terça-feira, 8 de maio de 2018

«O CISNE» de CAMILLE SAINT-SAËNS, por Yo Yo Ma


Ás vezes, é preciso um interprete como Yo-Yo Ma para extrair todo o «sumo» de uma peça, seja ela arque-conhecida ou não, para exprimir a sua alma.

segunda-feira, 7 de maio de 2018

UM IMPÉRIO MORIBUNDO

                     
                     Turner: «O declínio do Império Cartaginense»

Um império moribundo é a mais séria ameaça para a Paz que se possa imaginar. Um Império que tem vassalos e não amigos, que pode destruir múltiplas vezes o Planeta com o seu arsenal de armas nucleares (armas de destruição maciça, que são um crime contra a humanidade em si mesmas apenas por existirem). Um Império que arrasta consigo para guerras pelos SEUS interesses, seus vassalos, mantendo um controlo draconiano da política e dos políticos que são simplesmente comprados, mesmo no «velho continente», como, com razão, acusa Paul Craig Roberts.
Um país que está fechado sobre si próprio, onde a generalidade da cidadania não sabe rigorosamente nada sobre a política internacional, já para não falar da cultura, da economia... 
Um país que está nas mãos dos grandes grupos de interesses, que movimentam biliões, que servem os interesses da grande banca de Wall Street, das grandes corporações envolvidas na indústria de armamento, na agro indústria do OGM e na indústria farmacêutica, responsável pela mortífera epidemia dos opioides.  
 Um país hipócrita como não há outro que apoia o terrorismo fundamentalista islâmico num teatro de guerra ao mesmo tempo que diz travar uma guerra contra o terrorismo. 
Penso, contrariamente aos cultores da «vulgata» do marxismo, que as causas morais ou éticas da decadência de uma nação, dum império, são muito mais profundas, do que as causas  meramente económicas, as quais podem ou não sofrer uma reversão, consoante o país se encontre em decadência ou não, do ponto de vista moral.
As pessoas com sentido moral, no Ocidente, quaisquer que sejam os seus pressupostos ideológicos, não podem continuar a ter um comportamento esquizóide, indignando-se com a barbárie quando ela vem de um lado, mas não do outro, com a mentira/fabricação da propaganda quando vinda de regimes tidos como «adversários», mas aceitando o permanente branqueamento dos próprios governos ou dos regimes por estes apoiados. 
Eu considero que será a orgulhosa civilização ocidental - a qual nasceu e floresceu sobretudo nos séculos XV a XIX, antes do continente americano ter a configuração política actual - que está em risco de morte, porque os sinais de decadência moral se acumulam, não havendo no horizonte qualquer perspectiva realista de sobressalto. 
A tal ponto, que temo a vinda duma transformação política, social e cultural, em sentido retrógrado, talvez antecedida por tentativa(s) mal amanhada(s) de revolução socializante. 
O Império está à beira do colapso e temo que arraste consigo tudo o que existe de bom (a herança de uma civilização multissecular) na sua queda.

     Nous autres, civilisations, nous savons maintenant que nous sommes mortelles. Nous se...

sábado, 5 de maio de 2018

CARMEN MIRANDA - LENDÁRIA DEUSA DO SAMBA

  Eu gosto muito de cachorro vagabundo...






Que anda sozinho no mundo
Sem coleira e sem patrão
Gosto de cachorro de sarjeta
Que quando escuta a corneta
Sai atrás do batalhão
E por falar em cachorro
Sei que existe lá no morro
Um exemplar
Que muito embora não sambe
Os pés dos malandros lambe
Quando eles vão sambar
E quando o samba está findo
Vira-lata esta latindo a soluçar
Saudoso da batucada
Fica até de madrugada
Cheirando o pó do lugar

Eu gosto muito de cachorro vagabundo
Que anda sozinho no mundo
Sem coleira e sem patrão
Gosto de cachorro de sarjeta
Que quando escuta a corneta
Sai atrás do batalhão
E até mesmo entre os caninos
Diferentes os destinos
Costumam ser
Uns têm jantar e almoço
E outros nem sequer um osso
De lambuja pra roer

E quando passa a carrocinha
A gente logo adivinha a conclusão
O vira-lata, coitado
Que não foi matriculado
Desta vez "virou"... sabão
Eu gosto muito de cachorro vagabundo
Que anda sozinho no mundo
Sem coleira e sem patrão
Gosto de cachorro de sarjeta
Que quando escuta a corneta
Sai atrás do batalhão
                     
  

                                  
                   

