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sábado, 28 de dezembro de 2019

MOZART REQUIEM [Laurence Equilbey, Insula Orchestra]

Perante o génio mozartiano e a perfeição desta gravação, tenho de me curvar (mentalmente) e ouvir com a máxima atenção e respeito! 
O que distingue a qualidade de grandes interpretes de obras clássicas é a sua fidelidade à partitura e ao espírito de uma obra-prima. 
Laurence Equilbey, os solistas, o coro e a orquestra desta gravação, de certeza, estão neste nível de excelência. 
Outras interpretações existem, algumas de grande nível: o gosto pessoal jogou aqui para decidir a escolha. 


                                         

Introitus

Requiem aeternam dona ets, Domine,
et lux perpetua luceat ets.
Te decet hymnus, Deus, in Sion,
et tibi reddetur votum in Jerusalem.
Exaudi orationem meam,
ad te omnis caro veniet.
Requiem aeternam dona ets, Domine,
et lux perpetua luceat ets.

Grant them eternal rest, O Lord,
and may perpetual light shine on them.
Thou, O God, art praised in Sion,
and unto Thee shall the vow
be performed in Jerusalem.
Hear my prayer, unto Thee shall all flesh come.
Grant them eternal rest, 0 Lord,
and may perpetual light shine on them.

Kyrie

Kyrie eleison.
Christe eleison.
Kyrie eleison.

Lord have mercy upon us.
Christ have mercy upon us.
Lord have mercy upon us.


Sequentia

Dies irae, dies illa
Solvet saeclum in favilla,
Teste David cum Sibylla.
Quantus tremor est futurus
Quando judex est venturus
Cuncta stricte discussurus.
Tuba mirum spargens sonum
Per sepulcra regionum
Coget omnes ante thronum.
Mors slopebit et natora
Cum resurget creatura
Judicanti responsura.
Liber scriptus proferetur
In quo totum continetur,
Unde mundus judicetur.
Judex ergo cum sedebit
Quidquid latet apparebit,
Nil inultum remanebit.
Quid sum miser tunc dicturus,
Quem patronum togaturus,
Cum vix justus sit securus?
Rex tremendae majestatis,
Qui salvandos salvas gratis,
Salve me, fons pietatis.
Recordare, Jesu pie,
Quod sum causa tuae viae,
Ne me perdas ilia die.
Quaerens me sedisti lassus,
Redemisti crucem passus,
Tamus labor non sit cassus.
Juste judex ultionis
Donum fac remissionis
Ante diem rationis.
lngemisco tamquam reus,
Culpa rubet vultus meus,
Supplicanti parce, Deus.
Qui Mariam absolvisti
Et latronem exaudisti,
Mihi quoque spem dedisti.
Preces meae non sum dignae,
Sed tu bonus fac benigne,
Ne perenni cremet igne.
Inter oves locurn praesta,
Et ab haedis me sequestra,
Statuens in parle dextra.
Confutatis maledictis
Flammis acribus addictis,
Voca me cum benedictis.
Oro supplex et acclinis,
Cor contritum quasi cinis,
Gere curam mei finis.
Lacrimosa dies ilia
Qua resurget ex favilla
Judicandus homo reus.
Huic ergo parce, Deus,
Pie Jesu Domine,
Dona els requiem.

Day of wrath, that day
Will dissolve the earth in ashes
As David and the Sibyl bear witness.

What dread there will be
When the Judge shall come
To judge all things strictly.

A trumpet, spreading a wondrous sound
Through the graves of all lands,
Will drive mankind before the throne.

Death and Nature shall be astonished
When all creation rises again
To answer to the Judge.

A book, written in, will be brought forth
In which is contained everything that is,
Out of which the world shall be judged.

When therefore the Judge takes His seat
Whatever is hidden will reveal itself.
Nothing will remain unavenged.

What then shall 1 say, wretch that I am,
What advocate entreat to speak for me,
When even the righteous may hardly be secure?

King of awful majesty,
Who freely savest the redeemed,
Save me, O fount of goodness.

Remember, blessed Jesu,
That I am the cause of Thy pilgrimage,
Do not forsake me on that day.

Seeking me Thou didst sit down weary,
Thou didst redeem me, suffering death on the cross.
Let not such toil be in vain.

Just and avenging Judge,
Grant remission
Before the day of reckoning.

I groan like a guilty man.
Guilt reddens my face.
Spare a suppliant, O God.

