A IIIª Guerra Mundial tem sido, desde o início, guerra híbrida e assimétrica, com componentes económicas, de subversão, desestabilização e lavagens ao cérebro, além das operações propriamente militares. Este cenário era bem visível, desde a guerra na Síria para derrubar Assad, ou mesmo, antes disso.
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sexta-feira, 30 de março de 2018

A GUERRA DE PROPAGANDA ANTECEDE A GUERRA A QUENTE

                   
                   o efeito da propaganda

Manter-se teimosamente em estado de denegação, recusar olhar o mundo tal como ele é, consiste na mais infantil e mais perigosa reacção a uma situação de perigo iminente:
Desde o Irão, hoje... até à propaganda anti-Rússia, construída peça por peça, como se pode comprovar no excelente artigo de «The Moon of Alabama»... Mas, passa também pelo miserável conluio da «democratíssima» UE, da «exemplar» Alemanha de Merkel, que pretende entregar Puigdemont  à vingança do governo e dos tribunais políticos espanhóis (que mantêm presos políticos catalães). Julian Assange foi silenciado por causa desta situação, pelo governo do Equador... pressionado por governos mais poderosos. 

                     A marcha pelo retorno, que mobiliza palestinianos durante 6 dias

Dá-me a impressão (oxalá me engane, mas temo que seja bem real) que as elites que dominam as corporações gigantes e governos do «Ocidente» estão à procura de casus belli, ou seja, daqueles pretextos, fabricados em geral, que permitem uma nação declarar-se «vítima» de agressão de outra, justificando assim um ataque «em resposta» a tal suposta agressão.

A indiferença da cidadania é a força dos poderosos: quem se recusa participar na urgente campanha pela paz, pela liberdade dos povos, pela não ingerência... está simplesmente a virar a cara.

sexta-feira, 26 de janeiro de 2018

[OBRAS DE MANUEL BANET] «DOZE RONDEIS PELA PAZ» (1982) E UMA PRECE DE PAZ*


Nunca estivemos tão perto do holocausto nuclear, segundo associação de cientistas

Doze rondeis pela paz



I.

Dos quatro cantos do mundo
Clamam as vozes potentes
Dos donos impacientes

Estes tiranos, no fundo
Só querem de suas gentes
Despedaçar num segundo,
As vidas dos inocentes
Dos quatro cantos do mundo
Clamam as vozes potentes...

Mas o sentido profundo
Da paz arrasta torrentes
Que romperão as correntes
Do cativeiro imundo
Dos quatro cantos do mundo
Clamam as vozes potentes
Dos povos impacientes


II.

Na guerra os vencedores
Julgarão que os vencidos
Ficaram desfalecidos
Depois de tantos rigores

Mas estes nunca esquecem
Nas desgraças da derrota
A chaga de que padecem
De onde o sangue brota
E não haverá valores
Que valham ser merecidos
Podem ficar convencidos
Pois sofrem as mesmas dores
Na guerra os vencedores

III.

Já bastam nossos tormentos
Já nos ferem tais cadeias
Que mordendo nossas veias
Nos provocam sofrimentos

Para quê os monumentos
Às guerreiras epopeias?
Já bastam nossos tormentos
Já nos ferem nossas cadeias

Destroem tudo em momentos
Nossas vilas e aldeias
As selvagens alcateias
Dos ferozes regimentos
Já bastam nossos tormentos!

IV.

De que serve termos vindo
Todos do ventre duma mãe
E nos procriarmos também
Se logo dermos por findo
Nosso viver, destruindo
Esse tão precioso bem
-          A paz?

Da lei natural fugindo
Com que direito um homem
Abusa do poder que tem
E estrangula sorrindo
-          A paz ?!

