sábado, 23 de novembro de 2019

PETER PAUL & MARY: «500 MILES»




If you miss the train I'm on, you will know that I am gone
You can hear the whistle blow a hundred miles
A hundred miles, a hundred miles
A hundred miles, a hundred miles
You can hear the whistle blow a hundred miles

Lord, I'm one, Lord, I'm two, Lord, I'm three, Lord, I'm four
Lord, I'm five hundred miles from my home
Five hundred miles, five hundred miles
Five hundred miles, five hundred miles
Lord, I'm five hundred miles from my home

Not a shirt on my back, not a penny to my name
Lord, I can't go a-home this a-way
This a-away, this a-way, this a-way, this a-way
Lord, I can't go a-home this a-way

If you miss the train I'm on, you will know that I am gone
You can hear the whistle blow a hundred miles


Esta melodia, tão apropriada à letra, exprime uma nostalgia intemporal.
Provavelmente, a mais bela canção interpretada pelo célebre grupo vocal dos anos 60. Foi retomada por inúmeros agrupamentos...
 500 milhas? ........ A quantas milhas mais estaremos desse tempo, em que havia tempo para sonhar !

quinta-feira, 21 de novembro de 2019

CHINA, EUA E GEOPOLÍTICA DO LÍTIO [F. William Engdahl]

                       


Nos últimos anos, desde o avanço global para desenvolver Veículos Eléctricos (VEs) numa escala massiva, o elemento Lítio tem vindo a ser considerado um metal estratégico. A procura é enorme na China, nos EUA, na UE, no presente; a garantia do controlo do fornecimento de lítio desenvolve-se numa luta geopolítica própria, o que não deixa de evocar a do controlo do petróleo.





A China Joga para Assegurar Fornecimento



Para a China, que estabeleceu entre os principais objectivos tornar-se o principal produtor mundial de VEs, desenvolver os materiais das baterias a lítio é uma prioridade para o 13º Plano Quinquenal (2016-20). Embora a China possua as suas próprias reservas de lítio, a capacidade de recuperação é limitada, levando-a a assegurar direitos de mineração de lítio no estrangeiro.


Na Austrália, a companhia Chinesa Talison Lithium, controlada por Tianqi, faz mineração e possui as reservas maiores do mundo e de maior teor em Greenbushes, na Austrália Oeste, perto de Perth.


O maior produtor primário de lítio mundial é a Talison Lithium Inc. A mina de Greenbushes na Austrália, produz hoje cerca de 75% do consumo chinês em lítio e cerca de 40% do consumo mundial. Isto, assim como outras matérias-primas australianas, fez com que as relações com a Austrália, um aliado firme dos EUA, assumissem importância estratégia para Pequim. Igualmente, a China tornou-se o maior parceiro comercial da Austrália.


No entanto, a influência crescente da China na economia do Pacífico, em torno da Austrália, levou o primeiro-ministro Scott Morrison a enviar uma mensagem de aviso no sentido da China não se imiscuir nesta região estratégica para a Austrália. Em finais de 2017, a Austrália, crescentemente preocupada com a expansão chinesa na região, retomou a cooperação com aquilo que se designa informalmente o «Quad», com os EUA, a Índia e o Japão, ressuscitando uma tentativa anterior de pôr em cheque a influência da China no Pacífico Sul. A Austrália, também recentemente, avançou com empréstimos a nações insulares do Pacífico para contrabalançar os empréstimos da China. Tudo isto torna claro o imperativo da China em ir à procura globalmente doutras fontes para assegurar abastecimento em lítio, de modo a se tornar o agente principal da economia emergente dos VE, na próxima década.


Assim que o desenvolvimento dos veículos eléctricos se tornou uma prioridade na planificação económica chinesa, a procura de fonte segura de lítio levou-a a virar-se para o Chile, outra das principais fontes de lítio. Aqui, a empresa chinesa Tianqi é detentora duma participação importante da Sociedad Quimica Y Minera (SQM) chilena, um dos maiores produtores mundiais de lítio. Se a empresa chinesa Tianqi conseguir ganhar o controlo da SQM, isso irá mudar a geopolítica do controlo do lítio, segundo as notícias da indústria mineira.

O fornecimento global de metais de lítio, uma componente estratégica das baterias a iões lítio utilizadas para os veículos eléctricos (VEs), está concentrado em muito poucos países.