                   TICO-TICO NO FUBÁ


O tico-tico tá
Tá outra vez aqui
O tico-tico tá comendo meu fubá
O tico-tico tem, tem que se alimentar
Que vá comer umas minhocas no pomar
O tico-tico tá
Tá outra vez aqui
O tico-tico tá comendo meu fubá
O tico-tico tem, tem que se alimentar
Que vá comer umas minhocas no pomar
Ó por favor, tire esse bicho do celeiro
Porque ele acaba comendo o fubá inteiro
Tira esse tico de cá, de cima do meu fubá
Tem tanta coisa que ele pode pinicar
Eu já fiz tudo para ver se conseguia
Botei alpiste para ver se ele comia
Botei um gato, um espantalho e alçapão
Mas ele acha que fubá é que é boa alimentação
O tico-tico tá
Tá outra vez aqui
O tico-tico tá comendo meu fubá
O tico-tico tem, tem que se alimentar
Que vá comer é mais minhoca e não fubá
O tico-tico tá
Tá outra vez aqui
O tico-tico tá comendo meu fubá
O tico-tico tem, tem que se alimentar
Que vá comer é mais minhoca e não fubá


Estas imagens mostram como foi a mítica Carmen Miranda, que marcou, não apenas o Brasil, mas também os EUA e a Europa, com sua fulgurante sensualidade desinibida... Foi um símbolo e assim permaneceu, mesmo depois de falecida. 


                     O QUE É QUE A BAIANA TEM


O que é que a baiana tem?
O que é que a baiana tem?
Tem torso de seda tem (tem)
Tem brinco de ouro tem (tem)
Corrente de ouro tem (tem)
Tem pano da Costa tem (tem)
Tem bata rendada tem (tem)
Pulseira de ouro tem (tem)
E tem saia engomada tem (tem)
Tem sandália enfeitada tem (tem)
E tem graça como ninguém...!
O que é que a baiana tem? (bis)
Como ela requebra bem...!
O que é que a baiana tem? (bis)
Quando você se requebrar caia
por cima de mim (tris)
O que é que a baiana tem?
Mas o que é que a baiana tem?
O que é que a baiana tem?
Tem torso de seda tem (tem?)
Tem brinco de ouro tem (ah!)
Corrente de ouro tem (que bom!)
Tem pano da Costa tem (tem)
Tem bata rendada tem (e que mais?)
Pulseira de ouro tem (tem)
Tem saia engomada tem (tem)
Sandália enfeitada tem
Só vai no Bonfim quem tem...
O que é que a baiana tem? (bis)
Só vai no Bonfim quem tem...
O que é que a baiana tem? (bis)
Um rosário de ouro, uma bolota assim
Ai, quem não tem balangandãs
não vai no Bonfim
Ôi, quem não tem balangandãs
Não vai no Bonfim
Ôi, não vai no Bonfim (6 vezes)

Muitas figuras notáveis no samba antecederam e sucederam a Carmen... mas ela foi e ainda é sinónimo de sensualidade da música latina e do samba para o público internacional ! 



                        
                        ADEUS BATUCADA

Adeus, adeus
Meu pandeiro do samba
Tamborim de bamba
Já é de madrugada

Vou-me embora chorando
Com meu coração sorrindo
E vou deixar todo mundo
Valorizando a batucada

Adeus, adeus
Meu pandeiro do samba
Tamborim de bamba
Já é de madrugada

Vou-me embora chorando
Com meu coração sorrindo
E vou deixar todo mundo
Valorizando a batucada

Em criança com samba eu vivia sonhando
Acordava e estava tristonha chorando

Jóia que se perde no mar
Só se encontra no fundo
Samba mocidade
Sambando se goza
Nesse mundo

E do meu grande amor
Sempre eu me despedi sambando
Mas da batucada agora me despeço chorando
E guardo no lenço esta lágrima sentida
Adeus batucada
Adeus batucada querida


A MEDIA E A CONSTRUÇÃO DO PODER GLOBALISTA


O «1984» DE ORWELL É AGORA

Resultado de imagem para orwell ignorance is strength

Quando o «Guardian» se põe a fazer de porta-voz do governo britânico, demonizando a Rússia, Putin como «o mal absoluto», abandonando completamente a postura de crítico do poder, de revelador de jogadas ocultas, desmontando a propaganda governamental, ele está a fazer um papel desprezível e ambíguo, bem conhecido das pessoas que viveram (ou vivem) sob regimes fascistas, totalitários. 
Eu lembro-me bem de como, antes do 25 de Abril de 74, a maioria dos órgãos de comunicação social portugueses, com especial destaque para a TV, eram (ou se tinham transformado) em meras plataformas de propaganda governamental. Poucos jornais resistiam; mesmo estes, recorriam a uma constante auto-censura, para não serem completamente abafados. 
Noutros países, nomeadamente os de totalitarismo vermelho (como a ex-URSS e a RP da China), a utilização dos meios de comunicação como mero instrumento de propaganda eram/são um dado adquirido, por todos.  
Mas, no chamado «mundo livre», considerava-se que a imprensa e a comunicação social em geral, deviam ser ferozmente independentes dos governos e das grandes corporações económicas, pois só assim se podia esperar que tivessem coragem e independência suficientes para defender o público contra as investidas desses mesmos poderes. 
Claro que isto nunca foi assim, rigorosamente; porém, para fazer com que este mito tivesse alguma verosimilhança, tinham de dar mostras de independência face aos poderes, nalgumas ocasiões. 

