quarta-feira, 3 de agosto de 2022

FIM DA HISTÓRIA OU FIM DO GLOBALISMO ?

 Fazer cócegas na cauda do dragão,  poderia ser o mote da viagem taiwanesa de Nancy PelosiPorém, o que está em causa, é muitíssimo mais que causar irritação no dragão chinês, ou estimular um sentimento independentista no povo e na casta governante de Taiwan. O que está em causa, é o completar da rutura entre o mundo «Atlântico» e o mundo «Euroasiático». 

Exercícios de bloqueio e de preparação para invasão de Taiwan, pelo PLA (People's Liberation Army) da China Popular, segundo o «Global Times» de 03 de Agosto 2022.

Durante os anos da Guerra-Fria, que durou de 1946 até 1991,  houve episódios de guerra muito quente, como a Coreia e o Vietname.  Além destas e outras guerras «por procuração», houve a crise dos misseis de Cuba. Ela poderia ter desencadeado o holocausto nuclear, caso as direções soviética e americana não tivessem tido o bom senso de recuar. Com efeito, os americanos tinham colocado secretamente mísseis com cargas nucleares na Turquia (membro da NATO), às fronteiras da URSS e Nikita Khrushchov utilizou a ilha de Cuba com o governo pró-soviético de Fidel Castro para responder da mesma moeda. 

Apesar da total incompatibilidade ideológica, quer Nixon, quer Reagan, fizeram avanços na coexistência pacífica com a União Soviética, certos de que não haveria vencedor numa confrontação nuclear entre os dois superpoderes. Neste pressuposto, as políticas relativas à potência nuclear opositora, foram sempre  medidas e avaliadas ao milímetro pelos estrategas e políticos em ambas as superpotências.

Quando se deu a implosão da URSS, em 1991, a política de Washington modificou-se, com a forte influência exercida pelos neo- conservadores («neocons»), dirigentes e membros da alta administração, que tinham uma doutrina (doutrina dita Wolfowitz) que postulava que os EUA se destinavam a ser a primeira e única potência mundial, durante o século vindouro (século XXI) e que para isso, não podiam permitir que outra potência chegasse ao ponto de poder disputar a hegemonia dos EUA, quer económica, quer militar. Esta doutrina teve o seu triunfo com a «eleição» de George W. Bush, que integrava o grupo. Ele teve, na sua presidência, como principais conselheiros e membros da administração, muitos «neo-cons».

Na sequência destas mudanças em Washington e na ascensão (imprevista) de um  poder forte em Moscovo (Vladimir Putin), as doutrinas de defesa nos EUA foram alteradas, sendo admitido que podia haver guerra nuclear limitada, ou um ataque de surpresa num dos lados, desfazendo as possibilidades de contra-ataque da outra potência. Este postulado foi tornado doutrina de defesa oficial do Pentágono, nos primeiros anos do século XXI. No entanto, tal visão era tida como absurda e perigosa, há alguns anos atrás. Com efeito, qualquer dos lados iria guardar suficiente poder destruidor e contra-atacar, mesmo com um ataque de surpresa que destruísse muitas das instalações de ogivas nucleares. Basta pensar na frota de submarinos portadores de mísseis  nucleares, que navegam discretamente e que não são detetáveis pelos sistemas de vigilância satélite de qualquer um dos lados. Bastaria alguns desses submarinos subsistirem, para desencadear um ataque devastador contra os principais centros políticos e militares do inimigo. 

A guerra nuclear continua, assim, a ser aquela modalidade que nenhum dos lados deveria ser tentado a desencadear, pois as consequências nunca são previsíveis e a possibilidade de riposta - do lado oposto - nunca será de excluir. Além do mais, mesmo uma guerra nuclear que fosse completamente vitoriosa por uns, sem possibilidade de retaliação pelos outros (o que é falso, como vimos), esta «vitória» não deixaria aos sobreviventes uma Terra onde valesse a pena viver. Os efeitos de longo prazo dum inverno nuclear (fome, por ausência prolongada de fotossíntese) e a contaminação radiativa generalizada e prolongada, inviabilizando a agricultura em todo o planeta, a multiplicação de cancros e doenças resultantes da perda de imunidade dos indivíduos, fariam com que fosse mais desejável morrer-se logo, no decorrer da explosão nuclear, do que sobreviver e morrer-se aos poucos, num cenário de inferno total.  

Como tenho escrito há vários anos, a potência em decadência acelerada, que é o império USA e os seus vassalos, tem sofrido uma sucessão de lideranças, cada qual mais incompetente que a anterior, com um risco incalculável para o nosso Planeta: O de estarem ao comando duma potência nuclear de primeiro plano e possuindo bases militares espalhadas  por todo o lado. 

