quinta-feira, 8 de agosto de 2019

A EXTREMA-DIREITA DOS EUA E A «NATIONAL SECURITY»


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O recente massacre em massa de El Paso, veio lembrar aos americanos que estes têm muito maiores probabilidades de serem alvejados - no seu país - por um elemento da extrema-direita branca e racista, do que por qualquer fanático islâmico radical.
Porém, a simples noção de que a segurança nacional estaria posta em causa por elementos brancos, nacionais dos EUA e radicalizados em grupos de «patriotas», treinando com armas de guerra... ainda não penetrou no subconsciente das pessoas. 

Com efeito, o conceito de «Segurança Nacional» foi construído nos alvores da guerra-fria, sendo expandido como significando lutar contra qualquer ameaça à hegemonia americana no mundo, algo a ser «tratado» pela CIA, a NSA e pelas outras agências de «segurança», que levaram a guerra contra o «comunismo», ou qualquer tipo de ameaça ao «american way of life», aos quatro cantos do mundo. Basta recordar a «Operação Condor» na América do Sul ou as «redes Gládio», na Europa, com suas ligações à extrema direita... 

O facto de que a segurança nacional dos EUA esteja a ser posta em causa por grupos de brancos americanos e fanáticos da bandeira e simbologia nacionais, nunca foi realmente equacionado. 
Timothy Mc Veigh, o bombista responsável pela morte de 168 pessoas em 1995, em Oklahoma City, foi visto como um «terrorista isolado», como uma «aberração».
No subjectivismo do público e, pior ainda, nas mentes dos políticos e das forças policiais que deveriam estar genuinamente preocupados com a segurança do seu povo, Mc Veigh «tinha» que ser um caso isolado, psicopático... 

Outros casos de assassinos em massa de extrema-direita têm sido tratados da mesma maneira, ao logo destes quase 25 anos, desde os atentados de Oklahoma: em parte, porque a «guerra ao terror» se tem desenvolvido contra países e ideologias islâmicas, o que é visto como sinónimo de pessoas «de cor». Isto, embora o Islão - em si mesmo - não tenha nenhuma conotação rácica ou nacional, mas é assim que o grande público o percepciona.
Só para se ter uma ideia do grau de ignorância e estupidez de alguns fanáticos, logo após os atentados do 11 de Setembro de 2001 muitos homens da comunidade Sikh foram perseguidos e agredidos por causa do turbante que usam, confundidos com «árabes», pelas pessoas ignorantes.

Está aqui em jogo o problema seguinte: a verdadeira ameaça interna, as verdadeiras forças de desagregação, de subversão e de crime organizado nos EUA, têm ficado impunes, não têm sido criminalizadas, porque a mentalidade instituída com a Guerra Fria e depois, com a «guerra ao terror», veio designar, respectivamente, como inimigos o «comunismo» e  o «islamismo radical».
 As gerações sucessivas, sujeitas a lavagem ao cérebro, incluem - evidentemente - os próprios políticos e as forças do aparato de segurança. Estes têm sido responsáveis pela difusão dessa crença de que uma determinada ideologia e os seus adeptos são inimigos dos EUA e que é dever «patriótico» persegui-los, em qualquer parte do mundo.
Para grande parte do público americano de hoje, foi disso que se tratou, quando as forças americanas intervieram na Coreia, no Vietname, na Jugoslávia, no Afeganistão, no Iraque, etc...
A incapacidade de tomar a sério a ameaça das milícias de extrema-direita «patrióticas», que desenvolvem as suas actividades sem dificuldade alguma, tem a ver com a forma como o conceito de «segurança nacional» foi construído ao longo de mais de 70 anos. 

A Europa, até  mesmo a parte mais alinhada com os EUA, não tem tal insensibilidade ao fenómeno da criminalidade política de extrema-direita. 
Muitos países europeus foram sujeitos a regimes deste tipo, as ditaduras de Salazar (Portugal), de Franco (Espanha), de Hitler (Alemanha) e Mussolini (Itália) ou outros países, que tiveram regimes inspirados e aliados destes. Existe uma memória colectiva dos fascismos, embora esteja em vias de se perder e cheia de equívocos. 
Nos EUA porém, nada disso ocorre, pois os fascismos foram sempre fenómenos exteriores, até mesmo aqueles instalados pelos próprios EUA, na sequência de golpes na América Latina.

