Veja o que o mais conceituado oncologista japonês diz sobre vacina anti- COVID e os "turbo cancros": https://www.globalresearch.ca/video-oncologist-condemns-mrna-vaccines-evil-practices-science/5856356
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terça-feira, 9 de novembro de 2021

PROPAGANDA 21 [ Nº 11] A FARSA DA INDEPENDÊNCIA DA MEDIA «MAINSTREAM»

Aquilo que nunca poderás saber através da media mainstream, é aquilo que realmente destapa a conivência vergonhosa entre esta e os poderes; com o poder político, o poder económico, e todos os corpos, estatais ou não, ao serviço destes. 

São incontáveis os casos em que os chamados «jornais de referência» se limitam a propalar as mentiras oficiais, sem um mínimo de sentido crítico, pelo contrário, reforçando a narrativa ficcional, por forma a dar credibilidade às mais patentes e odiosas mentiras. Os exemplos abundam, como as posturas agressivas da NATO contra a Rússia, supostamente motivadas por uma «ameaça russa», completamente forjada, acusação sem o mínimo de credibilidade, antes com um aspeto tragicómico, pois são os exércitos e instalações da NATO que fazem manobras agressivas às fronteiras da Rússia; são governos ocidentais (os americanos, alemães, ingleses, franceses...), que promoveram o golpe de «Maidan» na Ucrânia, para aí instalar um regime onde os ex-colaboradores dos nazis são glorificados e seus sucessores políticos são poder, em que se multiplicam os crimes contra a própria população, regime esse mantido e acarinhado pelos EUA e vassalos da Europa. 

É também a farsa grotesca e sinistra do aprisionamento de Julian Assange cujo grande «crime» foi ter revelado os crimes de guerra hediondos cometidos pelos militares dos EUA e britânicos no Afeganistão, no Iraque e Ieméne e a colaboração prestimosa de uma «justiça» completamente vesga dos britânicos, agora os vassalos mais abjetos do império USA, montando uma farsa de julgamento para decidir sobre a extradição do australiano Assange, acusado de espionagem contra os EUA. 

Porém, só se consegue saber por media alternativa sobre o que motivou a decisão americana de invadir o Afeganistão, como depois da derrota quiseram (querem) implantar células da ISIS-Korasan (os terroristas verdadeiros, pagos pela CIA, com os lucros que obtém pelo tráfico do ópio), mantendo a instabilidade neste país paupérrimo, sempre com esperança de lá voltarem.

A credibilidade de grandes media de informação, como o Washington Post, o New York Times, o The Guardian, etc. foi completamente erodida, pelas suas constantes campanhas favorecendo os poderes, inventando despudoradamente coisas, distorcendo outras sobre alegados «inimigos» do Império.

Estamos realmente perante uma campanha permanente de desinformação, orquestrada ao mais alto nível, com agências (não apenas a CIA) a servirem, por vezes, como autoras (dossier Steele...), sobretudo como coordenadoras. Isto é visível, quando toda a media faz o mesmo em relação ao COVID, espalhando o medo, ocultando os pontos de vista científicos divergentes. A media corporativa está totalmente corrompida com a penetração óbvia e inegável dos mais poderosos lobbies (desde o complexo industrial-militar, ao lobby sionista, passando pelos das novas tecnologias, vejam como são tratados Bill Gates ou Elon Musk, na media mainstream) .

                               
                    A operação «mockingbird», conhecida penetração da CIA nos media. 
                                 Esta continua e reforçou-se.


A tática mais corriqueira é fazer a difamação sistemática de alguém ou de alguma força ou país, para depois recuar, no pormenor, quando determinada mentira é demasiado grosseira. Quando ela passa a ser contraproducente, já não continuam a defendê-la, face ao acumular de evidências de que mentiram, distorceram, etc. Ainda assim, muitas mentiras crassas continuam a ser propaladas, sem parar, pois é uma técnica de lavagem ao cérebro bem rolada; já dizia um ministro de Hitler, Goebels, «se disserem uma mentira mil vezes, ela acaba por soar como a verdade». Foi assim com a maneira como retrataram o «judeu típico», para adormecer o povo alemão e fazê-lo aceitar tratar como sub-humanos os que tinham sido até há pouco tempo os seus vizinhos, amigos, professores, colegas. Hoje em dia, o pretexto é o COVID, mas o verdadeiro motivo é instaurar o estado de controlo total, é esse o fim desejado do «Great Reset», que é apenas uma mudança de nome da «New World Order». Verifica-se a instalação dum totalitarismo semelhante aos que vigoraram no século passado, só não tem as aparências de violento, mas apenas mantém o povo adormecido, hipnotizado. No entanto, é já muito violento para as pessoas perseguidas, discriminadas, humilhadas, cujos mais elementares direitos são negados, obrigadas a demitirem-se do emprego ou forçosamente demitidas, só têm paralelo nas histórias de totalitarismo no século XX, sejam elas de ditaduras fascistas ou comunistas.


terça-feira, 24 de agosto de 2021

[skwealthacademy] O OURO DO AFEGANISTÃO, UMA HISTÓRIA MUITO MAL CONTADA (PELOS OCIDENTAIS)


NOTA AOS LEITORES: Este artigo pode ser encontrado na íntegra no site correspondente assinalado, que é sob subscrição. A tradução e adaptação feitas aqui, não são do texto na íntegra, mas permitem dar uma ideia rigorosa do conteúdo.  

Original em artigo  de skwealthacademy # 184


O ouro está morto! A sério??

Não mais do que algumas semanas depois de escrever, aqui mesmo, neste boletim informativo, "a grande média financeira (GMF) sempre divulgou a narrativa de que o ouro está morto, de que o ouro é uma relíquia bárbara e o ouro NÃO é uma proteção contra a inflação", os maximalistas do Bitcoin vêm a público para proclamar essa mesma narrativa cansada, errada como sempre, de que estará "morto".

O ouro está morto... Quantas vezes já ouvimos essa narrativa ser difundida por bilionários proeminentes em dívida para com o sistema de moeda fiduciária que os ajudou a enriquecer e, nos últimos anos, por maximalistas bitcoin? O último a se juntar a essa narrativa anti-ouro é o maximalista bitcoin Scott Melker, mas ele será exposto como estando totalmente errado sobre tal narrativa em somente um ano ou alguns anos, a partir de agora. Todos nós sabemos que sempre houve um grupo constante de pessoas que jogou na descida do ouro, em todas as oportunidades que tiveram, incluindo os bilionários Warren Buffet, Charlie Munger, Michael Saylor e Mark Cuban, o visionário que se descreve como Harry Dent e os maximalistas do bitcoin. Aqui neste link, você encontrará a entrevista de um maximalista do bitcoin, proclamando "o ouro está morto". Aposto que daqui a mais uns anos, ou possivelmente até antes disso, essa proclamação parecerá tão tola quanto a fútil corrida de cinco anos de Harry Dent em tentar prever uma queda do preço do ouro para US $ 700 a onça troy. Apesar de errar a marca por mais de 75% em vários anos sucessivos, com sua queda no preço do ouro para US $ 700, Harry Dent continuou a fazer a mesma previsão anual, o que o fazia parecer completamente tolo, ano após ano, após ano após ... bem, acho que, recentemente, ele acabou por desistir de sua previsão de preço de $ 700.