Face a esta situação, a Rússia tem desenvolvido armas estratégicas híper- sónicas, mísseis poderosos mas indetetáveis pelos sistemas de radar americanos. As armas referidas foram testadas em guerras, não apenas em exercícios. Foram usadas tanto na guerra da Síria, como na Ucrânia. Os peritos da NATO puderam constatar que esses mísseis podiam ser disparados a grande distância e teleguiados - com uma precisão inédita - até ao alvo. 


Ora, quanto ao incidente Pelosi-Taiwan (que, espero, não vá além duma exibição de força), o importante, em termos de estratégia mundial, é aquilo que vai catalisar: A consolidação da aliança entre Moscovo e Pequim. Não é de pouca importância tornar-se uma aliança formal. Porque isto equivale a dizer que, quem efetuar um ataque contra um deles, contará com a riposta do outro. 
É este o «último feito geoestratégico» da administração Biden, responsável por outros feitos do Império, nestes últimos tempos, nos quais incluo:

- O Afeganistão, chave para o controlo da Ásia Central, logo do continente euro-asiático, a «Ilha do Mundo» segundo Mackinder. 

- A Síria, nada do que foi tentado desde a administração Obama, quando Biden era vice-presidente, se pôde consolidar. Em contraste, a influência e prestígio do Irão cresceram na Síria e na região.

- O Iraque, donde os americanos estão basicamente excluídos e incapazes de influir, sendo o Iraque, agora, um bastião do Islão Xiita.

- A Ucrânia, o que pode surpreender, porém, veja-se que nenhuma das manobras tentadas surtiu efeito. A guerra está perdida para o governo ucraniano: Este, só não se senta à mesa para negociar um cessar-fogo, porque está pressionado para não o fazer, pelos Anglo-Americanos. A tragédia das pessoas, da sociedade e até mesmo a perda da independência da Ucrânia, não importam aos imperialistas. Eles quiseram que esta guerra acontecesse com o objetivo de criar um «novo Afeganistão às portas da Rússia», arrastados pela sua húbris, numa visão totalmente irrealista em relação às forças do lado russo. As sanções económicas à Rússia tiveram o efeito oposto ao que o «Ocidente» contava. 

Nada do que americanos e aliados previram deu certo. Apenas conseguem espalhar o caos. 
É o «Império do Caos». 
                                 [Refugiados sírios regressam a sua cidade, devastada pela guerra] 
Tudo aquilo de que os países «Ocidentais» se orgulhavam, desde o nível de vida dos cidadãos, suas proteções sociais, preocupações ambientais, respeito pelos direitos humanos, etc. tudo isto se desmoronou, tudo isto se revela como ilusão, nem o mais ingénuo observador pode nela cair. O que se desmorona agora, não é apenas um conjunto de governos, forças políticas, correntes ideológicas dominantes. Daqui por diante, a própria consciência das pessoas estará cada vez mais desperta e não será possível readormecê-la tão depressa. Não existe maior despertador do que a fome, quando ela aperta, quando há escassez de todas as coisas que antes eram dadas por adquiridas, pela generalidade da população. 
Nós ainda estamos na fase inicial duma longa depressão, que pode durar décadas. Não se pense que estou a tomar os «meus desejos pela realidade», pois esta visão, de uma longa etapa de depressão, é partilhada por autores pró-capitalistas conhecidos, como Jim Rickards, entre outros.
A minha visão é constante, desde há uns cinco ou mais anos: Os grandes poderes capitalistas, vendo que as ambições globalistas de hegemonia mundial do Império não se podem realizar,  decidiram desfazer a globalização, mas conservando o domínio férreo sobre o mundo dito «Ocidental», criando portanto uma clivagem artificial, uma nova guerra fria, ainda mais profunda que a anterior. Assim, conservariam o seu domínio sobre uma parte do Mundo. Quanto à outra, aquela que escaparia ao seu domínio, seria objeto de fricção constante, de sanções económicas, de guerras de atrito, de aproximação e afastamento, de alianças efémeras e oportunistas, para arrancar os mais frágeis da órbita adversária. 

Na realidade, não existe um projeto civilizacional autónomo, não existe um conjunto de valores que possam juntar os governos das nações díspares, que se encontram sob a tutela da hegemonia anglo-americana. Trata-se, para eles, de manter o domínio imperial, o mais próximo possível em extensão, do que foi alcançado pelo Império britânico no século XIX, não para benefício dos povos, mas da elite aristocrática. 

Como tudo isto carece da mínima coerência, de qualquer moral ou ética, este projeto de «tardo-capitalismo» tem, necessariamente, de ser cada vez mais autoritário, despindo-se rapidamente dos trajes de humanismo, defesa dos direitos humanos, justiça social, etc. Evidentemente, estes permanecerão «pendurados» nas constituições e leis, e nos discursos inflamados dos períodos pré-eleitorais, mas não mais do que isso. De resto, será um estendal de instrumentos de repressão, servindo-se das técnicas de vigilância generalizada e as moedas digitais (obrigatórias), emitidas por governos e bancos centrais.  Teremos uma sociedade totalitária idêntica, no essencial, aos regimes recordistas em violações dos direitos humanos. 

