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quarta-feira, 20 de julho de 2022

A MELHOR RESPOSTA NO LONGO PRAZO À VOLATILIDADE DOS MERCADOS

POR QUE RAZÃO OS ARAUTOS DO SISTEMA FAZEM TUDO PARA DESVIAR AS PESSOAS DA PROTEÇÃO MAIS ÓBVIA  PERANTE A GRAVE CRISE ECONÓMICA

https://www.mining.com/web/hungary-triples-gold-reserves-as-central-banks-turn-buyers-again/

 À medida que entramos mais profundamente numa zona de turbulência acrescida, na economia e finança mundiais, também as relações entre os ativos de diversa natureza estão a revelar-se mais instáveis. Os índices de volatilidade refletem as incertezas nos mercados e - embora no longo prazo - estes possam achar um novo equilíbrio, nas fases de transição, costuma haver substanciais ganhos e perdas. Como sabemos, nos mercados financeiros, as perdas de uns, são os ganhos de outros, e vice-versa.  A minha previsão é que haverá um considerável número de pessoas que apostaram, ou irão apostar, na economia de casino, nos mercados bolsistas, e terão sua atenção desviada das matérias-primas, dos metais preciosos, em particular.

Ao longo dos anos, o ouro e a prata têm sofrido uma constante supressão (pelos bancos sistémicos, os bancos centrais e os governos ocidentais) destinada a desviar o grande público desses investimentos.  É o que vou tentar explicar neste artigo.

O ouro e a prata têm os seus preços determinados em grande parte, não pelo mercado físico (ouro e prata físicos), mas pelo mercado de «futuros», de «papel». Neste, pode-se apostar num valor futuro de quilo ou onça de ouro ou outro metal precioso, sem que se tenha jamais de concretizar a transação, comprando ou vendendo o referido metal físico. Claro que este mecanismo permite que sejam transacionadas quantias enormes, mas que não têm correspondência física. Uma exceção a esta situação é a do mercado de matérias-primas (incluindo os metais preciosos) de Xangai, onde as quantias transacionadas são reais, não são meras «promessas» de compra e de venda porque todos os contratos-promessa têm de ter subjacente a respetiva quantidade de metal. 

Na economia especulativa, financeirizada, o ouro é por vezes designado como valor refúgio, mas no sentido de se investir em ouro-papel, como alternativa a deter-se «dinheiro-cash». Nos mercados do Oriente, pelo contrário, o ouro e a prata nunca deixaram de ser dinheiro, ou seja, metais cuja posse equivale -essencialmente - a dinheiro. Para termos uma noção de como as divisas (que são chamadas impropriamente «dinheiro») se desvalorizam em relação ao ouro, basta referir que uma moeda de ouro, contendo uma onça troy de ouro puro, tinha o valor de vinte dólares US, em 1913. Nessa altura, com essa moeda, ou com uma nota de banco neste valor (20 dólares US), podia-se comprar um fato de qualidade e nos bons alfaiates, em Nova Iorque. Quem tenha essa moeda de uma onça de ouro, que agora ronda os 1800 USD, poderá comprar  um bom fato, na mesma. Mas, não seria o caso de alguém que só tivesse guardado 20 USD em nota-bancária. A nota de 20 dólares daria para comprar, quanto muito, umas peúgas ! Claro que a relação é ligeiramente diferente para outros itens de consumo, ou para itens industriais mas, no global, estima-se que (em média) o «dinheiro-papel» perdeu desde 1913 97% do seu poder aquisitivo. O ouro conservou, em termos gerais, o seu poder aquisitivo.

Quando uma aposta em ouro-papel é perdida, ou seja, quando a aposta vai no sentido contrário do mercado, a pessoa que a fez perde uma percentagem do dinheiro investido, pois tem de vender ou comprar a um preço desfavorável... Muitas vezes, essas quantias são avultadas e os especuladores têm de obter dinheiro de outros investimentos, ou pedir empréstimo para cobrir a perda, com uma tal aposta «a descoberto». Se alguém fizer uma venda a descoberto e se houver um comprador, ela terá de comprar a quantia equivalente de ouro a outro agente, ou dar o dinheiro correspondente para indemnizar esse comprador. Nas bolsas de matérias-primas ocidentais, onde funcionam os mercados de futuros, como o COMEX (Chicago) ou LBMA (Londres), é vulgar, dum dia, transacionar-se em contratos de futuros o equivalente da produção anual mundial de ouro ou de prata. É evidente que, na realidade, aquilo que é transacionado são contratos-de-futuros, ouro-papel, ou prata-papel, que especificam quantas onças (500 ou 1000 onças, por exemplo) de metal  estarão disponíveis para entrega, pelo valor de X dólares, num dado prazo (por exemplo, dentro de 2 meses). Nestas bolsas, só algumas entidades têm acesso ao ouro e prata físicos, um punhado de grandes bancos, que negoceiam com grandes clientes e armazenam esse ouro nos seus cofres. Quanto aos outros, terão de se contentar com dólares, no valor equivalente ao preço estipulado. Muitos não estão sequer interessados em tomar posse do metal físico, contentam-se em receber a diferença de preço, caso tenham acertado na aposta. As quantias transacionadas nestes mercados são centenas de vezes superiores aos metais preciosos efetivamente depositados nas mesmas bolsas. Compreende-se que, nestas circunstâncias, seja fácil para grandes bancos e fundos financeiros, fazerem operações de venda a descoberto (isto é, sem possuir o metal físico estipulado nos contratos), emitindo grande número de contratos. Com esse instrumento de manipulação e com a «miopia induzida» das entidades reguladoras desses mercados, é notório que só raramente são apanhados em fraude. Recentemente, empregados da J P Morgan e também o próprio banco, foram condenados por manipulações do mercado do ouro. Este e outros bancos, têm sido multados por manipulações do ouro e da prata. Os valores das coimas, que parecem somas enormes, são inócuas para eles: Em poucos dias, têm mais lucro do que o montante das multas. Ou seja, há um discreto incentivo para continuar a fazer fraude, tanto mais que um público não esclarecido pensa que só grandes capitalistas ficarão prejudicados com tais manipulações do preço do ouro.

Numa economia em que exista o padrão-ouro, os governos ou bancos centrais não poderão manipular a moeda, visto que a quantidade de ouro que possuem nos cofres dos bancos centrais respectivos não pode ser aumentada a seu bel-prazer. Então, todos os governos que sustentam a especulação desenfreada e os seus agentes corruptos, incluindo os académicos, vão dizer que o ouro é uma «relíquia do passado», que retira muita flexibilidade à gestão económica e financeira, etc. Enfim, é certo que os défices monstruosos, quer nos orçamentos de Estado, quer nas balanças comerciais, serão muito menos prováveis, com um padrão-ouro. Esta é uma das razões porque, entre a derrota de Napoleão em Waterloo e o início da Iª Guerra Mundial, houve 99 anos de desenvolvimento capitalista, com alguns solavancos, mas sem crises comparáveis às crises vividas ao longo dos séculos XX e XXI: 1929, 1971, 1987, 2000, 2008 ... ou 2022! 

