O que os bem informados não se apercebem, é que, em contraste com a «Guerra Fria Nº1», os poderes usam os avanços da tecnologia e da I.A. para fabricar uma falsa realidade, uma informação «cientificamente» manipulada. Isso, é uma situação inteiramente nova.
A apresentar mensagens correspondentes à consulta 2019 ordenadas por relevância. Ordenar por data Mostrar todas as mensagens
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sexta-feira, 31 de dezembro de 2021

«TRANSIÇÃO ENERGÉTICA = DEPLEÇÃO DE RECURSOS MINERAIS» ?

Será a chamada «energia renovável» uma energia «limpa»? Será renovável, mesmo? Serão sustentáveis industrias e transportes baseados nas «energias renováveis»? Teremos de nos conformar em «decrescer ou morrer»?
Tudo isto merece reflexão.
Estou longe de ter uma posição definitiva sobre estes assuntos. Porém, existe grande falta de conhecimento e de sentido crítico nos que aderem a «sentimentos» ecológicos, não a uma ciência ecológica, baseada em factos. Os sonhadores devem - de tempos a tempos - descer às realidades terrenas. Afinal, é nesta Terra, finita, que temos de viver.

Primeiro, algumas fotos da coleção de «VLB» de projetos energéticos renováveis, ou não e sobre as minas onde se vão buscar matérias-primas necessárias à construção dos painéis solares, das eólicas, dos EVs, etc...
Abaixo das fotos, coloquei links/ elementos para construir um dossier, com várias perspetivas, em torno da energia renovável e dos recursos mobilizados para este fim.

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https://www.zerohedge.com/news/2021-12-28/pictorial-mines-around-world-part-ii

https://www.zerohedge.com/news/2021-12-29/pictorial-mostly-clean-energy-sources-around-world-part-iii

Algumas fotos da coleção de imagens dos links acima.


                     «Quinta solar» em Mount Signal


Barragem Hoover, represa


«Quinta eólica» na ilha Kodiak, Alaska

«Parque eólico» no Mar da Irlanda

Mina El Teniente, Chile

Grasberg, Indonesia


Mina de Kimberley dita «O Grande Buraco» 


Rio Tinto, Espanha
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ELEMENTOS PARA UM DOSSIER

Para além do lítio: 
https://www.youtube.com/watch?v=EoTVtB-cSps

Excelente explicação sobre problemas de rendimento das células fotovoltaicas:

Efeitos «colaterais» da energia eólica:

domingo, 6 de outubro de 2019

BANDOS DE CRIMINOSOS ESTÃO A CASTIGAR OS CIDADÃOS INOCENTES DE HONG-KONG

https://www.scmp.com/news/hong-kong/politics/article/3031732/hong-kong-protesters-outraged-anti-mask-law-return-streets

                         A corridor in Mong Kok MTR station is turned into a mini river as protesters break in and vandalise facilities, setting off water sprinklers and a fire hose. Photo: Sam Tsang
                         Estação de metro de HK depois de vandalizadas as bocas anti-fogo


Será que a população tem algo a ganhar com a continuação deste estado de caos e vandalismo permanente?
A táctica dos contestatários não será a de provocar as forças da ordem para estas cometerem actos de repressão desproporcionados, de modo a depois acusá-las nos fóruns internacionais?
Será que eles, grupos de radicais violentos, não sabem que assim impossibilitam qualquer hipótese de diálogo com o governo de H-K?
Durante quanto tempo as pessoas do ocidente continuarão a tomá-los por «uns jovens um bocado exaltados» em vez de os tomarem por aquilo que são, na realidade?

No jogo complexo de guerra mista, comercial, económica, financeira, monetária, de propaganda ... o imperialismo apostou que a China fizesse um novo «Tien An Men», mas desta vez em Hong Kong.




A minha intuição era boa; acertei... mas é triste ver pessoas jovens a destruir tudo, o seu futuro, o de muitos cidadãos de HK, visto que a instabilidade irá desviar muitos negócios para Singapura... 

Quanto aos governos ocidentais, aos meios de comunicação de massas envolvidos numa propaganda anti-China, é isto mesmo que desejam: o máximo de caos para (numa esperança fútil e criminosa) dificultarem, atrasarem a progressão das «Novas Rotas da Seda» junto das mais de 130 nações, que possuem projectos com a China. Neste número inclui-se Portugal. 

Claro que eles não se indignam quando um polícia (que, de qualquer maneira, apenas estava a cumprir sua função) é agarrado e incendiado ou quando um jornalista do jornal oficioso do PC Chinês é cercado e recebe uma tareia que o deixa quase morto (entre outros exemplos de «respeito pelos direitos humanos» e de «liberdade e democracia» por parte dos manifestantes de cara tapada). 

A manipulação da percepção pela media corporativa internacional, sobre o que se passa em HK, é ainda mais óbvia, se nós a compararmos com a ausência de notícias (black-out) sobre o que se passa na Coreia do Sul, desde há um mês, onde se sucedem manifestações com milhões de cidadãos, sem qualquer violência... 