Podemos, no entanto, compreender o extensivo fracasso dos poderes dos EUA, que controlam as forças militar, policial e de espionagem / contra-espionagem. Na verdadeira defesa do povo americano, têm falhado repetidamente, por mais que o disfarcem! 
A razão principal de tal falhanço está à vista: trata-se da ideologia de «segurança nacional», que impregnou de anti-comunismo as instituições a seguir à 2ª Guerra Mundial, assim como da «cruzada» anti-islâmica e anti-árabe após o 11 de Setembro 2001.

quarta-feira, 7 de agosto de 2019

PORQUÊ OS EUA SAÍRAM DO TRATADO INF?

Aquilo que não vos dizem






O secretário dos EUA da Defesa, Mark Esper, numa tournée em vários países da região Ásia-Pacífico afirmou que a principal prioridade para o Pentágono é a China:



“Os nossos competidores estratégicos são a China e a Rússia, principalmente e por esta ordem,” Esper recentemente declarou.


Nós somos mantidos no escuro em relação ao tratado INF* e às razões pelas quais os EUA realmente desejaram terminar com ele. Não devemos cair na propaganda da NATO afirmando que os russos violaram o referido tratado, em várias ocasiões. Pelo contrário, os americanos e vários países europeus da NATO o fizeram, como sabemos, está comprovado. Mas, então qual a vantagem estratégica do Pentágono em propulsionar a nova corrida aos armamentos e tornar possível a colocação no terreno de armas nucleares «tácticas»?
- A razão principal é a China. Numa postura prudente de construção de suas capacidades de defesa, a China, não constrangida pelo tratado INF, tem vindo a desenvolver sistemas de mísseis de médio alcance. Estes mísseis podem possuir uma carga convencional, mas também podem servir para transportar uma carga nuclear.
Perante estes mísseis, a marinha poderosa dos EUA com os seus destroyers e porta-aviões (cruzando próximo das costas da China), fica completamente exposta. Com efeito, não poderá retaliar a um ataque com mísseis chineses, sendo estes lançados bem do interior da China em direcção à frota americana do Pacífico. Os chineses e os americanos, assim como todos os peritos militares sabem disso há muito tempo. Recentemente, uma alta patente chinesa teve um «deslize», ao afirmar isso mesmo, coisa que realmente deixou os neocons e os militares do Pentagono com os «cornos a arder». 
Os EUA, na prática, assumem o papel de potência tutelar das nações do Indo-pacífico, sendo isso mesmo que «obriga» a presença permanente de uma frota americana bem perto das costas da China. Tal como a alegação da «ameaça» russa, ao mesmo tempo que estacionam tropas e mais tropas da NATO junto das fronteiras russas, igualmente consideram que a China está a ameaçar a liberdade de navegação (sic!), por defender as suas costas e águas territoriais.
 No quadro mais geral do projecto hegemónico, a escolha da China como prioridade (como inimigo principal), faz todo o sentido. O projecto - em si mesmo - é que não faz, o de manter todo o planeta sob controlo do império dos EUA.
A China está a conquistar o primeiro lugar,em termos económicos, se não é que o seu primeiro lugar já está realizado. Com efeito, em paridade de poder de compra, os chineses subiram imenso em duas décadas, enquanto a população dos EUA está cada vez mais pobre, apesar da propaganda em contrário. O índice de inflação está falsificado, para fazer crer na manutenção dum poder aquisitivo das famílias pobres e da classe média dos EUA. Os índices de desemprego são completamente manipulados, o que se vê pela enorme taxa de pessoas em idade de trabalhar que não está empregada; querem fazer crer que a taxa de desemprego nos EUA é muito baixa, porém os números reais são contraditórios com isso. John Williams do site shadowstats.com tem acompanhado estes índices e outros, no pressuposto de quais seriam seus valores, caso os critérios fossem os mesmos que nos anos 80. Isso é apenas uma parte da realidade. Outra parte, é a miséria da epidemia opióides, que afecta imensas pessoas, desde veteranos das guerras, até a pessoas viciadas em resultado de tratamentos do cancro. Muitos índices relativos ao bem-estar humano, na educação, na saúde, na esperança de vida, etc. estão mais próximos dos países «em desenvolvimento», do que dos países «desenvolvidos». A tragédia da incapacidade de muita população nos EUA ter um tratamento decente, por não possuir cobertura adequada de saúde, continua. Muitos milhões (último censo indicava mais de 30 milhões!) de americanos dependem de «food stamps», ou seja, de senhas para comprar géneros alimentícios no supermercado, para sobreviver.
A guerra comercial com a China está a prejudicar mais a agricultura e o pequeno comércio americanos do que tem efeito inibidor na indústria da China. Neste período de «guerra comercial», o facto é que a China exportou MAIS, sendo evidente que as tarifas, por mais que escondam isso ao povo americano, são encarecedoras para ELES, que compram os produtos importados da China, acelerando portanto artificialmente a inflação e diminuindo ainda mais o seu poder de compra.
Não admira que Wall Street e, portanto, todo o mundo da finança dentro e fora dos EUA, compreenda que a política oficial de Washington encaminhe os EUA e o mundo para uma recessão. A entrada num período de recessão está muito claramente a ser equacionada, a prova disso é a inversão de tendência das bolsas americanas e mundiais, com a subida vertiginosa dos metais preciosos, em especial, o ouro.
A crise do dólar prossegue, visto que o presidente Trump decidiu responder à descida do Yuan, pela contra-medida da descida do dólar: assim, a guerra comercial alarga-se a guerra monetária.
Todos estes factores económicos e financeiros, tanto internos aos EUA como mundiais, levam a que a tentação dos dirigentes - megalomaníacos e muito mal aconselhados - seja a da guerra com tiros.