V.
Os mártires de Hiroxima
Seus fantasmas, estão alerta,
Planam na cidade deserta

Não há nada que os suprima
Cada ogiva encoberta,
Cada míssil visto de cima
É arma logo descoberta
Os mártires de Hiroxima
Seus fantasmas, estão alerta

Não há força que se exprima
De forma mais dura, mais certa
Sua alma sempre desperta
Merece a nossa estima
Os mártires de Hiroxima
Seus fantasmas, estão alerta
Planam sobre a cidade deserta

VI.

Armas de plástico perfeitas
Imitações das verdadeiras:
E assim já nas brincadeiras
Se aprende como são feitas

Nos programas de televisão
Violência por rotina:
Dando já ao moço a visão
Da arte a que se destina

Sociedade que enfeitas
Os teus berços com caveiras
Ficarás, mesmo que não queiras,
Com as tuas crias desfeitas
Por armas de aço perfeitas

VII..

Desde sempre há memória
De cobiça vã pelo poder
De lutas, de imenso sofrer
Sem proveito e sem glória

Como reza a História
É costume ouvirmos dizer
Desde sempre há memória
De cobiça vã pelo poder

Quem consegue a vitória
Não são os pobres, podemos crer,
Mas a Justiça há de vencer
Paz não será ilusória
Bem de que não há memória.

VIII.

Neste século já vivemos
Duas grandes guerras mundiais
Inúmeros conflitos locais
Milhões de mortos e enfermos;
Afinal de que valeu termos
Ido em voos espaciais
À Lua!?
Não há nesta Terra animais
Tão cruéis ; e é por nós sermos
Tais ... que apenas herdaremos
Áreas desérticas iguais
À Lua!



IX.

Indochina, Egipto, Coreia,
Guatemala, Cuba, El Salvador
Passos na escalada do horror

Congo, Rodésia, Eritréia
Sempre novos cenários de dor
Terceira guerra na Galileia
Da bomba atómica o pavor

A morte violenta campeia
Na Argentina e no Equador
O Brasil vive a lei do terror,

Na Irlanda, nação europeia,
Indochina, Egipto, Coreia,
Guatemala, Cuba, El Salvador
Passos na escalada do horror.

 X.

Enquanto se enchem os arsenais
Morrem as pessoas aos milhares
Com fome e sem que seus olhares
Demovam os ricos dos bacanais

Em que esbanjam despudorados
Os mil produtos da exploração
E que foram pela escravidão
Com enormes lucros arrancados

Estas imagens tornam-se banais
De tanto as vermos aos jantares
Em família nos nossos lares
Enquanto se encham os arsenais


XI.

Vem... A paz no mundo é urgente
Vem connosco. Dá-nos as tuas mãos
Nesta ronda somos todos irmãos
Sejas do Leste, do Ocidente

Norte ou Sul, é indiferente
Rejeitemos os preconceitos vãos
Vem, a paz no mundo é urgente
Vem connosco, dá-nos as tuas mãos

Vai-se erguendo um rôr de gente
Contra a guerra que torna órfãos
Os filhos e inválidos os sãos
Vem, a paz no mundo é URGENTE!

XII.

Os impérios vão desaparecer
Como de Roma ou o da China;
Há de fraquejar quem nos domina
E há de se curar quem padecer.
Para tal lutamos sem esmorecer
Contra essa fera assassina
- A guerra!

Por fim teremos direito de ver
A recompensa que nos destina
Naturalmente a nossa sina
De humanos e felizes viver
- Sem guerra!

(1982)




UMA PRECE DE PAZ *

Aos de coração sincero dirijo uma prece. Sois vós que tendes o dever e responsabilidade de realizar a urgente tarefa da Paz.
Ela constrói-se no dia a dia, está dentro de nós, no mais profundo recanto dos nossos corações. Ela existe em todos os seres, pois ela se equaciona com a vida. Ela não agride, não viola, não invade, mas está em intercâmbio criativo com o outro, escuta a sua canção, a sua música, aprecia a sua arte.




