A IIIª Guerra Mundial tem sido, desde o início, guerra híbrida e assimétrica, com componentes económicas, de subversão, desestabilização e lavagens ao cérebro, além das operações propriamente militares. Este cenário era bem visível, desde a guerra na Síria para derrubar Assad, ou mesmo, antes disso.

quarta-feira, 22 de novembro de 2017

GUERRA NUCLEAR POR ACIDENTE?


                                

A escalada de tensões entre potências nucleares, levada a cabo, essencialmente, pelos Estados Unidos, com a cumplicidade ou -pelo menos- a complacência dos seus aliados na NATO, é propriamente uma política suicida. 
A prová-lo estão numerosos relatórios, alguns dos quais vindos da Grã-Bretanha, fiel aliada dos EUA, que mostram que uma guerra nuclear, mesmo entre potências secundárias como o Paquistão e a Índia, causaria milhões de mortos diretos e indiretos, estes últimos por rutura dos recursos alimentares em consequência do arrefecimento brusco causado pela emissão de grande quantidade de partículas, que ficariam em suspensão na atmosfera interferindo com a luz solar (inverno nuclear). Claro que num cenário entre os EUA e a Rússia, ou entre os EUA e a China, os resultados ainda seriam mais catastróficos.
A proliferação de armamento nuclear, veja-se o caso mais recente da Coreia do Norte, é decorrente da atitude de bullying de uma super-potência, neste caso os EUA, que estão constantemente a ameaçar (e/ou efetivar) com agressão militar os Estados que não se conformem com a sua hegemonia.
Esta política dá efectivamente alento para estes países, decretados «Estados párias», se munirem da arma nuclear, pois ela funciona como salvaguarda ou dissuasora contra as ambições imperialistas. 
Porém, abandonou-se a política oficial de tentar uma redução e progressiva eliminação de armas nucleares, que foi a doutrina oficial, da ex-URSS e dos EUA, nos anos setenta e oitenta do século passado. Esta doutrina e os tratados de redução de armamentos estratégicos, com toda a série de protocolos destinados a evitar uma guerra «acidental» entre super potências, foram sendo postos em causa, um a um, no presente século. 
É preciso que as pessoas tenham consciência que esta mudança de cento e oitenta graus, na política dos EUA, não foi o resultado de um movimento de massas, duma mudança da opinião pública, ou mesmo, nos principais partidos políticos, no seu conjunto.  

Esta mudança - com potencial catastrófico - deveu-se a um grupo obscuro chamado «Neo-Cons», que advoga no seu documento fundador PNAC ( projeto para um novo século americano, 1997) exatamente todas as políticas que vêm sendo seguidas desde o início do século XXI. 
Isto não pode ser coincidência, tanto mais que este grupo tem peões seus em vários sectores da administração, qualquer que seja o «partido» no poder (Noam Chomsky costuma dizer, nas suas entrevistas, que o poder, nos EUA, é de um partido único, com duas alas, a democrata e a republicana). 
Os neocons conseguiram capturar alavancas essenciais da administração, mormente nos sectores da defesa, espionagem (CIA, NSA, etc.) e diplomacia (ex.: Victoria Nulan, que promoveu o golpe na Ucrânia, com o pleno acordo de Obama).

O clima de suspeição e de constante bullying às potências nucleares menores, ou com capacidade de se tornarem nucleares a breve trecho, não apenas vem contrariar a doutrina da não proliferação de armas nucleares e de destruição massiva, adotada pela ONU e pelos Estados que têm assento permanente no Conselho de Segurança, vem também aumentar a probabilidade de «guerra nuclear por engano», ao fazer subir a tensão a níveis nunca antes vistos, mesmo no auge da guerra-fria, no início dos anos 60, aquando da crise dos mísseis de Cuba.

Se não houver uma inflexão política entre os aliados da NATO, limitando e depois eliminando a influência desta tenebrosa máfia dos «neocons» nas administrações dos EUA, sejam elas democratas ou republicanas, o mundo continuará à beira da destruição. 
Como indicam muitos relatórios oficiais sobre questões de defesa, a probabilidade de uma tal ocorrência é maior envolvendo pequenas potências nucleares e/ou por um encadeamento de falhas, de acidentes infelizes, nos dispositivos de controlo, do que num cenário onde as principais potências se confrontam diretamente e acabam por recorrer às armas nucleares, na sequência de uma escalada bélica.

As pessoas de boa vontade, que lutam pela transformação das políticas no sentido de uma proteção do ambiente, preocupadas com o efeito de estufa antropogénico (não irei discutir aqui se ele é, ou não, tão grave como advogam, apenas me refiro à mobilização que este tema desencadeia) deveriam pensar que, sem segurança global, sem eliminação metódica e controlada dos armamentos de destruição massiva, todo o futuro do planeta, da espécie humana, está posto em causa. 
Assim sendo, que sentido tem não fazerem com que todo o peso das campanhas de opinião e de movimentações de massas se oriente para a urgente tarefa de desativar o perigo de uma guerra nuclear?
Não serão eles cúmplices, por estarem objetivamente a dar campo aos que advogam e produzem um retorno às políticas de «guerra fria»? 
A política, seja em que domínio for, mede-se pelas prioridades que se dá: é escrutinando essas prioridades que se consegue conhecer as verdadeiras intenções. 
Eu, sinceramente, já não acredito na sinceridade de certos ecologistas, os que advogam a mudança para um modo de viver saudável, a redução da «pegada de carbono», etc.,  mas que não se emocionam, não fazem nada, viram a cara e assobiam, quando se coloca a questão da guerra e da paz, dos esforços que têm de partir da cidadania para pressionar governos a mudar o rumo de suas políticas. 

