quinta-feira, 10 de setembro de 2020

CORONAVÍRUS: O QUE A MEDIA INTENCIONALMENTE NOS ESCONDE

 


Gráfico do CDC (EUA) reportando as mortes de COVID-19 por classe etária

Aquilo que o gráfico nos mostra, corresponde ao que os especialistas em doenças respiratórias, virologistas e epidemiologistas* têm afirmado (veja-se aqui e aqui), desde o início da epidemia do novo coronavirus. Ou seja, as doenças deste tipo são caracterizadas por uma subida exponencial, seguida de uma descida, também exponencial. 
Ninguém sabe exactamente porquê, mas pensa-se que terá a ver com a imunidade de grupo ou «herd immunity». Quando uma certa percentagem da população fica naturalmente imunizada por contacto com o vírus (com ou sem sintomas de doença), os vírus em circulação têm a maior dificuldade em se propagar, por encontrarem demasiados hospedeiros resistentes.
Ora, nos EUA ou na Europa, verifica-se que as curvas das mortes (os dados mais significativos), constatadas semana após semana desde Março, são caracterizadas pela mesma evolução que se tem verificado em inúmeros episódios de doenças virais respiratórias; crescem muito depressa, atingem um patamar e depois decrescem até se extinguirem, com a mesma rapidez com que subiram. 
Mas, pergunta-se: «como explicar, então, o cotovelo que muitos chamam de segunda vaga e presente no gráfico acima?» 
Este fenómeno é característico, não do COVID-19 em si mesmo, mas da maneira como as sociedades reagiram à epidemia. Com efeito, se houver um atraso significativo da propagação do vírus na população, devido ao confinamento (lockdown**), verifica-se, após o fim deste, uma retoma parcial da propagação, pois uma grande parte da população permaneceu susceptível. Não foi contaminada, não está, portanto, imunizada. Por outras palavras, não se permitiu que se construísse uma imunidade de grupo no seio da população. Por contraste, nos poucos países onde foram tomadas medidas menos estritas, que não fizeram confinamento, onde não houve fecho de escolas, de empresas, etc. (nomeadamente, na Suécia, Bielorússia e Uruguai) houve realmente a típica curva em sino, havendo agora, nestes países, uma taxa de óbitos por milhão de habitantes inferior à dos países que adoptaram medidas estritas de «lock-down».

Deveríamos estar a comemorar o fim da epidemia, pelo menos, nos países do hemisfério Norte. 
Mas, a media «mainstream», serva dos poderes, está constantemente a assustar-nos com números crescentes, de contágio. Ora estes números, em si mesmos, não querem dizer grande coisa:
- Teoricamente, se obtivéssemos a proporção de «contaminados por milhão de habitantes» e víssemos como evoluiu, já poderíamos ter uma medida da evolução. Mas, neste processo a questão da detecção é crucial: todos sabemos da raridade de meios de diagnóstico no início e, mesmo, ao longo das fases piores do surto epidémico. Esta amostragem não foi uniforme, nem ao acaso (colheita aleatória, random). Pelos melhores motivos, fez-se o teste - prioritariamente - em pessoas que já apresentavam sintomas; isto retira validade estatística, às amostragens. Não se podem comparar números de há meses atrás, com os que se obtêm agora, quando se fazem testes numa escala muito maior, à população saudável e não apenas pessoas que já apresentem algum tipo de sintoma. 
A media sabe isso muito bem. Ela quer vender notícia e «boa notícia não vende» ... pelo contrário, «notícia que causa medo, angústia ou alarme», faz crescer as vendas ou as visualizações. 
Infelizmente, os patrões dessa media adoram isso, pois a criação duma psicose colectiva de medo vai ao encontro dos seus interesses: a «grande reestruturação» ou «great reset» como eles estão abertamente planeando, na preparação do próximo encontro de Davos. 
Para este grupo de super-ricos globalistas, a pandemia é uma óptima oportunidade para mudar «o que deve ser mudado»: as leis laborais, o regime de pensões, a digitalização completa das divisas (desaparecimento do dinheiro físico), maior controlo corporativo sobre os Estados, controlo dos cidadãos através de um «passaporte sanitário», sociedade de vigilância máxima e por todo o lado. 
A instalação de um totalitarismo sanitário é o que venho alertando, desde há meses e... em boa companhia, de pessoas com notáveis qualificações e, muitas, em destacadas posições. Mas, elas são designadas como «conspiracionistas», uma manobra para as censurar, excluíndo opiniões desagradáveis e inconvenientes para os poderes. São «conspiracionistas» porque vêm desmontar a narrativa construída. 
Narrativa única, obsessiva, amplificando e reforçando a palavra oficial, ela é produzida com vista a um fim: o de obter a passividade da cidadania, sua entrega voluntária, a esta «Nova normalidade», que não tem nada... nem de novo, nem de normal. 
Basta ver a vigilância e o controlo que se exercem em Estados totalitários e, agora, também nos ditos «democráticos»: usam-se as tecnologias mais avançadas, para tracking (rastreio) e vigilância em massa da população.

