Porque razão os bancos centrais asiáticos estão a comprar toneladas de ouro? - Não é ouro em si mesmo que lhes importa neste momento, mas é a forma mais expedita de se livrarem de US dollars!!
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quarta-feira, 20 de novembro de 2019

QUAL É A PRIMEIRA LIBERDADE?

A resposta à pergunta no título deste artigo é reveladora das convicções profundas, do substrato ideológico, da pessoa que responde:

- Se responde que a primeira liberdade é a da palavra, a de exprimir o seu pensamento livremente, sem receio de ser reprimido ou de ter outras consequências, de algum modo, nefastas para sua vida... tal pessoa será «liberal clássica».

- Se responde que a primeira liberdade é a de poder estabelecer um comércio, uma indústria, um negócio, confiando que o mercado decidirá - em última instância - da sua validade, pois o mercado é constituído por indivíduos que procuram bens e serviços do seu agrado... tal pessoa pode ser designada de «neo-liberal», mas mais apropriado seria «devota do mercado». 

- Se responde que a primeira liberdade é poder viver decentemente do seu trabalho, ter segurança dos seus haveres, da sua própria pessoa, não tendo que recear o desemprego ou escassez por a sociedade estar organizada para satisfazer as necessidades individuais e colectivas, em troca do trabalho de cada um... tal pessoa será «socialista», mesmo sem o saber.

Creio que são muito mais as pessoas «socialistas» sem o saber, do que «liberais clássicas» ou «devotas do mercado». Pelo menos, no dia-a-dia, ao interagir com pessoas de condições e profissões diversas, mesmo de substratos culturais diversos, é mais frequente encontrar pessoas que, espontaneamente, tomam o ponto de vista socialista, no sentido acima apontado, em assuntos concretos da vida.  Se isto tiver confirmação estatística, é um facto muito notável que, onde predomina o capitalismo sob todas as formas, tantas pessoas optem pelo socialismo. 
A possibilidade de mudança duradoira implica que a grande maioria (e não meros 51%) seja favorável a determinado regime, a uma determinada organização social e política. Mas, para isso, será necessário que o socialismo seja pensado e propagado de modos totalmente diferentes pelos seus adeptos.


segunda-feira, 5 de novembro de 2018

A INSANIDADE DO PENSAMENTO ECONÓMICO QUE NOS REGE


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Por vezes, somos tentados a embarcar dentro da lógica, da casuística, dos escribas que passam por «economistas» na media mainstream, apenas para verificar que a sua narrativa é uma utopia, no verdadeiro sentido de um sistema que nunca poderá existir: é por demais insensata, ultrapassa todos os níveis de imbecilidade, para apenas se qualificar como instrumentos de lavagem dos nossos cérebros.

Vejamos alguns exemplos:

- Inflação / deflação: a inflação vai buscar ao bolso do trabalhador, vai retirar-lhe poder de compra. O facto de ser desejada por governos e bancos centrais é apenas devido ao super-endividamento a que estes submeteram os seus respectivos Estados. Como é bastante mais difícil e  perigoso continuar a subir os impostos (pelo menos de maneira aberta e franca), a inflação acaba por efectuar o mesmo, sem que as pessoas se apercebam do estratagema. As dívidas denominadas na divisa inflacionada continuarão a ser pagas pelo respectivo Estado, mas os credores receberão um corte no valor real das mesmas; isto ocorre, quer sejam eles grandes ou pequenos, grandes detentores de obrigações do tesouro desse Estado, ou pensionistas no limiar de sobrevivência. 
O facto é que a inflação nunca pode ser um objectivo económico positivo, para a generalidade da economia, muito em especial, para a capacidade aquisitiva dos pobres. 

Quanto à deflação, ela é pintada com as cores de uma terrível doença da economia, que é preciso evitar a todo o transe, pois significaria marasmo, ausência de investimento, espiral descendente da produção... 
Não é verdade! É um facto que as pessoas vão comprar mais se os preços baixarem, pois a imensa maioria não tem capacidade de satisfazer inteiramente as suas necessidades, muito menos as suas fantasias. Logo, a descida dos preços, não só não previne que as pessoas vão comprar mais desta mercadoria que desceu, como  funciona como estímulo à sua compra, pois alarga o universo de potenciais compradores aos clientes que antes não tinham capacidade económica para tal. 
Pensem num modelo de automóvel que custava X, havendo deflação, passa a custar menos 10%, muito mais pessoas poderão comprá-lo, visto que seus ordenados continuarão a valer Y, ou seja, aquilo que cada um recebe ao fim do mês é nominalmente o mesmo, mas cada unidade de dinheiro tem um maior poder de compra. 
Aliás, as sociedades têm vivido melhor e beneficiado da deflação em muitos produtos, desde a era industrial: com efeito, pensemos em qualquer bem industrial, vejamos qual o seu preço real (ou seja, descontando as oscilações do valor do dinheiro ao longo do tempo): 
- Um gira-discos para CDs no início dos anos 80 do século passado, era um produto muito caro, que só algumas famílias podiam comprar, mesmo no afluente Ocidente: Hoje em dia, é a um preço irrisório, comparativamente. O mesmo se pode dizer com a telefonia móvel, com todo o tipo de computadores... etc. 
Porquê? Porque razão existe uma baixa espectacular do preço  destes produtos industriais (em termos de valor real)?
- Sem dúvida, que uma produção em grande escala vai fazer baixar os custos unitários e, portanto, o produtor pode vender cada unidade a um preço menor, arrecadando o mesmo ou maior lucro. Mas igualmente, porque as inovações no processo produtivo (o trabalho de engenheiros) vão tornando a produção mais eficaz, mais barata, menos consumidora de matéria-primas caras, etc. 
O resultado,  é que todos beneficiam com esta deflação tão difamada!