Também bastante ridículos me parecem os que se dizem radicais anti-autoritários, que não aceitam entrar em coligações (sem dúvida limitadas, mas efetivas) com outros, com genuína boa-vontade, para erguer um poderoso movimento pacifista. Com efeito, mesmo que não existissem armas nucleares e que a ameaça de destruição global não se colocasse, o facto é que os sistemas de organização de guerras, de militarismo, de exércitos, tanto para flagelar os exércitos inimigos, como populações indefesas, incluindo as próprias, sempre foram o essencial  do autoritarismo.

O fracasso ou a não-priorização dos ecologistas e dos anti-autoritários, com outros grupos e tendências, para erguerem um sólido movimento pacifista, é a maior falha que aquelas correntes exibem. É com imensa tristeza que verifico esta situação, muito ao contrário das tradições e dos valores próprios das referidas correntes.  


segunda-feira, 20 de novembro de 2017

O PODER A NU: MERKEL OBRIGADA A RENUNCIAR A NOVA «GRANDE COLIGAÇÃO»

                

Ela é odiada por muitos à esquerda e à extrema direita; e os que estão no centrão, cada vez menos apostam nela...
As razões de uns e de outros são por demais conhecidas. Não vou aqui repisá-las. Vou antes apresentar o meu ponto de vista.

A minha visão do «reinado» de Angela Merkel é a de uma Alemanha que teme e deseja tomar as rédeas da independência em relação à super-potência tutelar.
Na política externa, agradou aos americanos quando se envolveu no vespeiro ucraniano e no golpe do Maidan. Mas teve de enfrentar a contestação dos meios industriais alemães,  face a umas absurdas sanções contra a Rússia, as quais fizeram mais mal à UE que à Rússia.
Desagradou profundamente a Erdogan, fazendo com que a base da NATO de Irklit na Turquia ficasse praticamente fechada para tropas alemãs.
Na UE, tratou com uma severidade absurda a questão das dívidas excessivas da Grécia, de Portugal, Espanha, Itália, sendo certo que a Alemanha foi quem beneficiou mais dessa situação durante mais de um decénio. Quando há um défice num prato da balança, é que existe um superavit no outro. Pena que o prato do défice estivesse cronicamente nos países do Sul e o superavit  em países do Norte.

Agora, perante a crescente onda de repúdio pela abertura indiscriminada das fronteiras, aos refugiados das guerras (causadas  ou atiçadas pela NATO!) do Norte de África ou do Médio Oriente, a sua posição era demasiado frágil com os seus 32% dos votos. Os outros partidos que encetaram conversações, compreenderam que uma coligação assim teria vida curta e seria para esses pequenos partidos mais penalizador, em termos eleitorais, ser solidários com as medidas de austeridade que estão na forja, apesar da tentação de participar no governo, o que dá sempre um reforço de «imagem de Estado» aos mesmos.

A coligação com o SPD teve como resultado que nem o SPD conseguiu infletir significativamente a política, de acordo com o desejo de suas bases, nem conseguiu ganhar uma validação posterior nas urnas, pelo «sacrifício» de ter participado no anterior governo.

As eleições antecipadas, vão desenrolar-se perante incertezas e instabilidade:
- a nível geoestratégico, com uma NATO que não tendo missão clara a cumprir, está porém renitente em «largar mão» do sector europeu, a uma entidade ainda  vaga, mas que agrupa os comandos militares de 23 Estados membros da UE. 
- a nível industrial, a sobre capacidade de produção vai resultar em falências e desemprego, pois vastas camadas da população estão empobrecidas, tanto os consumidores dos países ditos periféricos como os alemães da classe pobre (a leste sobretudo, no território da antiga RDA). No contexto internacional (extra-UE), também, os mercados estão cada vez menos recetivos.
- O modelo social, instaurado com um pacto entre os sindicatos, o patronato e o governo em como o patronato evitaria os despedimentos em troca de uma aceitação por parte dos trabalhadores de tabelas salariais realmente baixas e mantidas constantes,  está prestes de explodir, pois as pessoas mais pobres, que têm pensões de sobrevivência muito baixas (para o nível de preços da Alemanha) vêm os refugiados receberem mais do que eles, além de alojamento e assistência médica gratuitos, e viram-se para a extrema direita.  

Parece-me que tudo o que os líderes políticos dos países mais poderosos e da burocracia da Comissão de Bruxelas fazem se vira contra eles. 
Esta situação é típica de sistemas complexos quando estes são tratados como se fossem modelos - lineares, ainda por cima. A fragilidade é máxima. Qualquer pequeno acidente de percurso é suficiente para fazer descarrilar todo o comboio de políticas laboriosamente negociadas entre as diversas fações da oligarquia.