Em qualquer caso, apesar da preocupação da média corporativa pela China ter o objetivo de desenvolver os ricos tesouros minerais do Afeganistão de cerca de US $ 3 triliões de minerais de terras raras, o que, a propósito, não recebeu qualquer crítica de exploração pela média de massa quando eram a França, a Alemanha e os Estados Unidos que tentaram, mas não conseguiram, desenvolver esses recursos minerais para os extrair, sem nenhum benefício para o povo afegão, vamos nos concentrar na história do ouro do Afeganistão, que foi muito mais esquecida do que a história dos minerais de terras raras. Se o fizermos, a narrativa de que o ouro está morto, preocupante para os investidores em ouro, será legitimamente exposta como destinada a encobrir o roubo do ouro de uma nação para evitar que caia “nas mãos erradas”.

Isso aconteceu no Iraque, com os militares dos EUA saqueando e apreendendo o ouro de Saddam, na Líbia com as enormes 143 toneladas de ouro da Líbia roubadas pelas forças da OTAN, na Ucrânia com os EUA enviando aviões de carga militares para transportar 33 toneladas de ouro ucraniano para cofres dos EUA, e com as mesmas operações realizadas em algumas outras nações também. O Afeganistão é a última nação a sofrer as mesmas consequências do saque de ouro pelo Ocidente, com os banqueiros centrais dos EUA afirmando que "congelaram" quase 22 toneladas de ouro do Afeganistão armazenadas nos cofres do Federal Reserve de NY, presumivelmente o subterrâneo na 33 Liberty Street e 580 5th Avenue em NYC, entre outras localidades. 

No entanto, a questão mais curiosa é por que razão o cartel bancário ocidental esteve tão interessado em apreender o máximo possível de um “ativo morto” nos últimos anos? Afinal, estamos a ser «informados» que as cripto-moedas são o futuro e que o ouro está morto. Além disso, por que motivo JP Morgan estava tão interessado em tentar extrair (e possivelmente roubar) o ouro do Afeganistão e correr riscos, numa aventura extremamente perigosa no desenvolvimento de operações de mineração de ouro em Qara Zhagan na província de Baghlan durante a ocupação militar dos EUA de 2001, até ao presente ano? Se o ouro é tão inútil, por que razão os banqueiros do JP Morgan arriscariam vidas humanas ao tentar minerar ouro no Afeganistão e a nomear um ex-militar do SpecOps, Ian Hannam, para liderar o caminho? E apesar do fato de que, às vezes, durante a ocupação, as tropas dos EUA e da OTAN podem ter sido capazes de forçar os Talibã, Ísis e Al Queda para fora de Baghlan, o risco de ataques terroristas era sempre latente, durante qualquer operação de mineração realizada dentro do Afeganistão. Nunca ouviu falar dessa história?

                            


A maioria das pessoas não conhece, mas só porque você nunca ouviu falar disso, não significa que não aconteceu. Em 2010, o Departamento de Defesa dos Estados Unidos garantiu aos banqueiros do JP Morgan um contrato para iniciar a pesquisa e mineração de ouro na província de Baghlan. Estranho, porque nunca vi "mineração de ouro" listada em qualquer declaração financeira pública do JP Morgan como uma divisão operacional da empresa. Claro, como as aventuras do JP Morgan no Iraque devastado pela guerra provaram, os banqueiros do JP Morgan nunca perdem a oportunidade de explorar financeiramente uma nação devastada pela guerra. O empreendimento organizado para atingir esse objetivo foi designado de «Afghan Gold and Mineral company (AGM)», um nome que pretendia promover a imagem de propriedade afegã, e que provavelmente se traduzia, na realidade, em 100% de propriedade estrangeira de todos os despojos.

Sabemos, no entanto, que os interesses ocidentais sabiam desse ouro décadas antes da ocupação dos Estados Unidos em 2001, uma vez que os afegãos locais se envolveram na mineração artesanal de ouro em muitas regiões do Afeganistão, numa escala muito pequena e sabiam - há séculos - da existência de ouro em suas montanhas. Dusko Ljubojevic, um geólogo sul-africano que trabalha para a AGM, até admitiu isso: "Sabemos, pelos habitantes locais, que existe ouro e nossos próprios estudos mostram um bom potencial - agora precisamos explorar mais." A AGM foi apresentada como detida maioritariamente por Sadat Nadari, um magnata dos negócios afegão de 36 anos que possuía uma rede de supermercados e uma seguradora em Cabul, bem como vários interesses nos sectores da construção, de telecomunicações e distribuição de combustível.

Sadat também foi o ex-ministro do governo afegão para Assuntos da Paz e ex-Ministro do Desenvolvimento Urbano e Habitação, mas parece ter sido erroneamente nomeado, já que suas façanhas o teriam tornado mais apropriado para «Ministro da Exploração Financeira». Apesar da lei afegã proibir a qualquer alto funcionário do governo de licitar contratos de mineração, Sadat fez isso mesmo, de qualquer maneira em clara violação da lei, e mais tarde renunciou a seus cargos no governo para manter seus contratos de mineração, após protestos públicos de corrupção. Com grande ironia, a Wikipedia descreve Sadat como vindo duma família "espiritual", mais uma vez mostrando como a Wikipedia é inútil enquanto fonte de informações factuais, já que encobre as façanhas de negócios de Sadat, que o expuseram como explorador de capital humano e recursos minerais de sua própria nação, não como um grande líder “espiritual”.

No que diz respeito a quanto ouro foi roubado no Afeganistão por interesses bancários ocidentais, minerando sob a cobertura de ativos militares dos EUA, tais como os vigilantes helicópteros Black Hawk, isso é desconhecido. O máximo que pude encontrar em minha pesquisa foi que, sobre as quantidades desconhecidas de ouro extraído, o governo afegão recebeu “pouco ou nada”. No entanto, a credibilidade dessa afirmação está em questão, simplesmente devido ao fato de que todas as informações sobre se essa mina de ouro foi desenvolvida e se houve, ou quanto ouro foi extraído, parecem ser informações confidenciais. Outro artigo que descobri em minha pesquisa afirmava que o governo do Afeganistão anulou os contratos de mineração antes do desenvolvimento da mina de ouro, devido ao não-cumprimento de obrigações contratuais ocorridas. No entanto, devido à corrupção do governo fantoche instalado pelo Ocidente no Afeganistão, a dissolução dos contratos, um evento que aconteceu no final de 2019, não significa que a operação de mineração realmente não tivesse continuado e que nenhum ouro fosse extraído do solo do Afeganistão e secretamente transportado de avião para fora do país, com pagamentos ao governo fantoche para garantir o silêncio sobre estas questões.