Vivemos numa espécie de redoma, de matrix, onde as pessoas estão dissociadas da realidade, são manipuladas constantemente. A media corporativa no Ocidente desempenha um papel essencial de «polícia da mente», obedecendo aos interesses da banca, da finança e todos os lóbis, que puseram os governos ao seu serviço.

sexta-feira, 5 de abril de 2019

CONFERÊNCIA INTERNACIONAL DO 70º ANIVERSÁRIO DA NATO







Conscientes da crescente perigosidade da situação mundial, do drama dos conflitos em curso, da aceleração da crise, acreditamos que é necessário fazer compreender, à opinião pública e aos Parlamentos, o risco existente de uma grande guerra.
Não seria de forma alguma semelhante às guerras mundiais que a precederam e, com o uso de armas nucleares e outras armas de destruição em massa, colocaria em risco a própria existência da Humanidade e do Planeta Terra, o Lar Comum em que vivemos.
O perigo nunca foi tão grande e tão próximo. Não podemos arriscar, devemos multiplicar os nossos esforços para sair do sistema de guerra.

Organizado pela ASSOCIAÇÃO PARA UM MUNDO SEM GUERRA Comissão No Guerra No NATO/Global Research em colaboração com Pax Christi Itália, Comissão de Justiça e Paz dos Missionários Combonianos, Rivista/Sito Marx21, Secção Italiana da WILPF (Liga Internacional das Mulheres pela Paz e Liberdade), Mesa para a Paz do Val di Cecina e outras associações cuja adesão está em andamento.

A Conferência  Internacional
OS 70 ANOS DA NATO/OTAN:
QUAL É O BALANÇO HISTÓRICO? SAIR DO SISTEMA DE GUERRA, AGORA.

Florença, Domingo, 7 de Abril de 2019
CINEMA TEATRO ODEON
Piazza Strozzi
HORÁRIO:
DAS 10:15 ÀS 18:00  

PROGRAMA

VIDEO

Os 70 anos de “paz” assegurada pela NATO 

RELATÓRIOS PRELIMINARES

Europa na estratégia USA/NATO 1949/2019
Em direção a um cenário de Terceira Guerra Mundial

REUNIÕES DE DISCUSSÃO EM GRUPO

Jugoslávia: há 20 anos, a guerra que estabeleceu a nova NATO
As duas novas frentes da NATO: para Leste e para Sul   
Europa no limiar do confronto nuclear   
Cultura de guerra ou cultura de paz? 

PROJECÇÃO DE DOCUMENTAÇÃO E MENSAGENSATRAVÉS DE VÍDEOS
MICROFONE ABERTO AO PÚBLICO PARA CONCLUSÕES

Alguns oradores:
Michel Chossudovsky, Director do Centre for Research on Globalization (Global Research, Canadá).
Vladimir Kozin, Perito Líder do Centro de Estudos Político-Militares do Instituto de Relações Internacionais de Moscovo (MGIMO), Ministério das Relações Exteriores da Rússia; Professor da Academia Russa de Ciências Militares (Rússia).
Živadin Jovanović, Presidente do Beograd Forum (Serbia).
Paul Craig Roberts, Economista, Escritor, Colunista (Estados Unidos).
Diana Johnstone,  Ensaísta (Estados Unidos).
Ilona Zaharieva, Presidente da Associação The Stone Bridge (Macedonia).
Jean Bricmont, Escritor, Professor Emérito da Universidade de Lovaina (Bélgica).

* * * * *

Alex Zanotelli
, Missionário Comboniano.
Gino Strada, Fundador de Emergency.
Franco Cardini, Historiador.
Fabio Mini, General.
Giulietto Chiesa, Jornalista, Director da Pandora TV.
Alberto Negri, Jornalista, Correspondente de Guerra do Il Sole 24 Ore.
Tommaso Di Francesco, Co-Director do il manifesto.

* * * * *
Jean Toschi Marazzani Visconti, Escritora, Jornalista.
Germana Leoni von Dohnanyi, Escritora, Jornalista.
Fernando Zolli, Missionário Comboniano.
Franco Dinelli, Investigador CNR.
Francesco Cappello, Professor, Ensaísta.
Manlio Dinucci, Escritor,Jornalista.

PARA PARTICIPAR NO CONGRESSO (ENTRADA LIVRE) É NECESSÁRIO FAZER A RESERVA POR E-MAIL OU TELEFONEO COM SEU NOME E LUGAR DE RESIDÊNCIA PARA: 
Giuseppe Padovano
Coordenador Nacional do CNGNN

Telemóvel/Celular: 393 998 3462
info@perunmondosenzaguerra.eu
Webpage:
CINEMA THEATER ODEON (FLORENCE)


sexta-feira, 1 de março de 2019

POR QUE MOTIVOS FALHARAM AS CONVERSAÇÕES TRUMP-KIM EM HANOI?