Pessoalmente, sou contrário a que uma moeda nacional sirva como «moeda de reserva mundial», porque o país detentor desse privilégio irá - com certeza - abusar dele ao fim de algum tempo, de uma ou doutra forma. Na era do 100% eletrónico, uma operação de câmbio duma para outra moeda é feita instantaneamente, não é complicado. Nem é mais complicado fazer o cálculo do câmbio duma quantia de Rupias para Euros (por exemplo), do que de Euros para Dólares US. Então, que interesse tem uma moeda de reserva? Para medir os preços e compará-los, temos a melhor «moeda de reserva» imaginável, que é o ouro! O ouro é um elemento químico; não é pertença de nenhum Estado (ao contrário de uma moeda). A sua falsificação é fácil de detectar. Podemos referir o preço de qualquer item em termos de ouro. Por exemplo, um objeto que custa 200 euros, traduz-se em 3.72 gr. de ouro puro (à cotação de hoje, 20/07/2022). A conversão de uma soma numa divisa, para gramas ou onças de ouro, é tão fácil como para outra divisa. O ouro é aceite em todas as economias, sendo transacionado com cotações diárias iguais ou muito próximas: Em Londres, Madrid, Moscovo, Xangai, Nova Iorque, Tóquio, ou em qualquer outra parte do mundo. Por isso, este padrão- ouro seria muito conveniente para o comércio internacional; permitiria que as mercadorias fossem avaliadas e transacionadas com preços mais justos. Ninguém poderá, a seu bel prazer, de repente, duplicar a extração, purificação e refinação  do ouro: Isso envolveria muito trabalho, muita energia; por isso mesmo, o ouro é muito estável. Mas, com uns meros «clicks», os funcionários dos bancos centrais podem aumentar para o dobro (ou mais) a quantidade total em circulação duma divisa, como temos visto ultimamente. 

Muitas pessoas dizem...  «O ouro não serve para nada, é perfeitamente inútil, só dá despesa». Eu pregunto-lhes: «E o papel-moeda, serve para algo mais, além de troca e pagamento, algo mais que o ouro? O ouro tem algumas aplicações industriais e em joalharia; que eu saiba, o papel-moeda não tem.»

- «Mas o ouro consome energia e custos para o manter...». «Sim, é verdade, mas também os seguranças armados guardam cofres-fortes que contenham apenas notas em papel; estas também são transportadas em veículos blindados, etc.» 

-«Mas não haveria bastante ouro para atender às necessidades da economia mundial». «O ouro é um metal-monetário; isso significa que o ser humano atribui um valor ARBITRÁRIO a determinada quantidade de metal (kg, onça, etc.). Se a onça de ouro, agora, equivale a 1800 dólares US, ela está muito desvalorizada, em relação à quantidade total de papel-moeda, devida à impressão eletrónica, nestes últimos tempos. A dívida mundial total atinge, segundo estimativas, mais de 300 triliões de dólares, soma difícil de imaginar, para quem  não está habituado a lidar com números astronómicos!!!

Com certeza que o padrão-ouro não é a panaceia! Mas, curiosamente, há uma grande coincidência entre  os mais acérrimos defensores do sistema, os ditos neoliberais e os inimigos de qualquer mudança para um padrão tangível (e o ouro será sempre o mais conveniente, por razões que não irei referir, aqui). Curiosamente, também, advogam uma moeda- padrão digital obrigatória, que irá submeter qualquer pessoa ao escrutínio dos bancos, bancos centrais e governos. Com as «moedas digitais» emitidas pelos bancos centrais, é o fim da privacidade, da autonomia e da liberdade : Alguém que seja punitivamente desligado do seu «porta-moedas digital», ficará num estado de morte económica. Muito dificilmente poderá subsistir. Este é o futuro que se reservam, a si próprios, os tais «liberais»: Eles terão o poder de decidir quem tem acesso, ou não, ao seu próprio porta-moedas digital. Por outras palavras; terão o poder de decidir sobre as nossas vidas! O 100% digital em mãos dos bancos centrais retira qualquer liberdade aos cidadãos. Afinal, estes tais «neoliberais», deveriam ser designados antes por «neototalitários», ou  algo semelhante. 


terça-feira, 24 de agosto de 2021

[skwealthacademy] O OURO DO AFEGANISTÃO, UMA HISTÓRIA MUITO MAL CONTADA (PELOS OCIDENTAIS)


NOTA AOS LEITORES: Este artigo pode ser encontrado na íntegra no site correspondente assinalado, que é sob subscrição. A tradução e adaptação feitas aqui, não são do texto na íntegra, mas permitem dar uma ideia rigorosa do conteúdo.  

Original em artigo  de skwealthacademy # 184


O ouro está morto! A sério??

Não mais do que algumas semanas depois de escrever, aqui mesmo, neste boletim informativo, "a grande média financeira (GMF) sempre divulgou a narrativa de que o ouro está morto, de que o ouro é uma relíquia bárbara e o ouro NÃO é uma proteção contra a inflação", os maximalistas do Bitcoin vêm a público para proclamar essa mesma narrativa cansada, errada como sempre, de que estará "morto".

O ouro está morto... Quantas vezes já ouvimos essa narrativa ser difundida por bilionários proeminentes em dívida para com o sistema de moeda fiduciária que os ajudou a enriquecer e, nos últimos anos, por maximalistas bitcoin? O último a se juntar a essa narrativa anti-ouro é o maximalista bitcoin Scott Melker, mas ele será exposto como estando totalmente errado sobre tal narrativa em somente um ano ou alguns anos, a partir de agora. Todos nós sabemos que sempre houve um grupo constante de pessoas que jogou na descida do ouro, em todas as oportunidades que tiveram, incluindo os bilionários Warren Buffet, Charlie Munger, Michael Saylor e Mark Cuban, o visionário que se descreve como Harry Dent e os maximalistas do bitcoin. Aqui neste link, você encontrará a entrevista de um maximalista do bitcoin, proclamando "o ouro está morto". Aposto que daqui a mais uns anos, ou possivelmente até antes disso, essa proclamação parecerá tão tola quanto a fútil corrida de cinco anos de Harry Dent em tentar prever uma queda do preço do ouro para US $ 700 a onça troy. Apesar de errar a marca por mais de 75% em vários anos sucessivos, com sua queda no preço do ouro para US $ 700, Harry Dent continuou a fazer a mesma previsão anual, o que o fazia parecer completamente tolo, ano após ano, após ano após ... bem, acho que, recentemente, ele acabou por desistir de sua previsão de preço de $ 700.

Em qualquer caso, apesar da preocupação da média corporativa pela China ter o objetivo de desenvolver os ricos tesouros minerais do Afeganistão de cerca de US $ 3 triliões de minerais de terras raras, o que, a propósito, não recebeu qualquer crítica de exploração pela média de massa quando eram a França, a Alemanha e os Estados Unidos que tentaram, mas não conseguiram, desenvolver esses recursos minerais para os extrair, sem nenhum benefício para o povo afegão, vamos nos concentrar na história do ouro do Afeganistão, que foi muito mais esquecida do que a história dos minerais de terras raras. Se o fizermos, a narrativa de que o ouro está morto, preocupante para os investidores em ouro, será legitimamente exposta como destinada a encobrir o roubo do ouro de uma nação para evitar que caia “nas mãos erradas”.

Isso aconteceu no Iraque, com os militares dos EUA saqueando e apreendendo o ouro de Saddam, na Líbia com as enormes 143 toneladas de ouro da Líbia roubadas pelas forças da OTAN, na Ucrânia com os EUA enviando aviões de carga militares para transportar 33 toneladas de ouro ucraniano para cofres dos EUA, e com as mesmas operações realizadas em algumas outras nações também. O Afeganistão é a última nação a sofrer as mesmas consequências do saque de ouro pelo Ocidente, com os banqueiros centrais dos EUA afirmando que "congelaram" quase 22 toneladas de ouro do Afeganistão armazenadas nos cofres do Federal Reserve de NY, presumivelmente o subterrâneo na 33 Liberty Street e 580 5th Avenue em NYC, entre outras localidades. 

