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domingo, 20 de dezembro de 2020

A NONA SINFONIA NOS 250 ANOS DO NASCIMENTO DE BEETHOVEN

A sua «Ode à Alegria», inserida na 9ª Sinfonia, foi  escolhida para hino da União Europeia... mas, seria Beethoven admitido, sequer, na sociedade de hoje? 
- Ele era - para todos efeitos - um subversivo, um republicano, num tempo de monarquias absolutistas, um apaixonado pela liberdade e, não apenas no plano das ideias teóricas, da estética, mas também no plano  da prática, um liberal político, no sentido pleno. 
Não; Beethoven - nos dias de hoje - seria primeiro ostracizado, depois perseguido, forçosamente calado e, por fim, fechado num asilo psiquiátrico...


https://www.youtube.com/watch?v=GWe2-0SGmRU


Prom 18: Beethoven Cycle -- Symphony No. 9, 'Choral' Symphony No. 9 in D minor, Op. 125 1 - Allegro ma non troppo, un poco maestoso 2 - Scherzo: Molto vivace -- Presto 3 - Adagio molto e cantabile -- Andante moderato -- Tempo primo -- Andante moderato -- Adagio -- Lo stesso tempo 4 - Recitative: (Presto -- Allegro ma non troppo -- Vivace -- Adagio cantabile -- Allegro assai -- Presto: O Freunde) -- Allegro molto assai: Freude, schöner Götterfunken -- Alla marcia -- Allegro assai vivace: Froh, wie seine Sonnen -- Andante maestoso: Seid umschlungen, Millionen! -- Adagio ma non troppo, ma divoto: Ihr, stürzt nieder -- Allegro energico, sempre ben marcato: (Freude, schöner Götterfunken -- Seid umschlungen, Millionen!) -- Allegro ma non tanto: Freude, Tochter aus Elysium! -- Prestissimo, Maestoso, Molto Prestissimo: Seid umschlungen, Millionen! Anna Samuil soprano Waltraud Meier mezzo-soprano Michael König tenor René Pape bass National Youth Choir of Great Britain West-Eastern Divan Orchestra Daniel Barenboim, conductor Royal Albert Hall, 27 July 2012
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Não deixe de ler sobre a hipocrisia da sociedade que se diz «democracia liberal» NO ARTIGO DE IAN FANTOM «Beethoven in the Age of Endarkenment»

Escreve o autor: 

 « Sob o "lockdown", as pessoas podem ser presas e sujeitas a pesadas multas, apenas por levarem a cabo seus negócios habituais, as opiniões de peritos médicos sobre a «pandemia» não podem ser expressadas na media social, sem o risco de serem banidas. No Reino Unido, estamos a deslocar-nos cada vez mais para um governo por decreto e para a censura estalinista, que lhe está associada.»


segunda-feira, 23 de novembro de 2020

O DESFAZER DA FRAUDE CHAMADA GOVERNO

                                             

Uma imagem da distopia tecnocrática que os governos, sob a liderança globalista do WEF e de outros nos quer fazer aceitar



                                       

Kenneth Rexroth escreveu a propósito da mentira social

«Visto que toda a sociedade está organizada para satisfazer os interesses das classes de exploradores e visto que, se os homens souberem isto, vão parar de trabalhar e toda a sociedade irá ruir, tem sido sempre necessário, pelo menos desde as revoluções urbanas, que as sociedades sejam governadas ideologicamente e por um sistema de fraude.»

Em tempos conturbados como o nosso, desmontam-se mais facilmente alguns aspectos do que se pode chamar a fraude social, ou seja, do exercício do poder sobre os cidadãos, mas falaciosamente apresentado como sendo «por, para e dos» cidadãos.

Aqui, neste blog, tenho tentado dar notícia e esclarecer criticamente os leitores sobre as diversas falácias do poder, daquilo que mantém uma pequena minoria ao leme, muitas vezes por trás das cortinas, com uns batalhões de mercenários mediáticos contratados, confeccionando esses ingredientes que levam a que se estabeleça e mantenha o «consenso social».

Temos oportunidade de ver os mecanismos de coerção social, doseados com mecanismos de persuasão (propaganda), na ocasião da pandemia fictícia: não que o vírus seja fictício, mas é empolado e transformado numa espécie de praga do fim do mundo, para justificar as medidas liberticidas e de controlo social que, até agora julgámos (inocentes!) serem apanágio de regimes totalitários (ver meu artigo de 22 de Março último). 

