quarta-feira, 8 de dezembro de 2021

«Do Outro Lado do Espelho» de Lewis Carroll


Se todos podem ler sobre as motivações e o duplo sentido da canção escrita por Grace Slick , poucos irão até ao fim da toca do coelho, para aí encontrar o «outro lado do espelho». 
Porque, hoje em dia, estamos num mundo invertido parecido com o «Do Outro Lado do Espelho», que Lewis Carroll genialmente descreveu neste segundo romance, na continuação de «Alice no País das Maravilhas». 
Aquilo que me interessa mais nesta canção, não é a velada referência a «viagens» com alucinogénios, que marcaram os anos 60, em particular em San Francisco e na Califórnia, donde provêm os Jefferson Airplane. É outra coisa: Uma obra literária tem sempre significados múltiplos; estes evoluem consoante a época histórica. A característica típica das grandes obras da literatura, é serem sempre atuais. 
Nesta reflexão, interessa-me, sobretudo, o facto de se abrirem as portas à imaginação. 

Vou confessar-vos uma coisa: Não tive televisão em casa até os 14 anos. Antes desta idade, ia a casa de vizinhos ver televisão e deliciar-me com desenhos animados e séries de cowboys, que todas as ex-crianças da nossa geração (as crianças dos anos 50-60) conhecem. 
Mas, hoje, considero-me com sorte porque, antes dos 14 anos - em vez de ter ficado somente a ver televisão - estive, muitas vezes, lendo histórias infantis, ou para «pessoas crescidas», mas adaptadas às crianças. Lembro-me de edições adaptadas e ilustradas da Bíblia, ou da Ilíada e Odisseia. Estas edições tinham uma larga parte de texto; as ilustrações pontuavam apenas os episódios. Não se tratava de «livros aos quadradinhos» ou «comics». Assim, as crianças tinham mesmo que ler por elas próprias ou, em alternativa, ouvir a história lida por algum adulto. Tanto num caso como  noutro, tinham de exercitar a imaginação para reconstituir mentalmente o que era descrito por palavras. 
Não creio que este tipo de relação com os livros para crianças, ou adaptados às crianças, esteja presente, ou desempenhe um papel relevante, no universo das crianças de hoje, independentemente do seu meio cultural e sócio- económico.
A necessidade de deixar a imaginação livre criar (ou recriar) os mundos de fantasia representa um importante papel dessas histórias, dos contos, das fábulas. Tal papel verificou-se desde os primórdios da humanidade, contando lendas e mitos da tribo em torno da fogueira. Nas diversas culturas passadas, as histórias que se perpetuavam por transmissão oral mantinham os grupos coesos pela partilha não só de contos fantásticos, como das narrativas da origem e as histórias do clã, da tribo ou nação. Mais tarde, foram elas transcritas e a tradição continuou mas, pela leitura do suporte escrito. 
As bugigangas eletrónicas e internéticas são incapazes de substituir o livro de contos. A questão do suporte (o «medium») como ensinava Marshall MacLuhan, é de importância fundamental. O livro infantil, com imagens, mas onde a parte escrita obriga a uma reconstituição dos conteúdos na imaginação do leitor/auditor, não pode ser vertido noutro «medium», sem se perder algo.  
Não sei o que possa fazer as vezes de estímulo das imaginações infantis de hoje. Porque os filmes e os vídeos capazes de encantar e entusiasmar os mais novos, são, muitas vezes, obras de arte, maravilhas técnicas e estéticas, capazes também de entusiasmar os adultos. Muito bem; mas onde está o espaço para a imaginação, o esforço individual da criança para recriar dentro da sua cabeça as cenas que lhes descrevem? Onde está a comunicação entre os adultos e as crianças, fator não menos importante que o despertar da curiosidade intelectual e imaginação? Com certeza que as crianças de hoje tenderão a reproduzir, quando elas próprias forem os pais e mães, os comportamentos dos adultos que as criaram. Eu noto uma frequente frieza das crianças atuais, um fechamento ao mundo, encerradas em mundos imaginários, mas constituídos por jogos e vídeos de histórias animadas. Os adultos que lhes oferecem estes brinquedos, querem o melhor para elas, querem que elas se divirtam e aprendam. Mas, eu digo-vos que um bom livro de histórias com algumas ilustrações, lido com irmãos e irmãs, ou com amigos e colegas, diante da lareira, nas férias de Natal, ou depois da sesta no Verão, é realmente muito melhor: reforça o desenvolvimento emocional, as capacidades de raciocínio e, sobretudo, a criatividade e imaginação.  Evidentemente, não digo que estes jogos vídeo, ou vídeos de desenhos animados, devam ser proibidos ou restringidos. Isso, nunca resultaria senão em frustração e revolta! Mas, gostaria que os adultos tentassem entusiasmar sua descendência, através de leituras apropriadas, antes do adormecer. Nada mais agradável do que ter à cabeceira a Mãe ou o Pai a contar-lhe uma história, antes de adormecer.