----

(*) Professor Wittkovski, Prof. Didier Raoult, Prof. Ioanidis, etc, etc.: As suas vozes foram ignoradas, seus testemunhos censurados no Youtube e noutros media de massas; foram difamados indecentemente por medíocres a soldo e/ou à procura de celebridade...

(**) Lockdown: não há dúvida que o «lockdown» foi contraproducente, por mais que se tente fazer crer que era uma medida «inevitável». Foi uma arbitrária construção dos governos e um ataque violento às nossas liberdades fundamentais.

Um artigo extremamente esclarecedor sobre o (mau) uso de terminologia médica: o termo «casos» e o termo «infecções». Este artigo é importante pois desmascara a fraude científica que esteve na base dos lockdowns, com as desastrosas consequências que todos conhecemos.
Ver também o artigo científico em que se baseia o artigo anterior:

PS (20/09/2020): https://www.globalresearch.ca/selected-articles-medical-communities-speak-truth-about-covid-19/5724198 Uma colecção de artigos, escritos por verdadeiras autoridades. A sua leitura permite avaliar o grau e escala das mentiras das autoridades, governos e corpos internacionais, assim como da media mainstream. Depois de ler estes artigos, não tenho a mínima dúvida que o público está sujeito a uma operação de condicionamento e de «blackout» informativo, à escala mundial.

PS (31/12/2020): Josh Mitteldorf diz, numa entrevista, que os números de excesso de óbitos referidos pelo CDC não são reais, mas resultam da aplicação não legítima de um determinado algoritmo. Ele apoia-se nos dados de uma cientista da John Hopkins University, a economista Genevieve Briand.