No entanto, a questão mais curiosa é por que razão o cartel bancário ocidental esteve tão interessado em apreender o máximo possível de um “ativo morto” nos últimos anos? Afinal, estamos a ser «informados» que as cripto-moedas são o futuro e que o ouro está morto. Além disso, por que motivo JP Morgan estava tão interessado em tentar extrair (e possivelmente roubar) o ouro do Afeganistão e correr riscos, numa aventura extremamente perigosa no desenvolvimento de operações de mineração de ouro em Qara Zhagan na província de Baghlan durante a ocupação militar dos EUA de 2001, até ao presente ano? Se o ouro é tão inútil, por que razão os banqueiros do JP Morgan arriscariam vidas humanas ao tentar minerar ouro no Afeganistão e a nomear um ex-militar do SpecOps, Ian Hannam, para liderar o caminho? E apesar do fato de que, às vezes, durante a ocupação, as tropas dos EUA e da OTAN podem ter sido capazes de forçar os Talibã, Ísis e Al Queda para fora de Baghlan, o risco de ataques terroristas era sempre latente, durante qualquer operação de mineração realizada dentro do Afeganistão. Nunca ouviu falar dessa história?

                            


A maioria das pessoas não conhece, mas só porque você nunca ouviu falar disso, não significa que não aconteceu. Em 2010, o Departamento de Defesa dos Estados Unidos garantiu aos banqueiros do JP Morgan um contrato para iniciar a pesquisa e mineração de ouro na província de Baghlan. Estranho, porque nunca vi "mineração de ouro" listada em qualquer declaração financeira pública do JP Morgan como uma divisão operacional da empresa. Claro, como as aventuras do JP Morgan no Iraque devastado pela guerra provaram, os banqueiros do JP Morgan nunca perdem a oportunidade de explorar financeiramente uma nação devastada pela guerra. O empreendimento organizado para atingir esse objetivo foi designado de «Afghan Gold and Mineral company (AGM)», um nome que pretendia promover a imagem de propriedade afegã, e que provavelmente se traduzia, na realidade, em 100% de propriedade estrangeira de todos os despojos.

Sabemos, no entanto, que os interesses ocidentais sabiam desse ouro décadas antes da ocupação dos Estados Unidos em 2001, uma vez que os afegãos locais se envolveram na mineração artesanal de ouro em muitas regiões do Afeganistão, numa escala muito pequena e sabiam - há séculos - da existência de ouro em suas montanhas. Dusko Ljubojevic, um geólogo sul-africano que trabalha para a AGM, até admitiu isso: "Sabemos, pelos habitantes locais, que existe ouro e nossos próprios estudos mostram um bom potencial - agora precisamos explorar mais." A AGM foi apresentada como detida maioritariamente por Sadat Nadari, um magnata dos negócios afegão de 36 anos que possuía uma rede de supermercados e uma seguradora em Cabul, bem como vários interesses nos sectores da construção, de telecomunicações e distribuição de combustível.

Sadat também foi o ex-ministro do governo afegão para Assuntos da Paz e ex-Ministro do Desenvolvimento Urbano e Habitação, mas parece ter sido erroneamente nomeado, já que suas façanhas o teriam tornado mais apropriado para «Ministro da Exploração Financeira». Apesar da lei afegã proibir a qualquer alto funcionário do governo de licitar contratos de mineração, Sadat fez isso mesmo, de qualquer maneira em clara violação da lei, e mais tarde renunciou a seus cargos no governo para manter seus contratos de mineração, após protestos públicos de corrupção. Com grande ironia, a Wikipedia descreve Sadat como vindo duma família "espiritual", mais uma vez mostrando como a Wikipedia é inútil enquanto fonte de informações factuais, já que encobre as façanhas de negócios de Sadat, que o expuseram como explorador de capital humano e recursos minerais de sua própria nação, não como um grande líder “espiritual”.

No que diz respeito a quanto ouro foi roubado no Afeganistão por interesses bancários ocidentais, minerando sob a cobertura de ativos militares dos EUA, tais como os vigilantes helicópteros Black Hawk, isso é desconhecido. O máximo que pude encontrar em minha pesquisa foi que, sobre as quantidades desconhecidas de ouro extraído, o governo afegão recebeu “pouco ou nada”. No entanto, a credibilidade dessa afirmação está em questão, simplesmente devido ao fato de que todas as informações sobre se essa mina de ouro foi desenvolvida e se houve, ou quanto ouro foi extraído, parecem ser informações confidenciais. Outro artigo que descobri em minha pesquisa afirmava que o governo do Afeganistão anulou os contratos de mineração antes do desenvolvimento da mina de ouro, devido ao não-cumprimento de obrigações contratuais ocorridas. No entanto, devido à corrupção do governo fantoche instalado pelo Ocidente no Afeganistão, a dissolução dos contratos, um evento que aconteceu no final de 2019, não significa que a operação de mineração realmente não tivesse continuado e que nenhum ouro fosse extraído do solo do Afeganistão e secretamente transportado de avião para fora do país, com pagamentos ao governo fantoche para garantir o silêncio sobre estas questões.

 Pude descobrir histórias sobre dois incidentes envolvendo operações ilegais de mineração de ouro na província de Badakhshan, no Afeganistão, que relataram a morte de quatro pessoas num incidente e a morte de trinta, com mais quinze feridos, num segundo incidente, no início deste ano. No entanto, dado que uma empresa britânica liderada por Ian Hannam recebeu os direitos de minerar esse ouro pelo governo corrupto do Afeganistão, só Deus sabe se os empreiteiros britânicos estavam supervisionando essa operação ilegal de ouro ou não. Mais uma vez, para provar que toda a narrativa sobre a China cobiçando os US $ 3 triliões de minerais de terras raras do Afeganistão é uma narrativa totalmente política e tendenciosa, a existência desses minerais é conhecida há séculos, e não apenas descoberta durante a ocupação dos Estados Unidos, como os órgãos da media ocidentais mentiram e relatam falsamente. Com base em pesquisas geológicas realizadas por geólogos britânicos em 1890 e posteriormente por russos, americanos, alemães e franceses, o conhecimento de reservas significativas de petróleo, gás, carvão, prata, cobre, lápis-lazúli, ouro e minerais de terras raras é conhecido há décadas, ou mesmo há séculos, muito antes do início da ocupação dos Estados Unidos em 2001.

Assim, as manchetes estridentes que correram há mais de uma década atrás, de uma nova "descoberta" gigante de lítio, cobre, ouro e outros metais de terras raras, eram uma mentira completa da média corporativa, já que as pesquisas haviam exposto a existência dessa vasta riqueza de reservas décadas antes e como afirmado acima, os russos, americanos, alemães e franceses tentaram extraí-los, e banqueiros como JP Morgan meteram suas mãos sujas no jogo, tentando abocanhar um pedaço do enorme bolo. Os arquivos históricos da época de Alexandre, o Grande, com mais de 2.000 anos, documentam a existência  de mineração de ouro, prata e pedras preciosas na região do Afeganistão, pelo que relatar, como a média de massas fez, que essas descobertas e esse conhecimento são relativamente novos, é uma falsidade completa.

Além disso, sabe-se há centenas ou milhares de anos que, pelo menos, seis das 34 províncias do Afeganistão são ricas em ouro e acredita-se que também exista mais ouro noutras partes do país. O maior depósito de cobre do mundo também pertence ao Afeganistão, na província de Sar-e-Pol. Portanto, embora eu concorde que a China deva ser condenada por se aproximar duma organização terrorista como os Talibã, para poder extrair esses minerais, se essas histórias forem verdadeiras, é hipocrisia da mais alta qualidade que os meios de comunicação de massas calaram a boca quando uma série de interesses ocidentais se aventuraram por conta própria neste tesouro de minerais. Ninguém, são de espírito, realmente acreditava que qualquer nação ocidental, que durante décadas tenha extraído esses minerais do Afeganistão, tivesse dado a maior parte das riquezas ao povo afegão, convertendo o Afeganistão em Mónaco, St. Tropez ou Martha’s Vineyard.