Temos, portanto, uma crise multidimensional à porta de 2018. 

sexta-feira, 17 de novembro de 2017

UMA MUDANÇA VIRÁ NAS NOSSAS VIDAS...


As belas e fortes canções populares são de todos os tempos, mas esta, em particular, indica-nos um estado de espírito, aquando da sua composição e da sua primeira edição discográfica por Sam Cooke. 
No ano de 1964 era de batalha pelos direitos civis, a luta pela igualdade constitucional e real, dos não-brancos, com os brancos. O estatuto das minorias não-brancas nos USA era de opressão, sujeitos a práticas racistas, por vezes violentas. 
Os EUA nunca souberam tirar as lições do seu passado esclavagista. Nisso, infelizmente, não estão sós.

  

A Diva do Soul introduz o tema com uma pequena frase, talvez em homenagem a Sam Cooke: «There's an old friend that I once heard say something that touched my heart ...»

O Rei do Soul, Otis Redding, prematuramente desaparecido, tem aqui um desempenho inultrapassável.
Talvez seja demasiado nostálgico, mas as minhas músicas preferidas na adolescência incluíam esta, na versão de Otis.

Quanto à esperança na mudança, por muito calejados que estejamos, não devemos deixar de promovê-la, a partir dos nossos corações. Acho que é esta a mensagem sincera e sempre actual da letra.

I was born by the river
In a little tent
And just like the river
I've been runnin ever since
He said it's been a long time comin'
But I know my change is gonna come
Oh yeah
He said it's been too hard livin'
But I'm afraid to die
I might not be if I knew
What was up there
Beyond the sky
It's been a long, a long time comin'
But I know my change has got to come
Oh yeah
I went, I went to my brother
And I asked him, brother
Could you help me, please?
He said, good sister
I'd like to but I'm not able
And when I, when I looked around
I was right back down
Down on my bended knees
Yes I was, oh
There've been times that I thought
I thought that I wouldn't last for long
But somehow right now I believe
That I'm able, I'm able to carry on
I tell you that it's been along
And oh it's been an uphill journey
All the way
But I know, I know, I know
I know my change is gonna come
Sometimes I had to cry all night long
Yes I did
Sometimes
I had to give up right
For what I knew was wrong
Yes it's been an uphill journey
It's sure's been a long way comin
Yes it has
It's been real hard
Every step of the way
But I believe, I believe
This evenin' my change is come
Yeah I tell you that
My change is come
Autores de la canción: Sam Cooke
Letra de A Change Is Gonna Come © Abkco Music, Inc

quinta-feira, 16 de novembro de 2017

DEFESA: UM DEBATE PELA SOCIEDADE CIVIL QUE TARDA

                      Infographic: The EU's Biggest Standing Armies | Statista

Clemenceau dizia (ou é-lhe atribuído) que «os assuntos da defesa são demasiado sérios para serem deixados nas mãos dos militares». 
A constante choramingueira sobre os mauzões que são os eurocratas, quando se está a beneficiar directamente do sistema instituído, por exemplo, ao nível do Parlamento Europeu, torna a «esquerda» portuguesa particularmente pouco credível. 
Querem uma participação na UE, «ma non troppo»... enfim!

Com seu anti-militarismo e pacifismo de fachada, apenas, mas não querendo que os seus próprios adeptos e simpatizantes percebam o papel que os eleitos dos partidos de «esquerda» desempenham no sistema institucional bruxelense, só lhes resta fazerem - eles próprios - o black-out de notícias. 
Nada mais fácil! Não se fala disso, não se coloca ninguém a falar no parlamento ou fora dele, não se enche nenhuma tribuna de opinião, nenhuma coluna de jornal partidário, com tal assunto!

                         EU Creates New Defense Pact to Reduce Dependence on US

Foi assinado o protocolo de criação da PESCO em Bruxelas, no passado dia 13 de Novembro. 
A PESCO é um importante passo, dado por 23 países, para forças armadas integradas europeias, em complementaridade, mas fora do controlo da NATO. 
Não aderiram a este pacto a Grã-Bretanha, Dinamarca, Malta e Portugal.
Os países mais furiosamente pró-americanos e pró NATO, na UE são, além da Grã-Bretanha que está em vias de sair, Portugal e a Dinamarca. 
A Dinamarca tem detido o lugar de secretário-geral da NATO, posto que não é meramente honorífico e que implica que os senhores do Império confiam plenamente nestes vassalos. 
Quanto a Portugal, é um caso de mera venalidade da sua «classe» política, a qual se tem contentado com as «migalhas» que lhe são atiradas (não ao povo português), pelos que comandam ao nível supremo (acordo da Base das Lages, nos Açores), ou pelos seus mandatários em Bruxelas (a «Comissão Europeia» é um conjunto de burocratas não eleitos, inteiramente fiéis aos grandes grupos económicos europeus e transatlânticos).