De facto, os adjectivos (democrático, ditatorial, etc) dos regimes são gradações de autoritarismo, do que se convenciona chamar democracias até ao totalitarismo mais feroz. A «democrática» América impõe - com punho de ferro - a sua lei ao mundo... Mas, interiormente, até há pouco tempo, a oligarquia governante e as suas agências, conseguiram fazer crer aos cidadãos que viviam numa democracia, e não uma qualquer, mas a «melhor» e mais «justa» do mundo... Poderia multiplicar os exemplos e polvilhá-los dos ingredientes, observáveis nestas construções artificiais, chamadas Estados ou governos... Mas, isso não é o meu propósito aqui, nesta crónica. 

Hoje, gostaria de por em evidência que o famoso «Great Reset», que nos vêm promovendo através de múltiplos canais, não é de facto, uma reestruturação da sociedade, uma reforma, ou uma transformação das estruturas, que muitos almejam e com perfeita legitimidade. O «Great Reset» que nos querem impingir, é apenas o lance dos muito ricos - em «fóruns» como o de Davos, mas não só - para que o Mundo esteja ainda mais polarizado, para que exista uma classe de senhores e que esta mantenha, com pão e circo, a classe dos servos, os semi-escravos, que têm de se submeter, agradecendo a generosidade dos senhores do mundo, que lhes outorgam o direito de viver neste Planeta. 

As pessoas gostam de fantasiar que as suas aspirações - magicamente - vão ser satisfeitas com o acto - também mágico - de colocar um voto na urna. 

Porém, a verdade é que o sistema montado, é tal que, os mais destituídos de qualidades, mormente morais, são os que têm maior probabilidade de serem seleccionados para os postos de comando. Claro que este tipo de selecção «anti-dawiniana» (ou pseudo-darwiniana) se torna possível, apenas porque a oligarquia (os verdadeiros patrões) fornece todos os meios para que os seus candidatos tenham assegurada a eleição. 

As coisas só poderão ficar tremidas, se houver dois grupos, na oligarquia, com interesses contraditórios. Se os dois grupos tiverem um somatório de trunfos bastante semelhante, a luta torna-se muito depressa violenta, selvagem, desaparece o verniz «democrático», entra-se num período de guerra civil, larvar ou real. A farsa chamada eleição presidencial nos EUA, está aí para ilustrar o que acabo de dizer. Mas noutros países podem ocorrer, e têm ocorrido, semelhantes fenómenos.

Então perguntarão: que sistema de governo preconizas? 

- Que organização de sociedade tornará inviável o abuso sistemático de poder, pelos responsáveis políticos?

Eu respondo: 

- Será necessário um governo? Será impossível existir uma sociedade onde não ocorra uma diferença abismal de riqueza e de poder, entre as pessoas? 

Evidentemente, não desejo que a sociedade entre em regressão para eras pré-tecnológicas, como se tal tivesse o condão mágico de restaurar a «pureza» de tudo e de todos! 

Porém, as formas de domínio que existem, quanto mais elas acentuam as assimetrias de poder e de riqueza, mais se afastam do que é o nosso comum entendimento de justiça e de equidade. 

A eliminação destas formas de opressão só poderá ocorrer pela tomada de consciência das pessoas, por compreenderem que estão uns poucos - pouquíssimos, na verdade - a parasitar o trabalho honesto e esforçado da imensa maioria, desviando parte substancial da riqueza produzida para satisfazer luxos, mas - sobretudo - para reforçar o seu arsenal e fortificarem-se melhor, nos seus domínios.

Daí, a importância do controlo da informação, através de mecanismos subtis, ou não, de influenciar a opinião da imensa maioria. As pessoas não se apercebem que estão sob influência, estão convictas de que, aquilo que pensam, resulta somente do seu espíritoque este pensamento não é fruto de permanente matraquear de «informação», na realidade, de propaganda disfarçada.

A construção duma sociedade onde não haja esta enorme divisão de poder é possível e desejável, para muitos. Porém, não estão as pessoas suficientemente alertadas para as armadilhas, como a de confiar que num partido, corrente, ou líder, é que reside a «verdade», a «salvação»; apenas são construções de poder, onde alguns manipulam os sentimentos e raciocínios dos adeptos.  