Observe como a narrativa falsa que relatava, mais de uma década atrás, que uma “pesquisa do Serviço Geológico dos Estados Unidos de 2007 parece ter descoberto quase US $ 1 trilião em depósitos minerais no Afeganistão, muito além de quaisquer reservas anteriormente conhecidas e o suficiente para alterar fundamentalmente a economia afegã ”. Agora, transformou-se de “ descoberta ”de $ 1 trilião, erroneamente classificada em “ descoberta ” dum tesouro de $ 3 triliões, depois de ter ficado claro que os chineses iriam tentar sua extração, após o fracasso dos EUA. Esta quantidade de recursos foi magicamente reclassificada de US $ 1 trilião, para US $ 3 triliões recentemente, a fim de demonizar a ganância da China, embora o governo do Afeganistão tivesse estimado o valor dos minerais em mais de US $ 3 triliões, há mais de uma década. Quando os interesses ocidentais ainda buscavam explorar os minerais, a média ocidental rebaixou amplamente a quantia para apenas US $ 1 trilião, para minimizar a ganância dos interesses ocidentais em explorar exatamente os mesmos vastos recursos minerais afegãos, pelos quais a China está a ser demonizada, agora. 

Não se trata de tomar o partido de qualquer nação, em detrimento de outra, para quem tenha princípios intelectuais e morais. Todas as nações estão erradas ao tentar extrair recursos minerais doutra nação, sem que a extrema riqueza desses recursos vá beneficiar o povo da nação da qual os minerais estão sendo extraídos. Não importa se a nação é China, Canadá, França, Austrália, Alemanha, França, Rússia, Estados Unidos, Turquia ou qualquer outra nação. Errado é errado, mas a média hipócrita nunca apresenta as informações desta maneira.

A média de massas sempre demonizará outras nações por exatamente os mesmos comportamentos criminosos que as suas próprias cometem, e sempre desculpará estas, por idêntico comportamento repulsivo. Esta é uma questão a respeito da qual tenho um problema, porque enquadrar tais questões desta maneira não é apenas hipócrita, mas moralmente repreensível. Não há dúvida de que essas reservas eram conhecidas há décadas, antes das pesquisas feitas pelos Estados Unidos durante a ocupação e que todos os relatos de uma nova “descoberta” eram totalmente falsos. Talvez o único componente factual das histórias que correram naquela época, tenha sido que pesquisas mais avançadas foram capazes de colocar uma estimativa financeira mais precisa quanto ao valor dos vastos recursos minerais do Afeganistão.

[...]

Como os resultados das pesquisas geográficas mais recentes dos Estados Unidos continuam a ser uma questão de segurança nacional, provavelmente nunca saberemos quanto ouro existe no Afeganistão e quanto ouro pode ter sido extraído e exportado durante a ocupação dos Estados Unidos. Mas, a única coisa que sabemos é que muitas nações ocidentais estavam interessadas nas ricas reservas de ouro do Afeganistão e fizeram o possível para extraí-lo, com sucesso ou não. A todos os expatriados ocidentais já evacuados e agora em curso de evacuação do Afeganistão, desejo-lhes boa sorte nos seus esforços para saírem em segurança. No entanto, eu realmente gostaria de saber quantos deles eram funcionários da indústria de mineração, já que as dezenas de milhares sendo evacuados, não poderiam ser somente intérpretes das forças da NATO.

J. Kim

skwealthacademy CEO


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PS1: Inicia-se nova era pós- invasão americana do Afeganistão. O estado de espírito dos imperialistas parece ser o que vingança, de querer castigar o povo afegão por ter feito sofrer a humilhante derrota ao poderoso exército e ao complexo militar industrial: https://www.moonofalabama.org/2021/09/why-us-plans-for-revenge-in-afghanistan-may-not-succeed.html#more

quarta-feira, 18 de janeiro de 2023

OURO REGRESSA AO CENTRO DO SISTEMA FINANCEIRO

 A China é detentora duma quantidade de ouro difícil de apurar. No entanto, aquilo que se sabe é que o ouro em mãos do Estado, é mais do que o ouro oficialmente contabilizado no People's Bank of China, o banco central chinês. Por outro lado, nos últimos decénios, o povo foi encorajado a comprar ouro. A quantidade de ouro acumulado por este muito poupado povo (a poupança, por agregado familiar, é cerca de 40% do seu rendimento) é também quase impossível de avaliar.


                             Imagem: Loja de venda de ouro a retalho, em Pequim

O que se sabe, é que o ouro importado doutras paragens, principalmente através da Bolsa de metais preciosos de Xangai, faz desta, a praça mais importante mundialmente, no que diz respeito a trocas reais, ao metal físico. No mercado londrino (LBMA) ou no americano (COMEX), a quantidade de ouro realmente transacionada, é uma pequena percentagem dos contratos de futuros que são comprados e vendidos, ou seja, do «ouro-papel». É com estes contratos, que a finança e os Estados fazem uma permanente manipulação do ouro, um metal precioso muito «político»: é o único metal que continua a ser reconhecido como monetário (= como dinheiro real) pelos bancos centrais do mundo inteiro.
Ora, a China quer enriquecer o seu povo: É previsível que isto vá significar a oportunidade de adquirir mais ouro com os seus yuan. O yuan irá tornar-se assim como um «substituto» do ouro. O que Pequim tem de fazer (ao contrário dos padrões monetários/ouro, do passado) é não fixar/ indexar o preço do ouro em yuan. Se não indexarem a sua moeda ao ouro, continuará a haver, no entanto, uma forte correlação (1) com o ouro, mas não será algo fixo, rígido.
Penso que é este o caminho que as autoridades monetárias e financeiras chinesas estão a tomar há algum tempo: Lembremos que vem do tempo de Deng, o slogan «Enriquecer é Virtuoso». Desde o início do século XXI, que a posse de ouro na China, por cidadãos privados não só foi autorizada, como foi encorajada. Todo o ouro minerado na China, lá fica. A China é o 2º produtor mundial de ouro, atrás da Rússia. Não há exportação de ouro chinês. O enorme volume de importação vem, sobretudo, do Ocidente. As empresas de fundição e refinaria de ouro, na Suíça (com 70% da refinação mundial de metais preciosos), têm estado ocupadas - a tempo inteiro - em converter barras «LBMA» (que obedecem às especificações ocidentais) em barras de quilograma, que obedecem às especificações da China.
Como não podia deixar de acontecer, os media económicos e comentaristas ao serviço dos interesses financeiros ocidentais, querem que seus leitores continuem a «engolir» a treta de que o ouro é um mau investimento, de que sua posse não traz dividendos, apenas despesas associadas, etc. Mas - de facto - mesmo os bancos centrais ocidentais têm estado a adquirir ouro, desde há uns cinco anos (venderam muito ouro, no início do século XXI, quando seu preço em dólares era cerca de 1/5 de agora!). Os multimilionários também o compram, embora não queiram publicidade sobre isso. A sua preocupação é desfazerem-se dos ativos financeiros e adquirir imobiliário ou metais preciosos.
Não tenho dúvidas de que a era do dólar-rei acabou. A única coisa que mantém os países ocidentais dentro da esfera do dólar, é o medo. Porque os americanos têm defendido o dólar com invasões e guerras: no caso do Iraque, está provado que a verdadeira razão da guerra que levou à captura de Saddam Hussein e sua execução, num simulacro de julgamento, foi este ter decidido que o petróleo iraquiano seria vendido doravante em euros. Quanto à guerra e ocupação que levaram á trágica morte de Muamar Kadafi e a destruição da Líbia - foi o país africano mais próspero - foram decididas pelos EUA e seus aliados, porque Kadafi propôs a construção do «dinar pan-africano», moeda única, que seria usada pelos países africanos e na qual venderiam suas matérias-primas, em substituição dos dólares, euros, etc. Agora, não se atrevem a fazer o mesmo com a Rússia, a China, nem sequer com a Arábia Saudita. 
Todos os países (mesmo os aliados dos EUA) temem, com razão, as manipulações que os americanos fazem com a sua moeda, seu controlo da rede de transferências - a rede SWIFT - e todos os processos de transferências que passam por bancos americanos: Quaisquer países que façam transações em dólares, podem potencialmente sofrer sanções, por parte dos EUA. Os países do Golfo e a Arábia Saudita estão a fazer as pazes com seu inimigo, o Irão e pediram a intermediação dos russos para esta aproximação, porque perceberam que o petrodólar morreu e que só poderão ter espaço de manobra, se saírem da esfera americana. 
Os que ficam na esfera do dólar americano, são os que não podem fazer doutro modo, nomeadamente, os países europeus ocidentais. Eles tornaram-se, desde o fim da 2ª Guerra Mundial, neocolónias de facto dos EUA.