 Pude descobrir histórias sobre dois incidentes envolvendo operações ilegais de mineração de ouro na província de Badakhshan, no Afeganistão, que relataram a morte de quatro pessoas num incidente e a morte de trinta, com mais quinze feridos, num segundo incidente, no início deste ano. No entanto, dado que uma empresa britânica liderada por Ian Hannam recebeu os direitos de minerar esse ouro pelo governo corrupto do Afeganistão, só Deus sabe se os empreiteiros britânicos estavam supervisionando essa operação ilegal de ouro ou não. Mais uma vez, para provar que toda a narrativa sobre a China cobiçando os US $ 3 triliões de minerais de terras raras do Afeganistão é uma narrativa totalmente política e tendenciosa, a existência desses minerais é conhecida há séculos, e não apenas descoberta durante a ocupação dos Estados Unidos, como os órgãos da media ocidentais mentiram e relatam falsamente. Com base em pesquisas geológicas realizadas por geólogos britânicos em 1890 e posteriormente por russos, americanos, alemães e franceses, o conhecimento de reservas significativas de petróleo, gás, carvão, prata, cobre, lápis-lazúli, ouro e minerais de terras raras é conhecido há décadas, ou mesmo há séculos, muito antes do início da ocupação dos Estados Unidos em 2001.

Assim, as manchetes estridentes que correram há mais de uma década atrás, de uma nova "descoberta" gigante de lítio, cobre, ouro e outros metais de terras raras, eram uma mentira completa da média corporativa, já que as pesquisas haviam exposto a existência dessa vasta riqueza de reservas décadas antes e como afirmado acima, os russos, americanos, alemães e franceses tentaram extraí-los, e banqueiros como JP Morgan meteram suas mãos sujas no jogo, tentando abocanhar um pedaço do enorme bolo. Os arquivos históricos da época de Alexandre, o Grande, com mais de 2.000 anos, documentam a existência  de mineração de ouro, prata e pedras preciosas na região do Afeganistão, pelo que relatar, como a média de massas fez, que essas descobertas e esse conhecimento são relativamente novos, é uma falsidade completa.

Além disso, sabe-se há centenas ou milhares de anos que, pelo menos, seis das 34 províncias do Afeganistão são ricas em ouro e acredita-se que também exista mais ouro noutras partes do país. O maior depósito de cobre do mundo também pertence ao Afeganistão, na província de Sar-e-Pol. Portanto, embora eu concorde que a China deva ser condenada por se aproximar duma organização terrorista como os Talibã, para poder extrair esses minerais, se essas histórias forem verdadeiras, é hipocrisia da mais alta qualidade que os meios de comunicação de massas calaram a boca quando uma série de interesses ocidentais se aventuraram por conta própria neste tesouro de minerais. Ninguém, são de espírito, realmente acreditava que qualquer nação ocidental, que durante décadas tenha extraído esses minerais do Afeganistão, tivesse dado a maior parte das riquezas ao povo afegão, convertendo o Afeganistão em Mónaco, St. Tropez ou Martha’s Vineyard.

Observe como a narrativa falsa que relatava, mais de uma década atrás, que uma “pesquisa do Serviço Geológico dos Estados Unidos de 2007 parece ter descoberto quase US $ 1 trilião em depósitos minerais no Afeganistão, muito além de quaisquer reservas anteriormente conhecidas e o suficiente para alterar fundamentalmente a economia afegã ”. Agora, transformou-se de “ descoberta ”de $ 1 trilião, erroneamente classificada em “ descoberta ” dum tesouro de $ 3 triliões, depois de ter ficado claro que os chineses iriam tentar sua extração, após o fracasso dos EUA. Esta quantidade de recursos foi magicamente reclassificada de US $ 1 trilião, para US $ 3 triliões recentemente, a fim de demonizar a ganância da China, embora o governo do Afeganistão tivesse estimado o valor dos minerais em mais de US $ 3 triliões, há mais de uma década. Quando os interesses ocidentais ainda buscavam explorar os minerais, a média ocidental rebaixou amplamente a quantia para apenas US $ 1 trilião, para minimizar a ganância dos interesses ocidentais em explorar exatamente os mesmos vastos recursos minerais afegãos, pelos quais a China está a ser demonizada, agora. 

Não se trata de tomar o partido de qualquer nação, em detrimento de outra, para quem tenha princípios intelectuais e morais. Todas as nações estão erradas ao tentar extrair recursos minerais doutra nação, sem que a extrema riqueza desses recursos vá beneficiar o povo da nação da qual os minerais estão sendo extraídos. Não importa se a nação é China, Canadá, França, Austrália, Alemanha, França, Rússia, Estados Unidos, Turquia ou qualquer outra nação. Errado é errado, mas a média hipócrita nunca apresenta as informações desta maneira.

A média de massas sempre demonizará outras nações por exatamente os mesmos comportamentos criminosos que as suas próprias cometem, e sempre desculpará estas, por idêntico comportamento repulsivo. Esta é uma questão a respeito da qual tenho um problema, porque enquadrar tais questões desta maneira não é apenas hipócrita, mas moralmente repreensível. Não há dúvida de que essas reservas eram conhecidas há décadas, antes das pesquisas feitas pelos Estados Unidos durante a ocupação e que todos os relatos de uma nova “descoberta” eram totalmente falsos. Talvez o único componente factual das histórias que correram naquela época, tenha sido que pesquisas mais avançadas foram capazes de colocar uma estimativa financeira mais precisa quanto ao valor dos vastos recursos minerais do Afeganistão.

[...]

Como os resultados das pesquisas geográficas mais recentes dos Estados Unidos continuam a ser uma questão de segurança nacional, provavelmente nunca saberemos quanto ouro existe no Afeganistão e quanto ouro pode ter sido extraído e exportado durante a ocupação dos Estados Unidos. Mas, a única coisa que sabemos é que muitas nações ocidentais estavam interessadas nas ricas reservas de ouro do Afeganistão e fizeram o possível para extraí-lo, com sucesso ou não. A todos os expatriados ocidentais já evacuados e agora em curso de evacuação do Afeganistão, desejo-lhes boa sorte nos seus esforços para saírem em segurança. No entanto, eu realmente gostaria de saber quantos deles eram funcionários da indústria de mineração, já que as dezenas de milhares sendo evacuados, não poderiam ser somente intérpretes das forças da NATO.

