sábado, 8 de agosto de 2020

CONCERTO EM MEMÓRIA DE J.S. BACH

 

                                      

Gravado a 28 de Junho de 2020, por ocasião dos 270 anos da morte de J.S. Bach. 

Foi gravado ao vivo na Igreja de S. Tomás de Leipzig, com a Leipziger Cantorei e a Sächsisches Barockorchestra, sob a direcção de Gothold Schwarz 

Dienstag, 28. Juni 2020, 20.03 Uhr / Tuesday, 28 July 2020, 8.03 pm CEST
Live aus der Thomaskirche Leipzig / live from Leipzig St. Thomas Church
Leipziger Cantorey · Sächsisches Barockorchester · Thomaskantor Gotthold Schwarz
08:00 Johann Sebastian Bach (1685–1750): Vor deinen Thron tret´ ich hiermit, BWV 668
11:55 Begrüßung / welcome address: Prof. Dr. Michael Maul (Bach-Archiv Leipzig)
24:05 Johann Christoph Bach (1642–1703): Der Gerechte, ob er gleich zu zeitig stirbt
29:10 Johann Schelle (1648–1701): Aus der Tiefen rufe ich, Herr, zu dir
39:37 Moderation
42:13 Johann Ludwig Bach (1677–1731): Unsere Trübsal, die zeitlich und leicht ist
47:32 Dieterich Buxtehude (1637–1707): Gott hilf mir, BuxWV 34
1:03:16 Johann Michael Bach (1648–1694): Ich weiß, dass mein Erlöser lebt
1:05:25 Moderation
1:07:49 Johann Sebastian Bach (1685–1750): Aus der Tiefen rufe ich, Herr, zu dir, BWV 131
1:30:10 Johann Sebastian Bach (1685–1750): Vor deinen Thron tret´ ich hiermit, BWV 668 (Arrangement by Benjamin Dreßler)
 

sexta-feira, 7 de agosto de 2020

O QUE TERÁ REALMENTE OCORRIDO NO PORTO DE BEIRUTE?

                   
                                            Porto de Beirute sacudido por violentas explosões


                                 
                                         
                                         Vídeo sobre acontecimento (legendado em inglês)


É evidente que houve uma imprudência absurda das autoridades em autorizar que as toneladas de nitrato de amónia (matéria prima para explosivos) fossem armazenadas numa instalação do porto de Beirute. Esta incúria é - infelizmente - possível em países (incluindo Portugal) onde o Estado central é fraco, corrupto, sujeito a interesses mafiosos de toda a espécie. 
Portanto, é inegável que a armazenagem deste produto, tão perigoso, durante tanto tempo, pode ser imputada, como crime de negligência às «autoridades» libanesas. Estamos a falar de um Estado falido, que sofreu uma guerra civil, uma invasão, e que é controlado por uma variedade de grupos, do Hezbollah (aliado do Irão) aos Cristãos Maronitas, entre outros, que controlam - exactamente como máfias - certos sectores do Estado. 
Antes desta tragédia houve outra, recente. Com efeito, explodiu uma «bomba» no domínio financeiro: a bancarrota que eclodiu no final do ano passado e causou a ruína de muitos. Agora, a população martirizada, está a braços com um número de mortos de muitas centenas e vários milhares de feridos.

As pessoas que não acreditam na tese de um acidente vão apontar a dedo potências ou facções, pelos quais têm maior antipatia:
- Assim, do lado do governo de Washington, veio logo a tese absurda de que esta sabotagem seria instigada pelo Irão, apenas porque este é, na região, o inimigo nº 1 a abater. 
- Outras pessoas vêem o «dedinho» de Israel, cujos serviços secretos (Mossad) são especialistas em fazer atentados que se parecem mesmo muito com acidentes. 
O poder sionista de Israel não tem boas recordações do Líbano, da sua derrota humilhante e expulsão do Sul do Líbano, devido à milícia do Hezbollah. 
Antes de mais, se estamos a pensar que NÃO terá sido acidente, devemos perguntar «qui bono», a quem aproveita?
- É um facto que o Líbano tem estado a aproximar-se do Irão, tal como acontece com o Iraque. Com desespero, as direitas europeias e norte-americanas, vêem afastar-se este país do seu campo, anteriormente conhecido como «a Suíça do Próximo-Oriente».
- Por outro lado, tanto o Líbano, como a  Síria, estão realmente no ponto de chegada das Novas Rotas da Seda. A costa síria e libanesa é um ponto estratégico para investimento dos chineses, protegidos pela base naval russa de Tartus, na Síria. 
  
Pode ser tudo uma questão de coincidências? Eu não acredito em «coincidências», pelo menos, deste tipo...