Para se ter uma ideia da procura potencial de lítio, a bateria para o Modelo S da Tesla, requer 63 quilogramas de carbonato de lítio, o suficiente para cerca de 10 000 baterias de telefones celulares. Numa notícia recente, o banco Goldman Sachs designou o carbonato de lítio como a nova gasolina. Apenas 1 por cento de aumento na produção de veículos eléctricos, poderia aumentar a procura de lítio em mais de 40% da produção global actual, de acordo com Goldman Sachs. Com tantos governos a exigir menores emissões de CO2, a indústria automóvel global está a expandir os seus planos para produção em massa de VEs na próxima década, o que torna o lítio potencialmente tão estratégico como hoje o petróleo. 

Qual é a «Arábia Saudita» do Lítio?

A Bolívia, cujo lítio é de longe mais complicado de se extrair, também tem sido alvo de interesse de Pequim, nos anos mais recentes. Algumas estimativas geológicas consideram a Bolívia como a detentora das maiores reservas mundiais. Apenas nos depósitos salinos de Salar de Uyuni, estima-se que haja nove milhões de toneladas de lítio.


Desde 2015, a companhia mineira chinesa CAMC Engineering Company, tem vindo a operar uma grande fábrica na Bolívia, para produzir Cloreto de Potássio como fertilizante. A CAMC é discreta quanto ao facto de que, sob o cloreto de potássio, se encontram as maiores reservas de lítio conhecidas no mundo, nos depósitos salinos de Salar de Uyuni, um dos 22 depósitos salinos da Bolívia. A empresa chinesa Linyi Dake Trade em 2014 construiu uma fábrica piloto de baterias de lítio, nesta mesma localização.


Depois disso, em Fevereiro de 2019, o governo de Morales assinou outro acordo de exploração do lítio, desta vez com o grupo chinês do Xinjiang, TBEA Group Co Ltd, que terá uma posição de 49% de participação na companhia estatal boliviana YLB. Este acordo destina-se a produzir lítio e outros materiais, a partir das salinas de Coipasa e de Pastos Grandes, com um custo estimado em 2,3 biliões de dólares.


Em termos de lítio, a China está actualmente a dominar o Novo Grande Jogo global pelo controlo de recursos. As entidades chinesas controlam agora quase metade da produção de lítio mundial e 60% da capacidade de produção de baterias eléctricas a lítio. Dentro duma década, prediz a Goldman Sachs, a China poderia fornecer 60% das baterias para os VEs no mundo inteiro. Em resumo, o lítio é uma prioridade estratégica para Pequim.


EUA/China Rivalidade pelo Lítio?


O outro actor principal no mundo da mineração do lítio, hoje, é os EUA. A companhia Albemarle, de Charlotte, Carolina do Norte, com um impressionante conselho de directores, tem participações mineiras principais na Austrália e no Chile, nomeadamente, tal como tem a China. Em 2015 a Albemarle tornou-se um factor dominante no mundo da mineração do lítio, quando comprou a companhia dos EUA, Rockwood Holdings. Significativamente, a Rockwood Lithium estava operando no Chile, no Salar de Atacama e na acima citada mina de Greenbushes da Austrália, onde o grupo industrial chinês Tianqi possui 51%. Isto dava a Albemarle 49% de participação no vasto projecto de lítio australiano, em parceria com a China.


O que começa a tornar-se claro é que as tensões sino-americanas no plano económico, também incluem provavelmente a contenção da influência chinesa no controlo das reservas estratégicas de lítio. O recente golpe militar que forçou Evo Morales a ir para o exílio  no México mostrou, desde logo, as impressões digitais de Washington. A entrada da presidente interina Jeanine Áñez, uma cristã direitista e do milionário direitista, Luis Fernando Camacho, assinalam um nefasto virar à direita, no futuro político deste país, com um claro apoio de Washington. Será crucial, entre outras questões, verificar se um futuro governo irá anular os acordos de mineração de lítio com as companhias chinesas.