Espero que estes planos fracassem, que surja uma onda revolucionária, embora esta minha esperança tenha pouco fundamento, por enquanto: O meu fundamento, é constatar que a vontade de liberdade e igualdade, de justiça e fraternidade, têm existido nas mais diversas sociedades e indivíduos, na História. E não acredito que satanistas e malthusianos, por muito ricos e poderosos que sejam, consigam transformar o humano, impondo o seu «transumanismo», que afinal é somente anti-humanismo.

 

terça-feira, 2 de agosto de 2022

REFLEXÕES ESTIVAIS



Escrevo, impulsionado pelo louco sentimento - louco, porque sei que não responde a expectativa racional - de que as minhas meditações encontrão algum eco nos leitores, que eu estimo, embora não os conheça pessoalmente, salvo raras exceções.
Pois, o que me apetece escrever no calor deste Verão perto do mar, é que realmente não encontro motivos para serenamente usufruir da calma estival, para aproveitar o remanso à sombra, na sesta depois do almoço, ou para passear ao fim da tarde nas falésias com a minha cadela.
Não, realmente, estou demasiado inquieto, indisposto mesmo, com as notícias que vejo, oiço e leio.

- O braço-de-ferro entre os EUA e a China, a propósito de Taiwan continua. É inacreditável mas verdade, os EUA provocarem a China para algo que pode degenerar em guerra global, portanto com perigo de se tornar nuclear? Não será isto uma prova da loucura e desorientação estratégica dos dirigentes, dos verdadeiros, os que mexem os cordelinhos discretamente, em Washington?
- A guerra na Ucrânia está muito acesa e nenhuma perspetiva concreta de paz se apresenta, de momento. Continuam a morrer soldados e civis dos dois lados, sem qualquer razão, apenas adensando a tragédia.
- Os governos europeus foram lançados na aventura de sanções suicidárias contra a Rússia, a qual não tem de mexer um dedo, apenas deixar as coisas correr o seu curso, para a Europa ficar sem os recursos energéticos necessários à população e à indústria, sem fertilizantes para sua agricultura, sem matérias-primas e bens industriais, que eram fornecidos pela Rússia, muitas vezes a preços vantajosos porque envolviam contratos de longo prazo.
- A «resposta» europeia à situação de catástrofe, no plano militar e humanitário, ainda é mais irresponsável, tendo eles e os americanos incentivado esta situação, espicaçado os russos a encetarem esta campanha militar. Ainda por cima, encorajam o lado ucraniano a não procurar uma saída negociada, a bater-se com armamentos sofisticados por eles oferecidos, mas inadequados ao terreno e sem que as tropas estivessem treinadas para os utilizar.
- Eu não culpo inteiramente os poderes da Ucrânia; eles não têm alternativa, senão obedecer às ordens dos americanos, dos europeus, ou de serem sujeitos a «suicídio», ou «acidente trágico», ou golpe derrubando o poder atual, a favor de outro, mais dócil para os verdadeiros patrões.
No plano dos media, verifico que estão demasiado subservientes, que as pessoas são mantidas numa bolha de desinformação, sendo ocultadas todas as notícias que possam pôr em dúvida a narrativa oficial dos Estados ocidentais, pelo contrário, inundando o espaço informativo com as campanhas mais sujas e falsas que jamais vi, contra o outro lado, que não é apenas Putin, mas todo o governo russo, e também o povo. A adesão do povo russo (com ou sem razão) às decisões dos seus líderes nunca foi tão elevada.
Enquanto Putin é pintado com as cores de ditador cruel e sanguinário, o que verifico é que os «pacifistas» do ocidente agitam histericamente bandeiras ucranianas, não tendo vergonha de apoiar explicita e com pleno conhecimento de causa, um governo dominado por nazis, banderistas, que instauraram uma espécie de culto nacional a Stepan Bandera, figura desprezível de traidor, criminoso de guerra, colaborador das SS nazis, nos massacres de judeus, polacos, ucranianos antifascistas.
- Sabendo-se perfeitamente qual o substrato ideológico do governo resultante do golpe de «Euro-Maidan» de 2014, ele teve apoios, de toda a ordem, dos países da NATO: Durante 8 anos, treinaram as forças armadas ucranianas (incluindo os batalhões de forças «especiais» Azov e outros) para estas atingirem o nível de forças operacionais de um membro da NATO. Sabia-se que a população etnicamente russa do Don estava a ser flagelada por incursões e bombardeamentos constantes, das forças regulares e dos batalhões «especiais», durante os oito anos em que nominalmente existiram os «Acordos de Minsk».
- Os acordos de Minsk, firmados entre os representantes do governo ucraniano e das forças das repúblicas separatistas, apenas incluíam a Rússia, a Alemanha e a França, como garantes do seu cumprimento. Nestes oito anos, os ocidentais nada fizeram para estimular o seu cumprimento. Essa inação dos ocidentais permitiu (convidou) as violações frequentes dos acordos, do lado do governo ucraniano.