J. Kim

skwealthacademy CEO


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PS1: Inicia-se nova era pós- invasão americana do Afeganistão. O estado de espírito dos imperialistas parece ser o que vingança, de querer castigar o povo afegão por ter feito sofrer a humilhante derrota ao poderoso exército e ao complexo militar industrial: https://www.moonofalabama.org/2021/09/why-us-plans-for-revenge-in-afghanistan-may-not-succeed.html#more

domingo, 22 de agosto de 2021

ASSIM VAI O IMPÉRIO


Uma ténue esperança desponta... Esperemos que não seja um efeito superficial, uma ilusão efémera.

Com efeito, a máquina de guerra implacável do império foi - de novo - revelada, na sua obscena exibição de força, naquilo que é, na verdade: um conjunto de mercenários, não só os que se podem designar propriamente como tal, como também as forças oficiais do aparato bélico do império.
Os generais foram derrotados pela enésima vez, mas também os estrategas de gabinete do Pentágono e da Casa Branca, ou os lóbis e «think tanks» que os manipulavam. Eles todos mostraram, uma vez mais, a inanidade do seu pensamento estratégico.


A política do caos, que foi a marca imperial durante dois decénios, pós 11 de Setembro de 2001, foi uma máquina de destruição, mas também corroeu as estruturas que garantiam a estabilidade do «Ocidente», assim como a confiança dos países na esfera de influência mais alargada da potência hegemónica.

No plano monetário também, está-se claramente a chegar ao fim de um ciclo. Agora, o dólar US como moeda de reserva mundial, já é visto como estando perto do fim.
Não se pode ignorar que os maiores atores do sistema monetário ocidental estão a procurar freneticamente uma saída para a enorme crise: O perigo real de colapso do sistema monetário e da montanha de uns 300 triliões de US dólares de dívida, que se acumularam sobretudo nas economias dos EUA e da Europa.


Estão em curso tentativas de lançar moedas digitais, pelos bancos centrais do Ocidente. Elas serão apenas variações das moedas «fiat» atuais, caso não estejam garantidas por algo de sólido, nomeadamente, o ouro.
A este contexto financeiro-monetário, soma-se ou potencia-se o desesperado esforço para descolar as economias ocidentais, financeirizadas, da dependência em relação às economias produtivas do Extremo-Oriente, em particular, da China.
Mas, esta tentativa é fútil. Ela irá provocar um maior empobrecimento nas economias europeias e norte-americanas, já muito depauperadas. Não se pode imaginar, senão no domínio da ficção, que as economias, esvaziadas durante os últimos decénios da sua componente industrial, poderão rapidamente readquirir sua capacidade industrial perdida.

As potências que vão moldar o futuro, goste-se ou não, são a China e a Rússia, com uma constelação de outros Estados, possuindo maior ou menor poderio económico e geoestratégico. Todos eles, estão a agregar-se em várias plataformas, com vista a potenciar mutuamente suas vantagens numa ordem multipolar, sem ter que prestar vassalagem a um «dono e senhor», como é o caso dos países sujeitos ao império, sejam eles fortes ou fracos.
Veja-se o estatuto real da Alemanha: Por maior que seja esta potência, do ponto de vista económico, ela continua a prestar vassalagem à potência hegemónica americana que, sob cobertura da NATO, ocupa o Centro e Oeste da Europa, há mais de 70 anos.


Não se deve, porém, desprezar o poderio dos EUA: Continuam a dispor dum poder temível, pois têm uma capacidade nuclear maior que qualquer outra potência e forças armadas hipertrofiadas. Possuem bases militares - cerca de 800, segundo estimativas prudentes - nos cinco continentes. 
Além disso, reservam-se o privilégio de acumular, sem contrapartida de qualquer espécie, uma dívida astronómica, tendo défices estatais e comerciais durante décadas a fio, graças ao controlo do sistema monetário internacional e da emissão de papel-moeda. 
Os EUA, graças ao seu poderio militar-económico, obtêm a submissão dos governos e políticos corruptos nos países-vassalos.

Mas, a política do caos chegou ao seu fim, no Afeganistão:
Assim como a experiência amarga do Vietname serviu de lição aos jovens americanos que deixaram de ver seu governo como essencialmente benéfico para eles e para os seus «aliados», também a experiência afegã está a mostrar aos americanos e ao mundo que o império tem pés de barro, que os políticos estão sempre a mentir e apenas querem dar a ilusão de que controlam as situações.


No entanto, estes políticos são completamente impotentes para inverter, ou somente travar, as tempestades que eles próprios desencadeiam e lhes vêm parar à porta. Uma economia em involução, nos EUA e nos países da sua órbita, vai desencadear múltiplos fenómenos políticos e sociais.

A crise do «COVID» tem-se revelado como a tentativa de controlar os cidadãos e os Estados, de forma a evitar poderosos movimentos de massas, decorrentes da situação de depressão económica, que se abateu sobre o Ocidente e que poderá arrastar-se durante várias décadas. Esta crise começou em 2008, mas tem sido camuflada pelas medidas cosméticas dos governos e bancos centrais. 


Os poderes precisam, neste contexto, de reforçar os mecanismos do controlo e repressivos. Mas, esta viragem autoritária, totalitária, quer se chame «Great Reset» ou outra coisa, tem uma grande limitação: A impossibilidade de obterem o consentimento dos cidadãos.
Nas democracias liberais, o consenso da cidadania era fundamental para o funcionamento - sem sobressaltos - da economia, até à burocracia de Estado e aos partidos políticos.
Com a coerção e patente violação das liberdades fundamentais, os poderes poderão obter a submissão pelo medo, mas não a adesão voluntária às suas políticas, usurpadoras dos legítimos direitos dos cidadãos. As pessoas comuns vão sofrer perdas, a todos os níveis: económico, de segurança e das liberdades.
Enquanto muitos no Ocidente sofrem as consequências da viragem autoritária, incluindo as campanhas de terror psicológico ao estilo da guerra-fria, o que se passa nos países do «eixo Euro-Asiático»? No sistema multipolar Euro-Asiático em construção, um número considerável de povos sairá da pobreza, terá capacidade de gerar a sua produção e desenvolvimento. Estas nações estarão, cada vez mais, «no centro». 
Pelo contrário, as democracias ocidentais decadentes, incluindo a potência hegemónica que as controla, estão em vias de «terceiro-mundialização».


É impossível prever precisamente como as coisas se vão passar, mas - de uma ou outra forma - a cidadania irá reagir: A dissociação entre governantes e governados origina, necessariamente, uma instabilidade. A casta política e a oligarquia que a sustenta, nunca irão devolver 'de mão-beijada' o poder retirado aos seus súbditos.

