O Senado dos EUA acaba de passar uma resolução para banir esta firma de concorrer no mercado americano. Ela é suposta ter feito «actos hostis» em relação aos EUA. Mas, na verdade, ela não fez mais do que o seu trabalho.
Fornece software, incluindo os chamados «patches», para os seus clientes não estarem sujeitos a exposição aos programas de ciber-espionagem (tipo Big Brother) da NSA.
Sabemos que os construtores e fornecedores de software americanos foram coagidos a deixar essas «portas de trás», para serem usadas pela CIA, para espionar tudo e todos, sem qualquer controlo.
A firma russa Kaspersky desenvolveu um software que protege os sistemas dessas fragilidades «embutidas». Isto não é, de forma alguma, ir contra a lei de um qualquer país.
O governo dos EUA tem programas que, como Snowden e Assange e outros demonstraram para além de qualquer dúvida, se destinam a obter do seu e meu ou de quaisquer computadores dados, ilicitamente.
A hipocrisia consiste em dizer que a firma Kaspersky tem actividade hostil ao governo dos EUA, quando é precisamente o contrário: é o governo dos EUA que tem actividade hostil em relação aos cidadãos de todos os países do mundo, incluindo os seus próprios cidadãos.
Mas a verdade acabará por vir ao de cima; os biliões que eles investem em programas monstros de vigilância em massa da Internet são uma ideia megalómana, mas inútil.
Ironicamente, todas estes actividades são dirigidas contra aqueles que supostamente deveria defender ... e com financiamento pelo erário público, ou seja, os contribuintes!!
Esta publicação tem a ver com a minha longa paixão pela poesia posta em música e pela música que não se deixa encerrar em categorias convencionais. É a minha modesta homenagem a Kurt Weil.
SPEAK LOW - UTE LEMPER
As raízes do jazz são múltiplas, assim como a nossa civilização «ocidental» (mas tão bem representada no Oriente!).
A música popular de qualidade vai construindo a sua tradição, por selecção e eliminação das escórias. Só nos parece efémera porque nós estamos mergulhados no instante.
Mas existe uma fusão entre a música popular e a «erudita» em alguns poucos compositores, entre os quais K. Weil.
... Pelo menos, é isso que - parece - os coreanos do Sul pensam. Ou será antes que tal frase é expressão da indiferença da comunidade internacional? - Sim, porque a indiferença em relação a procurar compreender o que se está a passar é abismal! Os media, o principal instrumento de propaganda dos globalistas, estão interessados em fabricar notícias sensacionalistas, não em explicar os «como» e «porquê» das crises.
O regime da Coreia do Norte poderá estar a ser empurrado, pelos americanos, com o seu arsenal de sanções, a ripostar com aperfeiçoamento do seu arsenal de misseis e de bombas nucleares. Pois isto é - pensam eles - a única forma de evitar que os EUA desencadeiem um ataque surpresa, supostamente preventivo, para eliminar as armas nucleares norte-coreanas. Felizmente, o recém eleito presidente Moon da Coreia do Sul, já se pronunciou claramente no sentido de não permitir que seja desencadeada (iniciada) uma guerra contra o Norte. O Norte tem baterias de canhões apontadas a Seul: são cerca de 25 milhões de cidadãos da Coreia do Sul, ao alcance dessa artilharia, caso haja um ataque de surpresa. Não haverá hipótese de aniquilar de uma penada este dispositivo, que inclui unidades móveis, outras em esconderijos e bunkers, o que torna praticamente impossível que um ataque-surpresa fique impune, não sofra uma riposta, uma retaliação. Os americanos mantêm grande parte dos seus quartéis bem próximo (ou dentro) de Seul, para se assegurarem que - se eles forem atacados - a população civil sul-coreana também o será!
De qualquer maneira, vemos que esta crise está a fortalecer ao regime da Coreia do Norte, mostra que não receia o papão: a maior potência nuclear mundial. Mostra que não receia o império global militarista, cujo orçamento da defesa é muito maior do que os orçamentos conjugados das restantes grandes potências (China, Rússia, etc...).