- A 20 de Fevereiro, quando a Rússia reconheceu formalmente as duas repúblicas separatistas, estava em preparação uma operação massiva de ataque e invasão das Repúblicas de Lugansk e Donetsk: se os russos não se tivessem interposto entre a força de 75 mil homens (os que tinham melhor treino e equipamento) e as referidas repúblicas, teria sido um banho de sangue.
- É realmente muito sujo o jogo de todos os que, de forma vesga, nada fazem para prevenir uma situação de genocídio, mas depois vêm carpir lágrimas de crocodilo, perante a invasão russa.
- Entendamo-nos: é uma tragédia, eu disse isso logo, e que esta invasão devia parar. Porém, esta decorre de uma situação muito delicada, em que Putin e o Estado russo tinham jurado defender os povos das duas repúblicas, seus irmãos russos. O restante povo russo (da Federação das Repúblicas da Rússia) nunca perdoaria, caso não fosse cumprida a promessa de proteção, perante a situação de genocídio lento (8 anos!) e a iminência duma Blizt Krieg, preparada por Kiev, às fronteiras dos dois territórios.
- Realmente, todos os intervenientes nos governos ocidentais têm as mãos manchadas do sangue ucraniano e russo, pois são cúmplices principais, através das suas políticas e através da NATO, no desencadear desta guerra, que não era uma fatalidade. Bastava, no Outono de 2021, as chancelarias ocidentais (incluindo a dos EUA) tomarem a sério os insistentes pedidos da diplomacia russa para conversações relativas à segurança europeia global.
- Mais ainda que os atos criminosos do governo ucraniano, ou que a revelação de que a Ucrânia se dispunha a rasgar o acordo internacional firmado, que garantia que ela nunca possuiria armas nucleares, foi o seguinte, o ato decisivo:
- O ato de negação de diálogo diplomático fez mudar a perspetiva de Moscovo, sendo certo que estavam demasiados fatores vitais em jogo para que Putin tomasse de modo ligeiro a recusa ocidental. Estou certo que os diplomatas russos explicaram aos ocidentais porque razão era vital, para a estabilidade e a convivência pacífica na Europa, que não houvesse alargamento da NATO à Ucrânia. De facto, o objetivo dos ocidentais era de acirrar o conflito, exercer pressão até o governo russo ser forçado a ceder. Mas ele não cedeu, nem podia fazê-lo, porque o que estava em causa era a Rússia, enquanto país independente, soberano, não transformado num amontoado de repúblicas autónomas, incapazes de resistir à investida neoliberal. Como todos sabemos, foi isto que tentaram fazer da Rússia, nos anos 90, no tempo de Yelstin.
- A cidadania - atualmente - está sujeita à completa dominação pela oligarquia. A oligarquia que nos governa, em Washington ou em quaisquer outras capitais Ocidentais, está totalmente identificada com a cabala de Davos.
- A pretexto de uma (falsa) transição ecológica, querem matar à fome três quartos da humanidade. Pode parecer exagero, mas infelizmente, isto pode ser corroborado por demasiados indícios:
- A autêntica guerra contra os agricultores, na Holanda, na Itália e em todos os sistemas agrícolas com elevado rendimento, que permitiam colmatar as falhas alimentares crónicas no Terceiro Mundo.
- O prolongar da guerra na Ucrânia e das sanções ocidentais contra produtos russos, nomeadamente agrícolas, incluindo a impossibilidade dos navios russos terem a sua carga segurada, devido à proibição dos ocidentais de que as companhias seguradoras dos navios aceitassem fazer tais seguros.
- Muito do que se passa, tem como efeito uma realmente terrível recessão ao nível mundial. Os países vão sofrer de fome, frio e escassez. Vai haver, numa escala ainda maior que no presente (veja-se o caso do Sri Lanka) insurreições, revoltas da fome.
- Os poderosos têm estado a reforçar as polícias de choque e os dispositivos para controlo das multidões. Em breve, o modelo de vigilância eletrónica generalizada, ensaiado com o COVID-19, vai funcionar de forma ainda mais massiva e mais coerciva.
- Vão chamar as «Alterações Climáticas» a torto e a direito, como justificação. Não apenas haverá políticas de austeridade (para os pobres), acompanhadas da perda das liberdades e garantias fundamentais. Irão aproveitar muitos vírus (como «monkeypox» ou varíola símia) que existem no estado endémico e que, esporadicamente, causam um surto local, como pretexto para medidas de ditadura vacinal, com um caráter mais ou menos permanente.
- Vai ser impossível viajar, em circunstâncias normais: Haverá uma polícia que decidirá se tal ou tal viagem, por tal ou tal pessoa, é ou não, «legítima» ou «segura». O turismo, uma das maiores fontes de receita de Portugal e dos países   mediterrânicos, vai colapsar.
- Mas, para o governo dos senhores, é tempo da «ralé» se convencer que tem de viver na maior  «simplicidade»; terá de renunciar ao automóvel e a muitas outras coisas - aquecimento, ar climatizado, alimentos não sintéticos, etc. - para que a «elite» e as forças armadas continuem a usar os seus «jets».