Neste contexto, as pessoas devem preparar-se, o melhor  possível:
Há dois conceitos que se deveriam pôr em prática, tanto ao nível individual, como das famílias e comunidades: os conceitos de resiliência e de autonomia, os quais estão ligados.
Prometo escrever sobre esta questão, sob um ângulo prático: «como enfrentar agora um mundo em completa transformação, aos níveis dos indivíduos, das famílias e das relações sociais».

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PS1: Inicia-se nova era pós- invasão americana do Afeganistão. O estado de espírito dos imperialistas parece ser o que vingança, de querer castigar o povo afegão por ter feito sofrer a humilhante derrota ao poderoso exército e ao complexo militar industrial: https://www.moonofalabama.org/2021/09/why-us-plans-for-revenge-in-afghanistan-may-not-succeed.html#more

sexta-feira, 20 de agosto de 2021

PROPAGANDA 21 [nº8]: Afeganistão, Ópio e Propaganda de Guerra ...


Mapa do Afeganistão, mostrando alguns dos recursos minerais [Retirado de Preliminary Non-Fuel Mineral Resource Assessment of Afghanistan, by Stephen G. Peters, Stephen D. Ludington, Greta J. Orris, David M. Sutphin, James D. Bliss, James J. Rytuba, and others]


Em baixo, uma excelente conversa de Ben Norton e Max Blumenthal dos «Moderate Rebels» e «Grayzone», com Pepe Escobar .

Se confrontarmos os dados apresentados aqui, com aquilo que o público é «autorizado» a conhecer, através do «establishment», vemos o que é realmente a propaganda de guerra. 

A media, ao serviço dos poderes instalados, encobre muitos dos factos que deveriam ser do conhecimento público e abertamente discutidos, para uma avaliação das realidades no terreno. 

Sobre o Sinquião (Xinjiang), por exemplo, a media corporativa omite ou distorce os dados mais importantes relativos à guerra, sobre os jihadistas do Xinjiang, ex-combatentes na Síria, nas fileiras da ISIS e doutros grupos terroristas.

Esta conversa (ver abaixo), fala da retirada do Afeganistão, da via de escoamento do ópio (pela CIA), do conflito em torno dos oleodutos, das matérias-primas (estimadas em 1 trilião de dólares, no subsolo afegão) e da nova guerra fria.




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PS1: Inicia-se nova era pós- invasão americana do Afeganistão. O estado de espírito dos imperialistas parece ser o que vingança, de querer castigar o povo afegão por ter feito sofrer a humilhante derrota ao poderoso exército e ao complexo militar industrial: https://www.moonofalabama.org/2021/09/why-us-plans-for-revenge-in-afghanistan-may-not-succeed.html#more

sábado, 10 de julho de 2021

MERCENÁRIOS E CONTRATANTES

                               Bartolomeo Colleoni, o famoso Condottiere do Séc. XV


A guerra está mais ou menos completamente privatizada. O motivo real dessa privatização é que as guerras do Império não têm nenhum atrativo para os nacionais US, mesmo os das classes baixas, que foram durante decénios atraídos por salários elevados e pela possibilidade de frequentarem o ensino superior (privado e muito caro, nos EUA), depois de cumprirem o contrato como soldados, graças a bolsas especiais. 

De facto, a guerra deixou de ter qualquer relação com a defesa do território, pelo menos, nos países dominantes do hemisfério ocidental. Nota-se que, as missões em África (Líbia, Chade, Mali), no Médio Oriente (Iémen, Síria) ou na Ásia Central (Afeganistão), apenas constituem as versões mais recentes de aventuras neocoloniais, mesmo quando debaixo da capa e sob os auspícios de «forças de paz» da ONU.  

Seja no país sede do Império (EUA), seja nas potências vassalas (Reino Unido, França, etc...) a privatização da guerra segue o seu percurso típico de privatização dos lucros para as empresas de mercenários, enquanto os custos são públicos, financiamentos inscritos em rubricas de «defesa» ou outras, dos orçamentos estatais. Assim, ficam satisfeitas estas empresas de mercenários - que se transformaram em autênticos potentados, com poderosos meios militares e logísticos- mas  também os deputados que podem aprovar estas despesas na ignorância dos cidadãos comuns, convenientemente dissimuladas em rubricas de «cooperação», «ajuda ao desenvolvimento», etc.

Uma extensiva pesquisa surgiu no Newsweek, sobre os segredos do exército «incógnito»  de autoria de WILLIAM M. ARKINNesta peça extensa, são dissecados os meandros do exército secreto dos EUA, que conta já com 60 mil homens, segundo o autor, sendo certo que as suas funções no terreno, deixaram há muito de ser a de meros auxiliares, fornecendo apoio logístico. São - de facto - um exército mercenário encoberto, com meios muito sofisticados, mais ou menos como comandos, mas sem ligação orgânica à estrutura militar do Estado, como é o caso daquelas forças especiais.

No caso da retirada* do Afeganistão, segundo vários relatos, não se trata realmente de retirada, mas antes da transformação da guerra: Esta, deixa de ser protagonizada maioritariamente por forças dos Estados, pelos contingentes da NATO, com elementos das forças armadas dos países da aliança, para ficar entregue a um conjunto de «contratados» (maneira eufemística de designar mercenários) que irão sustentar pontos-chave do dispositivo ocidental. Estes incluem uma série de bases dispostas na proximidade das fronteiras com o Irão, a China e Rússia. Embora o Afeganistão não tenha fronteira direta com este último país, pode seu território ser facilmente alcançado atravessando outros países da Ásia Central.  Estas bases têm funções de espionagem, de manter uma pressão permanente por exemplo, com mísseis, que poderão ser, a qualquer momento, equipados com ogivas nucleares e como ponto de apoio a guerrilhas que poderão infiltrar os territórios inimigos. Vital - também - será a proteção dos campos de ópio e fábricas secretas, que processam esta droga, para ser transportada em voos secretos, até a vários pontos do globo, onde existam bases dos EUA. Este tráfico de droga está confirmado, para além de qualquer dúvida, tendo como motivação primária fornecer dinheiro às operações secretas da CIA. 

Quando leio, hoje, que a famosa empresa «Blackwater», está em condições de substituir  os soldados que abandonam o Afeganistão, vem-me à memória Maquiavel. No tempo de Maquiavel, no fim do século XV, princípios de século XVI, muitos potentados e príncipes italianos tinham como coluna vertebral de seus exércitos, mercenários, cujo chefe ou «condottiere», era um senhor da guerra que oferecia os seus préstimos a troco de pagamento em espécies sonantes. Os exércitos das grandes potências, na Europa dos séculos XVI até ao Séc. XIX e posteriormente, recrutavam mercenários, em regimentos completos, desde o coronel, até aos soldados rasos e oriundos de um só país, como os regimentos Suíços, Irlandeses, etc. 