Artigo de Manuel Baptista inicialmente publicado em:



A imprensa internacional «mainstream» apenas tem dado eco às declarações de Donald Trump, logo após o cancelamento brusco da cimeira:
“Era basicamente acerca das sanções,” disse o Presidente Donald Trump aos repórteres após cessar as negociações com Kim Jong-un. “Queriam as sanções levantadas na íntegra e nós não podíamos fazer isto. Ás vezes tem-se de abandonar conversações e foi exactamente o caso disso.”
As declarações de Ri Yong-ho, o ministro dos negócios estrangeiros da Coreia do Norte, afirmam circunstâncias bem diferentes:
A Coreia do Norte pediu o levantamento parcial das sanções …“que tolhem a economia civil e os meios de subsistência do povo,” referindo partes de cinco resoluções da ONU de 2016 e de 2017. Existem, no total, 11 resoluções da ONU impondo sanções à Coreia do Norte.
Além disso, o compromisso de Junho de 2018 deixava bem claro o que fazer de uma e outra parte e qual a sequência do processo.
O Presidente Trump e o Secretário-Geral Kim Jong Un afirmam o seguinte:
1.  Os Estados Unidos (EUA) e a República Democrática Popular da Coreia (DPRK) comprometem-se a estabelecer relações de acordo com o desejo dos povos de ambos os países, pela paz e prosperidade.
2.  OS EUA e a DPRK juntarão seus esforços para conseguir uma paz duradoira e estável na Península Coreana.
3.  Reafirmando a declaração de Panmujom de 27 de Abril de 2018, a DPRK compromete-se a trabalhar em direcção à completa desnuclearização da Península Coreana.
4.  Os EUA e a DPRK comprometem-se a resgatar os restos mortais de prisioneiros de guerra e de soldados combatentes, incluindo o repatriamento imediato dos que já estão identificados.

Após oito meses, nem a abertura de embaixadas, nem um levantamento de sanções foi assinado. A Coreia do Norte destruiu túneis de teste de armas nucleares e uma rampa de testes nucleares. Alguns restos mortais de prisioneiros de guerra/soldados foram repatriados. Mas do lado dos EUA não houve quaisquer medidas que correspondessem ao cumprimento dos seus compromissos.
A «cereja no bolo» foi o aparecimento extemporâneo de John Bolton, o conselheiro de segurança de Trump, que teria – segundo a imprensa sul coreana – feito exigências suplementares sobre destruição de armas químicas e biológicas da Coreia do Norte – o que, manifestamente, não se encontrava na agenda – perto do final das conversações, tendo por objectivo fazer capotar a hipótese de um acordo. 
A opinião pública sul coreana reagiu com desânimo e incredulidade ao comportamento leviano, que atribui à delegação dos EUA.
Resta compreender como e porquê, o Presidente Trump está mais preocupado em agradar ao ramo mais conservador e belicista da Administração, do que ao seu próprio eleitorado. Tem-se a sensação de que o Presidente ficou refém do «Estado profundo», não podendo satisfazer as promessas eleitorais de que iria descomprometer os EUA de teatros bélicos pelo mundo fora, concentrando-se antes na defesa das suas próprias fronteiras.

Leituras complementares:


https://tomluongo.me/2019/02/28/north-korea-talks-breakdown-trump-keeps-the-empire-happy/

terça-feira, 5 de novembro de 2019

MANLIO DINUCCI: «04-11, ver Nápoles e depois morrer»

                         
RETIRADO DE:
 https://nowarnonato.blogspot.com/2019/11/pt-manlio-dinucci-arte-da-guerra-4-de.html

Nápoles, e não Roma, foi ontem, o centro do Dia das Forças Armadas. No Lungomare Caracciolo, desfilaram 5 batalhões. Mas o ponto alto foi a área de exposições das várias Forças, que atraiu durante cinco dias, para a Piazza del Plebiscito, sobretudo, jovens e crianças. Eles puderam embarcar a bordo de um caça, conduzir um helicóptero com um simulador de voo, admirar um drone Predator, entrar num tanque, treinar com instrutores militares, para depois ir ao porto visitar um navio de assalto anfíbio e duas fragatas de mísseis. Uma grande «Feira da guerra» criada com um propósito específico: o recrutamento.
70% dos jovens que desejam alistar-se, vivem no sul, especialmente na Campânia e na Sicília, onde o desemprego juvenil é de 53,6%, em comparação com uma média da União Europeia de 15,2%. O único que lhes oferece uma ocupação “segura” é o exército. No entanto, após as selecções, o número de recrutas é menor do que o necessário.
As Forças Armadas precisam de mais pessoal, pois estão envolvidas em 35 operações em 22 países, desde a Europa Oriental aos Balcãs, desde África ao Médio Oriente e à Ásia. São as “missões de paz” efectuadas, sobretudo, lá, onde a NATO sob o comando USA fomentou, com a participação activa da Itália, as guerras que demoliram Estados inteiros e desestabilizaram regiões completas.
Para manter as forças e os armamentos adequados - como os F-35 italianos enviados pela NATO para a Islândia, mostrados pela Rai em 4 de Novembro - são gastos na Itália, com dinheiro público, cerca de 25 biliões de euros por um ano. Em 2018, a despesa militar italiana aumentou do 13º para 11º lugar no mundo, mas os USA e a NATO pressionam para um aumento adicional, em função, sobretudo, da escalada contra a Rússia.
Em Junho passado, o governo do Conte I “desbloqueou” 7,2 biliões de euros para adicionar à despesa militar. Em Outubro passado, no encontro do Primeiro Ministro com o Secretário Geral da NATO, o governo do Conte II garantiu um compromisso de aumentar a despesa militar em cerca de 7 biliões de euros a partir de 2020 (La Stampa, 11 de Outubro de 2019). Assim, está a passar-se de uma despesa militar de cerca de 70 milhões de euros por dia para cerca de 87 milhões de euros por dia. Dinheiro público subtraído aos investimentos produtivos fundamentais, especialmente em regiões como a Campânia, para reduzir o desemprego a partir do desemprego juvenil.
Bem diferentes são os “investimentos” feitos em Nápoles. Ela adquiriu um papel crescente como sede de alguns dos mais importantes comandos USA/NATO.
- Em Nápoles-Capodichino, existe a sede das Forças Navais USA, na Europa, sob as ordens de um almirante americano que comanda, ao mesmo tempo, as Forças Navais dos EUA para a África e a Força Conjunta Aliada (JFC Nápoles), com sede em Lago Patria ( Nápoles).
- A cada dois anos, a JFC Nápoles assume o comando da Força de Resposta NATO, uma força conjunta para operações militares na "área de responsabilidade" do Comandante Supremo Aliado na Europa, que é sempre um general USA, e “para além dessa área”.
- No quartel general de Lago Patria, está em função desde 2017, o Hub da Direcção Estratégica para o Sul, um centro de inteligência/serviços secretos, ou seja, de espionagem, concentrado sobre o Médio Oriente e sobre África.
- Do comando de Nápoles depende a Sexta Frota, com base em Gaeta, que - informa a Vice Almirante USA, Lisa Franchetti - opera “do Polo Norte ao Polo Sul”.
Esta é a função de Nápoles no âmbito da NATO, definida pelo Presidente Mattarella, na mensagem de 4 de Novembro: "Uma aliança para a qual escolhemos livremente contribuir para a tutela da paz no contexto internacional, para a salvaguarda dos mais fracos e oprimidos e dos direitos humanos”.