quarta-feira, 9 de setembro de 2020

[Manlio Dinucci] O LADO NEGRO DA 5G: O USO MILITAR



A manifestação de 12 de Setembro, em Roma, “Stop 5G” concentra-se, com razão, nas possíveis consequências das emissões electromagnéticas para a saúde e para o meio ambiente, em particular sobre o decreto que impede os prefeitos de regulamentar a instalação de antenas 5G, na área municipal.
No entanto, continua a ignorar-se um aspecto fundamental desta tecnologia: o seu uso militar. Já fálamos disso no Il Manifesto (10 de Dezembro de 2019), mas com resultados escassos. Os programas sucessivos lançados pelo Pentágono, documentados oficialmente, confirmam o que escrevemos há nove meses.
A “Estratégia 5G”, aprovada em 2 de Maio de 2020, estabelece que “o Departamento de Defesa deve desenvolver e empregar novos conceitos operacionais que utilizem a conectividade ubíqua oferecida pela tecnologia 5G para aumentar a eficácia, resiliência, velocidade e letalidade das nossas forças armadas”.
O Pentágono já está a experimentar aplicações militares desta tecnologia em cinco bases aéreas, navais e terrestres: Hill (Utah), Nellis (Nevada), San Diego (Califórnia), Albany (Geórgia), Lewis-McChord (Washington). Confirmou, em conferência de imprensa, em 3 de Junho, o Dr. Joseph Evans, Director Técnico da 5G, do Departamento de Defesa.
Ele então anunciou que as aplicações militares da 5G em breve serão testadas noutras sete bases: Norfolk (Virginia), Pearl Harbor-Hickam (Hawaii), San Antonio (Texas), Fort Irwin (Califórnia), Fort Hood (Texas), Camp Pendleton (Califórnia), Tinker (Oklahoma).
Os especialistas prevêem que a 5G terá um papel decisivo no desenvolvimento de armas hipersónicas, inclusive as que têm ogivas nucleares: para guiá-las em trajectórias variáveis, a fim de evitar mísseis interceptores, tem de recolher, processar e transmitir muito rapidamente, enormes quantidades de dados. É necessário o mesmo para activar as defesas em caso de ataque com tais armas, confiando nos sistemas automáticos.
A nova tecnologia também terá um papel fundamental na battle network (rede de batalha), sendo capaz de conectar milhões de equipamentos de rádio bidirecionais numa área circunscrita.
O 5G também será extremamente importante para os serviços secretos e para as forças especiais: tornará possível sistemas de espionagem muito mais eficazes e aumentará a letalidade dos drones assassinos.
Essas e outras aplicações militares dessa tecnologia estão, certamente, também a ser estudadas na China e noutros países. O portanto, o que está em curso sobre a 5G não é só uma guerra comercial.
Confirma-o o documento estratégico do Pentágono: “As tecnologias 5G representam capacidades estratégicas determinantes para a segurança nacional dos Estados Unidos e a dos nossos aliados”. É necessário, portanto, "protegê-las dos adversários" e convencer os aliados a fazerem o mesmo para garantir a "interoperabilidade" das aplicações militares da 5G no âmbito da NATO.
Isto explica por que é que a Itália e os outros aliados europeus dos EUA excluíram a Huawei e outras empresas chinesas das licitações para o fornecimento de equipamentos de telecomunicações 5G.
“A tecnologia 5G - explica o Dr. Joseph Evans numa conferência de imprensa, no Pentágono - é vital para manter as vantagens militares e económicas dos Estados Unidos”, não só contra os seus adversários, principalmente a China e a Rússia, mas também contra os próprios aliados.
Por esta razão "o Departamento de Defesa está a trabalhar estreitamente com parceiros industriais, que investem centenas de biliões de dólares em tecnologia 5G, a fim de explorar esses investimentos maciços para aplicações militares de 5G", incluindo "aplicações de dupla utilização" militares e civis.
Por outras palavras, a rede comercial 5G, construída por empresas privadas, é usada pelo Pentágono com uma despesa cujo custo é menor do que seria necessário se a rede fosse construída apenas para fins militares.
Serão os utentes comuns - a quem as multinacionais 5G venderão seus serviços - a pagar pela tecnologia que, como prometem, deve "mudar as nossas vidas", mas que ao mesmo tempo será utilizada para criar armas de nova geração para uma guerra que significará o fim das gerações humanas.

Manlio Dinucci
Il Manifesto, 8 de Setembro de 2020

FRANÇAIS ITALIANO PORTUGUÊS
--------------------------


APPEAL TO THE LEADERS OF THE NINE NUCLEAR WEAPONS' STATES

(China, France, India, Israel, North Korea, Pakistan, Russia, the United Kingdom and the United States)



Tradutora: Maria Luísa de Vasconcellos
Email: luisavasconcellos2012@gmail.com

terça-feira, 8 de setembro de 2020

CRIMINOSOS, SÃO OS PODERES E SEUS CÚMPLICES QUE PRETENDEM CALAR JULIAN ASSANGE

                 

                                  Discurso de John Pilger 


                       
Ontem, dia 7 de Setembro 2020, iniciou-se a fase final de julgamento para decidir da extradição de Julian Assange para os EUA. Lembremos que Assange é cidadão australiano, não é portanto juridicamente válido, à partida, este pedido de extradição. 

