quinta-feira, 11 de outubro de 2018

SIGNIFICADO DA SUBIDA DAS TAXAS DE JURO

          

Sabemos que a FED está empenhada na subida das taxas de juro, que servem como referência para o mercado do crédito americano e - por extensão - se repercutem nos mercados doutros países. Na Ásia, zona que tem sido a exportadora principal de bens para os EUA (e países europeus), esta subida já está a causar uma acentuada queda nas bolsas. Não admira, pois se os americanos tiverem menos condições para obterem crédito, irão consumir menos... logo, importarão menos bens da Ásia. 
O aumento das tarifas nos EUA, sobre importações provenientes da China (guerra comercial) também joga o seu papel, mas o factor principal reside na diminuição do consumo de bens nos EUA em consequência do QT,  quantitative tightening , ou seja, uma restrição progressiva do crédito, através da subida dos juros.

A economia americana está ainda numa fase de recuperação da grande depressão de 2008, pois os índices oficiais não reflectem a realidade. O crescimento do PIB é fictício, pois a taxa de inflação oficial calculada está muitos pontos abaixo da taxa real. Muitas empresas terão dificuldade em absorver as condições mais desfavoráveis de obtenção de crédito para elas próprias e - em simultâneo - uma perda nas vendas, pela menor capacidade aquisitiva dos seus clientes.  
No resto do mundo, já se nota uma grave crise nos mercados bolsistas dos países emergentes. Se o motor da economia mundial é o consumo, havendo diminuição significativa do mesmo nos países mais afluentes, como os EUA, isso implica um efeito desproporcional nas economias essencialmente exportadoras, como as do Extremo Oriente.

Se os países emergentes já entraram numa crise, a zona geográfica que se segue é - sem dúvida - a Europa, a qual não vê o fim das suas próprias crises internas: desde a Grã-Bretanha e o «Brexit» a arrastar-se, até Itália com o governo a propor um crescimento da dívida no orçamento em conflito com as regras acordadas ao nível da UE, passando pelos contestatários (polacos, húngaros e checos e agora, também os italianos) das políticas oficiais da UE sobre migrações e refugiados. 
Sabemos que o ranking da dívida dos países, emitida por agências «oficiosas» como «Standards & Poor», «Fitch» e «Moody's», vai condicionar o nível de taxas de juro das obrigações emitidas: quanto mais descrente estiver o mercado na capacidade dum dado país pagar o que pediu emprestado (quanto maior o perigo de bancarrota), mais elevados serão os juros que esse mesmo país terá de pagar para ter compradores das suas obrigações. 
A Itália está em vias de deixar de ser classificada como de nível «de investimento» ou seja, das suas obrigações soberanas passarem a serem consideradas demasiado arriscadas, «junk». 
Nessa ocasião, não haveria mais aquisição por parte das instituições que tradicionalmente o fazem, bancos, seguradoras ou fundos de pensões.  Então, restaria apenas o ECB (BCE), mas este prometeu acabar com as compras de obrigações soberanas da zona euro, até ao fim deste ano de 2018. 

Como todo o sistema económico e financeiro actual está estruturado em torno do crédito, da dívida, que consequências terá o congelamento do crédito, decorrente da generalizada suspeição sobre a capacidade de pagar dos diversos países?  
- Temos a experiência recente de 2008, para nos dar uma ideia, mas desta vez, os montantes em jogo serão ordens de grandeza maiores e quase todos os países têm um excesso de dívida acumulada, quer seja estatal, das empresas, ou das famílias: isto irá obrigar a que se adoptem medidas extremas. 
Uma delas é o «bail in», ou resgate interno, ensaiada primeiro em Chipre e depois na Grécia: 
Nestas circunstâncias, os que possuem dinheiro nos bancos vão ficar cortados do acesso às suas contas, vão obrigá-los a aceitar acções ou outro papel qualquer dos ditos cujos bancos, em troca  de poderem recuperar uma parte do dinheiro que estava depositado nessas contas.