Custa-me acreditar que, durante tantos anos (cerca de seis anos e meio, desde 2013!), nada tenha ocorrido com aquela matéria explosiva, manifestamente tão perigosa; que tenha ficado «tranquilamente» armazenada nas instalações portuárias e na cidade de Beirute. 
Embora haja negligência criminosa das «autoridades», penso -para além disso - que há algo misterioso, nesta situação: É que, se for verdade que esta matéria-prima explosiva foi estocada sem os devidos cuidados, como se explica que não tenha havido um acidente, mais cedo?  

Então, ao fim e ao cabo: foi acidente, foi sabotagem?
- Muitas pessoas dirão que nunca se saberá, ao certo, caso tenha sido um acto de sabotagem, feito por profissionais (serviços secretos?) capazes de fazer estas coisas sem deixar rasto.  

Eu acredito que a verdade vem sempre ao de cima; mas teremos de esperar mais algum tempo para saber o que esteve na origem desta tragédia. 

NOTA 1: O presidente do Líbano, Aoun, não exclui a hipótese de atentado com bomba ou outro engenho ter deflagrado as explosões.

NOTA 2: A hipocrisia «oficial» israelense desmontada por Gideon Levy. Leia aqui.

NOTA 3: Thierry Meyssan afirma que o que causou as explosões foi uma bomba israelita com características de mini-arma nuclear e que já tinha sido testada na Síria.

NOTA 4: alguns pontos do artigo seguinte de Pepe Escobar «Quem beneficia com explosão em Beirut?», também foram considerados por mim. Veja aqui.
 

NOTA 5: Philip Giraldi reforça a verosimilhança de um ataque israelita, citando no seu artigo uma ameaça recente feita no mês passado de Julho de 2020: «... the Israeli defense minister specifically threatened to destroy Lebanese infrastructure »

NOTA 6: Pepe Escobar escreve um artigo com muito sumo, dando o contexto geopolítico e civilizacional.

NOTA 7: A análise de Kim Iversen é muito perspicaz. 

quinta-feira, 6 de agosto de 2020

[PEPE ESCOBAR] Mar do Sul da China: o cerne da questão

                            Footage from a PLA landing drill in June. The Chinese military is reportedly planning another large-scale simulated invasion exercise this month. Photo: Handout
                             exército Popular da China faz exercícios em Junho deste ano 

Texto de Pepe Escobar para o Blog do Saker, postado originalmente no site Asia Times
Tradução de btpsilveira

Quando os grupos de ataque dos porta aviões Ronald Reagan e Nimitz envolveram-se recentemente em operações no Mar do Sul da China, muitos cínicos notaram que a Frota do Pacífico dos Estados Unidos está fazendo o seu melhor para tornar a teoria infantil da Armadilha de Tucídides numa profecia autorrealizável.

A ideia oficial pro forma, expressada pelo contra almirante Jim Kirk, comandante do Nimitz, é que as operações foram lançadas para “reforçar nosso compromisso com a liberdade da região do Indo/Pacífico, com a ordem internacional baseada em normas e com nossos aliados e parceiros”. 

Esses clichês não chamam a atenção de ninguém, desde que a mensagem verdadeira foi dada por um agente da CIA que posa como diplomata, o Secretário de Estado Mike “nós mentimos, nós enganamos, nós roubamos” Pompeo: “a República Popular da China não tem bases legais para impor unilateralmente sua vontade na região” referindo-se à Linha de Nove Traços. Para o Departamento de Estado, Pequim emprega nada menos que “táticas de gangsters” no Mar do Sul da China.

Repito: ninguém presta atenção porque a realidade no mar é dura. Qualquer coisa que se mova no Mar do Sul da China – artéria marítima crucial para o comércio da China – está à mercê do PLA (People’s Liberation Army – Exército da Libertação Popular [ELP] - NT) chinês, que decide quando e se empregar seus mísseis mortais DF-21D e DF-26 “matadores de porta aviões”. Absolutamente não há qualquer maneira da Frota do Pacífico vencer uma guerra aberta no Mar do Sul da China.

Bloqueados eletronicamente

Não referido nem citado pela mídia ocidental, um relatório chinês crucial traduzido por Thomas Wing Polin, analista residente em Hong Kong, é essencial para entender o contexto.

O relatório se refere aos aviões de guerra “Boeing EW Growler” dos EUA que acabaram totalmente fora de controle através de aparelhos de bloqueio eletrônico postados nas ilhas e recifes do Mar do Sul da China. 

De acordo com o relatório, “depois do acidente os Estados Unidos negociaram com a China exigindo que esta desmantelasse os equipamentos eletrônicos imediatamente, mas foram rejeitados. Tais aparelhos eletrônicos são parte importante da defesa marítima do país e não armas ofensivas. Portanto, o pedido do exército dos Estados Unidos para retirá-los não faz sentido.”