É isto que vós sabeis fazer no dia a dia; é isto que vos ensinou a natureza (e a cultura, a civilização, a religião...)
Então, porque virais a cara em relação à rude e árdua tarefa (indispensável tarefa!) de «por na ordem», de «chamar à ordem» os dirigentes dementes e demagogos que, aqui e acolá, a norte, sul, leste ou oeste, se «divertem», atiçando ventos da discórdia? Porque razão não sentis como vossa, a responsabilidade evitar que mais destruição, miséria, catástrofes venham ao mundo?
 - Serão fatalidades da natureza como um terramoto, o que estou falando? 
- Não... 
Claro que a guerra e o conflito são coisas de humanos. Se são de humanos devem os humanos remediar, ou curar. 

- Está nos «genes»? 
- Mas que enorme disparate! A pseudo ciência de «darwinismo social» deveria ser vista por todos como aquilo que é: uma desculpa esfarrapada para a cruel barbárie do domínio, da guerra e de todos os ídolos guerreiros!

Não se pode continuar a ter medo e a fingir que «está tudo normal» vamos acordar para a real situação que estão vivendo os povos, sob a batuta de poderes imperiais e seus vassalos...

Não vos direi o que deveis pensar, nem fazer, no concreto: apenas vos digo que sois tão responsáveis pelos actos dos vossos dirigentes, políticos, governantes, etc., como eles próprios.

....

*Quem tiver dúvidas sobre a gravidade da situação, é favor ver a seguinte notícia:

http://www.sciencemag.org/news/2018/01/scientists-doomsday-clock-heralds-world-s-darkest-hour?utm_campaign=news_daily_2018-01-25&et_rid=377420373&et_cid=1812121




domingo, 10 de dezembro de 2017

JERUSALÉM TEM DE SER PROMESSA DE PAZ UNIVERSAL, NÃO DE GUERRAS DE RELIGIÕES OU «RAÇAS»

JERUSALÉM - CONCERTO DE JORDI SAVALL EM 2011 



As três grandes religiões monoteístas, no Ocidente, produziram um caldo de cultura que é, hoje, a Europa, juntamente com a herança grega. Foi essa cultura que se disseminou por toda a bacia mediterrânea, durante séculos. Nem sempre foram relações fáceis, mas esquecemos que - nos intervalos das cruzadas, conquistas e guerras de religião diversas - houve períodos de cruzamento genético, cultural, civilizacional. 
É isso que faz com que  esta zona do Mundo seja tão especial.

O Estatuto de Jerusalém está estabelecido desde 1950, pela ONU, como Cidade Santa, de facto não pertença de um Estado, embora esteja situada no território de Israel-Palestina. É a Jerusalém celeste e terrestre. 

O facto de Israel pretender transferir a sua capital para Jerusalém é visto em TODO o mundo como uma violação ostensiva do frágil equilíbrio e de querer acabar com uma luz de esperança que ainda luzia no olhar das gentes dessa região e da «diáspora» palestiniana. 

A intenção proclamada de transferir a embaixada dos EUA junto de Israel, para Jerusalém e a declaração reconhecendo esta cidade como capital do Estado de Israel, vem contrariar toda a tradição diplomática dos EUA como mediador «neutral» no pós-Segunda Guerra Mundial. 

O que fez o seu presidente, Donald Trump, explica-se segundo Paul Craig Roberts, pela política interna dos EUA. Trump, assediado com casos fabricados contra ele para o controlar, como o «Russiagate» e outros escândalos fabricados, decidiu jogar a carta do apoio incondicional ao Estado de Israel, assim tendo a seu  lado o poderoso lóbi pró-sionista, o qual inclui não apenas a AIPAC (uma poderosa associação de amizade com Israel), como também Igrejas Evangélicas (não todas, apenas uma parte), que sonham com uma unificação da religião Judaica com a Cristã, no fim dos tempos, que - segundo eles - está próximo. São estes lóbis que - nos EUA - decidem da eleição ou não de deputados, senadores e presidentes...