Thou who didst absolve Mary Magdalene
And didst hearken to the thief,
To me also hast Thou given hope.

My prayers are not worthy,
But Thou in Thy merciful goodness grant
That I burn not in everlasting fire.

Place me among Thy sheep
And separate me from the goats,
Setting me on Thy right hand.

When the accursed have been confounded
And given over to the bitter flames,
Call me with the blessed.

I pray in supplication on my knees.
My heart contrite as the dust,
Safeguard my fate.

Mournful that day
When from the dust shall rise
Guilty man to be judged.
Therefore spare him, O God.
Merciful Jesu,
Lord Grant them rest.


Offertorium

Domine, Jesu Christe, Rex gloriae,
libera animas omniurn fidelium defunctorum
de poenis inferni, et de prof undo lacu:
libera cas de ore leonis,
ne absorbeat eas tartarus, ne cadant in obscurum,

sed signifer sanctus Michael
repraesentet eas in lucem sanctam,
quam olim Abrahae promisisti
et semini ejus.

Hostias et preces, tibi, Domine,
laudis offerimus:
tu suscipe pro animabus illis,
quarum hodie memoriam facimus:
fac eas, Domine, de morte Iransire ad vitam,
quam olim Abrahae promisisti
et semini ejus.


Lord Jesus Christ, King of glory,
deliver the souls of all the faithful
departed from the pains of hell and from the bottomless pit.
Deliver them from the lion's mouth.
Neither let them fall into darkness
nor the black abyss swallow them up.
And let St. Michael, Thy standard-bearer,
lead them into the holy light
which once Thou didst promise
to Abraham and his seed.

We offer unto Thee this sacrifice
of prayer and praise.
Receive it for those souls
whom today we commemorate.
Allow them, O Lord, to cross
from death into the life
which once Thou didst promise 

to Abraham and his seed.

Sanctus

Sanctus. Sanctus, Sanctus,
Dominus Deus Sabaoth!
Pleni suni coeli et terra gloria tua.
Osanna in excelsis.

Holy, holy, holy,
Lord God of Sabaoth.
Heaven and earth are full of Thy glory.
Hosanna in the highest.


Benedictus

Benedictus qui venit in nomine Domini.
Osanna in excelsis.

Blessed is He who cometh in the name of the Lord.
Hosanna in the highest.


Agnus Dei

Agnus Dei, qui tollis peccata mundi,
dona eis requiem.
Agnus Dei, qui tollis peccata mundi,
dona eis requiem sempiternam.

Lamb of God, who takest away the sins of the world,
grant them rest.
Lamb of God, who takest away the sins of the world,
grant them everlasting rest.


Communio

Lux aeterna luceat eis, Domine,
cum sanctis mis in aeternum,
quia pius es.
Requiem aeternam dona eis, Domine,
et lux perpetua luceat eis,
cum sanetis tuis in aeternum,
quia plus es.

May eternal light shine on them, O Lord.
with Thy saints for ever, because
Thou art merciful.
Grant the dead eternal rest, O Lord,
and may perpetual light shine on them,
with Thy saints for ever,
because Thou are merciful.

domingo, 15 de dezembro de 2019

ANDREAS SCHOLL (CONTRA-TENOR) CANTA VIVALDI

                                      https://www.youtube.com/watch?v=GFoT6UUNLZc

                 Solista: Contra-tenor Andreas Scholl

A letra é parte do Salmo 127, em latim.

Cum dederit dilectis suis somnum:
ecce haereditas Domini, filii: merces, fructus ventris.


Abaixo, a tradução, em português, do salmo completo.







1 Se o Senhor não edificar a casa, em vão trabalham os que a edificam; se o Senhor não guardar a cidade, em vão vigia a sentinela.


2 Inútil vos será levantar de madrugada, repousar tarde, comer o pão de dores, pois assim dá ele aos seus amados o sono.
3 Eis que os filhos são herança do Senhor, e o fruto do ventre o seu galardão.
4 Como flechas na mão de um homem poderoso, assim são os filhos da mocidade.
5 Bem-aventurado o homem que enche deles a sua aljava; não serão confundidos, mas falarão com os seus inimigos à porta.

domingo, 7 de outubro de 2018

VIVALDI: MOTETE PARA SOPRANO «In Furore Giustissima Irae» RV 626



O motete RV 626, uma das muito ignoradas obras sacras de Vivaldi, permite-nos apreciar a genialidade deste grande mestre do  barroco. 
Sandrine Piau traduz o devido pathos desta peça. Note-se como este estilo vocal está próximo da ópera: a música sacra, em Vivaldi e em muitos outros desta época, só se diferenciava ao nível da temática e do uso do latim.