Igualmente, a anulação do encontro da APEC de 16 de Novembro no Chile, que iria ser palco duma cimeira sobre comércio, entre Trump e Xi Jinping, adquire outro significado. O encontro também seria ocasião para concluir acordos de comércio entre a China e o Chile, de acordo com o «South China Morning Post». A delegação prevista do lado de Xi, incluía 150 chefes de empresa e tinha planos para assinar acordos económicos importantes, aumentando ainda mais os laços económicos China-Chile, algo que os EUA recentemente desaconselharam.


A erupção de protestos de massas em todo o Chile, opondo-se ao aumento dos bilhetes de transportes públicos, mostra sinais semelhantes a outras causas económicas desencadeando distúrbios, no início de Revoluções Coloridas. Os protestos tiveram o efeito de cancelar a cimeira da APEC no Chile. O papel activo de ONGs financiadas pelos EUA nos protestos do Chile, não foi confirmado, mas as relações económicas crescentes entre o Chile e a China, realmente não podem ser vistas como positivas por Washington. A exploração de lítio no Chile pela China é, neste ponto, um factor estratégico e geopolítico pouco discutido, e que poderia ser alvo das intervenções de Washington, apesar do presente governo chileno ter uma orientação económica de mercado livre.

Nesta confluência, torna-se clara a existência de uma batalha global pela dominação do mercado de baterias de VEs, onde o controlo do lítio tem um lugar central.

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F. William Engdahl é um consultor de risco estratégico e conferencista, possui um diploma em política da universidade de Princeton; é um autor de «best-sellers» sobre petróleo e geopolítica; o artigo acima foi primeiro publicado em inglês no magazine online “New Eastern Outlook.”

SEGUNDA REVOLUÇÃO QUÂNTICA


Numa exposição clara e concisa, o investigador francês coloca os desafios da utilização do princípio da intrincação quântica para supercomputadores quânticos. Não será para amanhã, mas não podemos perder de vista que todas as grandes potências - que também o são no domínio da ciência e tecnologia - estão investindo grande energia, dinheiro e cérebros, para avançar neste domínio.

quarta-feira, 20 de novembro de 2019

QUAL É A PRIMEIRA LIBERDADE?

A resposta à pergunta no título deste artigo é reveladora das convicções profundas, do substrato ideológico, da pessoa que responde:

- Se responde que a primeira liberdade é a da palavra, a de exprimir o seu pensamento livremente, sem receio de ser reprimido ou de ter outras consequências, de algum modo, nefastas para sua vida... tal pessoa será «liberal clássica».

- Se responde que a primeira liberdade é a de poder estabelecer um comércio, uma indústria, um negócio, confiando que o mercado decidirá - em última instância - da sua validade, pois o mercado é constituído por indivíduos que procuram bens e serviços do seu agrado... tal pessoa pode ser designada de «neo-liberal», mas mais apropriado seria «devota do mercado». 

- Se responde que a primeira liberdade é poder viver decentemente do seu trabalho, ter segurança dos seus haveres, da sua própria pessoa, não tendo que recear o desemprego ou escassez por a sociedade estar organizada para satisfazer as necessidades individuais e colectivas, em troca do trabalho de cada um... tal pessoa será «socialista», mesmo sem o saber.

Creio que são muito mais as pessoas «socialistas» sem o saber, do que «liberais clássicas» ou «devotas do mercado». Pelo menos, no dia-a-dia, ao interagir com pessoas de condições e profissões diversas, mesmo de substratos culturais diversos, é mais frequente encontrar pessoas que, espontaneamente, tomam o ponto de vista socialista, no sentido acima apontado, em assuntos concretos da vida.  Se isto tiver confirmação estatística, é um facto muito notável que, onde predomina o capitalismo sob todas as formas, tantas pessoas optem pelo socialismo. 
A possibilidade de mudança duradoira implica que a grande maioria (e não meros 51%) seja favorável a determinado regime, a uma determinada organização social e política. Mas, para isso, será necessário que o socialismo seja pensado e propagado de modos totalmente diferentes pelos seus adeptos.


terça-feira, 19 de novembro de 2019

ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS? - SIM; UM ARREFECIMENTO GLOBAL!