il manifesto, 5 de Novembro de 2019

Tradutora: Maria Luísa de Vasconcellos

quarta-feira, 8 de janeiro de 2020

CHAVES PARA ENTENDER A CRISE FINANCEIRA E MONETÁRIA

A gestão das principais divisas ocidentais, tem como característica fundamental, nos últimos anos, estas serem constantemente diluídas pela compulsiva impressão monetária (de forma quase exclusivamente digital) pelos bancos centrais. 

Por outro lado, a compressão dos juros, ou mesmo os juros negativos, vai atribuir ao custo do dinheiro uma valoração anómala. Isto impede que se tenha em conta a preferência temporal: com efeito, (por hipótese) o emprestador aceita emprestar uma dada soma a juro X, sendo esse valor X o que pensa (e o mercado em geral, pensa) ser a justa compensação por diferir (por um certo prazo) a utilização desse mesmo dinheiro. 

Se o juro é praticamente nulo, ou mesmo negativo, os mercados ficam automaticamente incapazes de efectuar uma justa e apropriada avaliação de quaisquer investimentos. A preferência por opções especulativas é - em grande parte- resultante desta situação.

É o caso das acções, obrigações e derivados: trata-se sempre de um jogo de soma zero, ou seja, não existe, globalmente, qualquer acréscimo líquido de riqueza: o acréscimo de riqueza de uns, equivale - estritamente- a uma perda de riqueza de outros.

Os juros de referência dos bancos centrais, são os que eles podem realmente controlar. Estes, realmente, são apenas e somente os juros de curto prazo (o que inclui o «repo market»). Poucas pessoas se apercebem de que o juro de obrigações soberanas de longo prazo está, de facto, fora da capacidade de controlo dos bancos centrais. 


                                   
                
[Fig. 1: gráfico retirado do blog de Martin Armstrong; vê-se a descida do intervalo do juro de 10 anos para 2 anos até atingir uma inversão em Setembro de 2019] 

A preferência temporal obriga, em boa lógica, a que o emprestador de dinheiro a um prazo mais longo, queira um juro mais alto, do que a um prazo mais curto. Mas, quando a curva dos rendimentos (yield curve) se inverte, isso significa que os investidores têm grande desconfiança nas capacidades reais de pagamento das entidades emissoras de obrigações, no curto prazo.
 Foi exactamente o que se passou em Setembro de 2019. De cada vez que isso acontece, tem havido uma crise nos meses seguintes.  

                 
[Fig.2: gráfico retirado de artigo de Zero Hedge; mostra que o FED de Nova Iorque tinha quase cessado a intervenção no mercado de curto prazo, no final de Dez. de 2019. Mas, em Jan. 2020 voltou a colocar importâncias elevadas no mercado. No mercado de ainda mais curto prazo, o «over-night», a inversão é mais acentuada.]

Segundo Jamie Dimon, director do banco JP Morgan, «os bancos estão cheios de cash, só que têm muitas dúvidas sobre onde aplicá-lo». Traduzindo: a crise do mercado «repo» revela a enorme desconfiança dos bancos uns em relação aos outros, no que toca à sua liquidez ou mesmo, à sua solvabilidade. É esta a razão pela qual eles não querem financiar-se uns aos outros, no curto prazo, como era costume e normal fazerem antes. 
A entrada da FED neste mercado é muito reveladora: trata-se duma manobra de emergência para evitar o congelamento do mercado do empréstimo inter-bancário de curto prazo. A FED quis evitar o que sucedeu logo no início da grande crise de 2008: o congelamento dos mercados de empréstimo inter-bancário. 
Está patente o resultado desastroso da política monetária dos bancos centrais ocidentais, após uma década de «quantitative easing» e  de supressão dos juros. 

