A realidade «judaica do Antigo Testamento» do povo judeu de Israel atual é tão fictícia como a dos germânicos serem «arianos» e terem sido declarados como «a raça superior» pelo regime de hitleriano. Na verdade, são os palestinianos muito mais próximos geneticamente do povo judeu de há dois mil anos,. Isso não lhes confere um estatuto especial, mas apenas mostra o grotesco e a monstruosidade de basear uma política em dados étnicos ou «rácicos». Toda a política baseada em elementos raciais é uma clara negação dos Direitos Humanos, inscritos na Carta da ONU e em inúmeros documentos oficiais de todos os países (incluindo Israel).

domingo, 24 de julho de 2022

«Infocracia» de Byung-Chul Han, uma filosofia política para o nosso tempo




 Byung-Chul Han é um filósofo e autor de grande importância para compreensão do nosso tempo. Ele sabe dissecar a sociedade contemporânea, marcada pelo totalitarismo da informação, à diferença de totalitarismos passados, que se mantinham impondo um discurso único, total, com a violência necessária, aos quais os corpos tinham de se submeter fisicamente. No totalitarismo contemporâneo, também caracterizado nos seus aspetos psico-sociais, o indivíduo submete-se «voluntariamente», coloca-se - ele próprio - debaixo do olhar dos dispositivos de vigilância e de recolha de dados («data» em inglês, retomando o termo latino). O capitalismo da informação não está preocupado com a produtividade material do trabalhador. A sua «mina de ouro» são os «big data», que são constantemente  «minerados» extraindo-os de biliões de dispositivos (smartphones, computadores, câmaras de vigilância, etc.). Com estes dados, ajusta os incentivos, as pequenas recompensas, as pequenas doses de droga quotidiana aos adictos. Estas dependências são calibradas para a manutenção do status quo. 
Nesta sociedade o controlo das mentes e pulsões inviabiliza quaisquer rasgos revolucionários das massas. A infocracia torna possível que os indivíduos «não possuam nada e sejam felizes» segundo a fórmula de Klaus Schwab do Fórum Económico de Davos. Quanto aos da oligarquia, têm a garantia de continuidade do seu domínio político, económico e social, sem precisarem de recorrer à repressão dos corpos e ao grau de violência física das ditaduras do século passado.  

Creio que este ensaio «Infocracia», muito mais rico em conteúdo do que eu poderia explicar nesta breve nota, marca uma viragem no pensamento radical (no sentido de ir às raízes das questões). Trata-se de perceber como os mecanismos de domínio são capazes de cooptar as vontades dos súbditos, fazendo destes escravos mas convencidos de terem um máximo de liberdade. 
No capitalismo da informação, a alienação da pessoa, trabalhador/consumidor/ usuário das redes sociais, atinge um novo patamar, embora o desenho geral da sociedade se mantenha, na essência, o mesmo: uma pequena «elite» que manobra para manter o domínio sobre uma massa destituída, de poder, de lucidez e, por fim, da sua humanidade.

2 comentários:

Manuel Baptista disse...

A sociedade do rendimento por oposição à sociedade disciplinária:
https://www.youtube.com/watch?v=alMSyPxDLUg

Manuel Baptista disse...

A liderança dos EUA é de tal maneira dissociada da realidade, que está a proporcionar aquilo que queria a todo o custo evitar:
http://thesaker.is/american-diplomacy-as-a-tragic-drama/