Eu acredito que grupos de pessoas, que partilhem uma visão de como a sociedade se deve auto-regular e auto-construir, podem desde já tomar passos decisivos para construir colectivos, ou sociedades em miniatura, que se rejam pelos valores da igualdade, da participação e partilha real do poder, que sejam autónomas o suficiente dos que dominam a sociedade presente, para não temerem serem esmagadas, logo que comecem a ter sucesso. Mas, é também crucial que estes colectivos se mantenham em contacto permanente com o resto da sociedade; não devem ser ilhas ou «colónias» isoladas. Tem havido, ao longo dos séculos, alguns grupos assim, isolacionistas, mas eles não duram muito, ou porque se desenvolvem tendências autoritárias no seu interior, que deitam a perder o que havia de bom neles ou, porque suscitam hostilidade no entorno, porque não captam a simpatia das pessoas que vivem nas proximidades. 

Creio que existem muitos caminhos para nos desfazermos das opressões, mas é preciso ter em atenção que são necessárias capacidades estratégicas e que estas devem ser partilhadas:

- É necessário compreender bem os mecanismos pelos quais se perpetuam as diversas modalidades de opressão nesta sociedade. 

- É preciso compreender quais os factores críticos para se manter o presente status-quo

- É necessário saber construir estratégias alternativas, que nos permitam satisfazer necessidades básicas; comida, abrigo, protecção. 

- Mas, sobretudo, é preciso uma forte motivação. 

Infelizmente, temo que só haverá tal motivação forte na maioria das pessoas, quando a sociedade entrar em colapso e houver muito perigo no dia-a-dia, pessoalmente e para os nossos familiares e amigos. Uma situação de guerra ou guerra civil, é o que nos vem logo à cabeça e com razão porque, nestas circunstâncias, vem ao de cima o que existe de pior nos humanos... 

As pessoas renunciaram demasiado à liberdade, a favor da ilusão da segurança. As oligarquias no poder sabem como aproveitar o medo e têm usado esse saber - infundindo o medo irracional da morte, por exemplo - para impor a sua lei. Mas o seu desempenho, apesar de triunfar na aparência, está a causar uma ruptura nos fundamentos da civilização, do contrato social implícito. Neste, os humildes, os explorados, todos os que não são beneficiários do poder, são mantidos numa passividade, aparentemente satisfeitos mas, na realidade, por medo de perder o pouco de conforto que conseguiram, senão mesmo a vida. Para pessoas cativas nesta configuração mental, uma posição radical não tem razão de ser: seria fútil e inútil. Quando as pessoas «já não têm mais nada a perder, senão os seus grilhões», segundo a fórmula consagrada, é aí que se mobilizam para encontrar outra forma de vida. 

A escala da destruição do «Great Reset» em andamento mundialmente, já é assustadora, mas ainda não atingiu o grau que a oligarquia mundial pretende. 

Talvez -inadvertidamente - estejam a insuflar os ventos da revolução, mas da verdadeira, não da falsa «revolução verde» e da «rebelião contra a extinção», ou doutras mascaradas, orquestradas por eles, para desviar a energia das massas, das pessoas jovens, que sentem não ter seu lugar dentro desta sociedade. Muitas pessoas, que caem neste logro, rejeitam este capitalismo caduco, predador, anti-ecológico, daí que sejam manipuladas a darem a sua adesão a este beco sem saída da perpetuação do capitalismo sob outras colorações.

                      

PS1: Veja as fotos abaixo nos EUA, centenas ou milhares de pessoas nos seus carros fazem bicha para obterem ajuda alimentar. Esta cena vai tornar-se banal em toda a área do chamado Ocidente, dentro de pouco tempo.


                             Isto aconteceu no passado 16 de Nov.

PS 2: é sintomático o caso do Tribunal Supremo da Áustria, que considerou não-constitucionais as leis e regulamentos passados pelo governo, na sequência da crise do COVID, noticiada a 22 de Julho deste ano. Em toda a media europeia, esta notícia de grande relevância, passou despercebida, como se nada fosse. Estamos perante ditadura não declarada, ao nível europeu. Está-se nos primeiros passos de um estado totalitário.

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PS 3: «O que está em curso é um processo de concentração de riqueza (e de controlo de tecnologias de ponta), sem precedentes na História mundial, pelo qual os potentados financeiros (detentores de créditos no valor de biliões de dólares) se posicionam para se apropriar de bens tangíveis (não financeiros), propriedade de empresas falidas e de Estados.» 