Mas, se o mercado de capitais inter-bancário não funciona de forma satisfatória, o que é que poderá funcionar «correctamente»? 
Note-se que, numa economia mundial onde domina largamente o capital financeiro, os fluxos de capital monetário são de importância crítica para o funcionamento global do sistema. 
Note-se também, que o mercado obrigacionista tem um volume dez vezes maior que o mercado das acções. 
Além disso, o preço do dinheiro é indicador universal, quer para os Estados, quer para as empresas ou para os particulares. 
É sempre indispensável ter em conta o valor dos juros, na avaliação dum qualquer investimento. Estrategicamente, um bom investimento no curto prazo pode ser um desastre no futuro, se não houver uma boa estimativa da evolução mais provável dos juros.

A partir do grande colapso de 2007-2009, os bancos centrais decidiram fazer «experimentação monetária» em larga escala. Encontram-se agora na situação proverbial do aprendiz de feiticeiro: não sabem como retornar ao funcionamento normal dos mercados.
A crise, realmente, está em marcha, mas o grande público continua na ignorância.
É uma crise real de todo o sistema: maior que os bancos centrais, que os Estados, que o FMI.
Inevitavelmente, a crise financeira rebentará, expondo a verdade sobre o presente sistema. 

O desencadear da guerra entre o Irão e os EUA irá permitir efetuar o famoso «reset», em benefício dos grandes bancos e transnacionais, e com a ruína das pequenas e médias empresas, atribuindo as culpas do «crash» à guerra com o Irão e não à completa insolvabilidade do sistema. 

sexta-feira, 6 de dezembro de 2019

CIMEIRA NATO, REFORÇA-SE O PARTIDO DA GUERRA [MANLIO DINUCCI]



                            NATO London summit

Macron falou de "morte cerebral" da NATO, outros definem-na como “moribunda”. Será que estamos, portanto, diante de uma Aliança que, sem uma cabeça pensante, está a desmoronar-se devido a fracturas internas? As brigas na Cimeira de Londres parecem confirmar tal cenário. No entanto, é necessário olhar para o âmago, para os interesses reais em que se fundamentam as relações entre os aliados.
Enquanto, em Londres, Trump e Macron discutem sob o olhar das objectivas, no Níger, sem tanta publicidade, o US Army Africa (Exército dos EUA para a África) transporta nos seus aviões de carga, milhares de soldados franceses e os seus armamentos, para vários postos avançados na África Ocidental e Central, para a Operação Barkhane, em que Paris lança 4.500 soldados, sobretudo das forças especiais, com o apoio das forças especiais dos EUA, também em acções de combate. Ao mesmo tempo, os drones armados Reaper, fornecidos pelos EUA à França, operam a partir da Base Aérea 101, em Niamey (Níger). Da mesma base, levantam voo os Reaper da US Air Force Africa (Força Aérea dos EUA para África), que estão agora redistribuídos na nova base 201, de Agadez, no norte do país, continuando a operar em conjunto com os franceses.
O caso é emblemático. Os Estados Unidos, a França e outras potências europeias, cujos grupos multinacionais competem para conquistar mercados e matérias primas, convergem quando os seus interesses comuns estão em jogo. Por exemplo, aqueles que têm no Sahel, riquíssimo em matérias primas: petróleo, ouro, coltan, diamantes, urânio. Mas agora os seus interesses nesta região, onde as taxas de pobreza estão entre as mais elevadas, estão ameaçados pelos levantamentos populares e pela presença económica chinesa. Daí o Barkhane que, apresentado como uma operação antiterrorista, força os aliados numa guerra de longa duração com drones e forças especiais.
O aglutinador mais forte que mantém a NATO unida é o interesse comum do complexo industrial militar de ambos os lados do Atlântico. Ele sai fortalecido da Cimeira de Londres. A Declaração final fornece a principal motivação para um aumento adicional da despesa militar: “As acções agressivas da Rússia constituem uma ameaça à segurança euro-atlântica”. Os Aliados comprometem-se não só a elevar a sua despesa militar a, pelo menos, 2% do PIB, mas a destinar, no mínimo, 20% dessa verba para a compra de armamentos. Objectivo já alcançado por 16 dos 29 países, entre os quais, a Itália. Os USA investem, para esse fim, mais de 200 biliões de dólares em 2019. Os resultados podem ser vistos. No mesmo dia em que se desenrolava a Cimeira da NATO, a General Dynamics assinou com a US Navy, um contrato de 22,2 biliões de dólares, ajustável a 24 biliões, para o fornecimento de 8 submarinos da classe Virgínia, para operações especiais e missões de ataque com Mísseis Tomahawk, também com ogiva nuclear (40 por submarino).
Acusando a Rússia (sem nenhuma prova) de ter instalado mísseis nucleares de alcance intermédio e de ter, assim, destruído o Tratado INF, a Cimeira decide “o reforço adicional da nossa capacidade de nos defendermos com uma combinação apropriada de capacidades nucleares, convencionais e anti-mísseis, que continuaremos a adaptar: enquanto houver armas nucleares, a NATO permanecerá uma aliança nuclear”. Neste contexto, insere-se o reconhecimento do Espaço como o quinto campo operacional; por outras palavras, anuncia-se um programa espacial militar da Aliança, extremamente caro. É um cheque em branco dado em unanimidade, pelos Aliados, ao complexo industrial militar.
Pela primeira vez, com a Declaração da Cimeira, a NATO fala do “desafio” proveniente da crescente influência e da política internacional da China, sublinhando “a necessidade de enfrentá-la como uma Aliança”. A mensagem é clara: a NATO é mais do que nunca necessária a um Ocidente cuja supremacia está hoje a ser desafiada pela China e pela Rússia. Resultado imediato: o Governo japonês anunciou ter comprado, por 146 milhões de dólares, a ilha desabitada de Mageshima, a 30 km das suas costas, para usá-la como um local de treino de caça-bombardeiros americanos instalados contra a China.

