segunda-feira, 20 de outubro de 2025
UM RABI EXPLICA O QUE É E COMO NASCEU O SIONISMO
domingo, 19 de outubro de 2025
INICIAÇÃO - poema de Fernando Pessoa
INICIAÇÃO
Não dormes sob os ciprestes
Pois não há sono no mundo.
..........................
O corpo é a sombra das vestes
Que encobrem teu ser profundo.
Vem a noite, que é a morte,
E a sombra acabou sem ser,
Vais na noite só recorte,
Igual a ti sem querer.
Mas na Estalagem do Assombro
Tiram-te os Anjos a capa.
Segues sem capa no ombro,
Com o pouco que te tapa.
Então Arcanjos da Estrada
Despem-te e deixam-te nu.
Não tens vestes, não tens nada:
Tens só teu corpo, que és tu.
Por fim, na funda caverna,
Os Deuses despem-te mais.
Teu corpo cessa, alma externa,
Mas vês que são teus iguais.
.........................
A sombra das tuas vestes
Ficou entre nós na Sorte.
Não estás morto, entre ciprestes.
.........................
Neófito, não há morte.
(Presença, nº 35, Maio de 1932)
sábado, 18 de outubro de 2025
VENEZUELA - NOBEL DA «PAZ» E «FRUTO PENDENTE*»
*Nota: A tradução mais comum para "hanging fruit" é «oportunidade fácil» ou «resultado fácil de alcançar». No entanto, preferi usar uma expressão mais literal, como "fruto pendente", pois esta é compreensivel no contexto deste artigo.
---------------------------
O presidente Trump deve ter feito uma grande pressão para que o elegessem prémio Nobel da Paz. O juri do Nobel deve ter sentido alguns pruridos de consciência e decidiu antes escolher uma venezuelana, líder de oposição anti chavista e grande amiga dos EUA. Maria Corina Machado, eleita prémio Nobel da Paz, "não é nenhuma flor pacifista":
- Internamente, não cessou de fazer apelos incendiários à sublevação contra o regime de Maduro.
- Em relação ao estrangeiro, convidou os «pacíficos» Netanyahu e Trump, a invadirem o país, com a garantia de que, se o fizessem e a pusessem na presidência, teriam garantido o petróleo venezuelano e tudo o mais.
Não creio que estas tomadas de posição públicas sejam adequadas para quem está comprometida num caminho de paz e de oposição não violenta!
No entanto, a Venezuela tem forças militares e populares que não seria prudente ignorar. Se houvesse invasão pelos EUA ou forças mercenárias, a tarefa não seria fácil. Além disso, a Venezuela está hoje de boas relações com as potências mais significativas do ponto de vista económico e militar dos BRICS, a China e a Rússia. Tanto os chineses como os russos já deram discretos sinais de que não irão ficar passivos perante uma eventual tentativa de derrube do regime venezuelano.
Um império em decadência acelerada já não mete tanto medo, sobretudo após os fiascos militares deste século XXI: Afeganistão, Iraque, Líbia, assim como outras situações em que os americanos foram obrigados a recuar. Na verdade, as " guerras sem fim" que eles vão criando - incluindo a Ucrânia - são apenas causadoras de morte, destruição e dívidas colossais, além de criarem animosidade em muitos povos e governos diversos. Alienaram laços fortes com a Arábia Saudita, Indonésia e vários países africanos ou latino-americanos. O apoio incondicional ao governo de Israel, nestes dois anos de matança de civis indefesos em Gaza, também contribuiu para que muitos perdessem a ilusão sobre as intenções humanitárias e benévolas de Washington.
Maduro, vendo as provocações constantes, o assassinato dos tripulantes de lanchas, supostamente transportando droga para os EUA (creio que já afundaram 4 desses barcos), percebeu que as forças militares dos EUA se preparavam para uma invasão da Venezuela. Estas brutais execuções extra-judiciais de pessoas que os americanos nem sabiam ao certo quem eram, são mais uma prova da hipocrisia do poder imperial. Mas, sobretudo, revelam o intuito de criar o pretexto da agressão («casus belli») e derrube do governo de Maduro.
O fruto pendente das enormes reservas de petróleo e das minas de ouro da Venezuela, devem ter feito salivar os "neocons". Wolfowitz, um destacado neocon conselheiro de George W. Bush, argumentava (em 2003) que a invasão do Iraque "se pagaria a si própria" com as enormes somas obtidas na venda de petróleo deste país. Sabemos que não foi assim, mas também sabemos que pessoas gananciosas e estúpidas são capazes de cair duas vezes no mesmo erro.
De qualquer maneira, se houver guerra, não é a oligarquia dos EUA que irá pagar a fatura. São os pobres, que irão mais uma vez servir como carne para canhão em guerras do Império Ianque...
A CHINA TERÁ DEZ VEZES MAIS OURO DO QUE RECONHECIDO OFICIALMENTE
sexta-feira, 17 de outubro de 2025
GROUND em DÓ MENOR por William Croft
No caso do Ground, trata-se de variações baseadas sobre um baixo repetitivo (Ostinato), sobre o qual o tema melódico é tratado de várias maneiras: A variação pode incidir sobre os aspectos melódico, rítmico ou modal.
Desde os inícios da polifonia (Séc. XII-XIII), que um dos processos mais usados na composição, é o da construção a partir de um baixo. Deste baixo, o compositor extraía a textura harmónica, ou seja, a sequência de acordes. A partir do baixo e da voz mais aguda - portadora, em geral, da melodia - procedia-se ao «enchimento», ou seja, compunham-se as vozes intermédias. Estas deslocavam-se em movimento paralelo ou contrário ao da melodia. Esta «receita» para a construção duma peça musical tornou-se muito utilizada desde a época renascentista e dominou a escrita musical no Barroco. Note-se que muitas peças onde não figura explicitamente o termo «variação» no título, são - apesar disso - construídas sobre o referido princípio.
Na música posterior, seja ela Clássica, Romântica, Pós-romântica ou Contemporânea, continuou a ser aplicado o princípio da variação, em múltiplas peças vocais e instrumentais.
------------------------
- EXEMPLOS DE OBRAS BASEADAS NO PRINCÍPIO DA VARIAÇÃO:
AS FOLIAS, DO FOLCLORE AOS MEIOS ARISTOCRÁTICOS
Ária com variações, dita «A Frescobaldina»
FANDANGO- FLAMENCO - FOLIA - PASACALLES - CHACONA
Louis Couperin, «Pasacalle em sol menor»
quinta-feira, 16 de outubro de 2025
APOSTILA: SABEREI... [OBRAS DE MANUEL BANET]
Saberei eu... sorrir?
Quando, vestidos de branco
Partilharmos instantes
Poucos, dum último olhar
Saberemos nós guardar
Intimidade num hospital
Indústria de morte asseptizada
Que nos vê como corpos?
Saberei eu ... no momento
Da separação, que seja
Realmente a nova etapa
De nosso amor?
Amor, que seja eu
O primeiro a partir.
Deixa-me adormecer
Sob teu carinhoso olhar
Não consigo viver sem ti
Não por ter necessidades
De qualquer espécie
No vazio da tua ausência
Mas, não saberei
Viver sem ti
Tão simples como isso;
Sem ti, nada faz sentido
Eu não temo a morte,
Mas tua ausência
Porque, agora sei,
És meu fluído vital
Deixa-me crer que a morte
Seja, afinal, a transição.
Pois, Amor, se assim for
Não terei queixumes
Não precisarei de nada
Sabendo que nos veremos
De novo noutra dimensão
As almas emparelhadas
SINDICATO DO CRIME U.S.A.