Porém, o problema é simples de enunciar, embora muito complexo na sua resolução:

- Aquando da Declaração Balfour (1917) criou-se uma situação explosiva, pois se sobrepôs uma legitimidade «histórica» a outra, aliás não menos histórica, decorrente dos séculos de ocupação otomana. O Mundo estava um caos, mergulhado na 1ª Guerra Mundial; as pessoas não deram importância ou apenas viram um lado do problema.

- Actualmente, isto resultou (em 1947) num Estado - Israel - cujas leis e princípios constitucionais discriminam com base na religião e na etnia. Isto está em contradição com os princípios proclamados da ONU, da qual este Estado é membro (situação criada pelo Conselho de Segurança da ONU dessa época, que incluia a URSS).

- Os espoliados e sobreviventes dos diversos episódios sangrentos desde a independência de Israel não podem aceitar as promessas não cumpridas. 
São levados a cometer - por vezes - actos de desespero, vendo que a injustiça de que são vítimas não suscita mais do que «lágrimas de crocodilo» dos EUA, dos ex-poderes coloniais na região (França e Inglaterra; veja-se o acordo secreto Sykes-Picot) e das diplomacias mundiais.

- A paz na zona precisa do contributo das três grandes religiões monoteístas, entendidas enquanto diversas formas de prestar culto a Deus. 
Estas têm de ser a inspiração dos poderes seculares, evitando a exaltação de «razões» religiosas, étnicas, históricas, ou outras, para continuar a manter reféns, numa guerra sem fim, tanto os povos de Israel-Palestina, como de todo o Médio Oriente. 

Só quando houver uma paz verdadeira e justa em Jerusalém, o resto do Mundo poderá ter também condições para viver em paz.


sábado, 11 de novembro de 2017

HÁ 99 ANOS TERMINOU A PRIMEIRA GRANDE CARNIFICINA MUNDIAL

                             
                

A Grande Carnificina, com que o século vinte começou, foi a primeira guerra imperialista mundial. 
Envolveu muitos milhões de soldados, de muitos países, os quais foram mortos aos milhões nas trincheiras ou feridos, gazeados, para sempre afetados. 
Os civis foram também vítimas; além dos bombardeamentos, também houve fomes, miséria em muitos locais, mesmo longe do teatro da guerra. A gripe, em 1918 e no ano seguinte, matou mais pessoas (a grande maioria, civis) que os mortos diretos da guerra. 
A Europa, em particular, ficou de rastos, com muita da sua população mais jovem morta ou estropiada, a sua infraestrutura industrial parcialmente destruída, a economia depauperada. 
Muitos soldados, sentindo-se traídos pelos políticos tradicionais, aderiram a movimentos de extrema-direita, que se apresentavam como «revolucionários»: nasceu o fascismo, o Hitlerismo...

Da primeira guerra mundial, o único episódio que gosto de recordar é o da confraternização entre homens de exércitos inimigos. 
Foi o caso, não único, de soldados britânicos e alemães aquando do natal de 1914, em que tiveram a ousadia de abandonar as suas linhas e mostrarem sentimentos humanos, jogarem à bola, abraçarem-se e desejarem que a guerra terminasse depressa.

Os militaristas de todas as Nações vencedoras tentam transformar esta efeméride do armistício que pôs fim à Primeira Guerra Mundial, numa glorificação das forças armadas e das «virtudes» militares. 

Eu penso que o fim da Primeira e da Segunda Guerra Mundiais foram ocasião de grandes ilusões. Muitos, ingenuamente, pensaram que toda a gente estava farta de sofrer e que mais ninguém iria provocar guerras. 
Enganaram-se nessa altura e enganam-se agora os que assim pensam. 
Pois as oligarquias que, abertamente ou não, comandam os destinos dos diversos países, têm como objetivo guardar o poder, a qualquer custo. 
Não hesitarão em lançar nova guerra mundial, se assim virem que precisam disso para salvaguardar o seu poder. 