il manifesto, 6 de Dezembro de 2019


Manlio DinucciGeógrafo e geopolitólogo. Livros mais recentes: Laboratorio di geografia, Zanichelli 2014 ; Diario di viaggio, Zanichelli 2017 ; L’arte della guerra / Annali della strategia Usa/Nato 1990-2016, Zambon 2016, Guerra Nucleare. Il Giorno Prima 2017; Diario di guerra Asterios Editores 2018; Premio internazionale per l'analisi geostrategica assegnato il 7 giugno 2019 dal Club dei giornalisti del Messico, A.C.
Tradutora: Maria Luísa de Vasconcellos 
Email: luisavasconcellos2012@gmail.com
Webpage: NO WAR NO NATO

terça-feira, 17 de dezembro de 2019

[Manlio Dinucci] 3 triliões de dólares no poço sem fundo afegão

                             
A Arte da guerra: 
Três Triliões de Dólares no Poço Sem Fundo Afegão
Manlio Dinucci


Na Declaração de Londres (3 de Dezembro de 2019), os 29 países da NATO reafirmaram “o empenho na segurança e na estabilidade, a longo prazo, do Afeganistão”. Uma semana depois, de acordo com a “Lei da Liberdade de Informação” (usada para esvaziar, depois de vários anos, alguns esqueletos dos armários, de acordo com a conveniência política), o Washington Post tornou públicas 2.000 páginas de documentos que “revelam que as autoridades americanas enganaram o público sobre a guerra do Afeganistão”. Essencialmente, ocultaram os efeitos desastrosos e também as implicações económicas, de uma guerra em curso há 18 anos.

Os dados mais interessantes que surgem são os dos custos económicos:

Ø Para as operações militares, foram desembolsados 1.5 triliões de dólares, cifra que “permanece opaca” - por outras palavras, subestimada - ninguém sabe quanto despenderam na guerra os serviços secretos ou quanto custaram, realmente, as empresas militares privadas, os mercenários recrutados para a guerra (actualmente, cerca de 6 mil).

Ø Visto que “a guerra foi financiada com dinheiro tomado de empréstimo”, os juros atingiram 500 biliões, o que eleva a despesa para 2 triliões de dólares.

Ø Acrescentam-se a esta verba, outros custos: 87 biliões para treinar as Forças afegãs e 54 biliões para a “reconstrução”, grande parte dos quais “foram perdidos devido à corrupção e aos projectos fracassados”.

Ø Pelo menos, outros 10 biliões foram gastos na “luta contra o tráfico de drogas”, com o bom resultado de que a produção de ópio aumentou fortemente: hoje o Afeganistão fornece 80% da heroína aos traficantes de drogas do mundo.

Ø Com os juros que continuam a acumular-se (em 2023, chegarão a 600 biliões) e o custo das operações em curso, a despesa supera, amplamente, os 2 triliões.

Ø Também é preciso considerar o custo da assistência médica aos veteranos, saídos da guerra com ferimentos graves ou inválidos. Até agora, para os que combateram no Afeganistão e no Iraque, foram despendidos 350 biliões que, nos próximos 40 anos, subirão para 1.4 triliões de dólares.

Visto que mais da metade dessa verba, é gasta com os veteranos do Afeganistão, o custo da guerra, para os EUA, sobe para cerca de 3 triliões de dólares.

Após 18 anos de guerra e um número não quantificável de vítimas entre os civis, ao nível militar, o resultado é que “os Taliban controlam grande parte do país e o Afeganistão permanece uma das principais áreas de proveniência de refugiados e migrantes”.

Portanto, o Washington Post conclui que, dos documentos vindos a público, surge “a dura realidade dos passos falsos e dos fracassos do esforço americano em pacificar e reconstruir o Afeganistão”. Desta maneira, o prestigioso jornal, que demonstra como as autoridades americanas “enganaram o público”, por sua vez engana o público, ao apresentar a guerra como “um esforço americano para pacificar e reconstruir o Afeganistão”.

O verdadeiro objectivo da guerra conduzida pelos EUA no Afeganistão, na qual a NATO participa, desde 2003, é o controlo dessa área de importância estratégica fundamental na encruzilhada entre o Médio Oriente, a Ásia Central, Meridional e Oriental, sobretudo, na periferia da Rússia e da China.

Nesta guerra participa a Itália, sob o comando USA, desde que o Parlamento autorizou, em Outubro de 2002, o envio do primeiro contingente militar, a partir de Março de 2003. A despesa italiana, subtraída ao erário público, tal como a dos EUA, é estimada em cerca de 8 biliões de euros, à qual se junta vários custos indirectos.