Criptomoedas: Os bancos centrais querem-nos convencer de que as moedas têm necessariamente de ser emitidas por uma entidade estatal ou com o aval do Estado (eles, claro está!) e fazem uma campanha ardilosa e destruidora da reputação das cripto-moedas. Mas, ao mesmo tempo e paulatinamente, vão adquirindo cripto-moedas, vão ensaiando soluções «blockchain» que eles próprios controlam, etc. 
Afinal, para os bancos centrais o que conta é o controlo sobre as divisas. O fundador da dinastia Rothchild, dizia mais ou menos isto: «Não me importa quem governa o país, desde que seja eu a controlar a emissão de moeda». Ou seja, quem tem o controlo da produção de moeda, é um banco central, formalmente independente do governo, não tendo que responder senão perante o conglomerado de bancos que o formam. 
É assim com a Federal Reserve Bank, constituída por bancos privados dos EUA, mas que usa o termo «federal» de forma mais que ambígua para dar a entender ser do (Estado) federal... 
É assim com o BCE, o banco central europeu, constituído com participação de capitais de uma série de grandes bancos privados europeus, os quais exercem discretamente a sua influência. 
O FMI, com sede em Washington, funciona como uma enorme concentração de capitais privados, pois são de grandes entidades financeiras privadas os capitais que são emprestados para «ajudar» as nações em apuros, às quais «oferecem» planos de resgate e reestruturação da economia. 
Era bom que as pessoas todas soubessem que os biliões que Portugal ou a Grécia têm estado a pagar, à custa da miséria dos seus respectivos povos, vão parar às carteiras de negócios dos grandes bancos e cartéis financeiros, na origem dos empréstimos negociados com essa instituição. 
O próprio banco central dos bancos centrais, o BIS com sede em Basileia (Suiça), tem uma política virada para a estabilidade da grande banca, não para a resolução dos problemas dos povos. 

Impostos e equidade: Num sistema completamente sob controlo de grandes instituições financeiras centralizadas, quer sejam públicas ou privadas, o trabalhador está sujeito a pagar, de uma forma ou de outra, uma fatia proporcionalmente maior de imposto, para sustentar o Estado, do que o rico. 
A falácia consiste em dizer que o imposto está sujeito a escalões, cuja percentagem será tanto maior, quanto o rendimento anual do contribuinte. 
Mesmo neste sistema, existem múltiplos esquemas contabilísticos, inclusive legais, que permitem fazer baixar os impostos dos muito ricos. 
Mas esta fuga ao fisco não se compara com a fuga organizada e à vista dos poderes reguladores, para os paraísos fiscais. Em Portugal, todos os bancos (incluindo a CGD estatal, mas que funciona como qualquer banco comercial) oferecem aos seus clientes mais afortunados a possibilidade de terem contas off-shore, ou seja, contas em sucursais dos mesmos bancos em paraísos fiscais, não sujeitas às regras e leis do país. 
Por outras palavras, não haverá autêntica «luta contra paraísos fiscais» em parte nenhuma, enquanto os bancos comerciais mantiverem sucursais off-shore, que são um elo crítico para alimentar essa imensa bolha de capitais que se encontra fora do controlo de qualquer entidade pública ou governo. 
Sendo isto assim, como todas as pessoas bem informadas o sabem, o resultado é claro: os que trabalham ou trabalharam como assalariados é que têm de providenciar o grosso do dinheiro para sustentar as despesas dos Estados! 

economia «de mercado» é ficção pura: um «mercado» que opera magicamente, distribuindo as perdas e ganhos, consoante os seus intervenientes saibam, ou não, dobrar-se à regras do mercado e tirar vantagem do que ele oferece. Quem detém os capitais e controlo do mercado de acções são os grandes capitalistas, os grandes bancos, as grandes empresas, que conseguiram uma fatia monopolista do mercado de um produto ou serviço...
Não existe mercado livre na bolsa desde que as grandes entidades privadas decidiram investir nas suas próprias acções, comprando as suas próprias acções para manter as mesmas a subir ou a flutuar, mantendo em estado semelhante os restantes títulos, por efeito de arrastamento.
Não existe mercado livre nas praças financeiras quando as grandes firmas, desde os «hedge funds» (fundos de capitais), até aos grandes bancos mundiais, usam algorítmos que fazem milhares de compras e vendas, apenas num segundo, de uma mesma acção (ou outro produto financeiro), arrastando as cotações de determinadas acções para cima ou para baixo. 
Não existe mercado quando as poupanças de milhões de pessoas são devoradas para colmatar os enormes buracos criados pela grande banca («Too big to fail»), à qual governos e bancos centrais vão entregar - incondicionalmente - fabulosas somas de dinheiro público. Estas entidades aproveitaram para concentrar e consolidar os seus impérios, para extraírem maior lucro para si próprias, nunca para favorecer uma retoma industrial. 

Podemos compreender com os exemplos acima que, na base dos raciocínios dos «economistas de serviço» no universo mediático usual, estão uma série de falácias, de «parti pris» e que eles não são neutrais. 
A sua linguagem é, ela própria, uma construção em que são dados como demonstrados toda uma série de  conceitos falsos ou de conceitos que são aplicados de forma completamente inadequada à realidade.
Mas eles não estão nesses lugares para ajudar as pessoas a aperceberem-se da realidade. Estes são os «spin-doctors» («doutores da treta»), pagos para convencer as pessoas de que os seus governantes e os grandes capitalistas fazem sempre o seu melhor para servir a população....