                                   

Aqui, neste blog, tenho discutido a questão das alterações climáticas e o seu significado.
Todos nós sabemos que o clima é por essência variável, sabemos que existem oscilações, anos de seca, anos com demasiada precipitação, etc. 
A climatologia, a ciência do clima, é uma ciência extremamente complexa, comparável em sofisticação a outras duas ciências «históricas», a geologia e a biologia. Com efeito, os ciclos climáticos, proporcionados por fenómenos cósmicos, são da ordem das dezenas de milhares de anos. As oscilações que observamos nos ciclos anuais são significativas ou não, da tendência mais geral? Por outras palavras, a existência de oscilações detectáveis no curto prazo (meteorologia) podem estar correlacionadas ou não, com tendências de longo prazo. 
A interpretação de fenómenos complexos do clima e a previsão no longo prazo são demasiado complexos para os leigos. Devemos incluir na categoria dos leigos, todos os políticos, jornalistas e celebridades mediáticas... 
Porém, a utilização do pretexto da ciência para levar a cabo uma certa política, o eugenismo, tem sido uma constante desde as Fundações Rockefeller e Carnegie, passando pelos eugenismos de Estado (nos EUA, Suécia, Canadá, Austrália, etc.), que antecederam ou foram contemporâneos dos programas monstruosos de eugenismo e apuramento racial nazis, a partir de meados dos anos 30. Depois da derrota da Alemanha nazi, após 1945, o eugenismo fez-se mais prudente e investiu em agendas mais disfarçadas, mas cujo fim essencial era o mesmo:
- Trata-se da elite continuar ao comando mundial, decidindo quais os recursos vão ser utilizados e para que fins, negando a possibilidade de milhões de seres humanos terem direito a viver, supostamente por esgotarem os recursos não renováveis. A ONU serviu-se do Clube de Roma, para fazer passar essa visão catastrófica do futuro do género humano, se não fossem limitados os consumos dos recursos. A «solução» definitiva seria, claro, a limitação ou decréscimo da própria espécie humana.... 
Hoje em dia, somos bombardeados pela propaganda mais insidiosa sobre o suposto aquecimento global, que estaria correlacionado com o aumento das emissões de CO2 antropogénico. 
Esta tese não é verdadeiramente apoiada em dados objectivos, sendo possível colocar em xeque muito do que é apresentado como verdade intangível. 
Estamos num caso típico de condicionamento - pela propaganda - das massas, criando uma psicose colectiva, por forma a promover determinadas soluções, não só tecnológicas, mas também económicas e políticas.
A recusa de muitas pessoas, na esquerda, em ver as coisas objectivamente, deixando-se manipular como peões no jogo globalista, decorre da evolução da própria esquerda: Ela foi cooptada, ao nível mundial, para apoiar esse mesmo globalismo, essa agenda da ONU, ficando também refém das chamadas lutas identitárias, que apenas colocam sectores da população uns contra os outros, enquanto as elites se banqueteiam e fazem as guerras mais bárbaras, com total passividade dos supostamente civilizados.

Ora, no caso do clima, o que acontece, é que a realidade não se conforma com os modelos simplistas e ideológicos dos arautos do «aquecimento global». 
Os factores de curto prazo mais importante nas variações climáticas, são as manchas solares (a sua abundância ou escassez), com os seus ciclos de 11 anos. 
Outros fenómenos astronómicos são causadores de mudanças no longo prazo, como as eras glaciares e interglaciares: entre outros, as ligeiras variações na inclinação do eixo de translação do globo, em ciclos de cerca de 40 mil anos, na sua rotação em torno do Sol. 
Pois bem; estamos agora a atingir um mínimo das manchas solares, o que se traduz por uma antecipação do inverno e, neste ano de  2019, neves tardias, chuvas torrenciais, etc... Nenhum destes fenómenos tem uma explicação fácil e directa. Porém, atribui-los ao suposto aquecimento, mesmo em relação à antecipação da estação fria, é absurdo! É mais absurdo do que insistir na explicação geocêntrica de Ptolomeu, dos movimentos dos astros!

Estamos a atingir um mínimo no ciclo das manchas solares... então, com toda a probabilidade teremos um arrefecimento médio, com antecipação das estações frias, um encurtamento das estações intermédias, o exacerbar de precipitações de neve,  a formação mais frequente de geadas, fenómenos que já começaram a verificar-se.

Há quem diga que podemos estar no início de nova era glaciar: não tenho conhecimentos suficientes para examinar criticamente e ver até que ponto estes argumentos estão baseados em conjecturas fiáveis ou não. Porém, é certo que houve muitos ciclos glaciares e inter glaciares, na história da Terra. Sabemos também que - em tempos históricos, do século XVII ao século XIX - se assistiu a uma mini idade do gelo... 
Estarmos a assistir ao início de uma nova idade do gelo, parece-me perfeitamente possível. 

