência de conselheiros ocidentais «iluminados», que deveria converter a agricultura do Sri Lanka, imediatamente, sem transição, para agricultura biológica, isto é sem adubagem química de qualquer espécie. A previsível quebra de produção agrícola subsequente, levou à ruína generalizada dos agricultores, ao aumento em flecha dos preços dos bens alimentares, a uma escassez generalizada de alimentos: o arroz subiu de preço até valores incomportáveis para as famílias pobres e médias. Foi este o contexto, nunca tratado nos media «mainstream», que levou à revolta popular. 

Entre os cultores da Nova Ordem Mundial, existe uma crença de que eles, da «raça dos Senhores», irão governar para sempre na Terra pacificada, domesticada, após convulsão por eles mesmos provocada. Assim, aplicam a fórmula «a ordem pelo caos». Pensam que essa «nova ordem» emergirá do caos. Este tipo de formulação é absurda, pois ao provocarem o caos, com vista a que possa daí sair (por milagre?) uma "Nova Ordem", estão a destruir a base da civilização. Estão a provocar a vinda da nova «Idade das Trevas» (*).  A primeira correspondeu a um período que durou vários séculos, entre o ruir do Império Romano e o Renascimento. 

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(*) Nessa altura, as fomes, as epidemias e a quase extinção de trocas comerciais, provocaram um marasmo duradouro, que apenas foi invertido na era seguinte, em que os vínculos feudais foram esbatidos, em resultado da peste negra e da escassez de mão-de-obra. A partir dos séculos 14 e 15, dá-se o Renascimento, com o desenvolvimento do capitalismo mercantil e dos bem conhecidos episódios: viagens ultramarinas, novas rotas marítimas do comércio, "descoberta" de novos povos pelos europeus, redescoberta da Arte, Filosofia e Ciência da Antiguidade Greco-Romana, rutura na Igreja com a Reforma, seguida de Guerras de Religião, etc. 

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PS1: Este autor vem corroborar a minha visão sobre a catástrofe ecológica (e civilizacional, e humanitária ...) manufaturada pela direção malthusiana, eugenista, que quer impor um governo da elite plutocrática (neofeudalismo):

https://www.zerohedge.com/geopolitical/great-reset-perfect-storm

terça-feira, 23 de agosto de 2022

HOMENAGEM A DARIA DOUGUINA, VÍTIMA DO TERRORISMO



Daria Douguine, assassinada há dias em Moscovo, deu uma entrevista (em 2019), em francês:



 O atentado terrorista que a vitimou estava, com toda a probabilidade, destinado ao seu pai, Alexander Douguine, um célebre filósofo russo.

PS1: Leia o artigo de Pepe Escobar sobre o assassinato de Daria e o contexto geral em que ele se desenrola.

segunda-feira, 22 de agosto de 2022

PROPAGANDA 21 Nº15: A GRANDE BOLHA MEDIÁTICA QUE TUDO RECOBRE


Nós estamos inseridos numa espécie de «Matrix», ou seja, numa redoma em que o Universo nos aparece através dos filtros cuidadosamente calibrados para que, aquilo que se convenciona ser «a realidade» ou a perceção da mesma, não seja disruptiva, não afete o moral das tropas, não lhes permita ver através duma brecha, algo que não seja conveniente aos nossos Senhores Feudais

Em suma, a nossa capacidade crítica tem de ser completamente anulada ou muito diminuída, incluindo táticas de propaganda de guerra, que antes da era da Internet, eram dirigidas e aplicadas contra os países «inimigos» do nosso. Lembro a enorme máquina de propaganda Ocidental e Americana, que foi montada e desenvolvida para os países de Leste e da URSS, em particular, com «notícias» destinadas a mostrar a sociedade capitalista como infinitamente melhor que as suas, apontando e amplificando os contrastes desfavoráveis para os sistemas ditos de socialismo real. Não está aqui em jogo saber se o socialismo real  era de facto socialismo, ou se era outra coisa. Todas as sociedades têm aspetos negativos e todas têm aspetos positivos também. A propaganda é verdadeiramente uma arma de guerra, como foi  reconhecido por Edward Bernays há um século. Tem sido o principal instrumento de domínio das classes «superiores» sobre as populações, desde então. 