Esta crise mostra também que o sistema das Nações Unidas está caduco e foi desenhado ou, pelo menos, manipulado para servir como instrumento de pressão e de chantagem ao serviço dos americanos. Não será por acaso que a sede está em Nova Iorque.
Mas a incapacidade das potências em controlarem o problema da proliferação das armas nucleares está inteiramente dependente do grau de empenhamento, dos esforços concretos que estas mesmas potências tenham em relação à paz. Será o seu papel e dever, como membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU, em resolverem os conflitos por via pacífica, em realizarem passos concretos na via do desarmamento, em relação às armas nucleares, em primeiro lugar; depois, às outras armas de destruição maciça (biológicas e químicas) e a reduzirem os arsenais das armas ditas convencionais, por fim.
Assim, a crise com a Coreia do Norte deve ser vista como uma crise do sistema da hegemonia mundial unipolar. Os EUA só sabem usar a força; a diplomacia não desempenha papel no seu «arsenal», senão como propaganda interna e internacional.
O seu modo de proceder é fácil de compreender: tudo o que questione a sua hegemonia é visto como ameaça à «ordem globalista». A sua reação típica nestes casos, tem sido - neste terceiro milénio que se iniciou com uma hegemonia de Washington - de desencadear guerras ditas «preventivas» (absolutamente proibidas e condenadas pelos próprios princípios da Carta da ONU!). Estas guerras não têm hipótese de ser "ganhas" (vejam-se os casos do Afeganistão, do Iraque, da Líbia, da Ucrânia, da Síria), mas devem ser geradoras do caos, através do qual Washington continuará a manipular e beneficiar das riquezas dessas regiões.
Veja-se também como as guerras, instigadas pelos EUA, se têm concentrado junto das fronteiras, ou nas zonas de influência, da grande potência rival, a Rússia. Esta política de atear fogos nas fronteiras dos que ameaçam a sua hegemonia estende-se também à China.
O facto é que, nem a China, nem a Rússia, podem consentir que a população norte-coreana seja vítima dupla: dos que a governam (Kim Jon-un parece-me ser apenas porta-voz da junta político-militar) e dos que pretendem manter, por todos os meios, incluindo a guerra, a sua hegemonia mundial. Não podem consentir por várias ordens de razões:
- Razões humanitárias: estariam a cometer o crime de genocídio, de punição coletiva da população civil indefesa, ela própria vítima.
- Razões políticas: o completo isolamento do regime Norte coreano dificultará quaisquer iniciativas de apaziguamento, de resolução pacifica do conflito.
- Razões da sua própria segurança: A Coreia do Norte faz fronteira com ambas, Rússia e China. O precipitar duma guerra «a quente» irá desestabilizar as zonas fronteiriças, com milhares de refugiados, o que irá obrigar, numa ou noutra fase, à intervenção militar direta dum dos vizinhos, ou de ambos. Não esqueçamos que existem acordos de assistência mútua em vigor entre a Coreia do Norte, a China e a Rússia.
- Razões de estratégia mundial: Pois se os EUA querem tanto desencadear uma guerra com a Coreia do Norte, é precisamente para continuarem a sua política de instabilidade permanente, com focos de tensão nas fronteiras das potências rivais: o objectivo é sempre o mesmo, enfraquecer a China e a Rússia. Estas, estão claramente empenhadas em fazer emergir uma nova ordem mundial multipolar e isso é anátema para a potência hegemónica decadente. Veja-se também o vídeo abaixo, mostrando as capacidades próprias da Coreia do Sul:
Eu posso conhecer factos, veiculados por fontes várias, sem adotar suas conclusões. Tem sido esta a minha postura e tenciono continuar nela, o mais possível.
Tenho-me inspirado bastante, ultimamente, na obra de F. William Engdahl, no site Strategic-Culture.org e noutras fontes: são um meio de nos mantermos informados e de lermos análises que saem da rotina da media prostituta ocidental.
Se quisermos ouvir a melhor música romântica das diversas paragens da Europa, temos sempre uma série de fantásticas interpretes do extremo-oriente para nos satisfazer o nosso desejo.