quarta-feira, 10 de outubro de 2018

COMPARAÇÃO ENTRE TESLA E HONDA



Vivemos num mundo completamente louco, em que o valor das coisas, das empresas, de todos os negócios está de «pantanas», devido à especulação. 
A bolsa tradicionalmente era o local onde as empresas iam obter capital para a sua actividade. A relação entre a cotação bolsista e o desempenho de uma empresa não era linear, mas - de qualquer maneira - havia um reflexo directo. 
No passado, se uma empresa acumulava enormes passivos, sem volume de negócios que se visse, apenas com «golpes de publicidade», era rapidamente posta de lado, afundava-se, tinha de declarar falência... mas, agora, isso já não funciona assim! 

[excerto de «Sovereign Man» (Simon Black):]
....
 “A Tesla está em maus lençóis, devido a demasiada dívida, demasiado pouco dinheiro em caixa, demasiadas perdas, demasiadas despesas com serviço de dívida, um custo demasiado elevado de mão-de-obra na zona de San Francisco, demasiado poucos centros de reparação, demasiados processos em tribunal, demasiada competição que está chegando, demasiados empregados que abandonam, poucas isenções sobre impostos e demasiados problemas éticos, que os reguladores irão acabar por descobrir."
“É apenas uma questão de tempo até a companhia entrar em ruptura independentemente da quantidade de automóveis que vendam neste trimestre ou no próximo"
“A Honda fabricou e vendeu 1.3 milhões de carros e 5.3 milhões de motociclos no trimestre passado. A Tesla fabricou e vendeu 83,000 carros. É suposto ficarmos impressionados com esta última?”
“Porém as acções da Tesla, apesar da sua descida recente, ainda correspondem a uma valoração muito maior que as da Honda. Tenha-se em conta que esta possui 18 mil milhões em dinheiro e a Tesla, 10 mil milhões em dívida. A situação ainda se torna mais absurda quando se sabe que a Honda teve um ganho acima de 9 mil milhões no ano passado, enquanto a Tesla teve perdas no montante de 2 mil milhões. "
Esta comparação mostra-nos o absurdo a que chegaram os mercados financeiros, neste momento!

segunda-feira, 8 de outubro de 2018

O CREPÚSCULO DA INTELIGÊNCIA PÚBLICA NO OCIDENTE


           Resultado de imagem para Le Meilleur de Mondes


"A ditadura perfeita seria a que tivesse as aparências da 
democracia, uma prisão sem muros, cujos prisioneiros
não sonhassem sequer se escapar. Um sistema de
escravatura onde, graças ao consumo e ao divertimento,
os escravos amassem a sua servidão."

Aldous Huxley 
O Melhor dos Mundos

A minha tese é muito simples:
De maneira deliberada ou não, a civilização ocidental vem produzindo - geração após geração - cidadãos mais ingénuos, incapazes de racionalidade, de raciocínio lógico, de visão clara da realidade.

A falsa informação sobre o 11 de Setembro de 2001, foi talvez o ponto de partida: Um golpe monstruoso dos neocons que precisavam do seu «Pearl Harbour» para dar o golpe final às liberdades nos EUA e transformar o seu regime em tudo o que caracteriza um fascismo, embora guardando aparências de democracia. 

Digo que foi o ponto de partida pois, a partir deste ponto, causaram guerras de agressão, em si mesmas crimes contra a humanidade, sem que houvesse um sobressalto da generalidade do público das «democracias ocidentais», aliadas do Império. 

Mas a agressividade e o atrevimento dos neocons não se ficaram por aqui pois, apesar do seu óbvio fracasso em trazer a «democracia» para o Iraque ou a Líbia, foram os arquitectos e os mentores do golpe de Estado na Ucrânia, com o apoio da U.E. em Fevereiro de 2014, colocando no poder uma extrema-direita, que se reclama herdeira dos ucranianos que escolheram Hitler, que se alistaram nas suas unidades de exterminação das SS, sendo autores de crimes comprovados contra população civil, judaica e não-judaica, polaca, russa, ou ucraniana, que não estivesse do lado deles.
A partir deste ponto, a caixa de pandora destapa-se completamente, pois precisam de uma guerra-fria bis para demonizar a Rússia, como o fizeram com a antiga URSS, mas agora, sem qualquer laivo de verosimilhança ou pudor. 
Acusam constantemente os russos e os chineses de actos de espionagem quando eles, poderes da NATO, são os que espiam tudo e todos, os maiores e mais constantes agentes de subversão dos regimes que não lhes agradam. São estes governos que clamam que estão sujeitos a «ingerências» da Rússia e da China!