Fica ainda melhor: “No mesmo dia, Scott Swift, antigo comandante da Frota do Pacífico finalmente reconheceu que o exército dos EUA chegou tarde demais para controlar o Mar do Sul da China. Ele acredita que a China instalou grande número de mísseis de defesa aérea Hongqi 9, bombardeiros H-6K e sistemas de bloqueio eletrônico em ilhas e recifes. O aparato de defesa pode ser chamado de sólido. Caso os jatos de combate dos Estados Unidos se precipitarem sobre o Mar do Sul da China provavelmente encontrarão ali seu ‘Waterloo’”.

A questão é que Pequim considera esses sistemas – entre eles o bloqueio eletrônico – instalados nas ilhas e recifes no Mar do Sul da China pelo ELP cobrindo mais da metade da superfície total, como parte de seu sistema nacional de defesa.

Coloquei anteriormente em detalhes o que o Almirante Philip Davidson disse ao Senado quando ele ainda era um candidato a liderar o Comando do Pacífico para os Estados Unidos. Suas três principais conclusões foram:

1) “A China está buscando recursos avançados (por exemplo, mísseis hipersônicos) para os quais os EUA ainda não têm capacidade de defesa. Na medida em que a China conseguir estes sistemas de armamentos avançados, as forças dos Estados Unidos no Indo-Pacífico estão em risco cada vez mais elevado.”

2) “A China está minando a legalidade da ordem internacional.”

3) “Atualmente, a China é capaz de manter o controle sobre o Mar do Sul da China em qualquer cenário a não ser uma guerra contra os Estados Unidos.”

Implícito nessas declarações está o “segredo” da estratégia dos EUA para o Indo-Pacífico: na melhor das hipóteses trata-se de tentativa de contenção, dado que a China continua a solidificar sua Rota da Seda Marítima, ligando o Mar do Sul da China ao Oceano Índico.

Lembrem-se de Nusantao

O Mar do Sul da China é e continuará sendo um dos principais pontos críticos do jovem século 21, onde grande parte do equilíbrio do poder entre Leste e Oeste será questionado.

Já toquei no assunto anteriormente em alguns detalhes, mas, mais uma vez, um breve pano de fundo histórico é absolutamente essencial para entender as circunstâncias atuais que fazem o Mar do Sul da China parecer e sentir-se como um lago chinês.

Comecemos em 1890, quando Alfred Mahan, então presidente do Colégio Naval dos Estados Unidos escreveu seu livro seminal The influence of Sea Power Upon History, 1660-1783 (Influência do poder marítimo no curso da história, 1660-1783 – NT). A tese de Mahan era que os Estado Unidos poderiam pesquisar por novos mercados para comerciar globalmente, e protegê-los através de uma rede de bases navais.

Foi o embrião do Império de Bases (norte)americano – o qual ainda está ativo.

Foi o colonialismo das potências ocidentais (Europa e América) que engendrou a maioria das fronteiras terrestres e marítimas dos Estados limítrofes ao Mar do Sul da China: Filipinas, Indonésia, Malásia e Vietnã.

Estamos falando de fronteiras entre possessões coloniais diferentes – que desde o início disparavam problemas insolúveis que foram herdados pelas nações pós coloniais.

Essa história tem sido sempre completamente sui generis. O melhor estudo antropológico sobre a questão (Bill Solheim’s, por exemplo) define as comunidades quase nômadas que desde tempos imemoriais viajavam e comerciavam através do Mar do Sul da China de Nusantao – uma palavra Austronésia composta para “ilha do sul” e “gente”.

Os Nusantao não eram um grupo étnico definido. Eram parte de uma rede marítima. Por séculos tinham pivôs importantes desde a costa do Vietnã central e Hong Kong por todo o caminho até o delta do Rio Mekong. Não eram ligados a nenhum “estado”. A noção ocidental de “fronteiras” sequer existia. Em meados dos anos 1990, tive o privilégio de encontrar alguns de seus descendentes na Indonésia e no Vietnã.

Assim, foi apenas no final do séc. 19 que o sistema Westfaliano manobrou para congelar o Mar do sul da China dentro de um contexto inamovível.

O que nos leva de volta ao ponto crucial do motivo da sensibilidade chinesa com suas fronteiras: isso está ligado diretamente ao “século da humilhação” – quando a corrupção interna e a fraqueza chinesa permitiram aos “bárbaros” ocidentais tomarem posse de território chinês.

Um lago japonês

A linha dos nove traços é um problema extremamente complexo. Foi criado pelo eminente geógrafo chinês Bai Meichu, nacionalista ferrenho, em 1936, inicialmente como parte do “mapa da Humilhação Nacional Chinesa” traçado como uma linha em forma de “U”, englobando o Mar do Sul da China em todo o caminho até o Baixio James, que está 1500 km ao sul da China, mas apenas a 100 km de Bornéu.