 

segunda-feira, 6 de dezembro de 2021

[OBRAS DE MANUEL BANET] A MANJEDOURA

Que sentido tem para mim, a história do nascimento de Jesus: Foi assim, foi assado? 

- Mas, afinal, já não tenho dúvidas, nenhumas, desde que vi a manjedoura, as palhinhas onde repousou o Salvador e nos disse:

«Aqui estou, entre vós

Humilde e humano

Sem mal ou astúcia

Enviado pelo nosso Pai

Que vós, meus irmãos,

Escutais ou esqueceis,

Mas que não adorais,

Não seguis, nem amais!»

Mais, não me disse Ele. Fechou-se o pedaço de céu aberto, na grisalha de Dezembro. 

Paciente vou caminhando. O Tempo Novo virá, Ele nos prometeu!

Após tantas destruições

Violências e desmandos

Dos enlouquecidos

Pela ganância e vaidade

Que seus irmãos

Oprimem, enquanto

Cantam loas a Cristo

E O crucificam ainda mais

Na carne das crianças:

São oferendas, sacrifícios

a Baal, ou outro qualquer

Ídolo de pacotilha

Neste mundo invertido.

Os poderes são celerados,

Banidos são os justos

Amordaçados,

Escarnecidos,

Padecendo

No caminho

Da Cruz

Que Deus nos ponha

Jesus no coração

Que milhões de vezes

Irradie sua Luz!

Coração de amor

Humano e Divino

Por fim renascido


Manuel Banet

Murtal, Parede, 05-12-2021



domingo, 5 de dezembro de 2021

PROF. MATTIAS MESMET SOBRE A PSICOLOGIA DO TOTALITARISMO

                                           Saturno devorando um dos seus filhos (Goya)

Mattias Desmet é entrevistado por Chris Martenson. Marteson, tem sido um dos raros que tenta, regularmente, nestes dois últimos anos, dar aos auditores um ponto de vista científico, não enviesado por ideologias, sobre a pandemia covidiana.
O seu convidado, Mattias Desmet é professor de Psicologia Clínica na Universidade de Ghent (Bélgica); um investigador dos fenómenos de psicologia de massa, com muito trabalho de campo e teórico publicado. Os leitores deste blog poderão consultar (aqui e aqui) outra intervenção sua e a opinião muito positiva do Prof. Robert Malone. Penso que, em conjunto com a presente entrevista, permitirão ajuizar da pertinência e originalidade de sua análise. Nesta conversa com Chris Marteson, explica em detalhe como chegou ao diagnóstico da «formação de massas», antes também chamada «psicose coletiva ou de massas».
Tal estado corresponde e resulta, no conjunto da sociedade, duma narrativa que se impõe de forma totalitária, embora isso não transpareça ao princípio, sobretudo porque as pessoas ficam sideradas, com a massiva perceção dum perigo mortal e difuso, impossível de avaliar e de realmente prevenir, algo que inspira terror. Assistimos então ao acordar de todas as fobias, medos atávicos e descargas de sentimentos reprimidos, aversivos e antagonistas.
Mas o melhor é ouvir diretamente da boca do Prof. Mesmet sua análise, em termos de psicologia coletiva e da gravidade do momento que estamos a passar enquanto civilização.


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PS1: À medida que o tempo passa vão-se acumulando provas de que não só a intenção é controlar a população através do «passe vacinal», como, ainda pior, é uma bio-arma de longa duração destinada a reduzir drasticamente a população. Leia o último artigo de Mike Whitney

PS2: Veja o 2º Simpósio de «Doctors For Covid Ethics» 

MAIS EVIDÊNCIAS DE QUE A «TEORIA DA CONSPIRAÇÃO» DO COVID, AFINAL É FACTUAL



MAIS EVIDÊNCIAS DE QUE A «TEORIA DA CONSPIRAÇÃO» DO COVID, AFINAL É FACTUAL
por Paul Craig Roberts

[traduzido por Manuel Banet]