Não admira, portanto, que a «guerra informativa» seja levada a cabo pelo império anglo-americano, contra a Rússia e a China e vários países que se têm oposto à globalização capitalista. Mas, devo sublinhar que num mundo de informação globalizada, necessariamente, a guerra de informação tem de abranger tanto populações «inimigas», como «amigas», tanto um público doméstico, como um estrangeiro. Não pode ser de outro modo, pela natureza global do sistema mediático e pela impossibilidade de se cortar o acesso à Internet de forma demasiado óbvia, devido ao efeito desastroso, que os iria desmascarar. 

Ainda assim, têm feito muito no complexo «militar-industrial-policial-tecnológico-mediático» para o domínio das nossas mentes.  As catadupas de propaganda constante que se apresentam como «notícias», são - na verdade - o modo mais eficaz para distorcer a imagem da realidade no público, sem que este suspeite disso. O público está convencido que pode confiar nos media da sua escolha, da sua confiança política, sejam estes «mainstream», ou «alternativos». A distorção é eficaz, porque deriva da própria parcialidade das pessoas: Todos nós temos preconceitos, sobretudo no que toca a assuntos de política, de sociedade, de valores, de ideologias. 

A «ciência dos media» é uma psicologia aplicada, usa os avanços do saber fundamental em psicologia. Edward Bernays, no princípio do século XX, serviu-se do modelo psicanalítico e adaptou-o à sua teoria das Public Relations. Aliás, ele escreveu o famoso livro «Propaganda»; porém, depois viu que o termo propaganda tinha adquirido conotação negativa, após o III Reich e a IIª Guerra Mundial, e inventou a expressão Public Relations. 

Desde Bernays e desde Freud, muito se descobriu em relação à psicologia, ao estudo do comportamento humano, ao estudo da sociedade, das interações individuais e coletivas, da forma como a mente se apercebe do real, como as memórias se formam, como são modificadas e atualizadas, etc.

Na guerra da informação em curso, não existe um lado «bom» e um lado «mau». Todos os lados fazem a sua propaganda, todos os lados usam e abusam do seu controlo sobre meios de comunicação de massa para manter ou reforçar os preconceitos no público. 

Se existe arte «maquiavélica», é esta da comunicação mediática, acoplada - como gémea siamesa - à política. Se o que parece ser, é... então para que algo se insira nos nossos neurónios cerebrais, é preciso que haja um «efeito de realidade», que as pessoas «aprendam» a ver e interpretar as coisas, tal como os «senhores feudais» querem. Para esse fim, os poderosos dispõem do acesso ilimitado aos media, à máquina administrativa dos Estados, para exporem e defenderem as suas posições, além de poderem anular a informação dissidente através de blackout ou censura (hoje em dia, no Twitter, Facebook, Youtube...) e com a distorção e difamação dos pontos de vista contrários, sem que os atingidos possam defender-se eficazmente.

 Porém, há um aspeto não evidente do controlo mediático: A torrente constante de «notícias» triviais, misturadas com assuntos importantes, tem o efeito ao nível subconsciente, de fazer equiparar tudo o que chega ao conhecimento do indivíduo. Não se trata de relativizar a informação, o que seria positivo, mas de menosprezar tudo por igual, o que impede de ver o que é importante. Este efeito de «overflow» anula a possibilidade da construção de uma visão pessoal do mundo e do real. As pessoas das sociedades híper-conectadas mostram uma surpreendente ausência de «Weltansschauung». Para muitas, as coisas acontecem «por acaso», ou sem existir relação de umas com as outras. Para esta incapacidade de compreender o mundo, contribui o caos propositado dos fluxos contínuos de notícias. Em consequência, a lógica da narrativa dos media sobre um dado assunto é (inconscientemente) apreendida como correta, também porque é reproduzida pelas inúmeras bocas da hidra mediática.


Reflexão: Às vezes, sonho com o desaparecimento da Internet e das formas de informação de cima para baixo, que veiculam uma certa imagem do Mundo, como a televisão, a rádio, os grandes jornais, a escola, etc. Mas, isso não teria só lados positivos, com certeza. Muito mais realista será encontrar maneira de viver com estes meios, sabendo que não são neutros, que nunca o foram, que estão intrinsecamente ligados ao modo como é exercido o poder. Por outro lado, se a nossa mente está aberta e crítica, conseguimos nutri-la com informação consistente e com pensamentos originais, criativos. Para não «deitarmos fora o bebé com a água do banho», é preciso nos (auto) educarmos no domínio da comunicação, recorrendo a ciências tão variadas como a psicologia social, a neurologia, a etologia comparada, a evolução biológica.