Em todo o Ocidente, os indivíduos continuam a ser canalizados para investir em ativos de natureza financeira. Estes, dentro de pouco tempo, ficarão denominados em moedas digitais : e-dólares, e-euros, e-libras, e-yens. Quando isso acontecer, as cotações do ouro e da prata serão muito mais elevadas, do que no presente. Nessa altura, quem for detentor de certa quantidade destes metais, terá capacidade de adquirir valiosos bens imobiliários, terrenos agrícolas e outros bens não-financeiros. 
Os bens tangíveis, globalmente, irão manter, ou aumentar, em valor real, enquanto os instrumentos financeiros (contas a prazo, obrigações, derivados, criptomoedas, etc.), sofrerão enormes perdas. (2)
A ruína dos pequenos investidores faz parte do «golpe» dos muito ricos. Estes, preveniram-se e compraram, com os lucros obtidos na especulação bolsista, toda a espécie de bens não financeiros, dos metais preciosos, às terras agrícolas, ao imobiliário e mesmo, obras de arte e objetos de coleção. 
Os pequenos e médios investidores podem evitar ser erradicados da face da Terra, se tiverem o bom-senso de fazer o mesmo (mudar de ativos financeiros, para ativos tangíveis) - e quanto mais depressa, melhor. As pessoas que ficam nos mercados financeiros, à espera de «melhores dias», irão perder o máximo. A conversão de ativos financeiros em ouro ou prata, metais reconhecidos universalmente como tendo valor (e cotação), pode corresponder à diferença entre conservar o essencial e a perda completa do património.

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(1) No mercado de ouro de Xangai, as compras e vendas do metal precioso são obrigatoriamente em yuan.
(2) A conversão do dinheiro usual, em digital é um aspeto central do «Great Reset». O valor nominal das unidades pode ser o mesmo, mas o valor real não será idêntico. Ou seja, 1 dólar, 1 euro,1 yen,  etc... de hoje (18-01-2023), serão mais valiosos do que 1 e-dólar,1 e-euro, 1 e-yen,  da digitalização integral da economia. Haverá uma brutal transferência de riqueza, que a grande maioria não compreenderá, nem terá consciência, no imediato.

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PS1: O GRÁFICO ABAIXO  DÁ-NOS UMA IDEIA DA VALORIZAÇÃO DO OURO NO ANO DE 2022, EM TERMOS DE «DIVISAS FIAT». OUTRA MANEIRA DE VER, É CONSIDERAR QUANTO CADA DIVISA SE DESVALORIZOU, EM RELAÇÃO AO OURO.(retirado de AQUI)



segunda-feira, 13 de maio de 2019

MANIPULAÇÃO DOS MERCADOS DE METAIS PRECIOSOS PODERÁ ACABAR EM BREVE



Os economistas «mainstream» costumam depreciar o papel do ouro e da prata, enquanto metais monetários. Porém, desde que Nixon, em 1971, rompeu com a indexação do dólar ao ouro (uma onça de ouro = 35 $ ), o mercado do ouro sofreu muitas transformações. Primeiro, houve uma subida espectacular, até a 1980. Depois, começou a era da supressão do preço do ouro pelos bancos centrais das maiores potências ocidentais, com a conivência dos «bullion banks», ou seja, dos bancos autorizados a fazer negócios com o ouro, no COMEX (nos EUA) e LBMA (em Londres), mercados esses que estão completamente dominados pelos contratos de «futuros». 
Um contrato de futuros, é um contrato em que o vendedor promete vender, por certa quantia, num certo prazo (por exemplo, dois meses) e o comprador compromete-se a comprar por tal preço e em tal data, independentemente do preço do mercado, nessa altura. 
Este instrumento foi utilizado primeiro pelos agricultores, para conseguirem garantir um rendimento das suas culturas, mesmo antes da colheita, dando estabilidade e rentabilidade às empresas agrícolas. Actualmente, utilizando futuros, os especuladores conseguem fazer operações lucrativas, em relação a quaisquer matérias-primas cotadas em bolsas, apostando numa determinada direcção do mercado. 
Porém, os grandes bancos, têm a capacidade de falsear este mercado de futuros e fazem-no com plena conivência de entidades reguladoras dos mercados e dos governos. Eles são capazes de produzir tantos contratos de futuros quanto quiserem, quebrando assim o preço do metal precioso, com a súbita (em segundos) injecção de grande quantidade de contratos de futuros, fazendo baixar dramaticamente o «ouro-papel».  
Há que distinguir o «ouro-papel», do ouro-metal propriamente dito, pois, embora o metal seja transaccionado normalmente numa relação directa com a cotação dos mercados de futuros (= ouro-papel), em condições de dificuldade de abastecimento do mercado em ouro físico, tem-se verificado uma descolagem entre um e outro preço. Assim, numa dada ocasião, o ouro físico pode estar a ser transaccionado 5%, ou mais, acima do seu preço nos contratos de futuros. 
A quantidade de ouro físico presente efectivamente nos cofres da COMEX ou da LBMA, estima-se corresponder apenas a uma fracção diminuta (cerca de 1/200 ou menos), das transacções que ocorrem diariamente nos mercados respectivos de futuros.
É justamente este ponto onde tem maior fragilidade o esquema montado pelos grandes bancos, em conjunção com os bancos centrais e com os governos ocidentais. Com efeito, os contratos-futuros supõem - pelo menos para grandes investidores - que, caso os referidos contratos sejam conservados até à data de expiração, estes têm de ser satisfeitos - não redimidos em dólares, como tem sido geralmente o caso - mas com entrega de ouro físico. 
Um grande agente comprador, intermediário de um banco central, como o chinês ou o russo, pois é assim que negoceiam no mercado do ouro, pode exigir ser-lhe entregue o ouro físico correspondente; se a plataforma (COMEX ou LBMA)  não o fizer, ela entra em incumprimento e a sua imagem fica totalmente posta em causa.

Observando a evolução da guerra comercial entre a China e os EUA, vemos que está a tornar-se cada vez mais interessante para a China fazer com que o valor real do ouro surja em pleno. 
A China tem beneficiado da supressão do preço do ouro, comprando sistematicamente grandes quantidades, em praças financeiras ocidentais. 
Muitas vezes, as barras de ouro compradas em Londres, por exemplo, são refundidas e transformadas na Suiça, em barras com as características que o banco central da China utiliza para armazenar o seu ouro. 
Porém, agora, será o momento para a China valorizar a sua moeda, em relação ao dólar e não de a depreciar ainda mais, ao contrário do que a imprensa financeira mainstream vaticina. 
Vai haver uma aceleração da «desdolarização», quer em termos de reservas nos bancos centrais, quer em termos de comércio internacional. Neste contexto, a China tem toda a vantagem em mostrar que possui um yuan forte, um yuan que se apoia numa quantidade de reservas de ouro, que é, na verdade, muito maior (4 ou 5 vezes) que as reservas oficialmente contabilizadas pelo PBOC (People's Bank of China). 