A PESCO tem como objectivo reduzir os diferentes sistemas e equipamentos militares presentes ao nível regional. Também está vocacionada para fornecer treinos conjuntos aos quadros militares. 
A criação de capacidades de coordenação próprias irá permitir que os exércitos europeus levem a cabo operações de forma autónoma, ou em coordenação com a NATO. Esta, formalmente, apoia o projeto, pois vê aí um meio de reforçar as capacidades dos exércitos europeus, parte integrante da Aliança Atlântica.

quarta-feira, 15 de novembro de 2017

HELÈNE GRIMAUD: 4º Concerto para piano de Beethoven

Beethoven - Concerto para Piano em Sol opus 58

Piano- Helène Grimaud


Orquestra de Paris- Christoph Eschenbach


Dizem que «onde há vida, há esperança» e eu assim desejo que seja. Talvez por isso, não escuto certos acordes sem um frémito. 

Um frémito devido à transcendência que flui desta música, num caudal imenso. Um frémito de esperança, sim! Por causa da grande arte imortal de alguns, a que literalmente transcende a morte.

A vida está disseminada pelo universo e concentra-se em certos indivíduos, onde coalescem as energias universais. 

As mentes e sensibilidades fora do comum, superam os limites  do espaço e do tempo, transportam-nos para outras dimensões do espaço-tempo.

Eu sinto-me a flutuar ou a ser transportado no espaço inter-estelar, consoante o andamento, quando oiço este concerto para piano nº4 de Beethoven. 

Mais uma vez, Helène Grimaud é exemplar. A expressão enérgica e dinâmica, aliada à precisão e pureza de técnica, são impressionantes. 
A grande arte do compositor de Bona exige os melhores intérpretes; é o que acontece com esta talentosa solista.




terça-feira, 14 de novembro de 2017

GENOCÍDIO NO IÉMENE, AMEAÇAS DE GUERRA, INDIFERENÇA DO OCIDENTE

Como muito rigorosamente descreve o blog «Moon of Alambama», os sauditas, tendo sofrido uma derrota humilhante no Iémene, frente aos insurretos Huthis, querem vingar-se na população, matando-a à fome. Isto é genocídio, do mais bárbaro que se pode imaginar; no entanto, a media ocidental faz completo black-out sobre o assunto. Ela, sempre tão pronta na defesa dos «direitos humanos», quando se trata de verberar a conduta de alguém que desagrade à oligarquia, que eles chamam de «comunidade ocidental». 

                   Yemeni school children walk outside a school that was damaged in a Saudi airstrike in the southern Yemeni city of Ta'izz, March 16, 2017. (Photo by AFP)
        http://www.presstv.com/Detail/2017/03/24/515487/Yemen-civilians-Saudi-war-UN

Nem sequer ligam à ONU, presidida por António Guterres, que tem feito vários avisos sobre a fome que alastra no Iémene e sobre a impossibilidade de auxílios alimentares e médicos chegarem ao seu destino. Fosse esta situação invertida, ou seja, os agressores serem do campo «inimigo» (Irão, Xiitas, etc.) haveria uma enorme berraria e uma onda de indignação, aliás muito justa, mas que não ocorre neste caso.
Mas bastaria simplesmente constatar os factos no terreno, de uma população civil desnutrida por meses de bloqueio, morrendo à fome e de doenças curáveis, tudo devido às ambições insaciáveis do príncipe herdeiro saudita. O belicoso príncipe queria assegurar pela guerra a sua sucessão, revestindo-se de uma vitória - supostamente fácil - sobre os insurretos tribais Huthis, no Iémene, aproveitando para se apossar dos campos petrolíferos do Iémene, que confinam com os da Arábia Saudita. Estes últimos estão, há vários anos, a dar sinais inequívocos de exaustão. 

               Resultado de imagen de yemen war 2017

Bela jogada, só que lhe saiu furada. Vingativo, manda fechar os portos para matar à fome a população civil iemenita, em maioria de obediência xiita. 
Trata-se de uma guerra sectária, em que a parte agressora é waabita, versão do islamismo no Reino da Arábia Saudita, a mais reacionária que se possa imaginar, aliás na base da ideologia do «Estado Islâmico». 

                  Mohammed bin Salman
                      http://www.bbc.com/mundo/noticias-internacional-40352779

O príncipe Muhamed bin Salman lembrou-se há alguns meses de fazer um ultimato ao Quatar, porque este mantinha relações com o Irão e tenciona explorar conjuntamente um grande depósito de gás natural que se estende nas zonas de águas territoriais de ambos os países. Falhou redondamente, porque a Turquia, normalmente no mesmo campo que os sauditas, não permitiu que as ameaças se efetivassem.

         
http://charleshughsmith.blogspot.pt/2017/11/mideast-turmoil-follow-oil-follow-money.html

Em desespero pela ausência de rendimentos do petróleo, que baixou cerca de 50% se comparado com os níveis de preços de 2014, decidiu agora dar um golpe na própria aristocracia parasitária do Reino, encerrando-a numa prisão de luxo (o Ritz). Conta assim obrigá-la a entregar aos cofres do Reino os biliões de dólares que detém, fruto de uma parasitagem permanente e institucional. 
Acusar alguém de corrupção num país onde qualquer negócio é fechado, apenas e somente, na condição do beneficiário «pagar» os bons serviços dos que o viabilizaram... é apenas um pretexto de baixa política, para impedir qualquer conspiração contra o poder absoluto do príncipe, por parte dos numerosos potenciais herdeiros do trono e, por outro lado, ajudar a minorar o enorme rombo nas finanças, que a guerra do Iémene e a simultânea descida do preço do petróleo causaram.

