sábado, 28 de setembro de 2019

REFLEXÃO: NEO-COLONIALISMO NO SÉCULO XXI

                        Mobutu Sese Seko and Richard Nixon in Washington DC in October 1973
Imagem: Mobutu Sese Seko encontra-se com Richard Nixon em Washington, em 1973 

Quando nos debruçamos sobre a História mundial do século XX e nos deparamos com a época das independências das colónias, que os vários poderes imperialistas europeus possuíam e cuja exploração permitiu grande parte do excedente para a construção da sociedade da abundância na Europa, devemos analisar como esses colonialismos (Britânico, Francês, Português, Belga...) se transmutaram em sociedades neo-coloniais, em que a estrutura da economia, baseada na extracção e exportação de matérias-primas, se manteve, quase sempre na posse dos mesmos poderosos grupos industriais. Mesmo nos casos em que houve nacionalizações, a estrutura dos mercados era tal, que as produções dos países ex-coloniais eram fundamentalmente para um mercado mundial, controlado pelos mesmos poderes da era colonial. 
Por outro lado, as instâncias políticas presentes nos mais diversos países, embora fossem de aparente cariz anti-colonial, eram muitas vezes complacentes com a continuação do estado de coisas anterior, a troco de situação de privilégio para si próprias. 
Isto podia ir até ao ponto de países ex-colonizadores irem defender militarmente os governantes (em geral, ditatoriais) contra todas as ameaças «terroristas» que eles tivessem de enfrentar. 
No presente século, as situações neo-coloniais, em África, Médio-Oriente, Ásia do Sul e América Central e do Sul, não evoluíram globalmente para uma maior autonomia, capacidade de desenvolvimento baseado nos próprios recursos, construção de Estados e modos de governar próprios. 
O «Ocidente» continua impiedosamente a esmagar as populações, sob as ditaduras locais:
 - As matérias-primas continuam a ser arrancadas a baixo custo, para depois serem colocadas nos mercados mundiais com lucros colossais, essencialmente fora do controlo das entidades nacionais dos países de onde provieram. 
- As fábricas, com as condições de trabalho mais duras e os salários mais irrisórios, continuam situadas nos mesmos pontos do globo, permitindo que multinacionais obtenham lucros por essa exploração impiedosa, essencial para os seus modelos de negócio, quer se trate de confecções, micro-electrónica, agricultura de exportação, ou até, de serviços como «tele-marketing»- deslocalizados da Europa e América do Norte. 
- Os exércitos da NATO, com ou sem cobertura das Nações Unidas, auto-instituem-se como «polícia mundial», mesmo que as pessoas que vivem nos países «policiados» (Afeganistão, vários países africanos) não tenham pedido esse «policiamento», nem o desejem e gostariam de ver pelas costas esses exércitos internacionais, que vêm manter «a ordem» isto é, um governo corrupto e submisso aos poderes globais, quer na forma de Estados, quer dos grandes grupos corporativos que os controlam (as indústrias do petróleo, a grande finança, as indústrias de armamentos, etc.).

É portanto muito importante, fundamental mesmo, para o capitalismo globalizado de hoje, a manutenção deste conjunto de relações neo-coloniais. Sem ele, certamente, o bem-estar material das populações da Europa e da América do Norte, não teria o mesmo nível. Sobretudo, os lucros das grandes corporações não poderiam ser tão elevados. 
É precisamente este o ângulo que é «omitido» em todas as análises sobre a One Belt One Road (OBOR) da China, que tenho lido na media ocidental corporativa. 
Se o aparato ideológico do «Ocidente» se atira contra a iniciativa de «One Belt One Road», que a China lançou há cerca de 6 anos, é porque ela está sendo - no geral - bem sucedida, com adesão de muitos países (mais de 60), com estatuto de «desenvolvidos» ou de «em desenvolvimento», nos quatro continentes. 
Em desespero, o Império dos EUA tem feito soar os tambores da guerra, quer contra a China, quer contra a Rússia, multiplicado as sanções económicas, os boicotes, as ameaças, não apenas a estes dois gigantes, mas também a outros, seus aliados ou apenas seus parceiros comerciais. 
Nisto, podemos ver o desespero dum animal ferido de morte, que tenta - em vão - virar o sentido da História. Eles, dirigentes e ideólogos do globalismo sabem, melhor que ninguém, que não há futuro para um monopólio mundial do poder, uma hegemonia duma só potência sobre todas as outras. Mas pensam, erroneamente, poder atrasar a vinda desse momento, em que a Terra será de novo um planeta com muitos e diversos conjuntos de nações, com alianças diversas e com múltiplos laços de comércio, com interesses variados partilhados, sem que nenhum esteja em posição de ditar ao mundo inteiro a «sua verdade de nação excepcional». 