 Prof Michel Chossudovsky citação no seu livro electrónico "The 2020 Worldwide Corona Crisis..."

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PS4: Matthew Ehret diz-nos no artigo seguinte qual a verdadeira face dos globalistas: Nazi Healthcare Revived Across the Five Eyes: Killing Useless Eaters and Biden’s COVID Relief Bill

quarta-feira, 20 de novembro de 2019

QUAL É A PRIMEIRA LIBERDADE?

A resposta à pergunta no título deste artigo é reveladora das convicções profundas, do substrato ideológico, da pessoa que responde:

- Se responde que a primeira liberdade é a da palavra, a de exprimir o seu pensamento livremente, sem receio de ser reprimido ou de ter outras consequências, de algum modo, nefastas para sua vida... tal pessoa será «liberal clássica».

- Se responde que a primeira liberdade é a de poder estabelecer um comércio, uma indústria, um negócio, confiando que o mercado decidirá - em última instância - da sua validade, pois o mercado é constituído por indivíduos que procuram bens e serviços do seu agrado... tal pessoa pode ser designada de «neo-liberal», mas mais apropriado seria «devota do mercado». 

- Se responde que a primeira liberdade é poder viver decentemente do seu trabalho, ter segurança dos seus haveres, da sua própria pessoa, não tendo que recear o desemprego ou escassez por a sociedade estar organizada para satisfazer as necessidades individuais e colectivas, em troca do trabalho de cada um... tal pessoa será «socialista», mesmo sem o saber.

Creio que são muito mais as pessoas «socialistas» sem o saber, do que «liberais clássicas» ou «devotas do mercado». Pelo menos, no dia-a-dia, ao interagir com pessoas de condições e profissões diversas, mesmo de substratos culturais diversos, é mais frequente encontrar pessoas que, espontaneamente, tomam o ponto de vista socialista, no sentido acima apontado, em assuntos concretos da vida.  Se isto tiver confirmação estatística, é um facto muito notável que, onde predomina o capitalismo sob todas as formas, tantas pessoas optem pelo socialismo. 
A possibilidade de mudança duradoira implica que a grande maioria (e não meros 51%) seja favorável a determinado regime, a uma determinada organização social e política. Mas, para isso, será necessário que o socialismo seja pensado e propagado de modos totalmente diferentes pelos seus adeptos.


sábado, 5 de outubro de 2019

ROTEIRO PARA ESCAPAR DA MATRIX/LABIRINTO [parte III]





Nas espécies animais mais próximas da espécie humana do ponto de vista evolutivo, os grandes símios antropóides, a existência de comunidades estruturadas de modo muito idêntico, de geração em geração, reforça a noção de que existe uma determinação genética nos seus modos de se relacionarem e de se estruturarem em sociedade. 

Nos gorilas, a estrutura social é diferente da sociedade dos chimpanzés, e nestes difere grandemente da dos seus «primos», os bonobos. Porém, a distância genética entre eles não é muito elevada. 
Estão todos muito dependentes do grupo para a criação e integração dos infantes e dos jovens. A sociedade está estruturada de modo hierárquico e familiar nos gorilas, hierárquico e supra-familiar ou de família alargada nos chimpanzés, e não-hierárquico,  sexualmente promíscuo, nos bonobos.