O público ocidental é o verdadeiro alvo desta propaganda, que visa justificar perante ele a política agressiva, belicista da NATO, em particular, dos anglo-americanos (EUA, Reino Unido, Canadá, Nova Zelândia, Austrália). 

Creio que a estupidez ocidental não é endógena, mas que é infundida e reforçada constantemente pela media. Graças à media, tudo tem uma «explicação» compatível com as narrativas delirantes dos governos da NATO. 
Se apenas tivermos a media mainstream como fonte de informação sobre tudo o que se passa, realmente não saberemos nada, pois as notícias importantes são afundadas num mar de lixo, de mexericos envolvendo a vida sexual de pessoas famosas ou outras futilidades. 
O próprio conteúdo das notícias propriamente ditas, deixa muito a desejar: repare-se que, cada vez que noticiam o ponto de vista governamental, ele é apresentado como «a verdade oficial», inquestionável, incontestável. Não existe -na imensa maioria dos casos - qualquer contraponto audível nos media de massa, apenas um pequeno número de pessoas consegue conhecer a posição de políticos contrários aos governos, ou de sindicalistas, ou de outras personalidades que sejam críticas. 
Como a imensa maioria das pessoas está exposta apenas à narrativa dos media de massas, o ponto de vista que esta veicula é adoptado a-criticamente como sendo «a verdade». 
Por exemplo, há 4 anos atrás, as vozes que diziam que o ISIS era uma fabricação dos serviços secretos americanos e de Israel e financiados pela Arábia Saudita, com o apoio do Catar e da Turquia, foram postas de lado como sendo «teóricos da conspiração» mas, agora, toda a gente sabe que isso foi assim. 
No entanto, quase ninguém vem agora questionar o «Ocidente» por ele ter estado a financiar, a pretexto da luta contra o governo legítimo da Síria, os irmãos ideológicos da Al Quaida, os declarados autores de bárbaros ataques contra os civis, nos EUA, na Inglaterra,  em Espanha, em França, etc?

Vemos que existe uma monstruosa conspiração, não uma «teoria da dita», a qual envolve os «nossos» governos, com a preciosa colaboração dos aparelhos ideológicos disfarçados de «órgãos de informação», para nos fazer aceitar a transição paulatina para um regime  totalitário mundial (o triunfo do globalismo), mas um totalitarismo que não se vê.

Um totalitarismo «soft» não significa que ele seja menos duro com a dissidência do que os totalitarismos nazi-fascista ou bolchevique que prosperaram tristemente durante boa parte do século passado: 
- pelo contrário, eles aprenderam a lição com estes totalitarismos passados e não se esquecem de apregoar - como um ritual - o discurso sobre a liberdade, a democracia, etc. Isto, para melhor apunhalar os mesmos valores e - sobretudo - colocar a generalidade dos cidadãos na posição de menoridade mental ou de escravização psicológica (o mecanismo da síndrome de Estocolmo, que usam com abundância). 
Tudo é «psi-op», ou seja, operação psicológica com o objectivo de desarmar, confundir, iludir o «adversário», mas o adversário aqui é a própria população civil dos países que eles governam, sujeita à propaganda maciça.

A maior fragilidade deste novo totalitarismo reside nas pessoas: as que não têm vendas, que já perceberam o jogo. Estas são susceptíveis de  comunicar com outras e mostrar como estão todas sujeitas a manipulação. 
A partir deste momento, uma pessoa deixa de ser manipulável. Uma pessoa não manipulável tem tendência a propagar essa postura de espírito à outras. Se o processo se repete "n" vezes, já ninguém liga à propaganda. Toda a gente está consciente de que «as notícias» são falsidades fabricadas para levar as pessoas a adoptar uma determinada posição.