Há vários grupos interessados em que haja guerra, em vários países do globo. 
Mas, sendo os EUA a maior potência bélica do planeta (o seu orçamento da «defesa» equivale a mais do que as despesas dos cinco países seguintes, combinados) é particularmente angustiante verificar que o «partido da guerra» consegue congregar uma parte importante dos Democratas e Republicanos. 
A esta deriva belicista não são estranhos os Neo-cons e lobís do armamento, que estão constantemente a empurrar o governo dos EUA para guerras, as quais têm causado imenso sofrimento e tornam muito mais provável a deflagração de um conflito global. 

Gostava que este dia 11 de Novembro servisse para uma reflexão séria e profunda sobre as origens das guerras, de ontem e de hoje; sobre os meios para as prevenir; sobre os passos concretos a dar para terminar os conflitos em curso. 
Só assim seriam dignamente recordados os milhões de caídos das guerras! 


quinta-feira, 20 de julho de 2017

CAMINHOS DE PAZ NA PENÍNSULA COREANA

         

Pode-se ter uma opinião muito negativa sobre a dinastia vermelha que reina em Pyongyang. A media ocidental gosta de retratar o líder da Coreia do Norte com roupagens de extravagante e cruel déspota. Tudo o que fazem é reforçar preconceitos, como o de que o «comunismo» necessariamente conduz a monstruosidades como esta, ou ainda que a «raça amarela» é fanática e tem uma obediência cega ao líder carismático. 

Mas, interessará discutir numa base moral ou racial os regimes e as suas políticas? Não seria mais produtivo e inteligente fazer-se uma avaliação pragmática das políticas internas e externas dos diversos países? 

Com efeito, a estratégia da Coreia do Norte, no que toca à sua defesa, é tudo menos estúpida
É uma estratégia destinada a meter medo aos EUA, o país que nos anos da guerra da Coreia, ameaçou o Norte com o lançamento de uma bomba nuclear, que efectuou sistemático «carpet bombing» contra áreas industriais e aldeias na Coreia do Norte, crime de guerra na escala do genocídio. 
Evidentemente, isso não é ensinado nas escolas ou difundido na media de nenhum país ocidental, nem tãopouco nas escolas e media da Coreia do Sul. 
Os seus episódios dramáticos estão presentes na memória do povo da Coreia do Norte. 

Nós sabemos que o Iraque não tinha «armas de destruíção maciça» e o Pentágono e a CIA também sabiam o mesmo; porém houve uma campanha de provocações, culminando com uma cena teatral de Colin Powell na ONU, agitando um frasquinho como «prova» de que os iraquianos tinham armas de destruíção maciça e que se tinha de derrubar o ditador. 
O mesmo se passou em 2014, quando fizeram crer que um ataque usando armas químicas contra civis, da autoria dos terroristas islamitas que combatiam Assad, tinha sido obra do regime sírio. O que evitou uma invasão pelo «virtuoso» polícia mundial e seus vassalos, foi - por um lado - a Câmara dos Comuns britânica ter negado ao primeiro ministro Cameron o apoio à guerra na Síria, com o «Grande Irmão» americano, e - por outro lado - a proposta russa de desactivar e retirar todas as armas químicas na posse do regime sírio, proposta essa que foi aprovada e implementada pela ONU. 
Podemos ver pelos exemplos acima que os EUA atacam, bombardeiam, invadem, quando têm a certeza que o outro país está incapaz de se defender, de realizar um contra-ataque devastador. 

Como dissuasor de tais ataques, o programa  norte-coreano de desenvolvimento de mísseis balísticos intercontinentais e de bombas nucleares faz todo o sentido. 
O regime da Coreia do Norte não poderia aguentar-se face às ameaças permanentes da maior potência militar que jamais existiu no Planeta, sem uma forma ou outra de retaliação, suficiente para deter o ímpeto dos neocons, com suas delirantes doutrinas de hegemonia planetária. Estes têm dominado a política externa de Washington, desde de Bill Clinton, até hoje.  