Aquilo que considero criminoso, para além da exploração da crendice de milhões de pessoas para agendas políticas e elitistas disfarçadas em urgência ecológica planetária, é o seguinte:
Se, na realidade, o clima evolui efectivamente em direcção a uma nova idade do gelo, a propaganda estúpida e demagógica, sobre o suposto aquecimento global, vai inibir que se analise seriamente a questão. Vai induzir políticas e decisões económicas erradas, justamente no ponto crítico, em que a humanidade deveria preparar-se para um fenómeno climático de sentido oposto. Isso terá tradução em milhões de mortes, por escassez de alimentos, visto que as culturas adaptadas aos climas temperados de hoje, deixarão de se poder produzir em muitas zonas continentais Norte-Americanas e Euro-asiáticas. Nestas circunstâncias, as culturas adequadas serão outras e os métodos de cultivo também serão outros e isso não é uma adaptação fácil e rápida, exige uma planificação. 
As pessoas verdadeiramente preocupadas com a fome global, com a pobreza, com a guerra, deveriam estudar a fundo as agendas dos globalistas e dos eugenistas, as quais se confundem em muitas circunstâncias... 
É que o globalismo, na sua visão macroeconómica, utiliza a pseudo-ciência dos Clubes de Roma, dos Painéis Inter-governamentais Climáticos da ONU etc, para fazer avançar uma agenda eugenista de redução da população mundial. Estão preocupados - em especial - em guardar para si o acesso às matérias-primas em determinadas zonas geográficas (África, Amazónia, Sibéria, etc...). 


MANLIO DINUCCI: A ITÁLIA NA COLIGAÇÃO «ANTITERRORISMO»


Copiado de : https://nowarnonato.blogspot.com/2019/11/pt-manlio-dinucci-arte-da-guerra-italia.html

                             
A Arte da Guerra
A Itália na coligação “antiterrorismo”
Manlio Dinucci

O Ministro dos Negócios Estrangeiros, Luigi Di Maio, acolhendo em Roma, os cinco soldados feridos no Iraque, declarou que “o Estado italiano nunca recuará um centímetro diante da ameaça terrorista e reagirá com toda a sua força diante dos que semeiam terror”. Voou, então, para Washington, a fim de participar na reunião de grupo restrito da “Coligação Global contra o Daesh”, do qual fazem parte, sob orientação USA, a Turquia, a Arábia Saudita, o Catar, a Jordânia e outros países que apoiaram o Daesh/ISIS e formações terroristas análogas, fornecendo-lhes armas e treino de combate (conforme documentamos neste jornal).

A Coligação - que inclui a NATO, a União Europeia, a Liga Árabe, a Comunidade dos Estados do Sahel/Sahara e a Interpol, mais 76 Estados individuais - afirma no seu comunicado de 14 de Novembro, “ter libertado o Iraque e o nordeste da Síria” do controlo do Daesh/ISIS», embora seja evidente que as forças da Coligação deixaram, deliberadamente, a mão livre ao Daesh/ISIS.
Esta e outras formações terroristas foram derrotadas apenas, quando a Rússia interveio militarmente em apoio às forças do governo sírio.

A Coligação também reivindica ter “fornecido 20 biliões de dólares em assistência humanitária e para a estabilização do povo iraquiano e sírio, treinado e equipado mais de 220.000 membros das forças de segurança para estabilizar as comunidades locais”. O objectivo desta “assistência” é, na realidade, não a estabilização, mas a contínua desestabilização do Iraque e da Síria, fomentando instrumentalmente, sobretudo, as diversas componentes do independentismo curdo, para desagregar esses Estados nacionais, controlar o seu território e as suas reservas de energia.

Como parte dessa estratégia, a Itália, definida como “um dos maiores contribuintes da Coligação”, está empenhada no Iraque, principalmente, no adestramento das “forças de segurança curdas” (Peshmerga), em particular, no uso de armas anti-tanque, morteiros, artilharia e espingardas de precisão, em cursos especiais para franco-atiradores.