Isto aconteceu com os regimes de Salazar e Franco, nos últimos anos, em que quase toda a gente era de oposição ou crítica dos poderes, quase ninguém dava crédito aos órgãos de informação controlados pelos governos respectivos. O mesmo se passou com os regimes do Leste europeu.
Tive ocasião de «tomar o pulso» da verdadeira opinião pública em Portugal e Espanha (nos anos de 1970 até 1974). 
Também na Polónia, República da Checoslováquia, República Democrática Alemã e mesmo na União Soviética, países que visitei várias vezes e contactei com pessoas comuns, intelectuais ou operários, jovens ou anciãos, nos anos 1976-1985. 
Foi muito importante para mim, para compreender que as pessoas, uma vez despertas, ficam como que «vacinadas» contra a propaganda. 
Não só a propaganda governamental deve ser encarada criticamente, por aquilo que realmente é, mas toda a propaganda, seja qual for a sua origem; também a de sinal contrário, anti-governamental. 


domingo, 7 de outubro de 2018

VIVALDI: MOTETE PARA SOPRANO «In Furore Giustissima Irae» RV 626



O motete RV 626, uma das muito ignoradas obras sacras de Vivaldi, permite-nos apreciar a genialidade deste grande mestre do  barroco. 
Sandrine Piau traduz o devido pathos desta peça. Note-se como este estilo vocal está próximo da ópera: a música sacra, em Vivaldi e em muitos outros desta época, só se diferenciava ao nível da temática e do uso do latim.

sábado, 6 de outubro de 2018

OBRA-PRIMA DE BANKSY AUTO-DESTRUIU-SE DEPOIS DE VENDIDA EM LEILÃO

                          Tout juste vendue aux enchères pour plus d'un million d'euro, une Å“uvre de Banksy s'auto-détruit
                                               

 Foi num leilão da Sotheby's : O mecanismo de auto-destruição tinha sido colocado pelo próprio artista. 

             

Um belo exemplo de luta contra o sistema usando o próprio sistema....A obra tinha alcançado mais dum milhão de dólares.

ROUBO AO ESTADO ANGOLANO DETECTADO GRAÇAS A EMPREGADA DO HSBC DE LONDRES

                      

500 milhões de dólares tinham sido fraudulentamente transferidos para uma agência de Londres do banco HSBC. Uma funcionária dessa agência, confrontada com uma ordem de transferência de 2 milhões, hesitou e decidiu investigar se a conta tinha provisão. Foi assim que descobriu a existência da conta de 500 milhões de dólares, cuja origem era o Banco Nacional de Angola.

                     
Imagem acima: No centro inferior, o ministro Archer Mangueira que iniciou uma investigação, no centro superior José Filomeno (filho do ex-presidente José Eduardo dos Santos - canto inferior direito) enfrenta acusações criminais.

Os episódios rocambolescos da montagem criminosa, que envolve um filho do ex-presidente José Eduardo dos Santos, José Filomeno dos Santos, com conivências em Angola, Portugal, Brasil, França e Japão, estão descritas neste artigo do site Zerohedge: 


sexta-feira, 5 de outubro de 2018

ROBERTA MAMELI CANTA VILLA-LOBOS

Melodia Sentimental

Heitor Villa-Lobos (melodia) - Dora Vasconcelos (letra/poesia)

Acorda, vem ver a lua
Que dorme na noite escura
Que fulge tão bela e branca
Derramando doçura
Clara chama silente
Ardendo meu sonhar
As asas da noite que surgem
E correm no espaço profundo
Oh, doce amada, desperta
Vem dar teu calor ao luar
Quisera saber-te minha
Na hora serena e calma
A sombra confia ao vento
O limite da espera
Quando dentro da noite
Reclama o teu amor
Acorda, vem olhar a lua
Que brilha na noite escura
Querida, és linda e meiga
Sentir meu amor é sonhar