Ao longo do século XX e até agora (século XXI), existem algumas forças «de certa forma mercenárias», como a Legião Estrangeira (em França e na Espanha), os Gurkas (Nepaleses ao serviço dos britânicos) ou ainda os Guardas Suíços do Vaticano. Porém, estes regimentos não são considerados formalmente como mercenários. 

Na realidade, os mercenários atuais têm um vínculo exclusivo a uma empresa, a qual os recruta, os equipa e os coloca no terreno, a troco de pagamento pela potência estatal. Esta, pode assim desencravar-se de uma situação difícil, ou em que não obteria o aval dos cidadãos e/ou dos parlamentos, para levar a cabo os seus desígnios. Os cenários de conflito protagonizados por mercenários, recentemente, foram os da Rep. Dem. do Congo e doutros países de África. 

A privatização da guerra não é um progresso, sob nenhum ângulo. Em relação às tropas regulares, os mercenários estão menos obrigados pelas leis da guerra. Isto significa que não terão a proteção de serem considerados como «forças combatentes», na eventualidade de serem capturados. Serão considerados criminosos de direito comum. Como sabem que não beneficiarão, em caso de captura, da proteção ou pagamento de resgate pela potência para a qual combatem, talvez isto os incite a ter comportamentos criminosos, em especial, em relação a civis.

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*Veja como Pepe Escobar analisa o complexo jogo diplomático sob auspícios da SCO e envolvendo os Taliban e governo afegão. 

terça-feira, 6 de julho de 2021

FINAL INGLÓRIO DA AVENTURA AFEGÃ DOS EUA E DA NATO

 


(Acima) Mapa do Afeganistão: A negro, áreas controladas pelos talibans; a vermelho, áreas contestadas; a cinza, áreas sob controlo do governo de Cabul




A derrota é total, depois de uma guerra cruel DE VINTE ANOS contra os talibans, mas também contra a população dum país, que nunca se deixou dominar passivamente. O resultado é que a insurreição taliban controla quase todo o país. Ela está agora a cercar a poderosa base militar US de Bagram, onde as tropas US tinham enormes recursos militares e de espionagem*. O seu abandono precipitado, ao ponto de deixar material estratégico intacto, só tem paralelo com a desesperada fuga de Saigão, no verão de 1975. 
Nessa altura, o mundo contemplou a derrota humilhante dos americanos e o desespero com que se agarravam aos trens de aterragem dos helicópteros, que conseguiam escapar-se do telhado da embaixada dos EUA em Saigão. 

Na longa história de sofrimento deste país da Ásia Central, são proeminentes as responsabilidades de todos os dirigentes dos EUA, desde o tempo em que o Presidente Jimmy Carter dava o aval Zbigniew Brzezinski para apoiar a guerrilha dos mujahedin contra o governo do Afeganistão, considerado demasiado próximo da União Soviética.
Infelizmente, os grandes responsáveis pelas mortes e desgraças das guerras quase nunca são capturados, julgados e sentenciados pelos seus crimes. Entre eles deve-se incluir o «complexo militar-industrial-securitário», composto por grandes capitalistas e fundos de investimento. São, não somente as empresas envolvidas no fabrico de armamento, como também as empresas tecnológicas e ainda os que na administração, o «Estado Profundo», têm tomado a defesa dos interesses destes grandes capitalistas.
 
Fica-me uma pergunta: como é possível, que pessoas tão sabedoras como eu, daquilo que tem sido o desempenho militar dos EUA e aliados da NATO, no século XXI (só para falar deste século), não considerem que a «democracia ocidental», tão apregoada, é apenas uma capa vazia, sem qualquer real significado, senão o de perpetuar a ilusão nos eleitores?

Base de Bagram, saqueada depois de abandonada pelas tropas US a meio da noite

Helicóptero na fuga de Saigão Verão de 1975

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(*) «Initially, the Taliban spokesman said that everything had been either been taken by the Americans or destroyed, but it seems that U.S. forces have left behind radar and navigation systems as well as hundreds of vehicles.»

PS1: O americanos deixaram Bagram à socapa, sem sequer dar tempo ao exército governamental afegão de tomar conta do local. Resultado? A base foi saqueada durante a noite. Os saqueadores não serão necessariamente talibans. De qualquer maneira, vê-se como os americanos, apesar de toda a retórica, se importam pouco com a estabilidade do governo de Cabul.


PS2: Veja como Pepe Escobar analisa o complexo jogo diplomático sob auspícios da SCO e envolvendo os Taliban e governo afegão. 


sábado, 8 de maio de 2021

ÓPIO E «RETIRADA» DOS AMERICANOS DO AFEGANISTÃO

                               Soldados americanos no Vietname

Conhecido desde a antiguidade grega, estudado pelo médico português Garcia da Orta, muito usado pelas suas propriedades anestesiantes e analgésicas, o ópio foi, desde cedo, reconhecido como substância causadora de grave adição

Esteve na base das guerras imperialistas que subjugaram o «Império do Meio» (a China Imperial) à potência britânica, a qual impôs o comércio do ópio (vindo das colónias da Índia e comercializado por britânicos) à China, com as devastadoras consequências de espalharem a miséria, a destruição das bases mesmas da sociedade, subjugando o poder político, ferindo de morte a reverência propriamente religiosa da generalidade dos chineses ao poder imperial. 

Mais tarde, após a IIº Guerra Mundial, quando o imperialismo dominante passou a ser o americano, foi utilizado pela CIA no contexto de apoio à contra-guerrilha, nas florestas do Laos contra as forças comunistas. Daí a criação de uma zona fora de todo o controlo, o «Triângulo Dourado», que se tornou uma das principais fontes de heroína. Paradoxalmente, esta mesma heroína foi uma das causas da perda da guerra do Vietname, pois era largamente utilizada pelos GI's, os Marines, e outros corpos de soldados americanos envolvidos nesta guerra. Mas também causou a perda de referências, a desestruturação das mentes, a destruição dos indivíduos na sede do Império. Inicialmente usada, juntamente com outras substâncias, como o LSD, em programas secretos (MKULTRA) para destruir a resistência crescente da juventude americana, em especial, dos estudantes nos campus, a heroína tornou-se uma adição para milhões de pessoas nos EUA, causadora de imensas perdas em mortes por «over-dose» e de vidas desfeitas, sem esquecer a criminalidade dos gangs associados à droga.

A chamada «guerra contra a droga» (War on Drugs) foi efectivamente uma investida contra os países da América Central e do Sul, como demonstraram Noam Chomsky e outros intelectuais e activistas. 

Mas o princípio de utilizar as drogas, como estratégia para desmoralizar, enfraquecer, corromper e tornar mais fácil a submissão de populações e regimes, continuou. 

