quarta-feira, 23 de outubro de 2024
terça-feira, 22 de outubro de 2024
PRIMEIRO DIA DA CIMEIRA DOS BRICS EM KAZAN (RÚSSIA)
Tal como temos vindo a relatar, os BRICS foram fortalecendo as suas trocas comerciais recíprocas, evitando o dólar como intermediário, fazendo o ajuste final com ouro (visto que os câmbios entre duas divisas podem oscilar durante a negociação). Este processo é bastante simples e não implica uma entidade centralizada (a instauração do «BRICS Pay» irá potenciar as trocas país a país).
Esta entrevista acima, em espanhol (pode ativar as legendas na mesma língua), pode exemplificar o ponto de vista, não apenas do entrevistado (De Castro), como de muitos empresários, espanhóis e europeus.
Há que ver as coisas num modo não ideológico, não preconceituoso. E tem razão o entrevistado, pois o pragmatismo permitiria aumentar os intercâmbios comerciais entre a Europa e o resto do Mundo, aliviando assim a crise de recessão/depressão que a Europa tem estado a sofrer, desde há dois anos, por mais que politicamente tentem ocultar a gravidade da sua situação. A existência desta oportunidade, da Europa se unir ao Sul Global, é posta em relevo pelo entrevistado.
Relatório Chris Hedges: A História Secreta do Neoliberalismo
EXCERTO DO DIÁLOGO ENTRE CHRIS HEDGES E GEORGE MONBIOT
(retirado de https://consortiumnews.com/pt/2024/10/18/o-relat%C3%B3rio-de-chris-hedges-a-hist%C3%B3ria-secreta-do-neoliberalismo/ )
O neoliberalismo estava por trás do colapso financeiro catastrófico em 2007 e 2008. Ele está por trás do aumento do subemprego e desemprego crônicos, do ataque ao trabalho organizado, da queda nos padrões de saúde e educação, do ressurgimento da pobreza infantil, da degradação do ecossistema e da ascensão de demagogos como Donald Trump e a extrema direita. No mundo do neoliberalismo, tudo, incluindo os seres humanos e o mundo natural, é uma mercadoria que é explorada até a exaustão ou o colapso. O neoliberalismo inverte os valores sociais, culturais e religiosos tradicionais. O mercado é Deus. Todos serão sacrificados diante do ídolo Moloch.
Esta insensibilidade fez com que centenas de milhões de pessoas no mundo industrial que foram privadas de seus direitos sucumbisse a doenças de desespero, incluindo suicídio, vícios, jogos de azar, automutilação, obesidade mórbida, sadismo sexual e um recuo para o fascismo cristianizado – o assunto do meu livro. América: a turnê de despedida. Ela eviscerou a autoridade moral e o papel tradicional do governo, reduzindo o governo a um sistema simplificado de controle interno e defesa nacional. Juntando-se a mim para discutir a ideologia do neoliberalismo está George Monbiot que, junto com Peter Hutchison, escreveu Doutrina Invisível: A História Secreta do Neoliberalismo.
Então, vamos começar com o livro, que, como eu disse antes de irmos ao ar, é, quer dizer, você é um jornalista, então você pode escrever... E essa ideia do anonimato do neoliberalismo, eu descobri e acho que você está certo, é aceite como uma espécie de parte da ordem natural sem ser mais questionada. Você escreve no começo do livro "Para lidar com o escopo e a escala muito maiores das transações, as nações coloniais estabeleceram novos sistemas financeiros que acabariam dominando suas economias, instrumentos de extração cujo uso se intensificou. Continua hoje com sofisticação cada vez maior, auxiliado por redes bancárias offshore."
segunda-feira, 21 de outubro de 2024
OBRAS PARA ÓRGÃO DE BUXTEHUDE (Segundas-f. musicais nº 22)
Hamburgo é a cidade da Europa mais rica em órgãos históricos: Vários deles foram construídos pelo organeiro Arp Schnitger. Noutra cidade da Liga Hanseática, Lübeck, exerceu grande parte da sua vida profissional o Mestre do órgão barroco nórdico. Chamava-se Buxtehude e foi organista da Igreja protestante de Stª Maria de Lübeck.
O jovem J.S. Bach tinha tal admiração pelo Mestre de Lübeck, que pediu dispensa às autoridades eclesiásticas da paróquia de Arnstadt, na qual exercia o cargo de organista, para fazer a viagem (provavelmente a pé) e aprender com o Mestre incontestado da escola de órgão do Norte da Europa.
Buxtehude tocando viola da gamba
Dieterich (ou Didrick) Buxtehude é um compositor germano-dinamarquês, nascido na cidade (hoje sueca), de Helsingborg. Seu legado é muito importante, incontornável, na História da Música europeia. De facto, ele impulsionou a literatura de órgão para um nível de qualidade, que não existira antes. Isso mesmo foi reconhecido pelo seu contemporâneo, o músico e crítico musical Johann Matheson, que cunhou o termo Stylus Fantasticus, para descrever as composições livres, típicas do barroco, toccatas ou prelúdios com grande variedade temática, recorrendo a efeitos espetaculares e jogando com os contrastes entre secções.
Na Península Ibérica do Séc. XVII, desenvolveu-se um tipo específico de toccata, designado por «Batalha» (o seu modelo foi a famosa "Batalha de Marignan" de C. Janequin). Estas peças ibéricas, tal como as Toccatas e Prelúdios nórdicos, preenchiam as mesmas funções: Destinavam-se às entradas ou às saídas das Missas. Por sua vez, tanto a Escolasl Nórdica, como a Ibérica, tinham conhecimento dos prelúdios, toccatas e outras peças não usando contraponto estrito, das escolas de órgão francesa e da Itália (do Norte).