Para convencer os cidadãos, atingidos pelos cortes nas despesas sociais, de que são necessários outros fundos para o Afeganistão, diz-se que eles servem para trazer melhores condições de vida ao povo afegão. E os Frades do Sagrado Convento de Assis deram ao Presidente Mattarella, a “Lâmpada da Paz, de São Francisco”, reconhecendo assim, que “a Itália, com as missões dos seus militares, colabora activamente para promover a paz em todas as partes do mundo.”

il manifesto, 17 de Dezembro de 2019

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DECLARAÇÃO DE FLORENÇA
Para uma frente internacional NATO EXIT, 
em todos os países europeus da NATO


Manlio DinucciGeógrafo e geopolitólogo. Livros mais recentes: Laboratorio di geografia, Zanichelli 2014 ; Diario di viaggio, Zanichelli 2017 ; L’arte della guerra / Annali della strategia Usa/Nato 1990-2016, Zambon 2016, Guerra Nucleare. Il Giorno Prima 2017; Diario di guerra Asterios Editores 2018; Premio internazionale per l'analisi geostrategica assegnato il 7 giugno 2019 dal Club dei giornalisti del Messico, A.C.

Tradutora: Maria Luísa de Vasconcellos 
Email: luisavasconcellos2012@gmail.com
Webpage: NO WAR NO NATO

terça-feira, 5 de fevereiro de 2019

«LA BRUTE (A BESTA)» - ARTIGO DE MICHEL ONFRAY

                     