                     
As potências todas, sejam quais forem, comerciam com a China. Elas vão - cada vez mais - ser favoráveis a deter em reserva o yuan, tanto mais que a moeda chinesa já faz parte do cabaz de moedas do FMI, o SDR. 
Por outro lado, a política de sanções dos EUA contra uma série de países, incluindo as retaliações contra países terceiros que façam comércio com os países-alvo, vão exacerbar mecanismos de troca directa e de ajustamento dos balanços, usando divisas nacionais dos respectivos países. 
Agora, vai entrar em pleno funcionamento a nota de crédito comercial em yuan, juntamente com a sua convertibilidade em ouro, no mercado de  Xangai. Note-se que é aí transaccionada quotidianamente uma quantidade de ouro físico superior à das plataformas ocidentais do COMEX e da LBMA. 
A previsão de que a supressão do preço do ouro deixará de ter vantagem para a China, não é de agora. Os analistas já previam há muito tempo que esse dia iria chegar. Conjuga-se tudo para que esse dia chegue em breve:
- Durante o último decénio houve acumulação de grande quantidade de ouro na China (também na Rússia e em vários países asiáticos). 
- A agressividade do império americano em decadência, com as sanções, literalmente, afecta todos - amigos e inimigos. 
- A guerra comercial cria obstáculos ao comércio com os EUA e, portanto, diminui a percentagem do comércio mundial feito em dólares.

A China deve estar a preparar-se para uma nova etapa da internacionalização do yuan. Esta etapa será, sem dúvida, o despegar da sua indexação ao dólar. 
Prevê-se que esse despegar valorize, em termos relativos, o yuan em relação ao dólar, da ordem de 20%. Como corolário, o yuan irá sofrer também uma revalorização em relação às outras divisas. 
Tal revalorização já não é um problema tão grande para o comércio externo, pois os países fornecedores da China receberão um yuan mais forte e têm a possibilidade de conversão do mesmo em ouro. 
Penso que isso vai fazer com que os países petrolíferos, mesmo que «pró-americanos», sejam tentados a fazer comércio usando a divisa chinesa. Isto será a sentença de morte do petro-dólar.

Não sei se em Washington vêm as coisas deste modo. Mas, se não o fazem, das duas, uma: 
- Ou são loucos, pois estão dispostos a fazer uma guerra total com a China, a Rússia e os aliados destes.  
- Ou estão na ilusão de que conseguem «torcer o braço» aos dirigentes chineses, fazendo-os capitular, ceder no comércio mundial. Isto é, afinal, outra forma de loucura, pois avalia o adversário de forma totalmente errónea, quer em relação à sua posição geo-estratégica, quer económica, quer ainda à índole e psicologia dos líderes da China.

Mas, quer Washington veja ou não, os dias da hegemonia americana nos mercados mundiais, estão contados. Sintomas dessa situação são os contratos entre a China e países petrolíferos, de onde o dólar está ausente, a saída do ouro dos cofres dos bancos centrais do Ocidente para os do Oriente e, por fim, a emergência duma divisa (o yuan) ainda não directamente convertível em ouro, mas apoiada no ouro. 


sexta-feira, 27 de janeiro de 2023

[ALASDAIR MCLEOD] AS INTENÇÕES DA RÚSSIA ESTÃO A CLARIFICAR-SE

Russia's Prime Minister Vladimir Putin holds an ingot of gold as he visits the precious metals safe vault of the Central Bank in Moscow January 24, 2011. 
REUTERS/Alexsey Druginyn

Reproduzo abaixo o sumário do artigo de Alasdair Mcleod «Russia’s intentions are clarifying ». É um artigo de fundo, cheio de informação, pelo que aconselho os leitores deste blog a lê-lo na íntegra (1). 
Eu traduzi para português algumas partes e coloquei neste espaço abaixo: 

Temos a confirmação das mais altas fontes de que a Rússia e a Organização de Cooperação de Xangai (SCO) estão a considerar usar o ouro para pagamentos no comércio pan-Asiático, substituindo plenamente o dólar e o euro.

[...]

Agora que a aliança ocidental está a juntar tanques e outro material para os ucranianos, promovendo ativamente novas batalhas, com a OTAN ficando quase diretamente implicada. É esta situação que irá conduzir a uma subida dos preços das matérias-primas, enfraquecer os mercados financeiros do Ocidente, fragilizar as finanças destes governos e, por fim causar, o colapso das suas divisas.

[...]

No Reino Unido, pelo menos, a media russa tem sido censurada, portanto o artigo de Glazyev no jornal russo Vedomosti não deverá estar acessível a leitores no Ocidente. Portanto, para facilitar a referência dos pontos principais, cito a tradução inglesa do artigo detalhado, que pode ser resumida como segue: 

Nos nove meses antecedendo Setembro, o excedente da Rússia com os membros da EAEU, mais China, Irão, Turquia, UAE, etc. era de um equivalente a $198.4biliões, para $123.1biliões para o mesmo período do ano passado. Por outras palavras, as sanções ocidentais não conseguiram suprimir os rendimentos do petróleo da Rússia, meramente redirecionando os rendimentos vindos dos países recetores.
O excedente comercial com os membros da SCO permitiu às companhias russas liquidar as dívidas externas, substituindo-as com empréstimos em rublos. [Glazyev não menciona este ponto, mas um retorno do padrão ouro iria reduzir os custos de empréstimo substancialmente (Nota de A. Mcleod)]
A Rússia tornou-se o terceiro maior país a usar renminbi (yuan, a divisa da China) para pagamentos internacionais, que dão conta de 26% das transações em divisas estrangeiras da Federação Russa. A parte de pagamentos e divisas dos próprios membros, parceiros de diálogo e associados do SCO, está crescendo, substituindo o dólar e espera-se que continue a crescer.
Visto que tais divisas estão sujeitas a taxas de câmbio e a possível risco de sanções, a melhor maneira de evitar esses riscos é comprar ouro não-sancionado da China, da UAE, da Turquia e possivelmente do Irão, e de outros países, em troca pelas divisas locais.
O ouro adquirido pelo Banco Central Russo pode ser armazenado em bancos centrais de países amigos para maior liquidez e o resto ser repatriado para a Rússia.
O ouro pode ser um instrumento único para combater as sanções ocidentais se for usado para atribuir os preços das principais mercadorias internacionais (petróleo, gás, alimentos, fertilizantes, metais e minerais sólidos). Isto seria a resposta adequada aos tetos de preços do Ocidente. E a Índia e a China podem tomar o lugar de plataformas de comércio global em vez de Glencore or Trafigura”.
O ouro (juntamente com a prata) esteve durante milénios no centro do sistema financeiro global, conferindo uma medida honesta do valor de moeda-papel e de ativos financeiros....Ele foi cancelado há meio século, ligando o petróleo ao dólar, mas a era do petrodólar está a acabar. A Rússia, junto com os seus parceiros do sul e do leste, tem a oportunidade única de sair do barco da economia centrada no dólar e na dívida.
A URSS, ao assinar mas não ratificar o Acordo de Bretton Woods, o «Rublo de Ouro 2.0» desempenhou um importante papel na industrialização soviética no pós- IIª Guerra. Agora, as condições para um «Rublo de Ouro 3.0» desenvolveram-se, objetivamente.
As sanções contra a Rússia voltaram-se como boomerang para o Ocidente. Agora, tem de fazer face á instabilidade geopolítica, ao aumento de preços para a energia e outros bens [isto significa mais inflação nos preços].
Em 2023, [vai haver uma mudança de] investimentos arriscados, de instrumentos financeiros complexos, para ativos tradicionais, primariamente o ouro. O banco Saxo prevê um aumento do ouro para $3,000 por onça, o que conduzirá a um aumento substancial dos valores e quantidades das reservas de ouro. Importantes reservas de ouro irão permitir que a Rússia “conduza uma política financeira soberana e minimize a dependência em relação a credores externos”. [Note-se que além das reservas oficiais, sabe-se que a Rússia possuí pelo menos mais umas 10 mil toneladas - mais do que é declarado oficialmente pelo Tesouro dos EUA]
Os bancos centrais estão a aumentar as suas reservas de ouro. A China tem uma proibição de exportação para todo o seu ouro minerado. Segundo o Shanghai Gold Exchange, os clientes retiraram 23 mil toneladas de ouro. A Índia é considerada a campeã na acumulação de ouro…. O ouro tem estado a fluir de Oeste para Leste...Estará o ouro do Oeste garantido, ou está empenhado através de «swaps» e de «leasing»? O Oeste nunca o diz e Fort Knox nunca consente em ser auditado.
Nos últimos 20 anos, a mineração de ouro na Rússia quase duplicou. A produção de ouro pode representar um aumento no PIB, de 1% para 2 ou 3% do PIB... No presente, a produção de ouro está prevista (ano de 2022) subir de 300 toneladas, para 500 toneladas… dando à Rússia um rublo forte, um orçamento sólido e uma saudável economia. [Note-se que nesta declaração, Glazyev revela que a maior parte do aumento do rendimento da mineração, será quando tal rendimento seja medido em dólares.]