Nada poderá atrasar uma força irresistível e que vem do fundo de nós todos, de cada pessoa individual e dos grupos humanos, dos povos, das civilizações mundializadas. Pois trata-se de uma profunda aspiração a maior autonomia, à auto-determinação das nossas vidas, ao desenvolvimento das nossas economias, das nossas culturas, numa grande diversidade, com entendimento fundamental e com respeito mútuo entre todos. 
Só nesse momento, quando houver uma real igualdade de acesso das pessoas à educação, à cultura e uma igualdade de acesso dos países às trocas, ao comércio internacional, no respeito e interesse mútuo, poderemos dizer que ultrapassámos - enquanto Humanidade - a era colonial e seu prolongamento, o neo-colonialismo.

sexta-feira, 27 de setembro de 2019

QUAIS OS PAÍSES COM MAIOR (E MENOR) CONTRIBUIÇÃO PARA ORÇAMENTO DA UNIÃO EUROPEIA?

Veja, no infográfico abaixo, as diversas contribuições para a UE.

Nota-se também que o nível de confiança - no conjunto da UE - sobre a própria UE, é muito baixo (somente 44% que confiam, para 46% que não confiam).

https://www.zerohedge.com/s3/files/inline-images/eu-budget-chart.png?itok=BnxHlSL7




quarta-feira, 25 de setembro de 2019

AS PSEUDO-POLÉMICAS SOBRE O SALAZARISMO

                                       
                  [imagem: a «sopa do Sidónio» ou sopa dos pobres, nos anos 40 em Portugal]

A discussão sobre o fascismo (48 anos da nossa história!) não deve cingir-se a como foi mau, cruel, etc... foi! Isso é um facto, mas o problema de se voltar sempre À QUESTÃO DA BRUTALIDADE DO REGIME, é que a discussão mais importante para o presente e para o futuro não é feita. É iludida!
Os que se dizem patriotas ou nacionalistas e têm veneração saudosista pela época salazarista, têm uma enorme desinformação, pelo menos alguns terão. 
Por outro lado, as pessoas ditas anti-fascistas, são-no sobretudo com «as tripas». Muito bem, mas não chega, é preciso pensar este regime. 

Em primeiro lugar, Salazar não foi nacionalista, em nenhum sentido real do termo. Porque foi nacionalista, só no discurso. Ele queria agradar a um republicanismo de direita, nacionalista, que aceitou o regime, sem no entanto abraçar o seu «corporativismo».  O «nacionalismo»


de Salazar consistiu em obter concessões políticas, diplomáticas e outras da Grã-Bretanha (então o império dominante, não esqueçamos) para consolidar o seu regime, a troco de oferecer as empresas mais rentáveis (na altura) a Carris, os Telefones, etc... à exploração por empresas britânicas. 
Depois, com a IIª  Guerra mundial, inicialmente a sorte das armas parecendo estar do lado das potências do Eixo (Alemanha, Itália, Japão e outros) foi entregar o melhor que tinha aos alemães nazis, mantendo este país numa falsa neutralidade. 
Quando os ventos mudaram de novo, foi entregar as bases dos Açores aos ingleses e americanos... Assim, conseguiu que Portugal entrasse na OTAN (NATO) etc, etc... 
Reparem: todas estas reviravoltas e importantes concessões, foram de grande significado, na época, para os imperialismos dominantes. Salazar e toda a «elite» fascista, sabiam-no perfeitamente. 
Sabiam que estavam a oferecer os melhores «bocados» de Portugal, a troco da sua impunidade pessoal e do regime, que estivera completamente alinhado com o fascismo de Franco e também, desde sua ascensão ao poder, até pouco antes do final da Guerra, com os regimes fascista italiano e nazista alemão. 
Tudo isso foi feito em nome duma suposta «luta contra o comunismo», em defesa da democracia (sic!). A fantochada sangrenta continuou até ao 25 de Abril de 74.
Nas colónias, o sangue dos soldados portugueses foi derramado totalmente em vão e foi uma traição directa também a eles, pois os chefes sabiam a impossibilidade de ser ganha uma guerra destas, do lado português. 
Os portugueses estiveram em África como lacaios dos anglo-americanos e outros (franceses, belgas, etc) que exploraram o que havia de melhor no império colonial português africano (Angola, Moçambique, Cabo Verde, Guiné, São Tomé e Príncipe), sem os custos associados, de seus respectivos países terem de «manter a ordem» e «combater os terroristas»... 
 Isto são factos, não são opiniões. Isso é que deveria ser realmente debatido, para desfazer o mito do fascismo e salazarismo, como expoentes de «nacionalismo»!