Desde o início, a Linha dos Nove Traços foi promovida pelo governo chinês – lembrem-se, àquele tempo, ainda não comunista – como letra da Lei em termos de reclamações “históricas” da China sobre ilhas no Mar do Sul da China.

Um ano depois, o Japão invadiu a China. Ocupara Taiwan já em 1895. O Japão ocupou as Filipinas em 1942. Isso quer dizer que toda a linha costeira do Mar do Sul da China estava no controle de apenas um império pela primeira vez na história. O mar tornou-se um lago japonês.

Bem, isso durou apenas até 1945. Os japoneses ocuparam as Ilhas Woody nas Paracels e Itu Aba (atualmente Taiping) nas Spratlys. Depois do final da Segunda Guerra Mundial e com os Estados Unidos lançando bombas atômicas contra o Japão, as Filipinas tornaram-se independentes e as Spratlys foram imediatamente declaradas como território Filipino.

Em 1947, todas as ilhas receberam nomes chineses e em dezembro de 1947 todas as ilhas foram colocadas sob controle de Hainan (também uma ilha no Sul da China). Novos mapas foram desenvolvidos a seguir, porém agora com nomes chineses para as ilhas (ou recifes, ou baixios). Só que havia um grande problema: ninguém explicou o significado daqueles traços (que originalmente eram onze).

Em junho de 1947 a República da China reclamou para si tudo dentro daquelas linhas – afirmando estar, ao mesmo tempo, aberta a negociações para definir fronteiras marítimas com outras nações a posteriori. Mas momentaneamente não havia fronteiras.

Todo o acima preparou o cenário para uma “ambiguidade estratégica” do Mar do Sul da China que continua até hoje – e permite ao Departamento de Estado acusar Pequim de “táticas de gangsters”. O clímax de uma transição milenar da “rede marítima” de povos seminômades para o sistema Westfaliano só rendeu problemas.

Chega o COC

E quanto as noções (norte)americanas de “liberdade de navegação”?

Em termos imperiais “liberdade de navegação” das costas ocidentais dos Estados Unidos para a Ásia – através do Pacífico, Mar do Sul da China, Estreito de Malaca e Oceano Índico – é questão restrita à estratégia militar.

Ocorre que a Marinha dos EUA simplesmente não pode conceber ter que lidar com zonas de exclusão no mar ou ter que obter uma “autorização” a cada vez que tiver que cruzá-las. Se assim fosse, o Império de Bases perderia o acesso a estas.

Isso combina com a marca registrada da paranoia do Pentágono, lidar com uma situação onde um “poder hostil” – nomeadamente a China – decide bloquear o comércio global. Em si mesma, a premissa é ridícula, porque o Mar do Sul da China é a principal, a artéria marítima vital para a economia globalizada chinesa.

Daí que não há justificativa racional para algo como o programa Liberdade de Navegação (LdN). Para todos os efeitos práticos, esses porta aviões como o Ronald Reagan e o Nimitz se exibindo para lá e para cá equivalem a uma espécie de “diplomacia da canhoneira” do século 21. Pequim não parece impressionada.

Até onde tem a ver com os 10 membros da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN na sigla em inglês – NT), o que importa neste momento é construir um Código de Conduta (CdC) para resolver os conflitos entre Filipinas, Vietnã, Malásia, Brunei e China.

Ano que vem ASEAN e China celebrarão 30 anos de relações bilaterais robustas. Há boa possibilidade de que fortalecerão o status para “parceria estratégica ampla”.

A COVID-19 fez todos os atores adiarem negociações para a leitura do segundo projeto único do CdC. Pequim gostaria que fossem feitos face a face – porque o documento é muito sensível e, até o momento, secreto. Porém acabaram por concordar em negociações online – através de textos detalhados.

Será trabalho duro, porque como a ASEAN tornou claro em encontro virtual no final de Junho, tudo haverá de ser em acordo com as Leis Internacionais, entre elas a Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar (UNCLOS, na sigla em inglês – NT)

Se eles conseguirem concordar em um Código de Conduta até o final de 2020, um acordo final pode ser aprovado pela ASEAN em meados de 2021. A palavra “Histórico” é fraca até para começar a descrever isso – porque esta negociação está em andamento por não menos que duas décadas. Não se deixe de mencionar que um Código de Conduta invalida quaisquer pretensões dos Estados Unidos em assegurar “Liberdade de Navegação” em área onde a navegação já seria livre.

É que “liberdade” jamais teve nada a ver. Na terminologia imperial, “liberdade” significa que a China deve obedecer e manter o Mar do Sul da China aberto para a Marinha dos Estados Unidos. Bem, isso é possível, desde que você se comporte. Chegará o dia em que o Mar do Sul da China será “negado” para a Marinha dos EUA. E você nem precisa ser um Mahan para saber que isso será o fim do domínio imperial sobre os sete mares.


quarta-feira, 5 de agosto de 2020

ESTAMOS A VIVER «TEMPOS INTERESSANTES»...