[Sumário do Artigo de Alasdair McLeod pelo próprio:]

«Confiamos aos bancos centrais a garantia da integridade da rede de bancos comerciais. No mínimo, quando há produção acelerada de divisas e ocorre inflação do crédito, esperamos que venham apoiar o sistema financeiro titubeante, sobre o qual assenta a aliança ocidental, o que apenas pode ser feito de uma maneira - a expensas das respetivas divisas.

Que a aliança ocidental esteja a mergulhar numa crise de dívida, por ela própria fabricada, é inegável. A sua geoestratégia, a cargo do poder hegemónico de ontem, já resultou em tiro pela culatra, em benefício dos seus inimigos. Agora chegou o tempo para a Rússia dar o golpe de misericórdia financeiro. Isto porque a Rússia vai usar a cobertura da agressão ocidental e as consequências para os seus mercados, para realizar o disparo. A Rússia está a pensar para diante, enquanto a aliança ocidental, está em modo de  rancor belicoso.

Tal como não foram medidas de antemão as consequências do banimento da Rússia do sistema SWIFT, as consequências de uma nova fase da guerra na Ucrânia são descartadas. No início, pelo menos no ocidente, um movimento da Rússia em direção ao ouro poderia ser visto como a resposta defensiva para proteger o rublo e as exportações russas na Ásia. Um ataque deliberado às divisas-fiat do Ocidente não será suspeitado. A evidência será vista no preço do ouro a aumentar para além das expetativas.

A Rússia não fará anúncios formais sobre padrões ouro, porque não há necessidade disso. Nem a China: Em vez disso, irão anunciar qual o aumento das suas reservas de ouro. Tendo deixado cair a hipótese duma divisa da EAEU formada por um cabaz de divisas nacionais, como forma de substituir o dólar enquanto meio de pagamento,  a SCO (Organização de Cooperação de Xangai) irá adotar de facto o ouro, em seu lugar.

Inicialmente, o aumento do preço do ouro em dólares não irá criar alarme nos meios ocidentais: Afinal de contas, o ouro foi desmonetizado. Ele será seguido por desmentidos da sua importância. Mas, tal como Sergey Glazyev escreve no seu artigo, em Vedomosti, o ouro irá ser usado para cotar todas as principais matérias-primas (petróleo, gás, alimentos, fertilizantes, metais e minerais sólidos). Assim sendo, estes preços serão estáveis e haverá baixos juros, enquanto os preços e juros irão subir, em termos de dólares. Nessa altura, o público mais vasto  ficará consciente de que não são os preços que sobem, mas o dólar que está a colapsar. 

Então, à medida que as moedas-fiat, dólar, yen, libra, euro, perderem o seu poder aquisitivo, não apenas em relação ao ouro, mas perante todas as matérias-primas, é inevitável que se façam comparações com o sucesso relativo do eixo Rússia-China, concretizado em organizações como o SCO, a EAEU, e os BRICS. Impulsionada pelos chineses aforradores, pelo investimento de capitais, pelo desconto nas energias e por dinheiro real( o ouro),  a Ásia irá prosperar.
Pouco ou nada, a América e os seus aliados da OTAN poderão fazer, para evitar isto»

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(1) O meu artigo de 23-01-2023, embora mais genérico, também aponta para as mesmas conclusões que o notável artigo de A. Mcleod.

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2019

EMERGÊNCIA DE UM NOVO SISTEMA MUNDIAL BASEADO NO PADRÃO OURO

Reproduzo alguns aspectos essenciais da análise de Jim Willie, que poderão consultar na íntegra, aqui

Jim Willie começa por afirmar que a supressão do preço do ouro está a chegar ao fim. Esta supressão teve como suporte os contratos de futuros em ouro (o mesmo se passa com a prata) que são negociados, como outros derivados, nas bolsas do COMEX e da LBMA, mas que não correspondem a quase nenhum ouro subjacente. Por outras palavras, negoceiam-se títulos de compra e venda de ouro, que não desembocam na entrega do metal, mas apenas são «redimidos» em dólares. Os pedidos de entrega do ouro correspondente a contratos, têm sido - repetidas vezes - negados. Apenas grandes bancos têm - na prática - a possibilidade de obter, desta forma, o ouro físico. 
Pensa-se que a proporção de contratos sobre a quantidade de ouro depositado nos cofres destas instituições, seja de cerca de 1:200 (1 onça de ouro físico para 200 onças de «ouro-papel»). Esta fraude repetida tem permitido a supressão do preço do ouro: Quando a tendência é para uma subida acentuada, os grandes bancos emitem contratos de ouro-papel (vazios, não baseados em barras de ouro subjacentes) que inundam o mercado de futuros do COMEX e LBMA, normalmente em horas de pouca movimentação, para garantir a descida mais acentuada do preço.

Segundo Willie, 3 factores se conjugam para o preço do ouro subir até valores que compensem a impressão monetária, em grande escala, que tem ocorrido.

1- O regresso do QE (Quantative Easing) ou seja, da impressão monetária não contrabalançada por retirada de divisas do mercado. 
Powell deu um claro sinal de que a FED vai fazer uma «pausa» na redução/venda dos activos detidos. A imprensa financeira e Wall Street interpretaram isso como uma inversão da política de Quantitive Tightening (QT) prosseguida desde há dois anos, nos EUA. Por outro lado, os especialistas em obrigações do tesouro (treasuries) e em derivados, asseguram que a compra discreta destas pela FED tem continuado, apesar da sua proclamada retirada. Quanto à subida gradual da taxa de juro, esta ainda está muito longe de atingir a sua média histórica.
A política de QE da FED foi causadora de uma grande subida do ouro, invertendo a tendência de descida, a partir do ano de 2016. Agora, existe um mercado altista no ouro, que a «pausa» no QT ou a retoma do QE, está a estimular.

2- O SGE (Shangai Gold Exchange): a bolsa do ouro de Xangai tem tido um enorme volume de transacção de ouro físico. Há uns tempos atrás, a China lançou uma nota de crédito em Yuan, como instrumento importante nas suas trocas comerciais globais, nomeadamente, com países exportadores de petróleo. Esta nota de crédito em Yuan vem substituir as «treasuries» americanas de curto e médio prazo, que têm sido utilizadas como instrumento corrente de pagamento, em trocas de grande volume. 
Com a maior utilização da nota de crédito em Yuan, conjuga-se a possibilidade de converter esses yuan em ouro no SGE. Necessariamente, a bolsa de Xangai será ainda mais activa e cada vez maior número de instâncias internacionais aceitarão de bom grado esta nota de crédito. Esta nota de credito em Yuan será bem aceite, pois não terá risco e será redimível em ouro (No SGE a compra de ouro é exclusivamente feita em Yuan).