Tal como as paisagens das Escolas de Pintura do Norte da Europa, nos séc. XVII-XVIII, as composições de Buxtehude, de Vincent Lubeck, de Nikolaus Bruhns ou de Jan Pieterszoon Sweelinck, irradiam uma luminosidade matizada pela interioridade.
Buxtehude e Johann Sebastian Bach estiveram em relação com uma corrente da Reforma luterana designada por pietismo. É importante compreender o caracter espiritual na base das composições destes mestres: Elas destinavam-se a ser apoios para as preces dos cristãos.
Deixo aqui algumas obras para órgão que, na minha opinião subjetiva, traduzem a essência da música de Dietrich Buxtehude. Há muito mais obras do Mestre de Lübeck que merecem audição atenta: Porém, o meu intuito ao redigir este artigo, foi somente o de estimular a curiosidade do leitor.
Passacaglia em Ré menor, por Helmut Walcha:
Prelúdio e fuga Fá# menor, por Bernard Foccroulle:
Prelúdio e fuga BuxWV 148, por René Saorgin:
domingo, 20 de outubro de 2024
ISRAEL ATACA AS NAÇÕES UNIDAS [Thierry Meyssan, Rede Voltaire]
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sábado, 19 de outubro de 2024
O «RESET» QUE VIRÁ PELOS BRICS: M-BRIDGE, DIVISA DIGITAL, CABAZ COM 40% DE OURO
A 4 dias da cimeira de Kazan dos BRICS, as diversas fontes alternativas de notícias esmeram-se em trazer especialistas (reais) nos domínios financeiros, monetários, geoestratégicos e de matérias-primas, para darem um panorama sobre as decisões prováveis e aquilo que isso influi na balança de poder internacional, nas relações económicas entre países, etc.
Andrew Schectman é um experiente negociante em metais preciosos, dos EUA, que tem uma visão de largo alcance sobre muitos assuntos, pelo que esta entrevista com Michele Makori de KITKO news deverá dar-nos pistas válidas sobre o próximo futuro. Andy tem previsto com notável precisão as mudanças que correspondem às diversas etapas para um «reset» monetário mundial, não exatamente o que os globalistas queriam, mas no qual eles tentam influir para não ficarem completamente fora da partida.
sexta-feira, 18 de outubro de 2024
NÃO EXISTEM IMPÉRIOS BENÉFICOS
A ideia que é mais difundida, é que a União Europeia seria a consequência de uma vontade de paz, de bom entendimento entre povos diversos, mas partilhando uma cultura comum, com valores comuns e, portanto, que poderiam ser vertidos dentro de um mesmo molde, para produzir uma harmoniosa síntese, «uma cidadania europeia».
«A Europa», é uma construção, sem dúvida, muito presente no discurso de políticos (de praticamente todos os quadrantes), mas sem outro fim senão o de fazer com que os eleitores, os povos, continuem a oferecer mandatos periódicos e incondicionais à oligarquia europeia, a «dona» dos chefes políticos das nações mais poderosas. Estes políticos europeístas apoiam e são apoiados pela grande burguesia dos respetivos países. Sobretudo, todos eles fizeram vassalagem ao suserano americano.
A «diversidade política» é apenas aparente, não reflete uma real contradição de projetos de seus atores, antes pelo contrário: Os partidos, os que formam governos em cada país, as assembleias de deputados nacionais, os grupos políticos artificiais no parlamento europeu, todas estas instâncias estão bem controladas, para que o interesse comum seja entendido como o da oligarquia europeia. Por isso, quase não existe contestação no seio do Parlamento Europeu, às políticas europeias. Tudo é feito para que se mantenha o simulacro de unidade dos povos, quando apenas existe unidade de uns lacaios que fazem o frete (muito bem pago) de "representar" os povos.
A propósito disto, quando na Europa se discutia (entre as elites políticas e empresariais), como se deveria implementar o projeto do Euro, quais os efeitos na Europa e no Mundo dessa moeda transnacional, pan-europeia, lembro-me ter visto na TV, uma entrevista ao Presidente Bill Clinton. Perguntava o entrevistador, «Não se tornará o Euro uma ameaça para o Dólar e portanto para os EUA?», ao que Bill Clinton respondeu, em substância: «Aquilo que é benéfico para a Europa, é também para os EUA». Esta pequena frase generosa, à primeira vista, poderia ser interpretada como se o presidente dos EUA aceitasse que os seus aliados formassem um império rival, mas tendo os mesmos princípios gerais que o dos EUA e portanto, benéfico para os EUA também. Mas poderia ser a resposta, ambígua, do presidente que sabia que a unificação monetária da parte ocidental do continente europeu iria principalmente beneficiar os EUA. Estes, poderiam fazer com que os produtos e as empresas estadunidenses mais facilmente penetrassem e dominassem o mercado europeu unificado. Já não ter que adaptar os seus produtos e estratégias a 27 diferentes realidades nacionais (pequenas, médias ou grandes) que complicavam muito, era - em si mesma - uma vantagem estratégica considerável para os EUA: Desde logo, económica, devido ao desaparecimento de tarifas diversas e à uniformização de legislações comerciais e laborais nos diversos países do Euro.