             Praia de Altura - (Algarve/Portugal)

Nesta modorra de Agosto - apesar das frequentes ondas mediáticas covidianas, instigando medo  e inibindo algumas pessoas de fazerem aquilo que lhes faz bem, saírem, apanharem sol, darem uns mergulhos, fazerem festas, etc. - a verdade acaba por vir ao de cima.
Esta verdade traduz-se em dois factos simples: 

Facto nº1. 
A campanha mediática contra a postura da Suécia, traduziu-se num enorme fiasco e desacreditou mais os que a lançaram e a adoptaram, do que a nação escandinava.

Facto nº2. 
O ouro finalmente (e também a prata) sobe para níveis jamais atingidos, também em dólares US (a -ainda- moeda de reserva mundial) o que significa, claramente, que está a haver uma descida espectacular, tanto do dólar como das restantes moedas «fiat» (moedas que se sustentam em, nada mais, do que a palavra do governo respectivo).

A existência de uma campanha permanente para condicionar a população mundial a aceitar passivamente ou até alegremente a vinda de uma «vacina» cujos contornos aparecem como os mais obscuros está a sofrer reveses sérios, embora não seja ainda possível declarar vitória nesta frente. 
Trata-se de uma guerra, como diziam os dirigentes políticos de várias nações, lembram-se? Só que omitiram dizer que se trata de uma guerra contra os seus próprios povos, guerra suja, insidiosa e cobarde, destinada a assentar a «Nova Ordem Mundial», entronizando a oligarquia como «Senhores do Mundo». 

Uma vacina contra o Sars-Cov 2 será sempre algo muito questionável, tecnicamente falando, porque existe uma experiência falhada com outro coronavírus, o Sars-Cov 1, o qual teve a vacina produzida em larga escala, para logo ter de ser deitada fora. Muitos milhões foram gastos em vão. 
Além disso, o laboratório privilegiado por Bill Gates e a Fundação BIll e Melinda Gates, a Moderna, tem verificado que a vacina experimental que tinham idealizado dá resultados decepcionantes. Ainda bem, pois queriam introduzir um pedaço de material genético estranho nas nossas células, para estas se porem a fazer certas proteínas virais, que depois seriam reconhecidas pelo sistema imunitário e fabricados anticorpos contra elas. Mas, os ensaios feitos em animais de laboratório, mostraram que estes morriam quando, após terem sido imunizados pela vacina, eram expostos ao vírus Sars-Cov-2. Como é que tal situação se explica? Pelo facto de haver uma resposta do organismo a este vírus, construindo uma imunidade mais celular (linfócitos T) do que serológica (anticorpos livres, circulando no soro). O efeito é que as células T, contendo anticorpos anti-Covid à sua superfície, vão atacar as células e tecidos infectados, não poupando os próprios órgãos. 

Daí a gravidade da questão da vacina, especialmente quando insuficientemente estudada, em que se fazem correr riscos inúteis à população, em geral, para «protecção» da mesma população. A OMS emitiu um aviso recente, sobre os riscos de vacinas não cabalmente testadas antes de serem adoptadas. 

Quanto ao factor ouro: pode parecer inútil debruçar-nos sobre algo que corresponde em níveis de transacções, a cerca de 0,5 % dos activos financeiros ao nível mundial. Porém, ele funciona como «o canário (dourado) na mina», ou seja, avisa que algo está mesmo a ficar muito grave. Realmente, é o caso pois os governos e bancos centrais do mundo inteiro, para responderem a uma crise financeira em incubação desde há longos anos, mas cujo desencadear foi por eles mesmos provocado, fazem apenas aquilo que sempre fizeram financeiramente: imprimem biliões e triliões…  Com isto, provocam a retoma das bolhas financeiras que têm sido causa e efeito dos problemas financeiros mundiais. É como se um «médico» receitasse «droga» a um «drogado»; iria agravar o seu estado, até ao ponto em que o referido drogado sofreria colapso e morte por «over-dose». É exactamente a imagem que me evoca o comportamento dos bancos centrais dos países ocidentais, encorajado pelos governos respectivos. 
Não admira, eles são dos maiores beneficiários da onda de «dinheiro fácil». Eles pretendem uma desvalorização total das moedas «fiat» por uma boa razão, para eles: é que assim as suas dívidas colossais vão ficar reduzidas na mesma proporção. É a diferença entre quantidade nominal e valor real. Na realidade, se a inflação disparar, as nossas pensões de reforma, os salários e todas as dívidas que os governos têm para com credores diversos, serão «pagas» nominalmente mas, na verdade, serão em «papel» que vale cada vez menos, em termos de poder aquisitivo real. 
É desta realidade que o Mundo se está a aperceber agora, embora um pouco tarde. O mundo da finança -por contraste - sabe disso muito bem, há longo tempo, pelo que tem jogado com essa «fraqueza» embutida no conceito de «divisa fiat». 
Os iludidos da classe média, que são a imensa maioria dos que jogam nos casinos dos mercados financeiros, estão a ser vítimas deste jogo cruel; um «Jogo de Tronos», que seria melhor designar como «Jogos da Fome». 
A própria ONU avisa que o que vem aí pode significar uma descida para a pobreza de 260 milhões, só que não é consequência da epidemia de Covid, como ela afirma, mas em consequência da crise mundial do sistema capitalista, exacerbada pelas medidas drásticas e liquidadoras da economia, decretadas pelos governos. 
Como sabemos, eles nunca confessam os seus erros, a não ser que estejam numa posição desesperada, perante um tribunal e em risco de sentença de morte. As pessoas vão, portanto, sofrer imenso, com a redução da quantidade de riqueza criada, sem saberem porquê. Mas as oligarquias sabem-no bem: é porque o sistema chegou a um ponto de não retorno; ao ponto em que a única solução é deitar abaixo o edifício, para construir um novo. Simplesmente, existem basicamente duas maneiras de o fazer: 