NOTA: Gostaria que o modesto contributo desta série «PROPAGANDA 21», fosse o de chamar a atenção dos leitores para a importância da comunicação de massas. O exame crítico da informação que nos envolve é o meu objetivo, não é inculcar-vos qualquer  ponto de vista sobre estes assuntos.

PS1: Veja este vídeo com excertos de conversas de Andrew Tate (a partir dos 29 min.) e veja a razão real porque foi banido da Internet. Eles usam a falsa acusação de misoginia, como cobertura para a descarada censura política que fazem.

JAPÃO: A GERAÇÃO PERDIDA


 Este documentário é muito interessante: Mostra como as bolhas especulativas, na bolsa e no imobiliário, uma vez rebentadas, produzem um marasmo duradoiro, que se reflete na demografia do país. 
A ideologia neoliberal, tão forte nos anos 90 e que continua a ser hegemónica ao nível académico e mediático convencionais, varreu para debaixo do tapete o caso das décadas de marasmo na economia mais dinâmica na Ásia e no mundo nas décadas anteriores (anos 60-80). 
Note-se que o conceito de quantative easing foi inventado pelo Banco Central do Japão, para «estimular» o consumo interno com impressão monetária. O resultado pode ser visto neste vídeo. 

THE ANIMALS E OS ANOS 60

Os britânicos «The Animals» são um marco inesquecível dos anos 60. Em homenagem ao grupo e seus membros, deixo aqui 40 canções:


               https://www.youtube.com/playlist?list=PLUv1WgIwP9IORf7pGl2Et34u40666iOQs

Nestes anos, os jovens eram revolucionários:  Ocuparam fábricas e faculdades, puseram em cheque as políticas repressivas, não tiveram medo de enfrentar tanto a repressão policial, como a repressão burocrática. 

Nos anos 60 passaram-se muitas coisas que eu não imagino possíveis na atualidade. Pelo menos, nos países ditos «ocidentais».  

Era assim, nos anos 60, à beira da revolução que acabou por não acontecer no plano político, mas foi bem sucedida na sociedade civil:

LIBERTAÇÃO SEXUAL, LUTA AUTÓNOMA DAS MINORIAS OPRIMIDAS, LUTA ANTI-COLONIAL E ANTI-IMPERIALISTA, SOCIALISMO NÃO-BUROCRÁTICO.

https://www.youtube.com/playlist?list=PLUv1WgIwP9IORf7pGl2Et34u40666iOQs


domingo, 21 de agosto de 2022

A JANELA DE OVERTON E A ILUSÃO DA DEMOCRACIA

 Neste país à beira-mar plantado, todo ele com os pés na areia e o sol a queimar-lhes os miolos, seria milagre que aqui alguém prestasse atenção ao que escrevo. Como não acredito em milagres, tenho realmente pouca convicção de que alguém, neste soporífero país, veja e explore as pistas de reflexão que lhes apresento. Mas, o Mundo é vasto e a Internet também. De facto, mais de meio milhar de seguidores anónimos consultam este blog diariamente, da Austrália ao Canadá,  da Rússia ao Reino Unido.

Para meu público anónimo, quero apresentar um autor de vídeos de Youtube, que descobri muito recentemente: Não me identifico com algumas opiniões dele, ou com certas formulações nalgumas questões. E depois? O essencial é saber se o sumo do que ele expõe tem conteúdo, tem informação; se o discurso do autor é coerente e nos provoca. Sem nos confrontarmos ao outro, como diz Byung-Chul Han, não existe discursividade; e sem ela, a democracia fica - no mínimo - castrada, torna-se uma farsa, um jogo sem conteúdo. Creio que foi George Orwell (Eric Blair) quem definiu melhor a democracia, como «quando podes dizer aquilo que os outros NÃO gostam de ouvir».

Regalem-se pois, com o vídeo abaixo (podem ativar legendas automáticas, em espanhol):