A imprensa prostituta dos países ocidentais fez muito barulho há uns meses atrás, pelo facto de agora as mulheres sauditas já poderem conduzir. Como se fosse um avanço real nos direitos das mulheres e portanto dando falsamente a entender que o «príncipe reformador» estivesse a melhorar os direitos humanos, quando nesse preciso momento, estava a levar a cabo uma guerra criminosa no Iémene.

O novo Calígula não pára de espantar o mundo, agora atacando diretamente o Líbano, forçando o seu primeiro-ministro Hariri a resignar do seu cargo, diante das câmaras da TV saudita, quando em viagem a este país, em circunstâncias no mínimo insólitas. 
Todo o ódio contra o Irão, responsável pelo fracasso da guerra da Síria, vem agora à superfície. 
O Hezbollah (partido xiita libanês, com sua milícia) contribuiu muito para a derrota dos mercenários pagos pelos sauditas (o próprio «ISIS» ou «Estado Islâmico» e os chamados «moderados, como a «frente Al-Nushra» e outros).
Agora, Muhamed bin Salman quer desestabilizar o governo libanês, onde está presente - em coligação com outras forças - o Hezbollah.  
Na sua ambição desmedida pelo poder, não hesita em criar uma guerra. Não hesita em fazer acordos secretos com os israelitas, que nunca digeriram a derrota humilhante no sul do Líbano, pelo Hezbollah, que deitou por terra o mito da invencibilidade do exército israelita.
Face a esta situação, os países ocidentais (EUA, França, Inglaterra, principalmente) limitam-se a olhar e dar pequenos sinais de distanciamento, mas sem inviabilizarem esta política belicista, cruel e demente. 

Macron foi recentemente à Arábia Saudita e Emiratos da região, com todo o peso do reconhecimento, que um Chefe de Estado da França representa. 
Mas não tratou de ajudar a resolver o imbróglio envolvendo a chantagem ao primeiro-ministro do Líbano, com o qual a França tem longos laços e onde pretende manter um relacionamento especial. Não, Macron disse taxativamente que Hariri não estava sob prisão. Depois, foi assinar um contrato multimilionário de venda de duas corvetas aos Emiratos Árabes Unidos.

                           Resultado de imagen de French President Emmanuel Macron delivers a speech at Dubai's Chamber of Commerce in Dubai, UAE, November 9, 2017. REUTERS/Ludovic Marin/Pool

https://www.reuters.com/article/us-france-emirates-saudi/frances-macron-broaches-lebanon-in-surprise-saudi-visit-idUSKBN1D92BD

É assim que as coisas acontecem: a cidadania dos países ocidentais encontra-se privada de esclarecimentos em relação a situações graves. 
Desta maneira, as políticas mais contrárias aos próprios princípios e sentimentos desses países podem - impunemente - ser levadas a cabo, pelos governos, pelos chefes de Estado. 

O princípio subjacente do campo ocidental é que - em assuntos do Médio Oriente - devem usar-se critérios especiais, tanto mais que o grande objetivo é assegurar que o abastecimento de petróleo aos países europeus continue a fluir, aconteça o que acontecer. 
Já se vê que prioridade têm os direitos humanos destes povos, governados pela pior tirania medieval!

segunda-feira, 13 de novembro de 2017

HOMEM DE MÃO DA GOLDMAN SACHS

       GATO ESCONDIDO COM RABO DE FORA... 

Por outras palavras:
- Pode-se fingir que não se sabe de nada, durante algum tempo, mas não constantemente. 
Draghi, num sistema transparente e democrático, nunca seria escolhido como cabeça do BCE. Durante quanto tempo mais ele será intocável? Talvez enquanto a eurocracia e os governos corruptos forem tolerados pelos respectivos povos.



               
                   veja AQUI o artigo de Martin Armstrong
Quando Draghi, o actual presidente do Banco Central Europeu (BCE), foi presidente do banco de Itália soube que o Banco Monte dei Paschi di Siena SpA escondera um prejuízo de quase quinhentos mil milhões de dólares usando derivados, dois anos antes dos procuradores terem conhecimento das transacções complexas, de acordo com documentos revelados no tribunal de Milão. 
Mario Draghi, estava perfeitamente ao corrente de que os derivados estavam a ser usados para esconder perdas. Não esqueçamos que Draghi foi um homem da Goldman Sachs e que esta ajudou o governo grego a esconder a situação real das finanças do país, com vista a entrar no «clube» do Euro. O esquema ficou a descoberto com a crise de 2010, de consequências trágicas para o povo grego e para outras economias frágeis da eurozona. 

Agora vê-se claramente que Draghi tinha plena consciência dos problemas decorrentes das operações arriscadas do Deutsche Bank AG, que ajudaram a precipitar o grande colapso de 2008. 

O banco italiano Monte Paschi fez exatamente o mesmo que o DB. Estava a perder cerca de €370 milhões de euros numa transacção anterior, que eles designavam por «Santorini» (esta é uma ilha no Mediterrâneo que ficou destruída com a explosão de um vulcão). Um novo negócio rendeu mais ou menos uma quantia equivalente e permitiu distribuir as perdas por um período de tempo maior. Estas fraudes são usadas para reduzir os impostos a pagar pelo banco.