Cultivo de papoila do ópio no Afeganistão

No Afeganistão, a produção de papoila do ópio tinha sido quase eliminada pelos Taliban. Eles tinham um acordo, assinado com Bill Clinton, em que os EUA aceitavam levantar o embargo de petróleo, permitindo assim que este país paupérrimo da Ásia Central tivesse acesso a uma fonte energética absolutamente vital para eles. Em contrapartida, os Taliban comprometiam-se a acabar com a cultura do ópio e sua exportação. 

A situação foi completamente subvertida, quando a pretexto de ir atrás dos responsáveis pelo 11 de Setembro de 2001, os EUA desencadearam ataques ao Afeganistão, seguidos de ocupação pelas forças dos EUA e aliados da NATO. No encalço dos americanos, vieram bandos de «senhores da guerra» que também eram «senhores da droga» (do ópio e heroína), coligados na «Aliança do Norte». A partir deste ponto, com pleno apoio de  militares e dos agentes da CIA, estes criminosos chefes de bando tinham luz verde para dominar e fazer o que entendessem nos territórios que controlavam, desde que pusessem à distância as guerrilhas ligadas a Al Quaida e aos Taliban (principalmente vindos das tribos Pashtun).

As forças americanas especiais, com apoio e enquadramento da CIA, faziam sair a droga clandestinamente, para abastecer os mercados europeus, onde obtinham um lucro enorme e quase nenhuma concorrência. 

Quanto aos senhores da guerra afegãos, encarregavam-se de passar a droga, através das fronteiras das repúblicas resultantes do rebentamento da URSS, em direcção à Rússia. O mesmo se passava em relação ao Irão.

             

Estes países sofreram um crescimento súbito da adição ao ópio e à heroína, muito abundantes logo após a invasão americana do Afeganistão.

Na Europa, a difusão da heroína foi feita a partir das bases americanas de Rammstein (Alemanha) e do Kosovo, assim como de outras. A CIA, com os lucros enormes deste tráfico obviamente ilegal, financia operações «negras». São operações que os dirigentes da CIA não querem dar a conhecer, nem querem ser responsabilizados por elas perante o Congresso. As comissões do governo e do Congresso dos EUA, que supervisionam as actividades da CIA, não têm de «saber oficialmente» da existência de tais operações, nem terão de discutir financiamentos para tais fins.

É evidente que uma media vendida ao imperialismo não lhe dirá o que está acima, nem dará pormenores sobre a guerra suja da CIA e das forças especiais americanas. 

Quem não pesquisar por si próprio/a, não saberá nada: só assim será possível acreditar no mito de que os EUA são um império «benevolente», preocupado com os «direitos humanos» e com uma visão «moral» da política...

                                       
                                      «Retirada dos EUA do Afeganistão» por Abby Martin


https://mail.google.com/mail/u/0/?tab=rm&ogbl#inbox/GTvVlcSBmzbFNsRbnTCWCfVwLQxdWsqvkvNqqJQhtpJSNHzLMQQbHtdPVtjlBQHGCsCWkpPdJZPMP?projector=1&messagePartId=0.1

https://en.wikipedia.org/wiki/Opium_Wars

https://en.wikipedia.org/wiki/CIA_involvement_in_Contra_cocaine_trafficking

https://en.wikipedia.org/wiki/Allegations_of_CIA_drug_trafficking

https://chomsky.info/199804__-2/

https://www.theguardian.com/news/2018/jan/09/how-the-heroin-trade-explains-the-us-uk-failure-in-afghanistan

 https://www.unz.com/pescobar/an-empire-in-love-with-its-afghan-cemetery/

Documentário de RT: https://www.youtube.com/watch?v=gMz049ZskQw

https://thegrayzone.com/2021/04/16/biden-afghanistan-war-privatizing-contractors/

https://www.globalresearch.ca/the-spoils-of-war-afghanistan-s-multibillion-dollar-heroin-trade/91

https://www.counterpunch.org/2021/05/07/united-states-withdraws-from-afghanistan-not-really/

terça-feira, 7 de julho de 2020

[Manlio Dinucci] Torpedo bipartidário contra o Acordo para o Afganistão

                           


Centenas de milhares de vítimas civis, mais de 2.400 soldados americanos mortos (e mais um número desconhecido de feridos), cerca de 1 trilião de dólares gastos: este é, em síntese, o orçamento dos 19 anos da guerra USA no Afeganistão, ao qual se acrescenta o custo para os aliados NATO (incluindo a Itália) e outros que se juntaram aos EUA na guerra.
O orçamento de falências para os EUA também do ponto de vista político-militar: a maior parte do território está agora controlada pelos talibã ou disputada entre eles e as forças do governo apoiadas pela NATO.
Neste contexto, após longas negociações, a Administração Trump concluiu um acordo com os talibã, em Fevereiro passado, que prevê em troca de garantias, a redução do número de tropas USA no Afeganistão de 8.600 para 4.500. O mesmo não significa o fim da intervenção militar dos EUA no Afeganistão, que continua com forças especiais, drones e bombardeiros. No entanto, o acordo abriria o caminho para uma diminuição do conflito armado.
No entanto, foi revogado alguns meses após a assinatura - não pelos talibãs afegãos, mas pelos democratas dos EUA. Aprovaram no Congresso uma emenda à Lei de Permissão, que destina 740,5 biliões de dólares para o orçamento do Pentágono no ano fiscal de 2021. A emenda, aprovada em 2 de Julho pela Comissão de Serviços Armados pela grande maioria com o voto dos Democratas, estabelece “limitar o uso de fundos para reduzir o número de forças armadas estacionadas no Afeganistão”.
Proíbe o Pentágono de gastar os fundos na sua posse para qualquer actividade que reduza o número de soldados dos EUA no Afeganistão, abaixo de 8.000: o acordo, que envolve a redução de tropas dos EUA no Afeganistão, está efectivamente bloqueado. É significativo que a emenda tenha sido apresentada não só pelo democrata Jason Crow, mas também pela republicana Liz Cheney, que fornece o seu aval em perfeito estilo bipartidário. Liz é filha de Dick Cheney, Vice Presidente dos Estados Unidos de 2001 a 2009, durante a Administração de George W. Bush, que decidiu a favor da invasão e da ocupação do Afeganistão (oficialmente para dar caça a Osama bin Laden).
A emenda condena explicitamente o acordo, argumentando que prejudica “os interesses de segurança nacional dos Estados Unidos”, “não representa uma solução diplomática realista” e “não fornece protecção às populações vulneráveis”. Para ser autorizado a reduzir as tropas no Afeganistão, o Pentágono deverá certificar que essa medida “não comprometerá a missão antiterrorista dos Estados Unidos”.
Não é por acaso que o ‘New York Times’ publicou um artigo, em 26 de Junho que, de acordo com as informações fornecidas (sem apresentar nenhuma prova) dos agentes de inteligência USA, acusa “uma unidade de inteligência militar russa de oferecer aos militantes talibã um engenho militar para matar soldados da Coligação no Afeganistão, visando principalmente os americanos”. As notícias foram divulgadas pela grande media americana, sem que nenhum caçador de fake news questionasse a sua veracidade.
Após uma semana, foi aprovada a emenda que impede a redução de tropas USA no Afeganistão. O que confirma o verdadeiro objectivo da intervenção militar USA/NATO no Afeganistão - o controlo dessa área de importância estratégica da maior importância. O Afeganistão está na encruzilhada do Médio Oriente, do centro, sul e leste da Ásia.
Nesta área (no Golfo e no Cáspio) existem grandes reservas de petróleo. Existem a Rússia e a China, cuja força está a crescer e afectar as estruturas globais. Como o Pentágono alertou num relatório de 30 de Setembro de 2001, uma semana antes da invasão americana do Afeganistão, “existe a possibilidade de surgir na Ásia, um rival com uma formidável base de recursos”. Possibilidade que agora se está a materializar. 
Os “interesses da segurança nacional dos Estados Unidos” impõem que fiquemos no Afeganistão, custe o que custar.