O jornalista Neil Clark, relata no RT que - em paralelo a esta farsa de julgamento de Assange - um outro preso de Belmarch, acusado de pertencer ao ISIS, é libertado. De forma previsível, ele começa a cometer crimes, esfaqueando a torto e a direito, as pessoas na rua.

Por outro lado, Julian Assange não cometeu nenhum crime, de acordo com reputados juristas, apenas publicou material de interesse para o público. O Reino Unido (e a Suécia, anteriormente) está a mostrar sua face de vassalo do império USA. Ficam grotescos seus governantes, quando fazem declarações moralistas em relação a supostas ou reais violações dos direitos humanos, noutros países.

Segundo o autor do blog Moon of Alabama, não há dúvida de que o julgamento vai decidir pela extradição. Algo que já está, na realidade, decidido desde Março. Assange foi sujeito a pressões psicológicas, que são classificadas como formas de tortura por enviado especial da ONU. Assim mostram a verdadeira face do poder e a «mansidão» deste, para quem desmascarou seus crimes e hipocrisias. 

Lamentavelmente, os media corporativos todo-poderosos, tiveram neste assunto um papel de co-autoria moral neste crime contra a integridade física e psíquica de Assange. Com efeito, depois de terem aproveitado, como material de notícia, as informações fornecidas por Wikileaks - ganhando, tais meios de comunicação de massa, uma injustificada fama de independência em relação aos poderes - foram os primeiros a se mobilizarem para enegrecer a imagem do fundador de Wikileaks, para o mostrar como um «hacker», como alguém desprezível que de modo nenhum - segundo eles - se poderia equiparar a jornalista ou editor. Caitlin Johnstone  correlaciona o modo, digno da Inquisição, como está a decorrer este processo de Assange, com a rápida transformação dos Estados ditos democráticos, em Estados autoritários e repressivos. 

Muitos já registaram e compreenderam como a imprensa mainstream está nas mãos dos grandes interesses corporativos e como seus jornalistas se tornaram em meras caixas-de-ressonância do Estado Profundo, seja ele britânico, americano ou de outra nação. 

Mesmo que Assange perca esta batalha legal, ele não perdeu a estima, a consideração e o apoio de milhões de pessoas, anónimas ou célebres, que compreenderam perfeitamente que, para além do trágico caso humano, estão também em causa valores tão importantes como a liberdade de imprensa, a liberdade de opinião, a garantia de processo justo e imparcial, o respeito dos tribunais pelas próprias leis e pelos Direitos Humanos. 

Em resumo; quem pense que nos países do «Ocidente» (EUA e aliados) vigoram as regras do Estado de Direito, onde são respeitados os Direitos Humanos, que investigue a fundo o caso Assange e perca as suas ilusões. Aliás, toda a narrativa de «defesa dos Direitos Humanos», cai por terra quando, quem a profere, é o primeiro a violá-los e da forma mais grave...  



domingo, 6 de setembro de 2020

BACH / VIVALDI - concertos para instrumentos de tecla

                 BACH / VIVALDI - concertos para órgão ou cravo

r/ArtHistory - A recently discovered painting believed to be a portrait of composer J.S. Bach as a young man                                      2

1- Retrato recém descoberto, do jovem Bach/ 2- retrato de Vivaldi, gravura da época.      

 Bach mostra aqui o seu génio, pese embora o seu papel de transcritor/ adaptador dos concertos de Vivaldi, outro génio de igual estatura e possuidor de uma gramática musical sui generis, o que permite identificar como «vivaldiana» uma peça, por qualquer apreciador do «pretre rosso».

A antologia seleccionada começa com concertos de Vivaldi, transcritos para cravo solo (Luciano Sgrizzi) . Bach demonstra um enorme bom gosto, não apenas na escolha das composições (a maioria para violino e orquestra) do Mestre Veneziano, como também sabendo aligeirar a textura e «condimentar» a melodia. De tal maneira que temos a sensação de ouvir peças escritas genuinamente para o cravo.