sexta-feira, 10 de junho de 2016

Leitura da «Paixão Segundo São Mateus» de J.S. Bach

                            https://www.youtube.com/watch?v=xkm19nfaXl4

Coro inicial da «Paixão Segundo São Mateus» J.S. Bach:

O contexto da oratória no século XVIII - na época de Bach, em particular - é o pietismo, no qual há uma sistemática procura de uma identificação com Cristo, por parte do crente...Cada obra do género oratória (ópera sacra ou «drama em música») tem como objetivo assumido, pelo compositor e toda a comunidade, de propiciar a  elevação das almas dos crentes. 
A força deste género de obra músical decorre da sua espiritualidade manifesta e da proximidade ao povo de Deus, pois a sua matéria-prima é idêntica à da música corrente na época, dentro e fora da igreja. O povo de Deus reúne-se e participa ativamente, cantando, pois os coros inseridos nas oratórias são corais, que a assembleia reunida para o culto luterano, está acostumada a entoar todos os domingos. A Paixão de Cristo é vivida/sentida por todos: estão a «reatualizar», no sentido de «reviver simbolicamente», a Paixão de Cristo. É portanto um  ato religioso, dotado dum aparato musical considerável e de grande beleza estética. 
Para a teologia e pastoral luteranas não há música demasiado bela para cultuar a Deus, toda a música bela é matéria-prima legítima e adequada, para cantar a Glória de Deus. O seu simbolismo apela para uma meditação sobre o Corpo de Deus/Corpo Divino: «Olha para o Cordeiro que vai ser imolado, Redentor dos pecados do mundo». Pela virtude libertadora da música, o crente conhece o caminho da redenção. 
Esta leitura é perfeitamente canónica em termos teológicos.


A introdução instrumental corresponde à apresentação genérica do tema melódico do coral que se segue, mas também «dá o tom» solene do «drama  em música» que se vai desenrolar.

A «dança» implícita neste pulsar rítmico vai levar ao tema do coral de abertura, cuja letra resume a mensagem da Paixão, tal como no coro da tragédia grega clássica. O paralelo não pode ser fortuito, pois a referência aos modelos da antiguidade greco-romana, na época de Bach, era constante.  

A estrutura musical do primeiro coral da Paixão “Kommt, ihr Töchter, helft mir klagen desenrola-se na estrutura -pergunta e resposta – o que é reforçado pela divisão do coro em dois: 

C1: Vinde filhas, auxiliai-me no pranto,
C1: Vêde!
C2: -Quem?
C1: O Noivo.
C1: Vêde, ele!
C2: Como?
C1: Como um Cordeiro
C1: Vêde!
C2: O quê?
C1: A sua paciência!
Etc…

A peça prossegue, em torno das mesmas linhas, constituindo  estas o fundamento da polifonia. Nota-se um pequeno interlúdio instrumental –semelhante à introdução – seguido por uma retomada com variação muito peculiar do coro inicial: por um lado, o tratamento em staccato do baixo contínuo, nas cordas,  por outro, no retomar das frases do coral, mas de forma separada: o efeito deste tratamento é um acentuar da dramaticidade, dum efeito de «pathos», para se chegar ao ponto culminante.   

Este coral introdutório é - em si mesmo - um monumento dentro do monumento que é a Paixão Segundo São Mateus. 
Não é possível decidir qual a componente que mais relevância teve na sua génese:- de ter sido, obviamente, composta com o objectivo de evangelizar, de edificar e fortificar os crentes;- ou desta música, inspirada na Paixão de Cristo, emergir como ato de piedade da mente profundamente devota de Bach. Pois ambas as motivações são perfeitamente compatíveis e complementares. 

O modo como esta peça é recebida pelo auditor, a ênfase que dá a este ou aquele aspeto, dependem da sua sensibilidade:
Para pessoas que se considerem não-cristãs, não-crentes, ou ateias, pode ser compreendida «racionalmente», como um monumento da música barroca. 
Mas, para pessoas sensíveis à transcendência, ao lado emocional, despertas para uma espiritualidade,  independentemente de terem ou não terem religião, esta composição tem um outro sabor: Ela é um veículo de encontro com o Amor Universal.