Manlio Dinucci
il manifesto, 07 de Julho de 2020

Tradutora: Maria Luísa de Vasconcellos 
Email: luisavasconcellos2012@gmail.com
Webpage: NO WAR NO NATO

terça-feira, 17 de dezembro de 2019

[Manlio Dinucci] 3 triliões de dólares no poço sem fundo afegão

                             
A Arte da guerra: 
Três Triliões de Dólares no Poço Sem Fundo Afegão
Manlio Dinucci


Na Declaração de Londres (3 de Dezembro de 2019), os 29 países da NATO reafirmaram “o empenho na segurança e na estabilidade, a longo prazo, do Afeganistão”. Uma semana depois, de acordo com a “Lei da Liberdade de Informação” (usada para esvaziar, depois de vários anos, alguns esqueletos dos armários, de acordo com a conveniência política), o Washington Post tornou públicas 2.000 páginas de documentos que “revelam que as autoridades americanas enganaram o público sobre a guerra do Afeganistão”. Essencialmente, ocultaram os efeitos desastrosos e também as implicações económicas, de uma guerra em curso há 18 anos.

Os dados mais interessantes que surgem são os dos custos económicos:

Ø Para as operações militares, foram desembolsados 1.5 triliões de dólares, cifra que “permanece opaca” - por outras palavras, subestimada - ninguém sabe quanto despenderam na guerra os serviços secretos ou quanto custaram, realmente, as empresas militares privadas, os mercenários recrutados para a guerra (actualmente, cerca de 6 mil).

Ø Visto que “a guerra foi financiada com dinheiro tomado de empréstimo”, os juros atingiram 500 biliões, o que eleva a despesa para 2 triliões de dólares.

Ø Acrescentam-se a esta verba, outros custos: 87 biliões para treinar as Forças afegãs e 54 biliões para a “reconstrução”, grande parte dos quais “foram perdidos devido à corrupção e aos projectos fracassados”.

Ø Pelo menos, outros 10 biliões foram gastos na “luta contra o tráfico de drogas”, com o bom resultado de que a produção de ópio aumentou fortemente: hoje o Afeganistão fornece 80% da heroína aos traficantes de drogas do mundo.

Ø Com os juros que continuam a acumular-se (em 2023, chegarão a 600 biliões) e o custo das operações em curso, a despesa supera, amplamente, os 2 triliões.

Ø Também é preciso considerar o custo da assistência médica aos veteranos, saídos da guerra com ferimentos graves ou inválidos. Até agora, para os que combateram no Afeganistão e no Iraque, foram despendidos 350 biliões que, nos próximos 40 anos, subirão para 1.4 triliões de dólares.

Visto que mais da metade dessa verba, é gasta com os veteranos do Afeganistão, o custo da guerra, para os EUA, sobe para cerca de 3 triliões de dólares.

Após 18 anos de guerra e um número não quantificável de vítimas entre os civis, ao nível militar, o resultado é que “os Taliban controlam grande parte do país e o Afeganistão permanece uma das principais áreas de proveniência de refugiados e migrantes”.

Portanto, o Washington Post conclui que, dos documentos vindos a público, surge “a dura realidade dos passos falsos e dos fracassos do esforço americano em pacificar e reconstruir o Afeganistão”. Desta maneira, o prestigioso jornal, que demonstra como as autoridades americanas “enganaram o público”, por sua vez engana o público, ao apresentar a guerra como “um esforço americano para pacificar e reconstruir o Afeganistão”.

O verdadeiro objectivo da guerra conduzida pelos EUA no Afeganistão, na qual a NATO participa, desde 2003, é o controlo dessa área de importância estratégica fundamental na encruzilhada entre o Médio Oriente, a Ásia Central, Meridional e Oriental, sobretudo, na periferia da Rússia e da China.

Nesta guerra participa a Itália, sob o comando USA, desde que o Parlamento autorizou, em Outubro de 2002, o envio do primeiro contingente militar, a partir de Março de 2003. A despesa italiana, subtraída ao erário público, tal como a dos EUA, é estimada em cerca de 8 biliões de euros, à qual se junta vários custos indirectos.

Para convencer os cidadãos, atingidos pelos cortes nas despesas sociais, de que são necessários outros fundos para o Afeganistão, diz-se que eles servem para trazer melhores condições de vida ao povo afegão. E os Frades do Sagrado Convento de Assis deram ao Presidente Mattarella, a “Lâmpada da Paz, de São Francisco”, reconhecendo assim, que “a Itália, com as missões dos seus militares, colabora activamente para promover a paz em todas as partes do mundo.”

il manifesto, 17 de Dezembro de 2019

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DECLARAÇÃO DE FLORENÇA
Para uma frente internacional NATO EXIT, 
em todos os países europeus da NATO


Manlio DinucciGeógrafo e geopolitólogo. Livros mais recentes: Laboratorio di geografia, Zanichelli 2014 ; Diario di viaggio, Zanichelli 2017 ; L’arte della guerra / Annali della strategia Usa/Nato 1990-2016, Zambon 2016, Guerra Nucleare. Il Giorno Prima 2017; Diario di guerra Asterios Editores 2018; Premio internazionale per l'analisi geostrategica assegnato il 7 giugno 2019 dal Club dei giornalisti del Messico, A.C.

Tradutora: Maria Luísa de Vasconcellos 
Email: luisavasconcellos2012@gmail.com
Webpage: NO WAR NO NATO