As práticas coercitivas de restringir os movimentos das pessoas e a obrigatoriedade da vacina COVID, estão a difundir-se em países que, no passado, eram livres. A Alemanha juntou-se agora à Áustria, à Itália e à Austrália, na ressurreição do Terceiro Reich:

A corrida ao totalitarismo é inexplicável, recorrendo somente à narrativa oficial. Todas as autoridades de saúde reconhecem agora que as «vacinas» de ARNm não previnem as infeções, nem evitam sua disseminação pelos vacinados. É por este motivo que os vacinados são obrigados a uma dose de reforço, cada 6 meses e continuam a ter que usar máscaras, aliás ineficazes. Porque razão os reforços os protegem, enquanto as injeções anteriores não o faziam, isso não é explicado.
Também não explicam porquê tanta ênfase em proteger contra um vírus com tão fraca mortalidade, matando sobretudo os que já tinham co- morbilidades e que não tinham sido adequadamente tratados. Em contraste, os sistemas oficiais de notificação sobre vacinas dos EUA, Reino Unido e União Europeia, revelam um número superior de mortes e de afetados pela «vacina», do que pelo próprio Covid. Também se constata que, embora não estejam seriamente em perigo pelo Covid, estão a vacinar as crianças, os jovens e as estrelas do desporto, que caem mortas com ataques de coração fulminantes. Também há provas de que a «vacina» ataca o sistema imunitário inato dos humanos, tornando as pessoas vacinadas menos capazes de combater os vírus em geral e as doenças como o cancro.
Por outras palavras, toda a evidência é contra a vacinação. Não existem evidências a seu favor.
Então, porquê esta coerção com uma vacina perigosa e apenas causadora de danos?
É simplesmente impossível que as agências públicas de saúde da Áustria, Itália, Alemanha e Austrália, não estejam ao corrente das evidências que mostram que as «vacinas» Covid são um fiasco total e um perigo.
Será que todos os altos funcionários de saúde pública foram comprados por luvas das Grandes Farmacêuticas, ou está-se a confirmar que a suspeita duma operação de redução da população mundial em curso é - afinal - um facto e não uma teoria da conspiração?

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PS1: Leia o artigo de Mike Whitney sobre o assunto; saiu depois de eu ter publicado a tradução acima.

sexta-feira, 3 de dezembro de 2021

MISSIVA Nº2 À CONFEDERAÇÃO INTERGALÁCTICA


À Irmandade Intergaláctica,




Na 1ª missiva que vos enviei, sobre o funcionamento do planeta Terra e da sociedade humana que nela habita, tentei explicar-vos brevemente o sistema de funcionamento, designado por «economia de mercado» ou «capitalismo».

Hoje, irei debruçar-me sobre outro aspeto da sociedade: a questão da sustentabilidade ecológica e como esta questão tem sido manipulada pelos poderosos, que detêm não apenas a influência sobre muitos dos aspetos produtivos, como sobre uma grande parte das mentes.

A partir do momento em que, neste planeta, a conservação da diversidade das espécies e a capacidade de autorregeneração dos ecossistemas se tornou um problema à vista de qualquer um, todos podendo facilmente compreender as questões que estavam em jogo, assim como o papel essencial para a própria subsistência da vida humana neste planeta, desenvolveram-se correntes ditas «ecologistas». Na verdade, quase todas consistiam numa curiosa mistura de catastrofismo (algumas vezes designado por "milenarista", com referência a «profetas» que abundam na viragem de cada milénio) e de utopias radicais e acientíficas.

Estas tendências adotaram nomes diversos. Considero-as aqui como subtribos da grande tribo «New Age». Cada tendência reivindica as suas peculiares visões, que querem impor às restantes, sob pretexto de ilusória «ciência ecológica» que, na verdade, apenas tem de ciência o nome. Com efeito, existe uma Ecologia, enquanto ciência, nascida no século XX (essencialmente), que desenvolve metodologias adequadas para avaliação dos vários fatores, em pequenos e grandes espaços, com influência num conjunto de espécies diversificado. Os cientistas utilizam instrumentos apropriados de avaliação, medição e monitorização, não apenas dos aspetos físico-químicos do ambiente, como das múltiplas e complexas interações dos organismos nele presente. Porém, a Ecologia, tal como outras ciências do mais alto grau de complexidade concebível, têm vindo a ser desviadas, aproveitadas por políticos pouco escrupulosos, que se disfarçam de cientistas do clima ou da ecologia. Na realidade, as competências desses políticos nas complexas ciências da Climatologia e Ecologia, são pouco menos que nulas.