Seguem-se 12 concertos para órgão, transcritos de concertos de Vivaldi (Elena Barshai). Apesar do título do disco, uma das obras é transcrição dum concerto para violino do Duque Johann Ernst de Saxe-Weimar, músico talentoso e aluno de Bach: as transcrições de concertos de Vivaldi, datadas da época em que Bach trabalhou em Weimar, devem-se provavelmente a solicitação do jovem duque ou foram usadas para a educação musical de Johann Ernst.

Os concertos com órgão «obligato» (Roberto Lorefgian ao órgão e «L'Arte del'Arco» sob direcção de Federico Guglielmo), introduzem um Vivaldi pouco conhecido do grande público. Estes concertos incluem algumas obras de qualidade superior, ao nível das melhores de Vivaldi. No que toca ao estilo: na composição com órgão solista, observa-se a completa e total ausência de escrita contrapontística, o que lhe confere um carácter moderno para a época (primeira metade do século XVIII). Com efeito, é somente no período seguinte - no classicismo - que surgem concertos (nomeadamente, concertos para órgão de J. Haydn, de M. Haydn e de Albrechtberger) com órgão solista, onde este desenha linhas melódicas caprichosas e brilhantes.

Por contraste, os concertos para cravo/s solista/s de Bach, embora apresentem vários exemplos de «escrita galante», ao gosto do final da época barroca, são típicos de Bach, pelo seu apego em manter alguma escrita contrapontística, não obstante a escrita melódica ser dominante. Note-se que o célebre concerto para quatro violinos de Vivaldi, foi o modelo para o concerto a quatro cravos. No entanto, a mestria de Bach fez com que as diversas vozes atribuídas aos cravos, soassem naturalmente, ou seja, como se fossem destinadas a instrumento de tecla e não a instrumento de arco.

Embora Vivaldi seja sobretudo celebrado pelas obras para o violino, deixou uma profusão de partituras para orquestra, com todos os instrumentos solistas imagináveis e também o cravoL'Arte dell'Arco» com Nicola Reniero ao cravo e Federico Guglielmo na direcção).

Porém, as pessoas apreciadoras de música dessa época, não tinham ao seu dispor orquestras ou conjuntos de câmara para usufruir de música (só havia orquestras nas cortes dos duques, príncipes e reis, ou de papas e altos membros do clero). Por este motivo, as transcrições para cravo, ou outros instrumentos de tecla, eram comuns. O livro de Ann Dawson de transcrições para cravo (Enrico Baiano, ao cravo) de concertos de Vivaldi, mostra como era popular a música do Veneziano, mesmo depois de sua morte em Viena, em 1741 (na miséria!).

É extraordinário, o efeito da convergência de escrita musical dos dois génios, com temperamentos muito diversos, como foram João Sebastião Bach e António Vivaldi.

Uma das minhas peças preferidas do reportório de Bach, é - sem dúvida - o Concerto Italiano (Scott Ross): Bach escolheu esta peça para o IIº tomo do «Clavier Übung» com intuitos pedagógicos mas, também, consciente de dar à estampa uma obra plenamente digna do seu génio inventivo. Gosto de imaginar que também estava a prestar homenagem a Itália e à sua música sensual, que descobriu na juventude e, nomeadamente, a música de Vivaldi.

[Pepe Escobar] Índia implode a própria Nova Rota da Seda

                          

3/9/2020, Pepe Escobar, Asia Times, aqui traduzido* ao português do Brasil, com permissão do autor. Trad. btpsilveira, da Vila Mandinga

Houve época em que a Índia vendia orgulhosamente a noção de que estabelecia uma Nova Rota da Seda só dela – a qual, partindo do Golfo de Omã para a intersecção da Ásia Central e do Sul, permitiria acesso de Irã, Afeganistão e Ásia Central ao Mar da Arábia – competindo com a Iniciativa Cinturão e Estrada (ICE) da China. 

Hoje, é como se a Índia se autoesfaqueasse pelas costas.

Teerã e Nova Delhi assinaram acordo em 2016 para construir ferrovia de 628 quilômetros, do estratégico porto iraniano de Chabahar até a cidade de Zahedan, no interior, muito perto da fronteira afegã, com uma extensão crucial para Zaranj, no Afeganistão, e adiante.