Que pena os anti-fascistas não verem que este ângulo de crítica é aquele que pode ter maior eficácia! É preciso conhecer (e debater) as questões económicas, políticas, geo-estratégicas, etc. subjacentes. 
As torturas da PIDE não se tornariam menos monstruosas; nem, tão-pouco, o atraso em que as populações foram mantidas. 
Mas, se o discurso polémico fosse centrado no interesse global do país, ao longo destas décadas, compreendia-se que o fascismo foi apenas uma capa para a oligarquia, que nunca houve nesta um autêntico sentido de defesa nacional. 
Ao ser confrontado com os dados concretos, desde a história económica à diplomática, passando pela história social... nenhum investigador sério poderá passar ao lado da óbvia questão: será que o regime instaurado por Salazar e seus defensores merece o adjectivo de «nacionalista»? 

terça-feira, 24 de setembro de 2019

CHINA - MÚSICA CELESTIAL EXECUTADA NO GUQIN E NO ERHU



Estes instrumentos têm um som maravilhoso, porque são tangidos com imensa técnica e arte pelas executantes. 
A sua origem é muito antiga; há quem diga que o Guqin tem cerca de 3.000 anos. Isto permite compreender que estejam optimizados, que sejam perfeitos para a música clássica chinesa.... Soam magníficos na sua expressividade: 
O Guqin, porque dispõe de uma ressonância que permite jogar com os harmónicos.
O Erhu porque é o mesmo princípio que o violino, mas tem um potencial expressivo maior!


domingo, 22 de setembro de 2019

LUCRANDO COM OS MASSACRES NAS ESCOLAS AMERICANAS

                      

Uma empresa de confecções para adolescentes utiliza nas roupas inscrições relativas aos locais de crimes/tiroteios de massa, onde dezenas de crianças perderam a vida. 
A indignação de alguns, no entanto... parece não afectar demasiado o negócio!
Ao que chegou o absurdo da sociedade capitalista decadente!
Ver notícia detalhada no link abaixo:

sexta-feira, 20 de setembro de 2019

CIENTISTA DESMONTA OS MITOS DA HISTERIA CLIMÁTICA

                                           https://www.youtube.com/watch?v=4JJ3yeiNjf4



                  A FALSA CIÊNCIA DOS «CONSENSOS»

Eu gostava que as pessoas com educação científica, que lêem o meu blog, reconhecessem a importância da palestra do Dr. Soon, na medida em que, com argumentos, destrói a PSEUDO-ciência (ou mitos) e a adesão acrítica ao chorrilho de falsidades, por parte das pessoas. Encheram-lhes os ouvidos e a cabeça com uma suposta unanimidade no mundo científico sobre o assunto... o tal «consenso».

Mas a ciência não é, nem nunca foi, uma questão de consenso. 
A decisão política pode sê-lo. Decidir se adoptamos ou não um determinado programa, ou lei, ou medida governamental, será equivalente a procurar o consenso mais alargado possível na cidadania. Simplesmente, aqui trata-se de leis ou medidas feitas e decididas pela sociedade, pelos humanos. 
Quando lhes quiserem insinuar que a «ciência opera por consensos» ou que «existe um consenso entre os cientistas sobre isto, ou sobre aquilo...» devem duvidar da honestidade da pessoa, sobretudo se ela se intitula cientista. 
Nada, no modo de proceder da ciência, tem a ver com consensos, mas sim com a experimentação, que vem validar ou invalidar determinado modelo, hipótese, ou teoria. 
Se um único facto (e, mais ainda, um conjunto de factos) vem contradizer uma teoria, então ela fica INVALIDADA. 
Não importa que um exército de «cientistas» feitos à pressão, ou de políticos mascarados de cientistas, clame que tal teoria é verdadeira. No caso de haver facto(s) que a contradiz(em), ela será sempre considerada como falsa, ou como não provada, ou não validada pela experiência e pela observação.

Agora, o que se passa [e isto é muito grave], é uma campanha massiva de media, políticos, activistas sociais, etc. que pensam ter razão. Para eles, tudo o que contradiz essa razão (a razão deles) é desonesto, ao serviço de forças obscuras, etc. O Dr. Soon chama a atenção para o significado disto, para além da própria controvérsia em torno das alterações climáticas: é a própria ciência que pode estar a ser descredibilizada, junto do grande público. Com efeito, toda esta montagem, envolvendo prestigiosas instituições e nomes sonantes da ciência, acabará por ser vista como aquilo que é, mais cedo ou mais tarde. Muitas pessoas ficarão de tal maneira decepcionadas, que deixarão de ter confiança na ciência em geral, confundindo a má ciência e o abuso de poder no «establishment» científico, com a ciência em si mesma! 
O cepticismo, em qualquer domínio do saber, é uma atitude saudável se ele estiver aberto a examinar - sem preconceitos - quaisquer evidências a favor, ou contra, a teoria que o próprio defende. 
O espírito científico não é «partidário». As pessoas verdadeiramente científicas sabem que se deve lutar contra o seu próprio subjectivismo.
Quando virem que um argumento é rejeitado, não por falha de lógica intrínseca, não por insuficiente suporte experimental, não por incompatibilidade com o conjunto dos dados disponíveis, mas por ataques ad hominem, insinuando que são «agentes de lóbis» pró-indústria poluidora, etc... fiquem de pé atrás, exerçam o vosso espírito crítico, tentem perceber quais as motivações subjacentes a tais campanhas. 