Operam, actualmente, no Iraque, cerca de 1.100 soldados italianos, divididos em diversas ‘task force’/grupos de trabalho, em vários lugares, equipados com mais de 300 veículos terrestres e 12 meios aéreos, com uma despesa, em 2019, de 166 milhões de euro.
A força do Iraque está apoiada por uma componente aérea italiana no Kuwait, com 4 caças-bombardeiros Typhoon, 3 drones Predator e um avião-tanque para reabastecimento em voo.
Com toda a probabilidade, as forças especiais italianas, às quais pertencem os cinco feridos, participam em acções de combate, mesmo que a sua tarefa oficial seja só de treino. O emprego de forças especiais é em si, secreto. Agora, torna-se ainda mais secreto porque o seu comando, o COMFOSE, foi transferido do quartel Folgore, em Pisa, para a área vizinha da base de Camp Darby, o maior arsenal USA fora da pátria, onde também são realizadas actividades de treino.

Na Coligação, a Itália também tem a tarefa de co-dirigir o “Grupo financeiro de combate ao “ISIS”, juntamente com a Arábia Saudita e os Estados Unidos, ou seja, aqueles que financiaram e organizaram o armamento das forças do ISIS e de outras formações terroristas (ver a pesquisa do New York Times, em 2013).

Fortalecido com todos estes méritos, o Ministro dos Negócios Estrangeiros, Di Maio, apresentou em Washington a proposta, imediatamente aceite, de que seja a Itália a acolher a reunião plenária da Coligação, em 2020. Assim, a Itália terá a honra de receber oponentes infatigáveis do terrorismo como a Arábia Saudita que, depois de financiar o ISIS, agora gasta os seus petrodólares para financiar a sua guerra terrorista, no Iémene.

il manifesto, 18 Novembro 2019



DECLARAÇÃO DE FLORENÇA
Para uma frente internacional NATO EXIT,
em todos os países europeus da NATO
DANSK DEUTSCH ENGLISH ESPAÑOL FRANÇAIS ITALIANO NEDERLANDS
PORTUGUÊS ROMÎNA SLOVENSKÝ SVENSKA TÜRKÇE РУССКИЙ


Manlio DinucciGeógrafo e geopolitólogo. Livros mais recentes: Laboratorio di geografia, Zanichelli 2014 ; Diario di viaggio, Zanichelli 2017 ; L’arte della guerra / Annali della strategia Usa/Nato 1990-2016, Zambon 2016, Guerra Nucleare. Il Giorno Prima 2017; Diario di guerra Asterios Editores 2018; Premio internazionale per l'analisi geostrategica assegnato il 7 giugno 2019 dal Club dei giornalisti del Messico, A.C.

Tradutora: Maria Luísa de Vasconcellos

segunda-feira, 18 de novembro de 2019

CHAVE PARA RELACIONAMENTOS HARMONIOSOS

Nas nossas vidas somos arrastados para situações onde os nossos desejos e projecções são frontalmente contrariados. Pode ser por um montão de razões, mas em geral, estas declinam-se como o facto de se projectar os desejos próprios nos outros, no mundo que nos rodeia. A nossa tendência infantil vem ao de cima, quando tentamos fazer com que os outros e o mundo se conformem às nossas expectativas. 

Se não tivermos expectativas, se apenas estamos numa postura de atenção ao outro e ao mundo, conseguimos não ser atingidos pelo auto-veneno, pela nossa frustração de não termos a resposta dos outros e do mundo tal como esperávamos. Afinal, a questão resume-se a ter a perspectiva da nossa posição no Universo, da nossa perfeita adequação às circunstâncias deste mundo, se considerarmos as imensas capacidades que estão dentro de nós. Se elas estão adormecidas, se estão sub-exploradas, isso não se deve a qualquer «injustiça» dos outros ou do mundo, mas à nossa incapacidade em desenvolver e frutificar as capacidades inatas que a Natureza ou Deus, nos deu. 
Tudo o resto, é auto-comiseração, é cobardia, é desonestidade em relação a nós próprios. Devemos nos ver livres desse falso eu, o «ego», que estamos viciados a idolatrar, para estarmos centrados em nós, no nosso âmago, para melhor estar abertos aos outros