Estavam envolvidas nas negociações as companhias Iranian Railways e Indian Railway Constructions Ltd. Mas nada aconteceu, devido à morosidade indiana. Assim, Teerã resolveu construir a ferrovia, fosse como fosse, com $400 milhões de dólares de seus próprios fundos e conclusão marcada para março de 2022.

Previa-se que a ferrovia viesse a ser o principal corredor de transporte ligado a substanciais investimentos indianos em Chabahar, seu porto de entrada para o Golfo de Omã, como Nova Rota da Seda alternativa, para o Afeganistão e Ásia Central.

A modernização de infraestrutura das ferrovias e estradas a partir do Afeganistão para seus vizinhos Tajiquistão e Uzbequistão seria o próximo passo.

Toda a operação estava inscrita num acordo trilateral Índia-Irã-Afeganistão assinado em 2016 em Teerã pelo Primeiro Ministro Narendra Modi, o Presidente iraniano Hassan Rouhani e o então Presidente afegão Ashraf Ghani.

As desculpas não oficiais de Nova Delhi giram em torno do medo de que o projeto fosse atacado pelos EUA, com sanções. Nova Delhi conseguiu que o governo Trump suspendesse as sanções contra Chabahar e contra a ferrovia até Zahedan. O problema foi convencer uma gama de investidores parceiros, todos aterrorizados pelo risco de sofrerem sanções.

A verdade é que toda a saga tem mais a ver com o pensamento desejante de Modi, que conta com receber tratamento preferencial, nos termos da estratégia do governo Trump para o Indo-Pacífico, que se baseia de fato num Quad (“Quarteto”) – EUA, Índia, Austrália e Japão, estrutura destinada a conter a China. Esta é a causa de Nova Deli ter decidido cortar as importações de petróleo do Irã.

Assim, para todos os efeitos práticos, a Índia jogou o Irã debaixo do ônibus. Não é de admirar que o Irã tenha resolvido avançar por conta própria, especialmente agora que está escorado pelo “Plano Abrangente de Parceria Estratégica entre a República Islâmica do Irã e a República Popular da China” (ingl. Comprehensive Strategic Partnership between I.R. Iran, P.R. China), acordo de $400 bilhões de dólares e duração de 25 anos, e que sela a parceria estratégica entre China e Irã.

Neste caso, podem ficar sob o controle chinês duas “pérolas” estratégicas no Oceano Índico, a apenas 80 quilômetros de distância uma da outra: Gwadar, no Paquistão, entroncamento chave do Corredor Econômico China-Paquistão (ing. China-Pakistan Economic Corridor, CPEC) de $60 bilhões de dólares; e Chabahar.

Até agora, Teerã nega que o porto de Chabahar venha a ser arrendado a Pequim. Mas há possibilidade real, além dos investimentos chineses numa refinaria de petróleo perto de Chabahar, e, mesmo, no longo prazo, no próprio porto, de uma ligação operacional entre Gwadar e Chabahar. Essa ligação seria complementada pelos chineses que operariam o porto de Bandar-e-Jask, no Golfo de Omã, 350 quilômetros a oeste de Chabahar e muito perto do hiperestratégico Estreito de Ormuz.

Corredores são sempre atraentes

Nem alguma divindade indiana em surto de ressaca conseguiria imaginar “estratégia” mais contraproducente para os interesses indianos, caso Nova Delhi realmente recue da decisão de cooperar com Teerã.

Consideremos o essencial: Teerã e Pequim estarão trabalhando no que, de fato, é expansão massiva do Corredor Econômico China Paquistão, com Chabahar conectado a Gwadar e a seguir à Ásia Central e ao Mar Cáspio, pelas ferrovias iranianas. Estará também ligado à Turquia e ao Mediterrâneo Oriental, via Iraque e Síria, diretamente até a União Europeia.

Esta progressão capaz de mudar o jogo acontecerá no coração de todo o processo de integração da Eurásia – unindo China, Paquistão, Irã, Turquia e, claro, a Rússia, que já está ligada ao Irã pelo Corredor de Transporte Internacional Norte-Sul (ing. International North-South Transport Corridor).