quinta-feira, 19 de setembro de 2019

A FRAGILIDADE DO SISTEMA FICOU EXPOSTA


Uma perturbação numa refinaria, por mais importante que seja, não vai causar uma carência de petróleo ao nível do mercado global. Os sauditas garantem que o nível de produção voltará ao normal até ao fim do mês. Mesmo que a afirmação seja um bocado optimista, não é nada que tenha uma repercussão planetária no mercado do crude ou do petróleo refinado. 
Então, por que razão os mercados, não apenas dos combustíveis, mas também os mercados financeiros estão em estado pré-comatoso?
Por que razão há um quase congelamento do mercado «overnight» de empréstimo entre os bancos, que causa a intervenção do banco central dos EUA (a FED)? 
- Sabe-se que a FED despejou nos bancos (através de um «bail-out» que não se confessa como tal) em 3 dias sucessivos, muitos biliões de dólares para fornecer liquidez ao mercado de empréstimo interbancário...

Isto revela a gravidade da situação: Porque é muito anómalo o comportamento da FED.  
A explicação que encontro para este pânico interno (ignorado do «grande público», pois a media corporativa faz bem o seu miserável papel de DESinformar as massas), é o seguinte:

- Os bancos encontram-se quase insolventes em circunstâncias normais e podem rapidamente passar a estar mesmo insolventes, ao contrário do que o público é informado e do que os responsáveis dão a entender. 
Mas, se um «cisne negro» atingir o sistema financeiro global, estes bancos ficam em apuros. 
O sistema está, neste momento, em apuros porque o petróleo subiu em flecha, muito para lá das expectativas de muitos investidores e especuladores, inclusive dos peritos que trabalham nos bancos sistémicos
Ora, a quantidade (nos EUA e internacional) de empréstimos e de alavancagem sobre esses mesmos empréstimos, à indústria do petróleo de xisto é avassaladora
O processo de extracção de petróleo do xisto é intrinsecamente um processo não rentável; são necessárias mais unidades de energia para extrair gás ou petróleo de xisto do que as quantidades respectivas obtidas são capazes de fornecer. A rentabilidade aparente resulta de operações financeiras, que consistem em fazer o público, em última instância, financiar os projectos, através de obrigações. 
Estas são negociadas nos mercados e usadas para originar complexos produtos derivados. Uma engenharia financeira dos bancos, tendo rentabilidade somente para eles e para os poucos negócios de exploração de petróleo de xisto que não fizeram falência.  
Para que esta indústria do petróleo de xisto seja financiada, uma montanha de empréstimos tem de ser colocada nos mercados: o juro dos empréstimos é que vai variar, ao sabor dos mais diversos acontecimentos no mundo, incluindo as guerras. 
Ora, se um «cisne negro» surge, como foi o caso há dias, abrindo-se a possibilidade de uma guerra contra o Irão, todas as «apostas» (que são, afinal de contas, os derivados) vão estar completamente desequilibradas:  É como se num jogo Benfica -  Belenenses, este segundo clube tivesse a vitória. Seria algo tão inesperado, que somente alguns adeptos mais fiéis do clube de Belém teriam apostado nele.
Portanto, muitas apostas terão sido perdidas  (neste caso, devido ao aumento súbito do petróleo) causando uma enorme drenagem de liquidez no sistema (para pagar as tais apostas, muitos activos financeiros terão sido vendidos).     

A fragilidade do sistema financeiro é enorme, o que equivale a dizer a fragilidade do capitalismo dos nossos dias. Sim, o sistema está à mercê de um grupo de guerrilheiros suficientemente determinado para atingir um órgão vital (a refinaria saudita, a maior refinaria do mundo) ou uma artéria principal (o estreito de Ormuz). 

             

Hoje, são os Houthis, amanhã, quem sabe?

Esta é a realidade: aquilo que a «filtragem» da media corporativa não permite que o público  perceba, neste imbróglio. 

Quer isto dizer que os EUA vão para a guerra ou vão recuar e não atacarão o Irão? 
-Não faço a menor ideia, agora. 
Porém, sei que é muito fácil desencadear uma guerra... mas, os que a desencadeiam não sabem qual será o seu desfecho.