Para cúmulo, o capitalismo causador dos desequilíbrios ambientais, porém exclusivamente atribuídos à sociedade «industrial», tem liderado a ofensiva de «Public Relations» e de «Psychological Operations», dirigida às massas inquietas e incapazes de fazer a destrinça entre a ciência e a falsificação da mesma. Tal narrativa falsa vem revestida com vocábulos muito bem sonantes: «economia sustentável», «energias renováveis», «reciclagem», «natural», etc., são frases e expressões também usadas na publicidade, para vender produtos industriais que não têm rigorosamente nada do que anunciam no rótulo.

É nesta configuração que floresce a chamada ecologia política, que une o mais falso discurso "ecologista", sem ponta duma real cientificidade, ao discurso demagógico dos políticos, dispostos a tudo, a começar pela mentira constante e descarada, para obterem os votos dos cidadãos.
Pensai na monstruosidade destas operações e dos rios de dinheiro que implicam. Numa sociedade onde o lucro é tudo, onde ser-se bem sucedido é ter muito dinheiro (= poder), tais operações não poderiam deixar de ser altamente rentáveis. Foi assim, que, por um lado, o capitalismo viu maneira de escapar ao mau nome de sistema de exploração, que tinha adquirido ao longo dos séculos e por outro lado, obter novos e sumarentos ganhos, vendendo as novas maravilhas «verdes», que iriam salvar a civilização do caos, das alterações climáticas, do aquecimento global, da depredação da Natureza, etc. O irónico, é que estes males vieram «pela mão» do sistema capitalista de exploração dos povos e da Natureza. Note-se que estas catástrofes são reais, mas não se devem a um mal inerente à evolução e ao avanço tecnológico e científico humanos.
Este discurso tem como objetivo provocar um sentimento de culpa nas pessoas, acusadas de «consumir» depois de tudo fazerem (os mesmos capitalistas) para as induzir a um comportamento de consumo compulsivo para - logo de seguida - «justificar» supostas soluções. Estas seriam, ou a substituição de uma depredação por outra, ou uma regressão das sociedades ao estádio pré-industrial.

Os ecologistas políticos, na sua imensa maioria, não põem em causa o capitalismo: Só alguns parecem ser sinceros e coerentes anticapitalistas. Na sua maioria, a «tribo New Age» parece ter esquecido que, erradicar as causas profundas das degradações ambientais implica uma real modificação de estrutura da sociedade, não apenas soluções tecnológicas, não apenas mudança nos hábitos de consumo e do modo de vida de indivíduos e grupos. Aliás, estas mudanças só poderão acontecer a partir ou concomitantemente com uma mudança económica profunda, com a transformação das relações de produção e do próprio fundamento da sociedade. 

Mas, se as forças dominantes atuais continuarem a exercer o seu papel, prevejo que a sociedade humana irá acabar por perder o seu potencial de civilização universal. Ela irá para o abismo, se o sistema atual continuar, baseado na imensa riqueza dalguns e na escassez para o maior número. Assim, esta onda de «ecologismo» tem sido aproveitada para fazer uma lavagem verde do sistema vigente.

De facto, irmãos/irmãs confederadas/os, têm de recordar as etapas históricas que ocorreram nas vossas nações, anteriores à Confederação Galáctica.
Estamos a presenciar, na Terra, a uma nova versão do processo que ocorreu nos nossos sistemas solares, há cerca de três milénios, mais ou menos. Nos mundos que não foram arrastados na espiral de violência, destruição e por fim, levados à extinção, nestes mundos sobreviventes, a capacidade de regeneração e autossustentação foram inscritas nas constituições, a par da igualdade e dignidade dos viventes, com a particular responsabilidade daqueles dotados dum sistema cognitivo racional.

Porém, o meu objetivo não é o de retraçar nosso passado, mas antes de exemplificar como este sistema Terra se encontra numa encruzilhada. A consciência planetária está ainda muito pouco difundida. Os rebentos dela despontam aqui e ali, mas são logo abafados pelas (ainda) mais poderosas  forças do capitalismo senescente. Este já não tem a pujança e criatividade que o fez triunfar, há cerca de 500 anos. No seu estado atual, tem algo de fascinante e de terrível.

Não faço ideia do que irá acontecer a breve ou médio prazo. Quer me parecer, no entanto, que a civilização humana entrou numa época-charneira, da qual tanto pode resultar a aniquilação, como a evolução positiva para um grau superior de civilização.



MB