Por enquanto, dadas as reverberações potentes em múltiplas áreas – melhoramento da infraestrutura energética, reformas de portos e refinarias, construção de um corredor de conectividade, investimentos na indústria manufatureira e suprimento pesado de petróleo e gás (questão de segurança nacional para a China) – não há dúvidas de que o acordo Irã-China está mesmo, no momento, sendo minimizado por ambos os lados.

Legenda: Vista aérea do porto iraniano de Chabahar que pode mudar de patrocinador: da Índia para a China.

As razões são autoevidentes – evitar que a ira da administração Trump suba a níveis ainda mais incandescentes, dado que ambos os atores são considerados pelos EUA como “ameaças existenciais”. Mesmo assim, Mahmoud Vezi, chefe de gabinete do Presidente Rouhani, garante que o acordo final Irã-China será assinado em março de 2021.

Enquanto isso, o Corredor Econômico China-Paquistão vai de vento em popa. O que Chabahar supostamente faria para a Índia, já está a pleno vapor em Gwadar. O trânsito comercial para o Afeganistão começou há dias, com cargas a granel vindas dos Emirados Árabes Unidos. Gwadar já começou a estabelecer-se como entroncamento chave no trânsito para o Afeganistão, muito adiante de Chabahar.

O fator estratégico é essencial para Cabul. O país depende de rotas por terra a partir do Paquistão – e algumas podem ser muito inseguras – assim como de Karachi e Porto Qasim. Especialmente para o sul do Afeganistão, a ligação por terra desde Gwadar, cruzando o Baluquistão é muito mais curta e segura.

O fator estratégico é ainda mais vital para Pequim. Para a China, Chabahar não seria prioridade, porque o acesso para o Afeganistão é mais fácil via Tadjiquistão, por exemplo.

Mas a história muda completamente, quando se trata de Gwadar – que se vai convertendo, lenta, mas firmemente, no principal entroncamento da Rota da Seda Marítima, conectando a China e o Mar da Arábia, o Oriente Médio e a África. Islamabad já está recolhendo recursos robustos, em impostos e taxas de passagem.

Resumindo, é jogo de ganha-ganha, mas sempre considerando que desafios e protestos a partir do Baluquistão não vão simplesmente desaparecer, e exigem de Pequim e Islamabad gestão muito cuidadosa.

Para a Índia, o caso de Chabahar-Zahedan não é o único retrocesso recente. O Ministro de Relações Exteriores indiano admitiu recentemente que o Irã desenvolverá “sozinho” o enorme campo de gás Farzad-B no Golfo Pérsico; e que a Índia pode vir a juntar-se à República Islâmica “de forma apropriada em estágio posterior”. O mesmo tipo de “estágio posterior” aplicado por Nova Delhi para Chabahar-Zahedan.

Os direitos de produção e exploração de Farzad-B já foram garantidos há anos para a empresa estatal indiana ONGC Videsh Limitada. Mas aí, mais uma vez, nada acontece, por efeito do proverbial fantasma das sanções.

Vale lembrar que essas sanções já estavam ativadas no governo de Barack Obama. Mesmo assim, naquela época Índia e Irã pelo menos comerciavam bens por petróleo. Projetava-se que Farzad-B voltaria a operar depois da assinatura do JCPOA (chamado “Acordo do Irã”) em 2015. Mas então as sanções de Trump, outra vez, tudo congelaram.

Não é preciso ser mestre e doutor em Ciência Política para saber quem pode acabar por tomar Farzad-B: a China, especialmente depois que, ano que vem, for assinado o acordo de parceria para os próximos 25 anos. 

Contra seus próprios interesses energéticos e geoestratégicos, a Índia na realidade ficou reduzida ao status de mero refém da administração Trump. O objetivo verdadeiro dessa política de dividir para reinar aplicada contra Irã e Índia é impedir que os dois países comerciem usando as respectivas moedas, deixando o EUA-dólar fora do processo, especialmente nos negócios de energia.