Mas isto é o passado. O presente é o do mundo totalitário imaginado por Orwell no seu grande romance de antecipação sócio-política, «1984».

Assusta verificar que o totalitarismo «soft» se instalou, pela preguiça e cobardia das pessoas, dos cidadãos comuns muito satisfeitos afinal com o sistema, não precisando mais em termos de «democracia», que de poder ouvir frases ribombantes ou sentimentais dos seus dirigentes políticos preferidos, acorrendo a votar neles de quatro em quatro anos... 
Quanto ao resto, são como as crianças que dizem (estas, têm mil desculpas...) «É verdade! Vi na TêVê!*» (*ou, mais recentemente ...«vi na Internet»!)
O mundo imaginado por Orwell está aqui e atinge um grau de sofisticação na sua perversidade, que este grande autor de ficção política não pode imaginar!

sexta-feira, 4 de maio de 2018

GLOBALISMO NÃO É AQUILO QUE AS PESSOAS PENSAM!

                   


A chamada nova ordem mundial é um projecto totalitário que se esconde por detrás de uma propaganda habilidosa. O truque dele se mascarar com uma capa de «progressismo» e doutros valores normalmente associados com a «esquerda», tem como efeito manter distraídos ou fazer baixar a guarda, aqueles mesmos que poderiam ser seus inimigos. 
A esquerda «liberal» está possuída desde há muito tempo de um «complexo de Estocolmo» (um complexo que leva as vítimas a desculpar e mesmo fazer causa comum com os seus raptores, ocorreu num assalto com tomada de reféns em Estocolmo, daí o nome). 
Brandon Smith é conotado com a direita patriótica, anti-globalista dos EUA. Não é pela sua conotação que devemos avaliar o que escreve no excelente artigo abaixo

«How The Globalism Con Game Leads To A 'New World Order'»

Os argumentos valem por si mesmos e pela adequação à realidade. 
O que deveria envergonhar a esquerda anti-autoritária é que nela esteja ausente este tipo de denúncia, nestes termos ou em termos semelhantes. Sobretudo, o que faz falta, a meu ver, é que ela tire as conclusões lógicas da observação da realidade e se retracte, faça uma auto-crítica ou no mínimo aprenda a comportar-se de modo diferente, mais coerente com seus princípios. 
Mas, esta esquerda anti-autoritária que eu  refiro é tragicamente pequena, muito fraccionada, incapaz de se assumir sem preconceitos ideológicos em relação a «esquerdas» totalitárias diversas, de que muitos deles provêem.

quarta-feira, 2 de maio de 2018

O MUNDO, NA ENCRUZILHADA ENTRE A PAZ E A GUERRA

                            Iran's supreme leader Ayatollah Ali Khamenei meets with Russian president Vladimir Putin in Tehran on November 1, 2017. Photo: AFP/Iranian Supreme Leader's website
                  [Putin e o Ayatollah Khamenei]