Não há maior requinte, pois captam a essência da música, ao mesmo tempo que interpretam com uma técnica impecável!
Não tenho dúvidas, quando oiço estes exemplos, que o futuro é na China, na Coreia, no Japão!
Já não nestas paragens da Europa (ocidental, central ou oriental) onde prevalece o hedonismo e as jovens gerações ignoram tudo da sua tradição e da sua arte.
Em 2014, quando os exércitos do Iraque e da Síria foram derrotados por uma repentina ofensiva do ISIS, algo muito particular surgiu no território Sírio, perto da fronteira com a Turquia, na região de Kobane. Milícias curdas de auto-defesa (YPG) ergueram-se para defender Kobane, a cidade onde predominava esta etnia, para que ela não caísse nas mãos dos djihadistas salafistas financiados pelas monarquias do Golfo, em especial pela Arábia Saudita, com a bênção e apoio logístico, em segredo, dos americanos. Nesta ocasião formou-se um movimento de solidariedade com os defensores de Kobane, tidos como próximos do partido curdo irmão do PKK.
O PKK, por sua vez, depois da prisão do seu líder Oçalan, numa ilha turca, tinha sofrido uma mutação tanto estratégica quanto ideológica. O seu líder prisioneiro, tinha estudado com muito interesse Murray Bookchin e tinha chegado à conclusão de que o seu movimento se deveria inspirar pelo Municipalismo Libertário para construir a nova entidade, nas zonas libertadas. Assim, Kobane foi o primeiro laboratório em «escala real» de um movimento de guerrilha, que adotou princípios de horizontalismo, assembleísmo e de total igualdade entre homens e mulheres. Se tal postura já era por si só revolucionária em qualquer parte do mundo, em especial o seria frente a uma ofensiva dos ultra-conservadores, inspirados na interpretação mais obscurantista e fundamentalista do Corão: o Waabismo.
Porém, não devemos embandeirar em arco, pois as forças nas quais se integram os contingentes curdos sírios, as SDF (Sirian Democratic Forces) são largamente controladas, financiadas e equipadas pelos EUA. Estes, não querem perder o controlo estratégico do leste da Síria, onde se situa o petróleo e onde podem exercer vigilância sobre o Irão, sobretudo pretendem manter as bases ilegalmente aí implantadas, sob o pretexto de combater o Estado Islâmico (uma criação deles, da Mossad, dos sauditas, dos quataris, da Al Quaida, etc.) .
Agora, com Dar-el-Zor prestes a ser libertada do cerco de anos pelas forças do Estado Islâmico, desenvolve-se uma corrida de velocidade para controlar esta região, rica em petróleo, entre as forças governamentais sírias, apoiadas pela Rússia, e as forças de SDF, apoiadas pelos EUA.
O que deveria prevalecer seria um acordo para que não houvesse incidentes entre forças que, nominalmente, combatem o mesmo inimigo... mas sabemos que tem havido uma constante sabotagem disso, pelo Estado Profundo dos EUA, que já vem do tempo da presidência Obama. Não esqueçamos que um acordo de troca de informações entre forças dos EUA e Russas foi sabotado horas depois de concluído, pelo bombardeamento «por engano» de uma coluna do exército sírio, causando mais de 60 mortes do lado sírio, na altura em que estes estavam a repelir o Estado Islâmico na zona de fronteira sírio-iraquiana.
O que os EUA tentam cozinhar é claramente a construção de um mini-estado tampão, usando os curdos (tal como o fizeram, várias vezes, com os curdos iraquianos) para depois poderem se implantar permanentemente nessa zona do mundo, onde estritamente não têm absolutamente lugar nenhum, mas onde eles pretendem estar presentes, para controlo das rotas do petróleo, do gás e mantendo e acirrando rivalidades e conflitos entre povos, única coisa na qual eles são exímios!
No meio disto, os militantes revolucionários vão ser - mais uma vez - «deitados para debaixo do autocarro», caso continuem a fazer a escolha errada e «apanhem o isco» de criar um mini estado Curdo, sem viabilidade e apenas baseado no apoio americano.