O relatório, datado de 17 de Setembro de 2010, foi classificado de «reservado», o que mostra que o Banco de Itália sabia que, ao não incluir esse negócio nas contas com o seu valor real, Monte Paschi estava a esconder uma perda. Se o banco tivesse usado a quantificação «mark-to-market» no quarto trimestre de 2008, teria colocado, no relatório respectivo, as perdas resultantes da crise de crédito que estava a sofrer.
Sabendo tudo por detrás do pano de cena, Draghi também soube tudo sobre o uso de derivados para mascarar as perdas excessivas de certos negócios e fazer de conta que elas não existiram. 
O problema grego foi também todo ele construído com base em derivados, para fazer crer que a Grécia preenchia os critérios para estar na Eurozona.
A Grécia entrou no Euro em 2001, com Costas Simitis presidindo ao governo. Nessa altura, devia €3.4 milhares de milhões de euros, que tinha pedido emprestados. A Goldman fabricou um «swap» de divisas, graças ao qual a dívida grega, denominada em dólares  e em yens, passou a ser devida em euros, mas estes eram cotados a um preço inteiramente fictício. 
A dívida grega, denominada em euros de 2000, quando o euro estava a 0.82 do dólar. Isto teve como consequência que esta dívida duplicou, com a subida do euro para $1.60, em 2008. Obviamente, a Goldman não ofereceu uma saída, mas estruturou um novo negócio de que apenas podia beneficiar ela própria, pondo a Grécia a vender dólares, na baixa desta divisa. 
A Goldman também montou um «swap» para pagamento dos empréstimos fora da contabilidade; sendo uma operação sobre divisas, portanto escapando à categoria de «empréstimo», não pesava contabilisticamente na dívida. 
Este negócio foi mantido fora da contabilidade pública e escondida dos mecanismos de controlo do Euro. Assim, criou-se a ideia falsa de que a Grécia se estava a aproximar dos critérios de Maastricht. 
A Goldman sobre-cotou o negócio, de tal maneira que, no orçamento grego, dos $6.35 milhares de milhões de trocas comerciais e de rendimentos, em 2001, 12% vinham da tal reestruturação via «swap». 
Eles - Goldman - ganharam com este negócio uns $300 milhões. Fez pressão para que a Grécia utilizasse os aeroportos e os rendimentos da lotaria, como parte da transacção para garantir a rentabilidade desta operação de agiotagem sobre a Grécia. 
Apenas três meses depois de assinado o acordo, os mercados da dívida (obrigações soberanas) mudaram completamente, em consequência dos atentados do 11 de Setembro.  
Além disso, o dólar desceu e o euro aumentou. Os governantes gregos começaram a ver que o negócio não estava a correr bem. A dívida nacional grega quase duplicou em tamanho e, em termos reais (ajustando as divisas), ela iria novamente duplicar por volta de 2008, em termos nominais, em Euros. 
A Grécia enfrentou uma outra crise financeira em 2005, que poucos compreenderam. A Goldman Sachs voltou a «reestruturar» o acordo, mas desta vez vendendo um «swap de taxa de juro» ao Banco Nacional Grego, sob o novo governo Karamanlis, que chegou ao poder em 2004. Isto aumentava ainda mais a dívida, estendendo os pagamentos para lá de 2032. 
A Goldman  conseguiu obter assim, outros $500 milhões de dólares dos gregos, como foi largamente noticiado na imprensa ( Independent Friday 10 July 2015; Greek debt crisis: Goldman Sachs could be sued for helping hide debts when it joined euro).
A Goldman «nem pestanejou» quando Atenas tentou vender outro pacote de «swaps». O então presidente da Goldman Sachs, Gary Cohn, foi lá pessoalmente e ofereceu-se para financiar a dívida do sistema de saúde do país, empurrando ainda mais dívida para o futuro. A Goldman não se limitou a recolher chorudos honorários, como terá colocado grandes apostas em como a Grécia iria falhar, baseado em informações internas. Têm estado fora do alcance da lei, em qualquer parte. 
Entretanto, devido ao facto de que o ECB vai cortar seu programa de compra de obrigações soberanas em 50% no próximo ano, Draghi não poderá auxiliar o governo italiano. 
As regras relativas ao resgate (interno e externo) de bancos poderão vir a ser aplicadas em força no próximo ano, em todo o lado, não apenas na Itália.


sábado, 11 de novembro de 2017

HÁ 99 ANOS TERMINOU A PRIMEIRA GRANDE CARNIFICINA MUNDIAL

                             
                

A Grande Carnificina, com que o século vinte começou, foi a primeira guerra imperialista mundial. 
Envolveu muitos milhões de soldados, de muitos países, os quais foram mortos aos milhões nas trincheiras ou feridos, gazeados, para sempre afetados. 
Os civis foram também vítimas; além dos bombardeamentos, também houve fomes, miséria em muitos locais, mesmo longe do teatro da guerra. A gripe, em 1918 e no ano seguinte, matou mais pessoas (a grande maioria, civis) que os mortos diretos da guerra. 
A Europa, em particular, ficou de rastos, com muita da sua população mais jovem morta ou estropiada, a sua infraestrutura industrial parcialmente destruída, a economia depauperada. 
Muitos soldados, sentindo-se traídos pelos políticos tradicionais, aderiram a movimentos de extrema-direita, que se apresentavam como «revolucionários»: nasceu o fascismo, o Hitlerismo...