A tensão provocada com as constantes provocações militares , seja nas fronteiras russas, seja nas águas territoriais do Irão ou ainda da China, cada vez mais se parecem com uma louca corrida para o abismo, visto que todos sabem como uma determinada guerra começa, mas ninguém sabe, ao certo, como essa guerra acaba.

(*tratado INF: acordo alcançado por Reagan e Gorbatchov, no âmbito de uma redução geral das tensões na Europa. Ele proíbe a pesquisa, produção e colocação de mísseis de alcance intermédio. Este tratado implicava verificações de lado a lado, para garantir que não haveria este tipo de armas no continente europeu)

terça-feira, 6 de agosto de 2019

FÍSICA QUÂNTICA E ESOTERISMO

Adilson de Oliveira é um físico e explica-nos, de forma simples, a importância da física quântica na nossa vida de hoje. 

Também desmascara a utilização abusiva, em que são usados - a torto e direito - termos da física quântica, de forma ilegítima.



                                        https://www.youtube.com/watch?v=NfBv356F5lU

sábado, 3 de agosto de 2019

GREAT RESET: OPERAÇÃO ENCOBERTA DOS BANCOS CENTRAIS

                                  Resultado de imagem para bank for international settlements (bis)

Um longo período da história económica e financeira aproxima-se do fim. Iniciou-se aquando da retirada (em 1971) por Nixon do dólar da janela de convertibilidade com o ouro, a cláusula de Bretton Woods, que ancorava todas as moedas ao dólarmantinha este convertível em ouro. A partir desse momento, as moedas passaram a flutuar, sem âncora, umas em relação às outras e a inflação disparou. 

Quer se meça a inflação actual pelos índices habituais, quer pelo valor do ouro nas várias moedas «fiat» (ou seja, todas, visto que não existem moedas baseadas em metais preciosos), o facto é que a espiral inflacionista já se desencadeou. Pese embora a aversão da media económica mainstream em relação ao ouro, o que mostra a sua subida espectacular em relação a todas as divisas, mesmo as mais «fortes», como o franco suíço, o dólar, ou o euro... é que os mercados já começaram a perceber para onde se dirige o sistema monetário. Agora, já não são apenas os bancos centrais do Oriente (sobretudo Rússia, China, índia, e outros países asiáticos), existem também famosos gestores de «hedge funds» a apelarem aos seus clientes para investir em metais preciosos, detendo uma percentagem deles no seu portefólio.   
De facto, o BIS (Bank of International Settlements), de Basileia, tem estado discretamente a orientar os bancos centrais para uma «reestruturação» ou reset do sistema monetário. 
Há quem pense que este será baseado num cabaz de moedas, os «Direitos de Saque Especiais» (ou SDR em sigla inglesa) do FMI. Porém, este cabaz é, de facto, um cabaz de moedas «fiat» e apenas seria «sol de pouca dura». Pois, o problema com estes arranjos é que, uma vez perdida a confiança, não é fácil captá-la de novo. 