Se algo ou o comportamento de alguém não te agrada, não vai ao encontro das tuas expectativas, de nada serve te indignares. É ocasião para examinares a tua atitude, porque te colocaste numa determinada postura em relação a esse caso. Muitas vezes, é porque construíste determinada falsa imagem, baseada em pedaços de coisas, de observações, de vivências... «cosidos» com o teu subjectivismo, mais para satisfazer a tua auto-complacente visão de ti e dos outros, do que para ganhar uma compreensão do real.
Devemos agir em relação ao mundo real com imenso cuidado, com a certeza de que está tudo ligado, que as nossas acções têm necessariamente reacções tanto dos outros, como do próprio Universo. Devemos estar convictos de que as pessoas têm uma grande sensibilidade, que ela é exactamente tão aguda como a nossa própria, embora cada pessoa tenha a sua personalidade, as suas circunstâncias pessoais, etc. 
Assim, de nada serve odiar; de nada serve querer dominar, querer «estar por cima», porque esses sentimentos têm um efeito imediato em nós próprios, ao fazer encolher a nossa consciência e coerência interior, mas também têm um efeito «boomerang» ou seja, temos uma reacção (dos seres, do Universo) em retorno, do que amámos, ou odiámos, ou desprezámos, etc.

Não preconizo que amemos tudo e todos, nem somos feitos para isso, nem a vida seria suportável se nos impuséssemos tal postura, impossível de manter por muito tempo. 
Aquilo que eu preconizo é baseado no princípio de reciprocidade, a «lei de atracção universal» aplicada aos humanos e às suas questões: «Trata o outro como gostarias que o outro te trate a ti próprio». 
Se o outro não compreende este princípio fundamental do relacionamento humano, podes tentar esclarecê-lo. Se ele não deseja seguir este princípio, apesar de teres explicitado o que é e que teu relacionamento segue esse princípio, então é melhor evitar essa pessoa. 
Para que este princípio seja aplicável no quotidiano, devo explicitamente examinar os meus actos, palavras, atitudes e sentimentos, em relação às pessoas com as quais interajo. 
É um exercício de auto-análise, que não sendo perfeito, pode ajudar a que o meu comportamento em relação a essas pessoas se torne mais apropriado. 
Em relação a qualquer pessoa, posso aproximar-me ou afastar-me, posso acolhê-la ou manter a distância: mas, se o fizer, faço-o conscientemente, assumo o que faço e não me deixo possuir por impulsos (positivos ou negativos) que irrompem numa situação, mas não representam mais do que o reflexo subjectivo e emotivo do momento. 
Claro que esta metodologia não é perfeita, porque somos parciais, favorecemos aquilo que nos «convém», aquilo que preserva a nossa «auto-estima». Porém, para nos fortificarmos, devemos nos colocar numa perspectiva «não-pessoal», numa perspectiva de visualizar a nossa pessoa, a nossa mente, como se uma parte de nós estivesse como observador externo das questões e paixões que agitam aquele «eu» (que somos nós próprios, afinal). É preciso algum treino para nos desdobrarmos entre o próprio personagem e o outro, que o observa. 
Apesar dos princípios elevados, como o da reciprocidade, como o de tender para o bem, rejeitar o mal, qualquer um pode enganar-se numa situação concreta  e pode não respeitar esses princípios em certas circunstâncias. Mas, o auto-exame da sua consciência, em silêncio, conversando consigo próprio, desdobrando-se entre observador e observado, permite-lhe reconhecer seus erros, ou desvios aos seus próprios princípios. Tem oportunidade de se corrigir.
Uma pessoa não é perfeita, mas é perfectível. Pelo contrário, as pessoas que se fecham no seu ego, são incapazes de observar o que as motivou realmente a tomar determinadas acções, atitudes, comportamentos, que levaram a um dado resultado. Assim, não conseguem identificar (e muito menos compreender) o tal efeito «boomerang» de que falei acima.

A minha convicção é de que as pessoas podem realmente ser melhores e viver melhor, se tiverem vontade de ir ao fundo das questões que as atormentam, que lhes causam sofrimento. 
Volto a afirmar o que escrevi no início; somos interiormente munidos do necessário para estar em adequação perfeita ao mundo que nos envolve. 
Se queremos realmente deixar de sofrer, temos - nós próprios - de procurar compreender, para resolver, todos os problemas que se nos vão deparando durante a vida.