Da primeira guerra mundial, o único episódio que gosto de recordar é o da confraternização entre homens de exércitos inimigos. 
Foi o caso, não único, de soldados britânicos e alemães aquando do natal de 1914, em que tiveram a ousadia de abandonar as suas linhas e mostrarem sentimentos humanos, jogarem à bola, abraçarem-se e desejarem que a guerra terminasse depressa.

Os militaristas de todas as Nações vencedoras tentam transformar esta efeméride do armistício que pôs fim à Primeira Guerra Mundial, numa glorificação das forças armadas e das «virtudes» militares. 

Eu penso que o fim da Primeira e da Segunda Guerra Mundiais foram ocasião de grandes ilusões. Muitos, ingenuamente, pensaram que toda a gente estava farta de sofrer e que mais ninguém iria provocar guerras. 
Enganaram-se nessa altura e enganam-se agora os que assim pensam. 
Pois as oligarquias que, abertamente ou não, comandam os destinos dos diversos países, têm como objetivo guardar o poder, a qualquer custo. 
Não hesitarão em lançar nova guerra mundial, se assim virem que precisam disso para salvaguardar o seu poder. 

Há vários grupos interessados em que haja guerra, em vários países do globo. 
Mas, sendo os EUA a maior potência bélica do planeta (o seu orçamento da «defesa» equivale a mais do que as despesas dos cinco países seguintes, combinados) é particularmente angustiante verificar que o «partido da guerra» consegue congregar uma parte importante dos Democratas e Republicanos. 
A esta deriva belicista não são estranhos os Neo-cons e lobís do armamento, que estão constantemente a empurrar o governo dos EUA para guerras, as quais têm causado imenso sofrimento e tornam muito mais provável a deflagração de um conflito global. 

Gostava que este dia 11 de Novembro servisse para uma reflexão séria e profunda sobre as origens das guerras, de ontem e de hoje; sobre os meios para as prevenir; sobre os passos concretos a dar para terminar os conflitos em curso. 
Só assim seriam dignamente recordados os milhões de caídos das guerras! 


sexta-feira, 10 de novembro de 2017

LA BAYADÈRE - Svetlana Zakharova no Bolshoi

Para almas sensíveis à beleza clássica de uma grande artista inserida numa grande tradição!






                                         
Léon Minkus music Marius Petipa choreography, libretto Sergei Khudekov libretto Yuri Grigorovich new scenic version Svetlana Zakharova (Nikiya) Corps de Ballet of the State Academic Bolshoi Theatre of Russia Orchestra of the State Academic Bolshoi Theatre of Russia Pavel Sorokin musical direction Ballet recorded on January 27 2013, at the Bolshoi Theatre (Moscow, Russia) Broadcast on medici.tv on May 22, 2013, at 4 p.m. GMT © Bel Air Media -- The State Academic Bolshoi Theatre of Russia Full ballet will be available on
http://www.medici.tv/#!/la-bayadere-b...

quinta-feira, 9 de novembro de 2017

MALTHUSIANISMO E NEO-MALTHUSIANISMO

Neste curto ensaio vou desenvolver alguns aspetos da questão populacional. A biologia das populações sempre foi um domínio de que eu gostei, embora não tenha especificamente trabalhado como biólogo das populações. 
O malthusianismo, do economista inglês Thomas Malthus (1766-1834) é uma teoria que encara a população sob o duplo prisma dos recursos e da sua taxa de reprodução. Malthus postulou que os recursos - os bens necessários à subsistência humana tais como alimentos, casas, roupas, etc. - poderiam - quanto muito - progredir numa progressão linear (ou diretamente proporcional), enquanto a multiplicação dos indivíduos ocorria numa progressão geométrica ou exponencial.  Da divergência entre estes dois crescimentos, originava-se fatalmente uma escassez, que se traduzia em fomes, violências e guerra. Para evitar este terrível destino, teriam de ser tomadas medidas concretas para limitar a população (encorajamento da contraceção, esterilizações...), com vista à estabilidade populacional.
O princípio malthusiano era pessimista porque postulava que as pessoas, ao multiplicarem-se, iriam necessariamente ficar cada vez mais pobres, mais destituídas. A elite aproveitou o mesmo princípio para lutar contra a tendência para aumento dos salários e diminuição das horas de jornada de trabalho, que foram as grandes causas movimentando o proletariado, desde a primeira metade do século XIX, até hoje. 