Tudo o que escrevi acima, está em fontes fidedignas, que tenho citado neste blog. A ignorância não é desculpa para as pessoas não se informarem. Só quem o fizer, pode ajuizar até que ponto o que enunciei acima, tem cabimento, ou não. As questões que levanto são de tal modo graves, que o simples facto de serem omitidas pelos media, ou tratadas de uma maneira parcial, facciosa, deveria despertar as pessoas, que ainda não estejam plenamente alertadas. As que estão plenamente conscientes destes perigos, devem fazer um esforço, junto de outras nas quais tenham confiança, para que algo comece a mudar.

- Será que as pessoas só irão acordar, quando já for tarde demais? Um grande paradoxo da nossa época é que não é assim tão difícil saber quais os planos da oligarquia. Podemos ficar amplamente informados, se nos dermos ao trabalho de pesquisar, de consultar fontes e de as confrontar com os dados. Porém, o adormecimento é de tal ordem, que os privilegiados podem atuar com impunidade e arrogância... Até ver; pois revoluções despontam já, nos países do Terceiro Mundo.

domingo, 31 de julho de 2022

VIAGEM A TAIWAN DE NANCY PELOSI: O QUE ELA QUER FAZER ESQUECER



Muitas das informações abaixo foram recolhidas da obra «Red Handed», da autoria de Peter Schweizer 

(ver neste blog uma breve resenha dedicada à obra) 

Nos dias imediatos ao anúncio da viagem da «speaker» do Congresso dos EUA, Nancy Pelosi (do Partido Democrata), foram muitos os media a sublinharem que ela participou em 1991, na praça Tien An Men em Pequim, na manifestação orquestrada por uma delegação do Congresso dos EUA e que pretendia ser uma homenagem aos que caíram nos trágicos incidentes. Apenas uma provocação, sem consequências para o povo chinês, apenas dificultando a renovação de laços comerciais entre os EUA e a RPC. Posteriormente, ela combateu a entrada de Pequim para a Organização Mundial do Comércio. Em 2005 tentou bloquear - no Congresso - a compra, por uma companhia de petróleos chinesa com forte intervenção governamental, da companhia americana Unocal. 

Mas, em pouco tempo, a sua posição passou de firme a moderada. Numa entrevista à revista «Politico», deu a indicação de que, embora não renunciando ao compromisso de democratização do regime chinês, "não estava disposta a criar novas fricções com os dirigentes chineses." Ela argumentava com a questão das alterações climáticas e de ser importante que as duas nações estivessem do mesmo lado. Dizia que se tratava de uma oportunidade a não perder. 

Mas, em paralelo, houve outros fatores - menos visíveis - que começaram a intervir. Nomeadamente, seu filho e seu marido iniciaram negócios com a China continental. O seu esposo, Paul, tornou-se membro da firma Matthews International Capital Management, firma com um papel pioneiro no mercado chinês. O seu dirigente, William Hambrecht, amigo de longa data dos Pelosi, foi quem lançou o primeiro fundo de investimento na China, em 1995.  Além de Paul estar no conselho de administração da Matthews International, os Pelosi possuíam uma grande fatia de capital investida no fundo. Os Pelosi possuíam uma participação entre 5 e 25 milhões de dólares, neste fundo. 

Outros negócios com a China também atraíram os Pelosi, um serviço de limousine, «Global Ambassador Concierge», que beneficiou de condições ótimas, durante os jogos olímpicos de 2008. No Congresso, Nancy Pelosi tinha sido -inicialmente - hostil a que Pequim organizasse os jogos. Mas, um ano depois de seu marido ter adquirido participação na firma Global Ambassador Concierge, ela inverteu sua posição; opôs-se ao boicote dos jogos olímpicos de Pequim.

Quanto ao filho, Paul Pelosi Jr., ele também fez negócios envolvendo investidores e clientes da China. Esteve e está envolvido com a Global Tech Industries Group, tendo efetuado viagens à China e Vietname «na busca de potenciais investidores, para tentar combinar encontros com as agências federais relevantes em Washington DC.» O filho dos Pelosi também participou na administração executiva doutra empresa, com planos ambiciosos na China, International Media Acquision Corp. 