Outro dado do problema, a política de mais de seis décadas (!) na região manteve sempre o status quo entre as duas Coreias, por uma simples razão: durante o período da guerra fria, de 1954-91, e depois, mantiveram-se e consolidaram-se dois regimes totalmente opostos, em termos de valores, de política, de economia, de alianças, de modos de vida e de cultura, na península da Coreia
A unificação da Coreia parece apenas um objectivo longínquo, que os dirigentes costumam introduzir nos seus discursos, para ir ao encontro dos sentimentos das massas, as quais têm parentes ou amigos de um e outro lado da linha de demarcação que faz as vezes de fronteira entre as duas Coreias. Mas, do ponto de vista das potências externas esta situação de «nem paz, nem guerra» permitiu que elas se imiscuíssem nos assuntos da península coreana. 
Nomeadamente, os EUA mantiveram - desde o tempo da guerra da Coreia até hoje - um exército de 35 mil homens, pelo menos, além de um número elevado de civis que dão apoio a bases militares americanas na Coreia do Sul. 
Esta situação não poderia continuar se os dois regimes se entendessem, se baixarem as ameaças de parte a parte, se houvesse um tratado de paz, passados 63 anos sobre o fim da guerra da Coreia. Este tem sido repetidas vezes proposto por parte da Coreia do Norte e persistentemente negado do lado americano, sob os mais diversos pretextos.  
Os mísseis THAAD, supostamente defensivos, são - na verdade - ofensivos. Com efeito, a decisão de serem disparados como retaliação contra o inimigo do Norte, ou em «prevenção» contra uma (suposta) ameaça, está inteiramente nas mãos dos americanos. 
O novo presidente da Coreia, Moon Jae-in, teve um primeiro amargo de boca diplomático e militar, pouco depois de ter assumido a presidência, ao verificar que o número e localização desses sistemas de mísseis lhe tinham sido ocultados e que se preparavam para instalar ainda mais sistemas sem o seu conhecimento, sem a prévia autorização do chefe de Estado da Coreia do Sul.
Neste contexto, o duo Rússia-China tem feito esforços para apaziguar, para levar os lados a sentarem-se à mesa de negociações. 

Contrariando a rígida política de «guerra fria», a Presidente destituída Park Geun-hye, apesar do seu conservadorismo, continuou e aprofundou as boas relações com a China. 
As relações económicas e comerciais desenvolveram-se: muitos produtos industriais coreanos são hoje fabricados na China e há um constante afluxo de turistas chineses à Coreia do Sul. 

A política sul-coreana em relação ao regime do norte foi, em momentos recentes da História, pautada por realismo e por um desejo de aproximação passo a passo: isso traduziu-se pela abertura de centros de manufatura industrial sul coreanos, em território da Coreia do Norte. 
Kim Dae-jung, o presidente que protagonizou essa política, recebeu o prémio Nobel da paz, mas o seu partido não conseguiu manter-se no poder e entretanto, com a «guerra contra o terror» decretada por George W. Bush, houve um re-alinhamento mais estricto da política externa coreana com as posições americanas.

Durante os dois mandatos de Obama, tanto em relação ao Irão como à Coreia do Norte,  a política de sanções e a ameaça do uso da força têm levado ao fechamento (previsível) e à consolidação (previsível) destes regimes em face da ameaça externa. 
A guerra económica é uma forma de guerra e não menos cruel do que as guerras «quentes»; lembremos que Madeleine Albright (secretária de Estado de Bill Clinton) declarou que as sanções contra o Iraque «tinham valido a pena», apesar da entrevistadora lhe ter lembrado as cerca de 500 000 mortes de crianças iraquianas provocadas pelas mesmas. 

Analogamente, as fomes de que se fala em relação à Coreia do Norte, não terão a ver, tanto com a incompetência ou insensibilidade dum regime ditatorial em relação à sua própria população, mas antes com as severas sanções económicas que o «Ocidente», sob a batuta dos EUA, impõe a este país. 