                                     
A obra de Malthus foi utilizada por Marx e Engels assim como por Darwin, entre outros. Marx e seguidores tiraram daí o conceito da autodestruição inerente ao sistema de exploração capitalista. 
                                            
Darwin inspirou-se em Malthus para explicar a inerente competição pelos recursos escassos entre todas as espécies vivas; foi também buscar a este autor a ideia do efeito da predação (e incluindo o parasitismo) como forma de ajustar os efetivos das populações de presas e de predadores.                 
Após Darwin, o seu sobrinho Galton adaptou os conceitos de seu tio e de outros. Numa linha neomalthusiana defendeu a eugenia - ou seja - que os «melhores» deviam ser estimulados a procriar enquanto os que eram portadores de «taras» deviam ser impedidos de procriar. 

                    
Vários países praticaram a esterilização sistemática de pessoas consideradas «inferiores». Muitas pessoas têm ideia de que apenas a Alemanha de Hitler e quanto muito alguns dos seus estados-vassalos da Europa praticaram essas medidas. Hoje, sabe-se que não foi assim: Desde a Suécia à Austrália, sucedem-se histórias verídicas de políticas de Estado, da esterilização forçada de certos grupos de cidadãos.
  

A grande indústria e em particular o império Rockefeller estão associados desde o principio, ou seja, antes ainda do partido NAZI subir ao poder, através da Fundação Rockefeller, em apoio entusiástico ao eugenismo prático, além de serem financiadores de muita da investigação científica destinada a melhoramento da espécie humana. É com base em programas financiados pelos grandes empórios da agroquímica que são criados OGM, organismos geneticamente modificados. William Engdahl explica de modo muito convincente e exaustivo, no livro «As sementes da destruição»,  que a oligarquia (Rockfeller e outros bilionários) esteve - desde o princípio - a subsidiar e promover as OGM. Décadas antes (nos anos 70), defendendo uma estratégia tipicamente neo-malthusiana, o seu protegido H. Kissinger tinha já delineado uma estratégia de guerra económica utilizando sementes, trigo, soja, leite, principalmente.

                  
A utilização dos alimentos estratégicos (sobretudo dos cereais) como arma de chantagem permitiu a Washington impor aos governos de países do Terceiro Mundo, programas de «controlo da natalidade» (que incluíram esterilizações em massa e sem conhecimento/consentimento das mulheres) como condição para beneficiarem do apoio alimentar não só dos EUA, directamente, como também de agências internacionais, mas de facto controladas pelos EUA.

Actualmente, as chamadas guerras contra o terror têm uma dimensão de destruição massiva não apenas das populações como também das infraestruturas. Assim, no Afeganistão, no Iraque, na Síria, na Líbia, no Iémene, estão documentados actos destinados a destruir ou inviabilizar estruturas fundamentais para a população civil, desde centrais eléctricas e geradores de corrente, a sistemas de canalização e tratamento de água potável e de esgotos. O resultado é a morte de milhões de crianças, principalmente causada pela desnutrição, ausência de cuidados básicos de saúde, de água potável, etc. Note-se que estes países ficam com uma população reduzida, não somente porque tem de emigrar para longe, como refugiados, como também está desnutrida, enfraquecida, mais sujeita a doenças, em países devastados, onde não existem os recursos médicos e sanitários mais elementares. 
                 

Estas guerras do Império, de uma crueldade incrível, seriam suficientes, por si só, para condenar os presidentes e seus respectivos governos (George H. Bush, Bill Clinton, George W. Bush, Barack Obama e Donald Trump), se houvesse o equivalente do tribunal de Nuremberga. Infelizmente, os países que participam no tribunal da Haia, consentiram que os EUA se auto-excluíssem de poder jamais comparecer no dito cujo tribunal, apesar de terem sido os mais fervorosos impulsionadores do mesmo.
A política de destruição sistemática ocorre nos países do «crescente fértil», onde nasceu a agricultura há 12 mil anos, onde existe uma parte muito grande do petróleo explorado.

O trazer aí o caos, encorajando a intolerância religiosa, sectária e étnica, não é fruto do acaso ou daquilo que os  media corporativos nos querem fazer crer: é resultado duma política neo-malthusiana destinada a reduzir drasticamente certas populações, sobretudo,  se elas são dos países que detêm recursos (o petróleo, mas também certos minerais) de que o «Ocidente» carece para as suas indústrias, para satisfazer o seu estilo de vida e consumo.


Existe uma forte corrente que se designa de «neocon» que capturou sectores inteiros do governo dos EUA e sobretudo do chamado «Estado Profundo», incluindo as agências CIA, NSA, Homeland Security, etc. Esta corrente advoga que é possível uma guerra nuclear ser «ganha» pelos EUA, havendo depois um redistribuir de poderes e de recursos em benefício dos mesmos e de seus vassalos de «primeira» (essencialmente anglossaxónicos «de pele branca»: Grã-Bretanha, Austrália, Canadá, Nova-Zelândia).

Todos os outros países sofreriam devastações tais, que durariam muitos anos a recomporem-se. Loucamente, delirantemente, imaginam conseguir obter uma redução de 4/5 da população mundial, por este meio (o holocausto nuclear) e que as populações sobreviventes viverão em condições muito satisfatórias. Mas uma guerra nuclear significa a destruição completa da habitabilidade do planeta ou, no mínimo, a perda irreversível das condições para os sobreviventes. É este o perigo que o mundo enfrenta, se deixar um punhado de pessoas com poder (os neocons e a oligarquia mundial) manobrar as políticas dos Estados.