Desde o início de 2020 e durante mais de um ano, a «speaker» bloqueou qualquer esforço do Congresso em investigar as origens do vírus COVID-19. Apesar de haver muitos indícios da possibilidade deste vírus ter saído de laboratórios em Wuhan, Nancy Pelosi ordenou aos democratas no Congresso que não cooperassem com quaisquer esforços para investigar o assunto.

Estes laços de negócios com a China, especificamente com empresas controladas pelo CCP, são muito comuns na Câmara dos Representantes e no Senado Americano. As relações de membros destacados do Partido Republicano não são menos comprometedoras que as do Partido Democrata. O porta-voz dos Republicanos no Senado, Mitch McConnell tem uma longa história de envolvimento em negócios com empresas controladas por Pequim. São tantas e tão comprometedoras as ligações de negócios pessoais de membros do Congresso, que tudo o que toca à política dos EUA relativa à China, deve ser analisado tendo em conta os interesses pessoais da oligarquia política de Washington. 

A reviravolta de Nancy Pelosi (ao fazer uma viagem provocatória a Taiwan) explica-se como de alguém que pretende fazer esquecer junto do eleitor e dos colegas de partido que a sua posição anterior era a favor da cooperação com a China. Apesar de toda a barragem mediática, alguns jornalistas de investigação e autores como Peter Schweizer, dão conhecimento ao público daquilo que não pode deixar, no mínimo, de ser considerado conflitos de interesse clamorosos, de personagens da alta hierarquia nos EUA. 

Agora, pretende estar «na vanguarda» da provocação envolvendo uma viagem a Taiwan que tem como único propósito enervar os dirigentes da China continental, sobre um assunto muito sensível no que toca à política de «um só país, dois sistemas». Embora Pelosi não seja membro da Administração, visto que preside a um órgão legislativo e não executivo, é evidente que esta manobra contou com o pleno acordo da Casa Branca. Os chineses não se estão a equivocar, quando pretendem que esta é uma visita «de Estado», logo uma ingerência descarada dos EUA pois - nominalmente - Taiwan é território da China. 

Seja qual for o desfecho desta situação, ela vai acrescentar tensão internacional, num cenário já muito tenso, sendo certo que a China não vai «encolher os ombros», mas vai fazer sentir que não está disposta a sofrer mais humilhações. 

Exatamente o contrário do que os chineses continentais, os taiwaneses e todos os restantes povos poderiam desejar.  A atitude responsável seria de os líderes dos EUA trabalharem para fazer baixar as tensões entre potências nucleares, em vez de constantemente  insuflar o ódio e discórdia, encorajando situações de tensão que se traduzem em conflito, potencialmente em conflito nuclear.

sexta-feira, 29 de julho de 2022

[NO PAÍS DOS SONHOS] «Dança dos Cavaleiros» de Prokofiev


 

Este é um sonho que preferia não ter. Preferia um vazio, um manto branco, ocultando todas as imagens terríveis que passam diante dos meus olhos fechados. 

Estas imagens, não as podemos ocultar, porque são o cinema interior que o nosso cérebro produz. De tal maneira nos implica, que ficamos exaustos, esgotados, trementes e gélidos, mas nada podemos fazer. 

Nada nos pode afastar daquela caminhada rítmica, compassada, obsessiva, dos Montagus e Capuletos. Vejo que se dispõem numa dança hierática, macabra, pois já se sabe que não haverá quartel; será que irei presenciar o desencadear do ódio hereditário, da «vendetta», entre as duas casas aristocráticas? 

Não, a música é essa mesma, da Suite de Prokofiev, porém o contexto é outro. É bem mais real, mais assustador, por isso mesmo. Aqui, neste sonho, não estamos no teatro, estamos numa rua qualquer duma cidade banal, no Século XXI. 

A civilização ruiu, só restam bandos de assassinos desapiedados, que ditam a sua lei. Não há lugar para o amor, ou para qualquer sentimento humano. Em breve, será a matança. Os olhos, de ambos os lados, estão injetados de sangue. Se não estás num dos campos, então, és inimigo a abater; este é o cálculo feito por qualquer um dos lados. 

Na vida do sonho, como na vida real, não me alinharei jamais com um dos campos de bandidos que se digladiam, para impor a sua lei às gentes. As pessoas comuns são como as presas das aves de rapina: Movem-se, sem saber que, dentro de instantes, vão ser atacadas, feridas, liquidadas e devoradas.

Esta dança obsessiva tem a altivez brutal da fatalidade que avança. Tem o peso inexorável do destino em cada nota. Depois de acordar, interpretei este sonho como premonitório da nova era trágica em que estamos a entrar; como em 1940, o ano da estreia da obra-prima de Prokofiev.




quinta-feira, 28 de julho de 2022

QUEM TEME A PAZ?