- Pode-se ter - por hipótese - um período de grande agitação social, que desemboque numa revolução. Esta revolução pode deitar abaixo a velha ordem e instaurar uma nova, algo muito positivo para a generalidade dos humanos, mas implicaria que as oligarquias reinantes nos diversos países perdessem o controlo, deixassem de ser as beneficiárias da tal ordem velha.   

- Ou então, pode-se fazer uma «demolição controlada», sendo as construções, as empresas, as matérias primas valiosas (como o ouro, petróleo, metais industriais, etc, etc) mantidas em mãos dos muito ricos. Assim, esta «Nova Ordem Mundial» surgiria como que por encanto. Até poderia ser publicitada em fóruns mundiais, como o de Davos.

A segunda hipótese (demolição controlada) é a que mantém os poderosos e até lhes acrescenta mais poder, mais controlo. Se escolhem este caminho não é, com certeza, por considerações humanitárias, por desejarem a melhoria das condições de vida dos mais de 7 mil milhões de humanos… Não; eles estão a fazer isto porque sabem que a hipótese de uma revolução será inevitável, se não agirem agora, para por em prática esta operação. 

Por outras palavras, é uma operação arriscada, tomada in extremis, com riscos de descambar de variadíssimas maneiras. 
O poder das oligarquias é relativo: também fazem erros de avaliação. Em qualquer etapa do percurso, podem menosprezar ou ignorar a relevância de certas variáveis do sistema. 

O sistema político e económico mundial é um exemplo de sistema caótico, no sentido científico. Um tal sistema não é regido por quaisquer leis da Natureza. 
Num sistema caótico não existe possibilidade de encontrar verdadeiros padrões de comportamento. Não  são previsíveis, ao contrário dos sistemas deterministas. Estamos a falar em relação a todos os níveis, do comportamento dos indivíduos, ao dos grupos, das sociedades e da humanidade.

Estamos vivendo «tempos interessantes», só que a expressão deve ser traduzida para chinês: o ideograma correspondente quer dizer - simultaneamente - tempos inovadores e terríveis.
 
                     Chris Whiteside's Blog: Quote of the day 9th September 2018

YUJA WANG, MISCHA MAISKY, JAMES EHNES: Beethoven Triple Concerto

Beethoven Triple Concerto for Violin, Cello, and Piano in C major Op  56 

A interpretação anunciada no título do post foi retirada do Youtube. Mesmo assim, vale a pena ouvir a interpretação abaixo, que tem garantia total de qualidade, embora por outros interpretes:



℗ A Warner Classics release, ℗ 2004 Warner Music UK Limited Orchestra: Chamber Orchestra of Europe Cello: Clemens Hagen Conductor: Nikolaus Harnoncourt Piano: Pierre-Laurent Aimard Violin: Thomas Zehetmair Composer: Ludwig van Beethoven


segunda-feira, 3 de agosto de 2020

MILHARES PROTESTARAM EM BERLIM CONTRA AS RESTRIÇÕES


Claro que vão dizer que isto é orquestrado por forças extremistas, mas o que transparece, quando se vê este vídeo, é uma amálgama colorida de cidadãos comuns: não são nada do tipo «militante», de extrema direita ou de extrema esquerda! 
É isto que os governos mais temem. Vão multiplicar-se estas acções de rua por todo o espaço da UE, não tarda muito!

