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quinta-feira, 22 de maio de 2025

O MAIOR CRIME CONTRA A HUMANIDADE

 



É bastante preocupante o processo psicológico que leva grande número (não sei as percentagens) de cidadãos de Israel a desprezar a vida humana, quando se trata de palestinianos, fazendo afirmações públicas (na televisão, em sites do YouTube, em jornais, etc) de uma enorme brutalidade e indiferença, face ao sofrimento de um povo, especialmente exibindo total indiferença ao sofrimento e morte de milhares de crianças, em Gaza e noutros  pontos da Palestina. Quando vimos estas manifestações de racismo descarado, ficámos incrédulos no primeiro instante, para depois nos convencermos, dadas as abundantes provas - fornecidas pelos próprios - de ódio visceral em relação aos palestinianos e, em especial, à resistência palestiniana e ao Hamas. 

Creio que estamos perante uma forma de racismo supremacista, do mesmo tipo da que ocorria na Alemanha Nazi, mas com a agravante de - no caso de Israel - haver conivência internacional com o genocídio em curso. 
É como se a comunidade internacional, através dos governos e representantes por eles nomeados (embaixadores, altos funcionários,  altas patentes militares...) tivesse assim decretado que o Estado de Israel beneficiava duma (inexistente) "cláusula de exceção", no que toca à «solução final» para o «problema palestiniano», podendo impunemente cometer os crimes contra a humanidade que são o genocídio, a deportação em massa, a limpeza étnica e um sem número de atrocidades cometidas contra civis indefesos. 
Sabemos que existem cidadãos judeus que não podem ser identificados com o sionismo, que repudiam a utilização da sua religião e etnia para fins contrários à dignidade humana e aos valores espirituais e morais das religiões (incluindo a Judaica). Mas, estes cidadãos do Estado de Israel estão duplamente isolados: a sua pertença a Israel, faz com que sejam considerados «traidores», por israelitas sionistas e «do campo dos opressores» por certos palestinianos.
Os Estados membros da ONU têm uma responsabilidade grande, sobretudo os que têm assento no Conselho de Segurança, por se negarem a exercer a máxima pressão legal possível, para obrigar o governo de Netanyahu a acabar com o cerco cruel e desumano, em que o número de camiões de ajuda humanitária autorizados é demasiado escasso intencionalmente e sujeito a nova interrupção pelo governo criminoso de Netanyahu.
É uma inércia internacional que não tem nada de natural, pois, apesar do «blackout» informativo da média corporativa, não é possível ignorar o que se tem estado a passar na Faixa de Gaza. Mais de dois milhões de civis são sujeitos a bombardeamentos, ocupação militar, cerco e corte de víveres, destruição de todas as infraestruturas como reservatórios de água, estradas, edifícios públicos, bairros inteiros, hospitais, escolas, etc. Note-se que esta destruição é dirigida especificamente contra a população civil. Este facto é perfeitamente conhecido de todas as chancelarias do mundo. 
Se um governo doutro país cometesse um décimo ou vigésimo dos crimes que as tropas de Israel cometem (sob o comando dos seus generais), este país já estaria sujeito às sanções mais severas, não apenas a «apelos» para poupar os civis. Em condições desta gravidade, noutro ponto do mundo, medidas concretas seriam tomadas por todos os governos, tais como a proibição de fornecimento de armas, o isolamento diplomático, e outras medidas. Deviam ser ativados os procedimentos do Tribunal de Justiça Internacional, para que rapidamente houvesse uma sentença em relação ao governo genocida. 
Tudo aquilo que não foi feito e que deveria ser feito, recai - em última instância - sobre os responsáveis políticos dos países representados na ONU e suas agências. 
O sistema da ONU, onde alguns países têm o privilégio de veto no Conselho de Segurança (membros permanentes), permite que, neste caso concreto, graças ao veto sistemático dos EUA, não sejam aplicadas sanções justas e necessárias para poupar dezenas ou centenas de milhares de vidas humanas. 
Não é a primeira vez que isto ocorre, tanto em relação a Israel e EUA, como noutras situações. A ONU não pode fazer valer a sua legalidade, nem aplicar a sua jurisprudência nas situações de gravidade extrema, se houver um bloqueio sistemático e ilegítimo das suas resoluções. 
Se o fim do sofrimento do povo palestiniano não é colocado em primeira prioridade, não só pela ONU, como pelos governos e as agências humanitárias internacionais, estão a mostrar conivência, portanto, uma parte de culpabilidade, pois tinham os meios e obrigação moral e jurídica de impedir a continuação do genocídio em Gaza, que se arrasta há cerca de 1 ano e 9 meses.
Não admira que o poder atual de Washington não se preocupe com o respeito pelas decisões da ONU, visto que é formado a partir da facção MAGA do partido republicano, anti-globalista e nacionalista. Além disso, Trump tem boas relações pessoais com Netanyahu e com dirigentes sionistas. Mas, perante a monstruosidade do comportamento das autoridades israelitas e perante o sofrimento do povo palestiniano, os governos das outras nações deveriam (apesar dos vetos dos EUA) tudo fazer para inverter a situação.
Como este crime vai provavelmente ficar impune, dada a correlação de forças mundial, isso dará alento às forças mais retrógradas em todos os países, para agirem apenas de acordo com os seus interesses. Quando estiverem no poder não se sentirão obrigadas a respeitar minorias, sejam elas políticas, étnicas ou religiosas. A frágil construção de uma legalidade internacional, está a sofrer um enorme abalo. 
Se não houver uma tomada de consciência e uma mudança de rumo, também as legalidades constitucionais dos Estados poderão ser liquidadas, pelas punhaladas de alguns e pela ausência de reação de muitos outros.