Agora - apesar duma adminstração Trump incapaz de se libertar da chantagem e sabotagem dos «neocons», que continuam a dominar o «Estado profundo» - surgiu uma  nova possibilidade de abertura, com o novo presidente Sul-coreano propondo conversações directas  Norte - Sul, ao nível de chefias militares e da Cruz Vermelha. 
Isto seria uma boa base para diminuir as tensões e riscos de uma guerra se desencadear devido a um simples erro humano, como tem hipóteses de acontecer nos cenários onde existem armas sofisticadas, programadas para automaticamente detetar e reagir a quaisquer invasões inimigas do espaço aéreo.

               Foto de Ann Wright.

Na guerra fria Nº1 houve várias circunstâncias em que se esteve próximo de se desencadear uma guerra EUA- URSS por engano. Lembro-me do exemplo de um bando de gansos selvagens ter sido captado nos radares de um dos lados e tomado por uma esquadrilha de aviões invasora ...

Igualmente prometedora é a linha de comboio trans-coreana, que permitirá o transporte de produtos da Coreia do Sul por via terrestre, via Sibéria, para a Europa: esta será um importante troço do gigantesco projecto One Belt One Road, levado a cabo pela China, Rússia e pelos países seus aliados.
Os interesses económicos partilhados, a estratégia «win-win», são o meio mais seguro de garantir que se preserva a paz. 



Uma potência mundial em ascenção, a China, tem esta postura. Outra, em decadência acelerada, os EUA, agarra-se à política do «pau e da cenoura». 
- Como evoluirão a curto-médio prazo? 
Não sei, mas vendo os conflitos e guerras presentes e o potencial de destruição das grandes potências, parece-me que nunca foi tão necessário evitar a guerra, consolidar a paz.

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017

RONDEL PELA PAZ (*)

Vem... A paz no mundo é urgente
Vem connosco. Dá-nos as tuas mãos
Nesta ronda somos todos irmãos
Sejas do Leste, do ocidente

Norte ou Sul, é indiferente
Rejeitemos os preconceitos vãos
Vem, a paz no mundo é urgente
Vem connosco, dá-nos as tuas mãos

Vai-se erguendo um ror de gente
Contra a guerra que torna órfãos
Os filhos e inválidos os sãos

Vem, a paz no mundo é URGENTE!


(* do ciclo de poemas inéditos de 1982: «Doze Rondéis pela Paz»)

quinta-feira, 16 de junho de 2016

A NATO INICIOU O CERCO À RÚSSIA*


COMO É QUE A NATO/OTAN se transformou num FACTOR DE DESESTABILIZAÇÃO DE AMEAÇA GLOBAL PARA A PAZ? GERALMENTE FALANDO, OS HIERARCAS DA NATO
 SEGUEM A LÓGICA DE «SE QUERES A PAZ, PREPARA A GUERRA»

Porém

 A GUERRA TORNA-SE MUITO MAIS PROVÁVEL, SENÃO MESMO INEVITÁVEL, SE A PREPARAS. ISTO JÁ TINHA SIDO COMPREENDIDO POR REAGAN E GORBATCHOV E POR MUITOS OUTROS DIRIGENTES MUNDIAIS. 

O imperialismo arrasta um continente inteiro na senda da desestabilização. Temos de ter sistemas de alerta, de desativação das «bombas-relógio» que, propositadamente ou não, andam a semear…
O documento abaixo* pode ajudar as pessoas genuinamente interessadas em compreender o mundo geopolítico de hoje.


É um ponto de vista apenas, eu sei, mas tem a qualidade de fornecer o quadro geral que permite compreender os grandes desafios, que ajuda a compreender como é que os poderes se posicionam neste perigoso jogo de xadrez, do poder, da guerra e da paz, do domínio mundial dos recursos e pelo controlo dos mercados.