Quando a mais forte economia da União Europeia está de rastos, quando é impossível ver-se uma luz ao fundo do túnel... é inevitável que as pessoas se questionem se estas medidas, que deitaram abaixo a economia do mundo desenvolvido, eram mesmo necessárias? 
A resposta é não! E a verdadeira razão está a vir ao de cima: Segundo Anthony P. Muller e muitos outros, isto faz parte da estratégia globalista de Davos (Fórum Económico Mundial) para impor a «revolução tecno-fascista» da Nova Ordem Mundial.  

sábado, 1 de agosto de 2020

Portugal: Colapso Anunciado e Oportunidade de Renovo

The Best European River Cruises for 2019 and 2020 | Jetsetter ...

A partir de agora, a situação económica começa a «apertar» no Ocidente (falo da Europa e América do Norte, principalmente). 
Mas, o Ocidente não é homogéneo do ponto de vista económico e da exposição a situações causadoras de extrema desorganização e do acentuar da pobreza. Existem clivagens muito grandes entre países como, por exemplo, o Norte e o Sul da União Europeia: 
- Com a Alemanha, a Áustria, a Holanda e a Escandinávia, contrastando em desafogo económico e capacidade de suavizar uma situação prolongada de crise, com um Sul, incluindo Grécia, Itália, Espanha e Portugal, todos eles em situação muito mais frágil perante a crise profunda, pois estão muito dependentes do turismo para sobreviverem e não possuem diversificação suficiente para aguentar o embate e o marasmo prolongado no sector, que era o seu principal «ganha-pão».

Mas, também estamos perante a crise interna dos Estados e regimes, visto que a inadequada e autoritária resposta à epidemia de Covid-19 (um problema sanitário real), veio desencadear reflexos de medo e uma contracção da vida nas suas vertentes sociais. 
Isto pode ser conveniente para a oligarquia que governa estes países, no curto prazo. Porém, vão servir-se do mesmo pretexto da pandemia e de mais que duvidosas «segundas e terceiras» ondas, para retomar o controlo de todas as alavancas do poder, sem contestação. O grau de corrupção, na política e nas sociedades em geral, nunca foi tão elevado, com os lançadores de alerta a serem completamente ignorados ou perseguidos e calados. A cidadania, semi-adormecida, está num ponto em que pode ser facilmente manipulada, pelos da maioria governamental, ou pelas oposições.
Mas tudo isto tem, como fenómeno subjacente, o colapso do modelo económico e financeiro que governou o Ocidente.

Este colapso é bem visível nos EUA, país emblemático deste capitalismo. A cidadania nos EUA está completamente fraccionada. Existe um total divórcio em relação a quaisquer valores, que poderiam ser identificadores comuns do povo dos EUA. A coesão existente, é em relação a factores de grupo, nos quais se contam «raça», «religião», «pertença social», «orientação sexual», etc, etc. Não existe futuro para um país assim: irremediavelmente dividido. Ainda é o mais poderoso, em termos militares e ainda detém o privilégio do dólar US ser a maior divisa de reserva ao nível mundial:
- Mas, no plano geo-estratégico está em situação de competição com 2 super-grandes (Rússia e China), que possuem armamento sofisticado e - mesmo - superior em domínios-chave, face a modelos mais antiquados, que equipam as forças armadas dos EUA e seus aliados da NATO. 
- E, no plano monetário, o dólar está sob grande pressão, com uma descida significativa em relação às moedas ocidentais concorrentes, nomeadamente, ao euro. Além disso, o dólar (e todas as divisas) estão constantemente a perder valor, em relação ao ouro e à prata
Isto significa claramente a fuga dos investidores mais lúcidos dos mercados das obrigações e das acções e outros activos financeiros em geral, que se expressam em moedas-papel, ou «fiat». 
Pelo contrário, existe um aumento de procura muito significativo, além dos metais preciosos, no imobiliário em vários países europeus. Tal se deve ao facto de muitas pessoas estarem a converter bens financeiros em bens imobiliários, estes menos sujeitos a volatilidade e, sobretudo, que poderão atravessar esta crise longa, conservando o seu valor, em termos reais, no final.