Há quem aposte nas criptomoedas, mas estas estão sujeitas aos mesmos vícios que o dinheiro existente: já são electrónicas, as somas em circulação actualmente nos mercados internacionais. Mesmo na economia corrente, muitas transacções - talvez 70% - são já  com cartões de débito ou de crédito ou por transferências bancárias. Portanto, o público pode ser permeável à modernidade, mas não irá sentir a situação como diferente da habitual. A existência de uma criptomoeda não muda nada de fundamental, seja ela emitida por um banco central (a Rússia, está seriamente estudando essa possibilidade, mas não é a única), seja ela uma criptomoeda descentralizada, como o «bitcoin». 
Para que uma criptomoeda tenha hipótese de se firmar no domínio das trocas do dia-a-dia, ela deverá possuir uma grande estabilidade. Com efeito, as divisas que existem, actualmente, não variam de um dia para o outro, de mais do que uma fracção de 1 por cento; isso significa que, aquele que aceita uma divisa em pagamento, pode confiar, no curto prazo, no valor da mesma. Pelo contrário, instabilidade das criptomoedas, sendo factor que atrai os especuladores, é também o factor que impede que sejam mais do que esporádicos veículos de transferência de dinheiro. Em países, como a China, com controlos de capitais instalados, será bastante interessante para alguém usar criptomoedas, para poder exportar dinheiro para o exterior, sem que as autoridades possam interferir. 

Restam portanto os metais preciosos, o ouro e a prata, que foram dinheiro durante um período de cerca de 6000 anos. A sua inter-conversão com moeda de papel pode fazer-se pelo simples cálculo da soma total de moeda-papel em circulação (incluindo a moeda electrónica, claro) dividido pelo ouro existente em todos os bancos centrais. O ouro teria de subir dos 1450 dólares a onça, actualmente, para cerca de 10 mil dólares a onça. Talvez isso seja possível em etapas, neste período de transição em que já estamos: o tal «reset». 
Remonetizar o ouro equivale a tornar possível que a moeda-papel seja trocada por ouro a uma taxa fixa, ou com uma flutuação mínima. Isso iria estabilizar o valor do dinheiro, manteria os preços, minimizava a inflação. A economia - em geral - iria beneficiar com isso.  
O efeito da desmonetização do ouro - um fenómeno recente, em termos históricos -  não foi benéfico para as economias. Os Estados endividaram-se sem restrições. A dívida pública, das empresas e das famílias, todas elas cresceram de forma exponencial, neste período de menos de meio século. 
Hoje, as moedas em circulação devem ter perdido 97%, no mínimo, do seu valor, relativamente a 1971, sendo esta a percentagem da perda do dólar: a principal moeda de reserva é, com certeza, das mais fortes, em termos relativos. As outras serão ainda mais fracas que o dólar.
O que os economistas da treta não dizem (mesmo quando o praticam em segredo) é que a garantia da conservação do valor - para o pobre, o rico e o remediado - é ter uma parte dos activos em moedas/barras de ouro e/ou prata. 
Assim, no momento em que houver um colapso financeiro, com uma situação de híper-inflação, não só não ficarão seus activos financeiros destruídos, como poderão ver o seu capital aumentar, em termos relativos. 
Quem se mantiver exclusivamente na economia de casino das bolsas, jogando em acções, obrigações, derivados (ETFs, etc.) está condenado (condena-se a si próprio) a ficar com o valor dos investimentos reduzido a quase nada
O imobiliário está muito inflacionado também, em todos os países. Não é uma boa forma de preservar capital, investir nele agora: não faz sentido comprar, com preços inflacionados, antes da bolha ter rebentado. Dentro de pouco tempo, como já se verifica nos mercados do imobiliário do outro lado do Atlântico, os preços irão descer, tão vertiginosamente como subiram. 
Depois da fase de transição, em que nos encontramos, quem tiver maior quantidade de capital disponível, poderá comprar activos muito abaixo do seu valor real, em consequência da crise profunda que se avizinha. É uma questão de aproveitar as oportunidades, que surgem sempre. 

O capital, que não é equivalente a dinheiro, permanece, globalmente. 
O capital é criado pelo trabalho; uma crise, não o destrói, mas é transferido de uns actores para outros.

terça-feira, 30 de julho de 2019

VERÃO ALENTEJANO 2019

                 

Uma curta estadia de 3 dias, nos finais de Julho de 2019, numa região do nosso país que ainda não está desfigurada pelo turismo. A maioria das fotos foi tirada no Cabo Sardão.