Portugal é um país cristão ou, pelo menos, com fortes raízes e cultura cristãs. É muito fácil criticar o cristianismo. Há quem tenha dito (Nietzsche) que é a religião dos fracos, dos escravos, mas não no sentido emancipatório, antes no sentido de justificação da desigualdade, da opressão, etc. Outros pensam que muito daquilo que se fez em nome da Cruz, ao longo da História, é tão horrível que, na sua essência, o cristianismo deve ser portador de ódio e não de amor, não se pode aceitar que «a religião do amor» nada tenha que ver com desmandos e crueldades exercidas pelos que se designam como seus fiéis seguidores. 

Enfim, a paz de espírito, a renúncia a meios violentos de afirmar uma determinada verdade, não é exclusivo do cristianismo, mas antes é vulgar nas outras grandes religiões. Por exemplo, no budismo, é muito explícita a condenação da violência, porém houve samurais budistas, houve perseguições cruéis dos convertidos ao cristianismo por budistas, houve «monges-soldados». O islamismo proíbe que as pessoas sejam convertidas à força, à religião do Alcorão.  Porém, nas épocas de expansão do Islão, a conquista militar desembocava numa conversão forçada das populações. As populações conquistadas e não-convertidas, estavam sujeitas a um imposto específico, por continuarem a exercer sua religião tradicional e sujeitas também, com frequência, a serem transformadas em escravas. 

A verdadeira paz é interior. Não é privilégio de alguma religião, ou corrente ateísta. A paz de espírito significa que nós somos guiados pela nossa própria ética. Ela pode decorrer da adesão a uma religião, ou ideologia não-religiosa. Porém, na sua essência, esta ética dedica-se a viabilizar um mundo menos mau: Um mundo onde as forças do mal não se podem servir de e manipular os sentimentos das pessoas, por forma a chegarem aos seus fins desprezíveis, que se resumem, essencialmente, ao poder. 

Assim, a distinção essencial, não é étnica, religiosa, ou outra, senão que se está a favor - ou não - da distribuição o mais ampla e o mais igualitária possível do poder. Por outras palavras, pretende-se evitar a concentração do poder - quaisquer que sejam as razões invocadas para o fazer - ou se acha que há legitimidade para impor essa (falsa) solução de concentração do poder, para se «fazer reinar» a paz. No segundo caso, está-se a mascarar (perante os outros e si próprio) o desejo de poder, de domínio sobre os outros. 

O domínio sobre si próprio, a transformação pacífica, por dentro, de pessoas realmente imbuídas de pacifismo, é difícil de realizar, na prática. Mas, em teoria é muito simples de enunciar, de uma simplicidade que uma criança de tenra idade pode perceber: «Não trates os outros do modo como não queres que te tratem a ti» ou, formulado pela positiva, «Trata os outros do modo como gostas de ser tratado».

Não acredito que existam «genes da agressividade», nem que a agressividade contra um grupo, uma nação, uma fação seja ela qual for, esteja baseada em algo profundo, instintivo. Acredito que é devido à educação e ao entorno social, que são criadas as condições da intolerância, de se considerar que existem «raças» ou etnias com méritos diferentes, ou que a «competição e a superioridade dos vencedores» sejam as legítimas causas da desigualdade.

Os que não participam diretamente numa guerra estão sujeitos,  porém, à guerra psicológica, a serem forçados, coagidos física e psicologicamente, a «se arrumarem» num ou noutro lado. Alguém pacifista - no genuíno sentido da palavra - não deseja a continuação da guerra, deseja que haja cessar-fogo, para se encetarem conversações de paz, para que os povos sejam poupados a mais mortes, destruições e desgraças. 

Porque acontece isto? Ou seja, por que razão uma boa parte das pessoas, não envolvidas nas operações militares, se sentem «justificadas» em opinar que a guerra deva continuar até um dos lados («o nosso») ter esmagado o outro? Elas sentem-se justificadas (?) a decretar a continuação da morte, ferimentos, traumas, em pessoas desconhecidas, de um e do outro lado, completamente inocentes das causas e peripécias que levaram ao estado de guerra. 

Na realidade, os poderosos são os causadores e beneficiários deste estado de supressão do que há de realmente humano no ser humano. Esta supressão tem de ser prévia ao estado de guerra, para ser possível «ativá-la» e «potenciá-la» quando este estado de guerra se inicia. Os tambores da guerra começam a troar muito antes das primeiras batalhas. 

Quem realmente tem uma profunda convicção religiosa, seja em que religião for, ou tem um sentido ético profundo, sendo ateu ou agnóstico, não pode deixar de fazer tudo para que a política militarista, belicista,  deixe de se apoderar de nós, da nossa sociedade. Temos de começar por nós mesmos, mas também com os familiares, amigos, colegas... É sempre a propósito falar-se de paz, é sempre adequado propor soluções com vista à resolução dos conflitos. É da responsabilidade de cada um fazer com que a opinião pública se transforme, que exija aos dirigentes políticos soluções pacíficas imediatas aos conflitos bélicos.