Quando escrevia - há vários anos atrás - que estávamos a entrar numa nova «Era das Trevas», não imaginava que os acontecimentos internacionais viessem tão cedo  confirmar a minha previsão. Mas, infelizmente, é o que temos diante dos olhos.

PS1: De todos os governos da U.E., que «acordaram» agora, em relação ao genocídio e aos planos de «limpeza étnica» de Netanyahu a respeito de Gaza, apenas o governo de Sanchez, em Espanha, tomou a iniciativa de proibir qualquer exportação de armas para Israel e de apelar para que os outros membros de U.E. tudo façam para pôr termo ao genocídio em Gaza.

sexta-feira, 17 de novembro de 2023

ONU VOTA CONTRA OCUPAÇÕES ILEGAIS DE ISRAEL NA PALESTINA




Uma série de resoluções, num único dia, mostram a real imagem da comunidade internacional e quem está a bloquear a lei internacional e o direito humanitário: Os EUA ficaram isolados (só com os votos de Israel e de 4 neocolónias dos EUA, no Pacífico), de novo, em votações importantes na Assembleia Geral da ONU.
 

domingo, 29 de outubro de 2023

EUA votam na ONU contra cessar-fogo em Gaza, contra a vasta maioria dos países


O vídeo de Ben Norton (Geopolitical Economy Report) explica as relações de vários países e as razões porque votaram duma maneira ou doutra. 

O essencial, é que o direito humanitário está completamente posto em causa, o que mostra a decadência dos EUA e dos países que estão na sua órbita.

Como tenho vindo a sublinhar, a agressividade acrescida dos EUA e da Europa Ocidental são a marca do desespero, de saberem que nada - perante esta situação económica e financeira - poderão fazer. Com efeito, puseram-se a si próprios dentro de uma armadilha, da qual não têm saída possível: A impressão monetária sem limites, para custear despesas militares e manter os lucros da casta bilionária, tem um preço. A  desvalorização acelerada das divisas desses países é o corolário do crescimento exponencial da dívida. 

Perante este cenário, os governantes provocam ou intensificam conflitos, na esperança de que a guerra distraia o povo das faltas cometidas por eles.


PS1: Uma análise da estratégia dos sionistas/neocons que, de tão precisa e rigorosa, me deu frio na espinha:

https://informationclearinghouse.blog/2023/10/30/nakba-2-0-revives-the-neocon-wars/

segunda-feira, 14 de outubro de 2019

A AGENDA DÚPLICE ASSUMIDA PELA ONU E PELA NATO



Para os não atentos, as Nações Unidas (ONU) e a Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO) desempenham papeis diferentes na arena internacional. Porém, ambas as organizações têm um objectivo comum – a promoção da intervenção estrangeira. Enquanto a ONU promove a fachada humanitária, a NATO fornece a militarização da proclamada agenda de direitos humanos da ONU.