O grande quadro, no entanto, sempre tem a ver com o avanço da Nova Rota da Seda através da Eurásia. Com evidências crescentes de integração cada vez mais forte entre China, Irã e Paquistão, o que se vê claramente é que a Índia só permanece integrada com as próprias inconsistências.
-----
*Grato a Luísa Vasconcellos pelo envio deste artigo traduzido.
MB

sexta-feira, 4 de setembro de 2020

SAÚDE FÍSICA E MENTAL OU... CONDICIONAMENTO???

                

 Crianças do primeiro ciclo condicionadas a manter distanciamento e usar máscara, em escola

Estamos perante uma catástrofe económica e social nos países desenvolvidos, mas também e sobretudo no resto do Mundo, especialmente nos países pobres, dependentes da exportação para os países do 1º Mundo e do turismo.


Um bom exemplo da loucura criminosa é comparar os resultados de países que fizeram «lockdown» estrito, com a Suécia, um dos poucos países que não o fez. Na Suécia, as crianças abaixo dos 16 anos nunca foram retiradas da escola, em nenhuma fase da pandemia.

Segundo a Reuters, o número de crianças suecas entre 1 e 19 anos que morreram de COVID-19 é zero. A percentagem de crianças que contraiu a doença é exactamente a mesma na Suécia e na Finlândia, que fechou as suas escolas.

Quanto à incidência de COVID-19 nos professores, a Agência de Saúde Pública da Suécia, avaliou que não houve um risco acrescido dos professores, em relação a várias outras profissões estudadas.

 As pessoas que defendem o «lockdown» e criticam a Suécia por esta -alegadamente - ter «fracassado» na protecção da sua população, não têm em conta os factos objectivos. A esmagadora maioria das mortes por COVID-19, na Suécia, é de pessoas acima de 70 anos e - a maior parte - acima de 80, cujo sistema imunitário estava enfraquecido. Agora, há um mês que a Suécia praticamente não tem mortes devidas ao COVID-19, enquanto a sociedade inteira permanece aberta e quase ninguém usa máscara.

As pessoas que advogam as medidas mais estritas de lockdown, deveriam assumir responsabilidade pelas tragédias directamente resultantes: o aumento de suicídios, de conflitos conjugais e violência no interior dos lares, em especial, contra crianças indefesas, as perdas económicas irreversíveis pelo fecho dum número incontável de pequenos negócios e que são responsáveis pelo emprego de cerca de 70% da população, os muitos casos de ausência de tratamento adequado ou atempado de doenças crónicas graves (cancros, diabetes, doenças do coração...) devido à restrição de acesso às estruturas de saúde, para «dar espaço» a doentes de COVID-19, sabendo-se que muitas unidades estão e estiveram o tempo todo, quase vazias. A lista é interminável. 

Uma estatística internacional faz uma estimativa de que a taxa de suicídio sobe  cerca de 1%, por cada ponto percentual de aumento na taxa de desemprego. 

Se a política da Suécia de proteger os mais frágeis, enquanto deixava que a população em geral ficasse em contacto com o vírus, fosse disparatada... Então, a Suécia nunca poderia ter ficado no oitavo lugar, dos países desenvolvidos, em taxa de fatalidades por milhão de habitantes. Sua posição  é relativamente melhor que a doutros países europeus, como a Bélgica ou a Holanda, que seguiram políticas estritas de lockdown.

Quem não tem em conta isto tudo e não reconhece que houve um erro catastrófico na resposta à crise do COVID-19, nos seis meses anteriores, está  - muitas vezes - confortável a receber seu ordenado, tendo seu posto de trabalho assegurado. Mas, agora já não é legítimo e decente ignorar ou descartar a gravidade da crise profunda, económica e social e as consequências na saúde pública, que as medidas de «lockdown» causaram. 

PS1: A Suécia está de parabéns, pois conseguiu dominar a epidemia sem nunca recorrer ao confinamento obrigatório. Agora, tem os índices mais baixos da Europa. Veja:

https://www.zerohedge.com/medical/sweden-close-victory-over-coronavirus-never-had-lockdown-or-mask-mandate