3- As directivas de Basel: Basel é onde se situa a sede do BIS (Bank of Internacional Settlements) o «banco central dos bancos centrais». 
Este banco tem emitido directivas cujos bancos centrais dos vários países fazem cumprir às entidades bancárias sob sua jurisdição. Assim, segundo directiva em vigor partir de 31 de Março, os bancos comerciais vão poder constituir reservas em ouro, visto que este passa a ter o estatuto de «Tier 1» ou seja, a par do dinheiro líquido e das obrigações do tesouro. 
Estas reservas, por sua vez, são muito importantes para os bancos comerciais, pois determinam a sua solidez e quais os montantes estão autorizados a emprestar. 
Esta pequena mudança em relação ao ouro, está a sinalizar uma nova abordagem. O seu intuito claro é salvaguardar a sua utilização como componente do grande «reset», ou seja, da reestruturação do sistema monetário internacional. 
Aliás, várias vozes próximas do FMI têm vindo a propor uma reestruturação baseada na substituição do US dólar  como moeda de reserva (uma das resultantes dos Acordos de Bretton Woods) por um cabaz  (o SDR) de moedas em proporções diversas... dólares, euros, yens, libras e yuans. Propuseram eles que este cabaz seja alargado a metais preciosos (ouro, principalmente) e até matérias-primas (petróleo, etc). 

Estão - por detrás da cortina - a cozinhar a tal transição ou «reset», mas discretamente, para não desencadearem pânico no público. Também estão a tentar uma transição que mantenha o poder dos bancos centrais e da grande banca, ou até o reforce ainda mais. 

Os leitores interessados poderão consultar vários artigos que tenho dedicado, ao longo dos anos, a estes assuntos, ver em particular:

http://manuelbaneteleproprio.blogspot.com/2018/11/como-e-que-elite-globalista-pretende.html

http://manuelbaneteleproprio.blogspot.com/2019/02/para-compreender-o-mundo-de-hoje.html

http://manuelbaneteleproprio.blogspot.com/2018/07/o-famoso-reset-ja-estara-ocorrendo.html




segunda-feira, 21 de novembro de 2022

POR QUE RAZÃO A MEDIA CORPORATIVA OMITE ISTO?

UMA NOVA MOEDA DE RESERVA MUNDIAL ESTÁ NA FORJA

NO OCIDENTE, AS PESSOAS CONTINUAM A SER ENGANADAS 



O grande público tem sido condicionado a não investir em ouro ou prata. Apesar de o ouro e a prata, metais preciosos, serem desde tempos imemoriais escolhidos como «metais monetários» (incorporados em moedas). Para os «fazedores de opinião», todos eles alinhados com interesses que não revelam, estes não seriam senão «uma curiosidade» ou algo apenas para os «muito ricos»*.

No Ocidente, em particular, os investidores têm sido «treinados» a desprezar os referidos itens, com o pretexto de que «não produzem rendimento», o que aliás é falso. Os bancos centrais (sobretudo, mas não apenas) fazem leasing de ouro, desde há muito tempo: o leasing permite-lhes obter rendimento para cobrir as despesas de armazenamento e segurança associadas. Os gestores de portefólios costumam dizer aos clientes que seria prudente possuírem cerca de 10% (o número exato varia) de seus ativos em metais preciosos, supostamente para funcionar como «seguro». No fundo, eles - especialistas em precipitar os seus clientes ingénuos para o mercado de ações - querem guardar uma imagem «impoluta», mas também sabem de que o mais provável é os clientes terem perdas significativas.  Em contas dos bancos e sociedades de investimento o ouro desempenha um papel de caução, para os gestores financeiros: Para tomar o ouro dos clientes que tiveram «azar» no jogo da bolsa.
Mas no Oriente, China, Índia, etc. o ouro continua a ser considerado por todos a forma preferida de poupança.
Agora, multiplicam-se os sinais de que os bancos centrais orientais e em todo o mundo estão ativamente a comprar ou a resgatar ouro que estava cativo em contratos de leasing. Na semana passada, o próprio BIS (Banco Internacional de Pagamentos, de Basileia) anunciava discretamente que repatriava 500 toneladas de ouro.

Há um número elevado de bancos centrais a comprar ouro, em quantidades record. Por exemplo, a Turquia, o Uzbequistão e outros países asiáticos, reforçaram recentemente, em muitas toneladas, as suas reservas em ouro. A razão para isto, é que os candidatos aos BRICS e à OCX (Organização de cooperação de Xangai) estão ao corrente dos esforços daquele grupo para lançar uma moeda de reserva digital. Eles querem ter um «bom lugar à mesa».
É praticamente certo que a nova moeda, digital, não seja a moeda nacional de um país. Pelo contrário, há muitos indícios de que irá basear-se em matérias-primas (petróleo, metais raros, cereais, etc.) e nas reservas de ouro de cada interveniente. Cada interveniente terá um peso relativo no cabaz de divisas, de acordo com os seus recursos naturais e do ouro que possua. Assim se prevê será a nova moeda, simultaneamente: Funcionará como reserva dos bancos centrais e nas trocas internacionais.

Isto equivale a uma mudança tectónica na política mundial, não apenas em termos estritamente monetários, mas também em termos geoestratégicos. Pois, esta nova unidade internacional monetária vai retirar a hegemonia de moeda de reserva ao dólar, o privilégio que os EUA usaram e abusaram durante mais de 70 anos.

Como todos sabemos, as guerras económicas, de sanções que os EUA levam a cabo, são contra a legalidade internacional. Só poderia haver sanções legais (o que não significa que fossem justas), se fossem decretadas pelo Conselho de Segurança da ONU. Pois bem, esta transformação do dólar em instrumento de guerra (económica) é o que exaspera todos, incluindo seus fiéis aliados (como a Arábia Saudita, entre outros).

Como confirmação do que está acima, alguns bancos centrais já estão a fazer as contas. A Holanda tem uma quantidade relativamente avultada de ouro no banco central. Seu presidente veio «sugerir» que se poderia reavaliar esse ouro, deixando de ser contabilizado a 35 $/onça. Este era o valor que vigorava até 1971, quando Nixon unilateralmente retirou a convertibilidade do dólar em ouro. Será esta cotação que ainda está nos livros de balanço dos bancos centrais ocidentais**. Se o banco central holandês «pensa nisso», também outros bancos da eurozona pensarão, nomeadamente o português.

Mas, entretanto, a roleta do grande casino tem de continuar a rodar, os especuladores vão continuar a obter lucro, os «cripto- trafulhas» a fazer seus golpes, etc. O público não pode pôr-se a comprar ouro e prata, senão estes subirão demasiado cedo, antes do tempo conveniente para os banqueiros centrais; e lá desaparece o lucro dos bancos «sistémicos», emissores de «ouro-papel» (contratos de futuros)!

A viragem para uma moeda de reserva internacional, digital e baseada em matérias-primas estratégicas e no ouro, está em vias de se concretizar. Tecnicamente, estará já pronta para ser lançada. O único senão, é as reservas em dólares, consideráveis, que certos países, como a China, o Japão, Arábia Saudita, e outros possuem. Terão de se conformar a perder bastante.

O que se pode prever?
 - O valor do dólar vai se desencher como um balão que encontrou um alfinete na sua trajetória. Nessa altura, muitos dólares voltarão ao «ninho», em grande quantidade. Os EUA serão inundados pelo seu principal produto de exportação (e quase exclusivo: o outro, são armas). O dólar vai ficar como moeda dos EUA, sem que as pessoas no mundo inteiro queiram especialmente essa divisa, pois ela foi «queimada» pela sua emissão intemperada (os famosos QE) e a sua utilização, como parte do arsenal de guerra dos EUA.

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*Na realidade, está ao alcance de muitas pessoas: Custo de 1 grama de ouro hoje (21/11/2022), cerca de $ 56.  
**Hoje, a cotação da onça de ouro (~31.1gr.) é cerca de $ 1740.

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PS1: Preço do ouro em dólares ajustados à inflação: Pode-se ver que o ouro consiste num bom investimento para fazer face à inflação.


(A linha contínua azul clara representa a produção anual de ouro, a linha quebrada azul escura representa o preço do ouro em dólares ajustados ao seu valor de 2021.)