    


terça-feira, 26 de julho de 2022

J. S. Bach: Allemande da Suite francesa Nº 4 em Mi bemol maior

As duas versões, para cravo (Richard Egarr) e para piano (Murray Perahia), da Allemande da Suite francesa nº4, aqui apresentadas são a meu ver de igual excelência, pela sua adequação da interpretação ao instrumento e pela sua sobriedade. 

Uma «Suite» é uma sucessão de danças estilizadas, com a mesma tonalidade, reunidas numa determinada sequência. A Allemande costumava ser a primeira peça - além da peça introdutória, o prelúdio ou toccata -  duma suite para o cravo ou o alaúde. Nesta Allemande sobressai o estilo «brisé» ou «quebrado», que foi importado do reportório do alaúde, para os instrumentos de tecla com corda. Neste estilo, os acordes decompostos desenham a melodia. Os acordes que compõem a tessitura harmónica da peça sucedem-se e, por vezes, existem curtas passagens de junção. Este estilo era típico dos prelúdios, mas também era usado noutras formas, como é o caso desta Allemande. 

A designação de suites «francesas» é posterior à morte de Bach. Na realidade,  há bem pouco de «francês» para as diferenciar: Nas 6 suites «francesas», a segunda dança da suite é - em 4 casos - uma «Courante» portanto do tipo francês, sendo, nos outros 2 casos, do tipo «Corrente» ou italiano. Quando Bach escreveu estas suites (cerca de 1722), a estilização destas danças estava bem estabelecida, tendo evoluído do Renascimento e Barroco inicial, até uma codificação universal, no Século XVIII. 
Não será tanto pelas características da Allemande, Courante, Sarabande e Gigue, as peças «obrigatórias» da Suite, que se poderá diferenciar o gosto francês, italiano, ou alemão. Penso que a diferenciação «nacional» mais perceptível será antes ao nível das outras peças, cuja presença não era «obrigatória» (ex.: Bourrée, Menuet, Gavotte, Rigaudon, Laure, etc.) . 

Esta Allemande  utiliza elementos muito simples. Acho que tem uma sensibilidade «feminina», sem ser «efeminada». Consigo imaginar  Anna-Magdalena Bach a interpretar a Suite em Mi bemol maior. A obra está presente no livro manuscrito, dedicado à sua caríssima e amantíssima esposa, por Johann Sebastian. 




                




 

domingo, 24 de julho de 2022

«Infocracia» de Byung-Chul Han, uma filosofia política para o nosso tempo




 Byung-Chul Han é um filósofo e autor de grande importância para compreensão do nosso tempo. Ele sabe dissecar a sociedade contemporânea, marcada pelo totalitarismo da informação, à diferença de totalitarismos passados, que se mantinham impondo um discurso único, total, com a violência necessária, aos quais os corpos tinham de se submeter fisicamente. No totalitarismo contemporâneo, também caracterizado nos seus aspetos psico-sociais, o indivíduo submete-se «voluntariamente», coloca-se - ele próprio - debaixo do olhar dos dispositivos de vigilância e de recolha de dados («data» em inglês, retomando o termo latino). O capitalismo da informação não está preocupado com a produtividade material do trabalhador. A sua «mina de ouro» são os «big data», que são constantemente  «minerados» extraindo-os de biliões de dispositivos (smartphones, computadores, câmaras de vigilância, etc.). Com estes dados, ajusta os incentivos, as pequenas recompensas, as pequenas doses de droga quotidiana aos adictos. Estas dependências são calibradas para a manutenção do status quo. 
Nesta sociedade o controlo das mentes e pulsões inviabiliza quaisquer rasgos revolucionários das massas. A infocracia torna possível que os indivíduos «não possuam nada e sejam felizes» segundo a fórmula de Klaus Schwab do Fórum Económico de Davos. Quanto aos da oligarquia, têm a garantia de continuidade do seu domínio político, económico e social, sem precisarem de recorrer à repressão dos corpos e ao grau de violência física das ditaduras do século passado.  

Creio que este ensaio «Infocracia», muito mais rico em conteúdo do que eu poderia explicar nesta breve nota, marca uma viragem no pensamento radical (no sentido de ir às raízes das questões). Trata-se de perceber como os mecanismos de domínio são capazes de cooptar as vontades dos súbditos, fazendo destes escravos mas convencidos de terem um máximo de liberdade. 
No capitalismo da informação, a alienação da pessoa, trabalhador/consumidor/ usuário das redes sociais, atinge um novo patamar, embora o desenho geral da sociedade se mantenha, na essência, o mesmo: uma pequena «elite» que manobra para manter o domínio sobre uma massa destituída, de poder, de lucidez e, por fim, da sua humanidade.