A estruturação dos grupos pré-humanos - ou homininos - pode ser inferida pelos vestígios quer da anatomia, quer de restos arqueológicos, permitindo inferir a estrutura dos bandos, a partir de uma série de parâmetros. 
Mas, só podemos ter a certeza sobre os detalhes dos modos de organização social, na nossa espécie - o Homo sapiens - a qual terá cerca de 300 mil anos, segundo as descobertas mais recentes.
A estrutura familiar foi - em muitos casos-  o único nível de complexidade que muitos humanos das épocas mais remotas conheceram. 
Isto não invalida a existência de agrupamentos supra-familiares, como os clãs ou as tribos, mesmo nas etapas anteriores ao «homem anatomicamente moderno». 
Porém, a estruturação das sociedades em conjuntos maiores é típica das épocas pós-paleolíticas: neolítico, calcolítico, bronze, ferro..
Nas sociedades agrárias e pastoris iniciais, já existia uma hierarquia dos géneros, das idades, do poder e da riqueza. 
As relações eram - no entanto - quase «cara a cara», havia um conhecimento directo dos chefes pelos súbditos e vice-versa. A complexidade crescente e o tamanho dos conjuntos humanos, veio trazer uma distância cada vez maior entre os dominantes e seus subordinados. 
Nas sociedades do paleolítico e do início do neolítico, aquele que se impunha pessoalmente como chefe do bando, do clã ou da tribo, seria quase sempre um homem forte e respeitado pela sua coragem e argúcia. 
Nas sociedades agrárias mais tardias, como no Egipto, a casta de sacerdotes dominava o poder, pondo e dispondo de monarcas divinizados. 
Irrompe, nas sociedades humanas, a partir de há cerca de oito mil anos, a religião organizada e de estado, um elemento decisivo de organização da sociedade. Nesta, o exercício do poder estava integrado na ordem cosmológica havendo, portanto, uma vinculação comum a esse poder, como emanado directamente da ordem divina. 
Só num período muito curto e recente a humanidade não esteve submetida a um poder patriarcal, autoritário, fortemente apoiado na religião. 
O restante, foi o período das sociedades pré-históricas (cerca de 300 mil anos), mais o  longuíssimo período superior a 5 milhões de anos, em que os homininos se foram afastando do ancestral comum a estes e aos grandes símios. 
Claramente, isto mostra-nos que os comportamentos sociais têm uma profunda raiz na nossa história propriamente biológica. 
Também as formas de organização das sociedades humanas, ao longo da História e que antecederam a nossa civilização contemporânea, mantiveram, de alguma forma, relação com este fundo comum da espécie.

Para inúmeras gerações, a questão central da vida não era a liberdade do individuo, mas a subsistência. O conseguir alimento suficiente para si e para os filhos, era a preocupação quase exclusiva de inúmeras gerações de homens e mulheres.  
A questão da submissão ao grupo ou gregarismo nasce dessa situação. 
Nunca foi fácil o ser humano ou hominino sobreviver. Nos primeiros milhões de anos, os homininos tinham de contentar-se com o que os grandes carnívoros deixavam das carcaças das prezas mortas por eles. 
Existem muitas indicações de que a humanidade (e as formas que a antecedem) vivia na carência ou no limiar desta, além de que eram muito mais frequentemente presas do que predadores: não faltam evidências disso, desde marcas de dentes de grandes carnívoros nos ossos fossilizados de homininos, até às composições isotópicas dos dentes, que nos dão uma ideia da composição da sua dieta. 
As estimativas da densidade populacional, correlacionadas com a  abundância ou escassez de alimento, mostram uma humanidade no limiar da fome em vastos períodos históricos. 
Tem de compreender-se então o gregarismo como uma tendência forte, no ramo da evolução animal ao qual pertencemos. Forte, no sentido de ter havido muitas forças no entorno dos indivíduos, que favoreceram este comportamento, que até o reforçaram com dispositivos sociais (as castas, as classes, as ordens...) e com uma super-estrutura ideológica (as crenças, os mitos, as religiões, as ideologias...). 
Mas, as coisas são muito mais complexas, pois em simultâneo, surgem forças que se exercem no sentido contrário. Estou a referir-me à  plasticidade do comportamento humano, que alguns assimilam ao «livre arbítrio» mas que - afinal - se pode resumir à capacidade de auto-determinação do indivíduo, em relação ao grupo no qual está inserido. Esta liberdade face ao grupo, obviamente, tem mais oportunidade de se exprimir e desenvolver numa sociedade onde exista uma certa abundância, ou onde os indivíduos não estejam tão constrangidos, tão dependentes do entorno social, para a sua simples subsistência. 

Os ideólogos do individualismo colocaram as liberdades e garantias individuais como direitos inerentes e inalienáveis de todos os humanos, claramente acima de quaisquer direitos de grupos. 

Os direitos humanos foram assim entendidos como coisa absoluta, independente das sociedades. Nalguns filósofos, foram tidos como independentes da contribuição dos indivíduos para as mesmas sociedades.

Porém, pouco tempo depois, desenvolveram-se regimes totalitários, como o nazismo e o bolchevismo, em que o indivíduo era subordinado ao Estado todo-poderoso.  

As guerras e enormes destruições ocorridas conduziram ao Direito Internacional, aos princípios da ONU, à sua Carta e Convenções, aos organismos supra-nacionais. Infelizmente, todo o edifício está fortemente posto em causa pela própria utilização abusiva dos poderes dominantes, que violam impunemente esta legalidade internacional. 