Peter Lavelle, o animador do popular programa da RT, «Cross Talk» entrevista ao vivo, em simultâneo, quatro individualidades sobre assuntos de política internacional. 
Neste programa, há umas semanas atrás, tive ocasião de ouvir um «falcão» de Washington defender o «direito» dos EUA intervirem no Médio Oriente. Um dos argumentos que usou foi que Damasco tem sido apoiado pelo Irão. Peter Lavelle, oportunamente, perguntou-lhe se um país soberano (a Síria) não tinha o direito de ter relações com outros regimes, de estabelecer laços e de pedir ajuda, inclusive militar, com quem entendesse. O entrevistado, para não ter de concordar com o óbvio, meteu-se a justificar que o Irão, não apenas tinha mantido Assad no poder, como sobretudo constituía o elo principal dum arco (Irão, Síria, Líbano) de forças ameaçando os «nossos» amigos de Israel. 
Israel tornou-se um Estado completamente fora da Lei internacional. Não cumpre as múltiplas resoluções das Nações Unidas, tem um comportamento odioso,  genocida mesmo, em relação ao povo palestiniano, etc. Pois é esse regime, que possui ogivas nucleares, que está constantemente a acicatar Washington para entrar em guerra com o Irão. 
O regime de Washington está dominado pelo lobby mais poderoso que é o lobby pró-Israel, pois inclui riquíssimos membros na AIPAC (associação de amizade americana-israelita), a grande media corporativa, assim como de toda a indústria do armamento, que movimenta biliões. Além disso, grande parte do «Deep State», do Estado profundo, que é formado por aqueles funcionários não eleitos, nas agências de espionagem, nas forças armadas, no Departamento de Estado, etc, que se esmeram em barrar qualquer veleidade de um político de Washington, incluindo o próprio Presidente, de sair fora do que eles consideram ser a política correcta e o «interesse nacional». Pois é este conjunto de interesses que teleguia a política de Washington, nomeadamente em relação ao Médio Oriente. É uma relação de tipo parasitário, pois o hóspede (os EUA) é muito mais poderoso e fornece o «sangue» (os biliões de dólares anuais em «ajuda» ao aliado de Israel anualmente votados pelo Congresso) para o parasita, que morreria se não fosse constantemente nutrido pelos EUA.

O acordo nuclear com o Irão - que envolveu cinco potências - é o pretexto falacioso de uma crise, agora que o exército de mercenários pró-EUA ficou desmascarado e derrotado militarmente por Damasco e seus aliados. 
Com efeito, não é o mentiroso Netanyahu, que possui credibilidade e legitimidade para «denunciar» um suposto programa secreto de nuclear bélico do Irão. Todos sabem que é a agência atómica mundial, sob a égide da ONU, que tem essa incumbência.

                      Israel cancels US-based test of its Arrow-3 missile defense system until ‘maximum readiness’ ensured
                         [mísseis de Israel, que podem ser portadores de ogivas nucleares]

Para se ver como as regras do direito internacional são desprezadas pelos mesmos poderosos que, no Ocidente, posam como seus guardiões, estamos agora a assistir a mais um episódio da farsa, farsa cruel e perigosa, deles fingirem que acreditam que a propaganda de Natanyahu se baseia em argumentos sólidos... 

A inspecção da agência internacional que monitoriza as armas químicas demonstrou  num relatório recente não haver quaisquer evidências de ataque com armas químicas em Ghouta, mas as chancelarias «ocidentais», a começar pela representante dos EUA na ONU (a mais fanática, belicista e anti-diplomática embaixadora que jamais existiu!) não abrem o bico, agora. Teriam de indemnizar e pedir desculpas oficiais ao regime e ao povo sírio, pelo ilegal e imoral ataque com mísseis, coisa que na sua arrogância de «Senhores do Mundo» nunca fariam.

                        
                                                  [ataque contra a Síria]

A enorme falha da cidadania, nomeadamente europeia, em se organizar de forma autónoma, independente, num movimento cívico anti-guerra, afirmando os valores essenciais dos princípios da ONU, nomeadamente, que proíbem o recurso a meios militares, incluindo as operações ditas de «prevenção» de um ataque inimigo, além de que não se ouvem «piar» os supostos defensores dos trabalhadores e desapossados, pelo fim da corrida aos armamentos, que tem constituído globalmente uma drenagem de recursos que, de outro modo, seriam  investidos quer em infraestruturas úteis, quer em investimentos (pacíficos) produtivos, melhorando o bem-estar daqueles que trabalham.
É à luz desse vergonhoso descomprometimento, desse cobarde encolher de ombros, dessa hipocrisia em apenas reagir às violações dos direitos humanos, quando supostamente são oriundas de determinados actores, mas não de outros, que aquilo a que se assiste é possível na cena internacional. É graças à cobardia desses sectores que os governos, que agem em nosso nome, se podem mover à vontade, com impunidade, com aplauso!
Leiam o artigo (em inglês) de Pepe Escobar, do Asia Times: EURÁSIA, ENTRE A PAZ E A GUERRA
Leiam e divulguem sobre a próxima investida contra o Irão, que afinal é uma agressão despudorada do Império em decadência e que finge acreditar num primeiro-ministro de Israel, mentiroso sem pudor e descarado, para salvar-se dos escândalos que ameaçam obrigá-lo a sair do cargo. 


terça-feira, 1 de maio de 2018

CONCERTO PARA DOIS VIOLONCELOS EM SOL MENOR, DE VIVALDI



                                         

I. Allegro

II. Largo

III. Allegro

A alegria que se liberta dos acordes do primeiro movimento, a nostalgia do segundo movimento (largo) e a enérgica afirmação nos diálogos entre os dois instrumentos solistas no movimento final... fazem desta peça de Vivaldi, uma das minhas preferidas.