No meio da «grande reestruturação» («great reset»), na qual nos encontramos, as pessoas dominadas (sem o saberem) por uma media, inteiramente ao serviço dos poderosos, são susceptíveis de fazerem escolhas erradas. Tais erros e ilusões, induzidos pela media mentirosa, ainda irão agravar mais a sua fragilidade, em termos económicos. Muitas das que tinham algum bem-estar económico, irão perder tudo, tal como aconteceu em todas as crises anteriores.  
Mas, a perda de uns, é o ganho de outros. Haverá pessoas e entidades que irão enriquecer, que irão fazer negócios chorudos, capturando bens e negócios por «tuta e meia».
 Estes, estarão em força quando se der a retoma da economia produtiva. Uma vez que o pior da crise tiver passado, que um novo sistema monetário veja a luz do dia, esses capitalistas terão o terreno limpo para seus negócios avançarem nas melhores condições. 
Com efeito, a ausência de concorrência vai permitir situações de controlo ou monopólio do mercado, em sectores de actividade e largas regiões geográficas; isso vai multiplicar as possibilidades de lucro. 
No capitalismo monopolista, que é o do nosso tempo, os que planificam e executam as acções dos grandes grupos financeiros não são uns amadores. Eles próprios, têm formação e contam com apoio de especialistas, em todas as áreas necessárias, que garantem - não apenas os negócios correntes - mas também a prospectiva, a visão estratégica de longo prazo.

Sendo assim, nos tempos mais próximos, depois da onda de falências e de grande contracção da economia, fase que durará, pelo menos, até ao próximo Verão de 2021, vai verificar-se uma grande concentração e reestruturação em todos os sectores-chave:
- concentração da distribuição, estendendo as redes de pequenas lojas mas com «label» de um grande distribuidor. Destruição visível do comércio de proximidade, desaparecimento do pequeno comércio nas zonas habitacionais: a mercearia, a frutaria, a pequena loja de electro-domésticos, a papelaria-tabacaria, etc. 
- concentração da banca, com fusões e aquisições de pequenos bancos por gigantes. Mas também uma diminuição da rede de balcões e/ou a conversão de serviços para 100% on-line, o que fará com que o número de funcionários bancários em contacto directo  com o público diminua ainda mais. 
- A Inteligência Artificial e a robotização vão avançar em todos os domínios, desde a medicina, engenharia, arquitectura, etc.  até às tarefas pouco especializadas, como a colheita de frutas e legumes, até agora assegurada por uma mão-de-obra muito «barata», normalmente imigrante. 

Vai haver uma generalização do desemprego estrutural. Não vai ser possível encaixar nos sectores produtivos, as pessoas agora despedidas, pois haverá muito menos postos de trabalho, além de que a tendência será de substituir humanos pelos robôs, ou por sistemas de IA (Inteligência Artificial). 
Face a esta situação, a opção dos Estados será - provavelmente - de criar um «Rendimento Básico Universal» (RBU), com capacidade de manter as pessoas assistidas no limiar de subsistência, mas ainda assim, sem chegar à indigência. 
O RBU será saudado como «grande progresso social» por alguns desmiolados, mas será a forma prática de manter as pessoas sob controlo, sobretudo jovens, quando não existe possibilidade ou vontade de as canalizar para tarefas produtivas e reprodutíveis.

Porém, existem muitas instâncias em que o trabalho poderá ser aplicado de forma útil e produtiva, com verdadeiro emprego e com verdadeiro salário
Estou a pensar nas enormes tarefas que estão por fazer, nos campos, especialmente no interior deste país, com todo o efeito de arrastamento de indústrias conexas ao renascimento agrícola, baseado em energias renováveis e em conceitos ecológicos. 
Estou a pensar também no apoio domiciliário a muitas pessoas idosas e/ou com deficiência, que não deveriam ser armazenadas em «lares», instituições completamente inadequadas. Veja-se o que aconteceu aquando do surto de Covid-19: pense-se que apenas vimos a ponta do iceberg.  
Na educação, ao contrário da tendência para realizar tudo «on-line», acentuada com a recente epidemia, que confinou as crianças e jovens em casa, tem de se apostar numa diferente e criativa forma de educar. 
Têm de ser criados «centros de educação e excelência tecnológicos» que não sejam os «parentes pobres» do que é, ou era (como há mais de 50 anos!) considerado nobre: as vias que conduzem ao ensino superior. 
Poderia multiplicar exemplos, desde a marinha mercante e portos, à rede ferroviária e a todas as infraestruturas associadas... campos em que haveria trabalhos de estrutura a fazer-se e com grande utilidade para o país.
Porém, este esforço muito necessário é impossível sem a mobilização de energias, de vontades, sem a existência de um projecto nacional. Para que vingue, é preciso realismo, vontade e persistência. São estas as três características morais impossíveis de desenvolver e cultivar no marasmo actual, sonhando uns com utopias caducas, outros com «milagres» de ajudas vindas do exterior, etc. 
Há muitas maneiras de cairmos; para nos levantarmos, só há - basicamente - uma; dobrar as pernas, retesar os músculos, fazer força apoiando-se no chão, exercendo toda a força para cima, o corpo unido no gesto de se erguer, de retomar a vertical. No caso dos povos, é o mesmo! 
Onde está o essencial da questão? 
Na tomada de consciência de que a salvação não virá do exterior, mas de nós próprios, de fazermos o que seja preciso para nos pormos de novo, em pé!