O gregarismo é um mecanismo biológico e não adianta muito contrariá-lo. Mas, deve-se compreender que a manipulação deste gregarismo, que está na nossa biologia, é um dos ingredientes da propaganda ou das «relações públicas». Esta manipulação está integrada no âmago das nossas sociedades, condicionando de forma inevitável praticamente todas as pessoas. 
Através de mecanismos psicológicos infundem a ilusão nas pessoas de uma liberdade no consumo, na política, na religião, etc. Isto consiste, claro, num processo hábil de neutralizar as salvaguardas racionais e a verdadeira autonomia dos indivíduos, sem que estes tomem consciência disso. 
A questão da propaganda (ou «public relations») na sociedade contemporânea será tratada, em pormenor, noutra parte.   



quarta-feira, 16 de agosto de 2017

DESPEDIMENTO DE ENGENHEIRO NA GOOGLE E O POLITICAMENTE CORRETO

A TIRANIA DO POLITICAMENTE CORRETO JÁ CHEGOU LONGE DEMAIS

Porque motivo o caso do despedimento de James Damore - engenheiro na Google-  é tão importante. 

A TIRANIA DO POLITICAMENTE CORRETO é um aspeto muito importante da falta de liberdade de expressão e de opinião, especialmente em certos meios. 
Temos agora o caso de um jovem engenheiro da Google que escreveu um artigo interno, destinado a corrigir aquilo que considerava incorreto: a política de «igualdade de género» da Google, postula - como um dogma - que não existem diferenças entre os sexos. 
Ora, tem muita razão, este jovem engenheiro (um doutorado em engenharia informática que estudou também biologia). 
Não há no seu artigo nada de polémico, ele é mesmo prudente nas suas formulações e apoia-se em dados científicos consensuais (ver acima o link para o artigo).
Então porquê esta perseguição, este «caso»? 
- Eu penso que é sintoma de uma doença de perversão total da democracia nos EUA. 
É sintoma da ausência de verdadeiro debate e de terrorismo totalitário que se instalou há bastante tempo em muitos locais, sobretudo em determinados círculos de poder: as universidades, as mega-corporações. 

Esta situação suscita-me as seguintes reflexões:

Além dos poderes tradicionais dos Estados e das corporações, existem poderes diversos nas sociedades, que podem - em última instância- estar ao serviço do Estado ou Corporações, ou de ambos, mas que dispõem de uma certa autonomia, em termos teóricos, dispõem duma aparente liberdade: estou a falar da media e da academia

São locais onde a discriminação por defender ideias, sejam elas quais forem, tem uma ressonância mais forte. Isto é devido a nos dizerem que a liberdade de pensamento e de expressão, seria a base da sociedade liberal democrática, a base mesmo da nossa civilização. 

Foi-nos inculcado o mito de que académicos e jornalistas seriam pessoas totalmente livres de exprimir a sua opinião, mesmo quando em contradição com as correntes predominantes. 

Na verdade, é exatamente o contrário que se passa! 
Os académicos e os jornalistas, só conseguem adquirir e reforçar a sua posição dentro das instituições e nos respetivos meios sociais se forem praticamente submissos ao status quo, sendo apenas tolerada uma «extravagância», mas nunca algo que possa ser um verdadeiro desvio ao sacro-santo «consenso»... 

Isto é, sem dúvida, um ambiente totalitário, bem semelhante aos períodos do totalitarismo Estalinista, nos países da órbita soviética, e também na época da «Revolução Cultural» na China de Mao.  

Tudo isto está relacionado com a política e a «cultura» identitária: segundo esta, as pessoas definem-se pelas «identidades»... de género, de orientação sexual, de «raça», de cultura, etc... Este modo de ver as pessoas é completamente estereotipado, dogmático, mas são justamente os portadores destes estereótipos e dogmas que detêm o poder em muitas instituições importantes. 
Como uma polícia religiosa, como uma Inquisição, lançam anátemas, ostracizam, perseguem e vão ao ponto de excluir do emprego alguém com uma visão de uma profundidade muito maior e mais científica que eles. 

Este jovem engenheiro só cometeu um erro: não tinha compreendido que eles não estavam interessados na verdade, mas apenas na obediência a um dogma (absurdo) da «igualdade de género». 
Ainda bem que ele veio cá para fora  e explicou o que se passou; assim sabemosqual o tipo de sociedade que a Google e os polícias do espírito (= politicamente correto!) promovem!