A participação da NATO na 74ª sessão da Assembleia Geral da ONU em Setembro, proporcionou uma visão panorâmica da presente colaboração da organização com a ONU. Jens Stoltelberg, o secretário-geral da NATO, mencionou a colaboração das organizações como uma “junção de forças para apoiar o Afeganistão e o Iraque”.
Desde a década de 1990, a cooperação entre a ONU e a NATO tem sido baseada num quadro que incluía a tomada de decisões e estratégia sobre “gestão de crises e na luta contra o terrorismo.” Em 2001, o presidente dos EUA, George W. Bush, lançou a sua ‘Guerra ao Terror’ que se veio finalmente a alargar, deixando o Médio Oriente e Norte de África em estado de permanente desestabilização/agitação, tendo sido este estado designado pelo eufemismo da(s) dita(s) Primavera(s) Árabe(s).

Embora as invasões do Afeganistão em 2001 e do Iraque em 2003 tenham sido conduzidas pelos EUA, vale a pena notar que a ausência da NATO (enquanto tal) nesse momento, não é equivalente à exclusão de acções bélicas por parte de Estados-membros da NATO. Nomeadamente, a invasão do Afeganistão pelos EUA invocou o Artigo 5 do Tratado da NATO, que estipula que um ataque contra um Estado-membro da NATO constitui um ataque contra todos os restantes Estados-membros.

“Para que a cooperação e a comunicação NATO-ONU permaneçam significativas, têm de continuar a evoluir.” A declaração no site da NATO é uma abordagem burocrática que se dissocia das violações dos direitos humanos criadas e mantidas por ambas as partes, que formam as premissas dessa colaboração.

A Resolução do Conselho de Segurança da ONU, Resolução 1373 (2001), sobre a qual a NATO baseia a sua colaboração com a ONU, reafirma: “O direito inerente de autodefesa dos Estados individuais ou a autodefesa colectiva, tal como é reconhecida pela Carta das Nações Unidas.” A resolução fornece impunidade aos Estados-membros e outros colaboradores da ONU, incluindo a NATO, para definir o que constitui o terrorismo, ao passo que elimina a intervenção estrangeira como sendo um acto de terror, apesar das ramificações que duram muito tempo após a intervenção ter cessado, ou ter sido minimizada.

A duplicidade ONU-NATO é exposta no discurso de Stoltenberg quando ele afirma, “A NATO tem também contribuído para desenvolver as normas de rejeição da ONU para contra-atacar os engenhos explosivos improvisados, que permanecem uma das grandes ameaças às tropas de manutenção da paz.”

Por que motivo a ONU e NATO estão a selecionar formas rudimentares de guerra em vez de bombardeamentos de precisão, que têm matado milhares de civis em nome do combate ao terror e da democracia?

Em 2011, o embargo de armas do Conselho de Segurança da ONU era suposto prevenir a proliferação de armas na posse dos rebeldes na Líbia – uma contradição, dada a autorização dada pelo Conselho de Segurança de bombardear a Líbia. A França, no entanto, desrespeitou a resolução ao declarar publicamente a sua proliferação de armas aos rebeldes na Líbia, com o pretexto de sua necessidade para proteger os civis líbios. A NATO negou o seu envolvimento enquanto organização, em fornecer armas aos rebeldes, apesar do facto de tal acção ser levada a cabo por um membro da NATO. Com a ONU a aceitar a intervenção estrangeira e com a NATO a efectuar atrocidades, pode a ONU limitar-se às alegadas funções humanitárias e de construtor da paz, das quais nunca houve um declínio, devido ao dano irreparável que ambas as organizações causaram, destruindo países explorados, colonizados e devastados. A cooperação que a NATO elogia não reside numa divisão de funções, mas antes num confundir a diferenciação entre guerra e humanitarismo, de modo a dar origem a ambas sob uma agenda dissimulada.

A NATO mantém que o Conselho de Segurança da ONU detém “a responsabilidade primária” de manter a paz e a segurança internacionais. O que essa afirmação omite são os interesses individuais de cada membro, assim como a sua estrutura colectiva como membros da NATO. Para satisfazer o Conselho de Segurança da ONU, os interesses individuais e os membros da NATO, é necessário um denominador comum. Para os perpetuadores das intervenções estrangeiras, a guerra constitui o compromisso em que estão envolvidos.


Outubro 4, 2019