“Je suis le fruit d’une forme de brutalité de l’Histoire.” Macron, le 13 février 2018, devant la presse présidentielle.
Certes, l’État définit bien ce Moloch qui dispose du monopole de la violence légale: mais pour quoi faire? Sauf irénisme radical, la nature humaine étant ce qu’elle est, il n’est en effet pas question d’imaginer un monde dans lequel on n’aurait plus besoin d’armée ou de police, de tribunaux ou de prisons, de loi et de droit. Si l’on estime qu’un violeur n’est pas un violé, un agresseur un agressé, un voleur un volé, un pilleur un pillé, un frappeur un frappé, il faut bien qu’une série de mécaniques sociales permette d’appréhender le violeur, l’agresseur, le volé, le frappeur afin de le déférer aux tribunaux qui jugent des faits en regard de la loi et du droit, et envoient la personne jugée coupable purger sa peine au nom de la réparation du violé, de l’agressé, du volé, du pillé, du frappé, mais aussi dans la perspective de protéger d’autres citoyens de la dangerosité de ces délinquants. Qu’il existe des circonstances aggravantes ou atténuantes, que chacun, quel que soit ce qu’on lui reproche, ait droit à la défense, puis à la réparation une fois la peine accomplie, tout cela est acquis.
La violence légale suppose qu’elle puisse être utilisée afin de maintenir la légalité -ce devrait être une lapalissade… Or, quand, mi-septembre 2018, les gilets-jaunes font savoir, au début de leur colère, que leur pouvoir d’achat ne leur permettra pas de payer des taxes supplémentaires que le pouvoir inflige en augmentant le prix des carburants à la pompe, ils ne mettent pas en péril la démocratie et la République puisqu’ils en appellent aux articles 13 et 14 de la Déclaration des droits de l’homme et, ne l’oublions pas, du citoyen. Par leur mouvement, ils revendiquent l’un de ces droits que ce texte majeur leur accorde. Je l’ai déjà signalé, mais rappelons en effet que l’article 13 de la Déclaration des droits de l’homme dit ceci: “Pour l’entretien de la force publique, et pour les dépenses de l’administration, une contribution commune est indispensable; elle doit être également répartie entre tous les citoyens, en raison de leurs facultés.” Et l’article suivant, ceci: “Les citoyens ont le droit de constater par eux-mêmes ou par leurs représentants, la nécessité de la contribution publique, de la consentir librement, d’en suivre l’emploi et d’en déterminer la quotité, l’assiette, le recouvrement et la durée.” Les gilets-jaunes n’ont pas refusé l’impôt, comme la propagande médiatique le rabâche depuis des semaines afin de les assimiler aux populismes fascisants, mais ils font juste savoir qu’ils n’ont plus financièrement les moyens de les payer! D’un point de vue gouvernemental, une réponse appropriée aurait permis d’étouffer la colère dans l’œuf. Au lieu de cela, la riposte a été tout de suite belliqueuse: c’est l’origine de la violence.
Ce bellicisme a pris la forme que l’on sait: des éléments de langage du pouvoir macronien ont été fournis puis abondamment relayés par les “élites”: le mouvement des gilets-jaunes était une jacquerie d’extrême-droite, une revendication populiste qui sentait sa chemise brune, un mouvement qui puait le “facho”. BHL le fit savoir illico en même temps que… Mélenchon et Clémentine Autain, Coquerel et la CGT qui rejoignaient ainsi dans leur concert populicide tous les éditorialistes de la presse maastrichtienne.
Macron n’est pas bien malin, car Pompidou mit fin à Mai 68 avec un cynisme qui aurait pu l’inspirer: deux inconnus à l’époque, il s’agit d’Henri Krasucki de la CGT, donc du PCF, et Jacques Chirac, alors secrétaire d’Etat à l’emploi auprès du ministre des Affaires sociales, se rencontrent dans le cabinet d’un avocat communiste. Chirac dira qu’il s’agissait d’une chambre de bonne et prétendra qu’il s’y était rendu armé… Il y aura plusieurs réunions avant qu’officiellement le sécrétaire général de la CGT, Georges Séguy, et les autres syndicats ne rencontrent Chirac et… Balladur, alors conseiller de Chirac, pour préparer ce qui deviendra les Accords de Grenelle. La négociation a grandement payé: hausse des salaires spectaculaires, augmentation du SMIC sans précédant, réduction de la durée hebdomadaire du temps de travail, élargissement du droit syndical, coup de pouce aux allocations familiales, augmentation de la prestation offerte aux personnes âgées, paiement des journées de grève, baisse du ticket modérateur de la sécu. La CGT revient auprès de sa base avec ces propositions: les ouvriers refusent; les accords signés unilatéralement par le pouvoir sont tout de même appliqués -déjà la collusion des pouvoirs gouvernementaux et syndicaux, les fameux corps intermédiaires. Le travail reprend quelques jours plus tard. Le pouvoir joue sur l’inflation: deux ou trois ans après, les avantages consentis disparaissent avec l’augmentation du coût de la vie. Exit Mai 68! Leçon de cynisme politique, mais également leçon sur le cynisme de ce qu’il est donc convenu d’appeler les corps intermédiaires: le pouvoir néo-gaulliste et le pouvoir néo-communiste se séparaient moins sur leurs options politiques qu’ils ne se rassemblaient sur ce fromage qu’est toujours la représentation qui permet de laisser croire au peuple qu’on travaille pour lui alors qu’on œuvre bien souvent à ses dépens pour sa seule boutique.
Revenons aux gilets-jaunes: Macron fait annoncer par son premier ministre un moratoire sur le prix de l’essence début décembre. Mais un moratoire est la formule qui permet de reculer pour mieux sauter -en l’occurrence: sauter par-dessus les élections européennes pour lesquelles, chacun l’a désormais bien compris, le président de la République est en campagne. C’est la raison pour laquelle il instrumentalise la crise des gilets-jaunes pour son propre compte et celui du camp maastrichtien. Il n’y a pas d’autres raisons à son Grand Débat national puisqu’il a bien pris soin d’en donner la règle du jeu dès le départ: on parle -enfin: il parle-, mais pas question de changer de cap. Pourquoi donc parler? A quoi bon? Pour quoi faire?
Après l’annonce d’un moratoire pour signifier qu’on accorde un délai avant d’actionner tout de même la guillotine, première violence symbolique, il y a eu l’assimilation par le président de la République des gilets-jaunes à “une foule haineuse” constituée d’antisémites, d’homophobes, de racistes lors des vœux de 2019, ce fut la deuxième violence symbolique. Elle a été suivie par une troisième avec cette annonce de LA solution avec un Grand Débat national doublé du refus d’un changement de cap. D’autres violences sont depuis régulièrement infligées. Ainsi avec cette série de gifles distribuées au grès de ses apparitions publiques: une quatrième à la galette des rois quand le prince fait savoir que tous les Français n’ont pas le goût de l’effort en laissant entendre que c’est le cas des gilets-jaunes (11 janvier 2019); une cinquième lors d’un meeting présenté comme un débat, quand il affirme, que, parmi certains qui touchent les minimas sociaux, “il y en a qui déconnent” (15 janvier 2019) en n’ignorant pas que cette catégorie sociologique est surreprésentée chez les gilets-jaunes; une sixième en faisant savoir de façon quelque peu méprisante, toujours lors d’un de ces meetings de campagne maastrichtien, que “la vraie réforme, elle va avec la contrainte, les enfants! C’est pas open bar. Le bar, c’est le nôtre.” (24 janvier 2019 à Bourg-de-Péage) -la vraie réforme, c’est donc la sienne, pas celle des gilets-jaunes; les “enfants” qu’on toise de façon méprisante, ce sont ces mêmes gilets-jaunes; et la mention du bar, c’est encore aux GJ que l’image s’adresse, on ne peut mieux dire que, pour le chef de l’Etat, les gilets-jaunes sont de faux réformateurs qui pensent comme des enfants assimilés à des piliers de bistrot…
Ces violences symboliques sont copieusement démultipliées par le pouvoir médiatique maastrichtien. On l’a vu. Il s’agit d’assimiler les gilet-jaunes à des gens violents et tout ce qui peut illustrer cette thèse se trouve savamment mis en images et en mots par les médias qui se contentent de relayer les éléments de langage venus de la cellule communication de l’Elysée, de celle de Matignon ou bien encore de celle du ministère de l’Intérieur. Macron est un enfant-roi colérique et intolérant à la frustration, Edouard Philippe un animal à sang froid bien cravaté, propre sur lui et poli, Castaner un gouailleur ayant gardé quelques habitudes de son ancienne fréquentation du milieu marseillais, mais c’est le même discours: les gilets-jaunes sont violents, ils attaquent la République, y compris avec un transpalette moins gros qu’une voiture sans permis, ils mettent en péril la démocratie, ils annoncent une révolution néo-fasciste… BHL prête sa chemise à ces discours. Les éditorialistes pensent comme cette chemise. D’autres “intellectuels” offrent une partie de leur anatomie à cette même chemise.
Cette violence symbolique, dont le bras armé est constitué par les médias du système, se double d’une violence policière. On sait que les mots tuent, mais pour ce faire, il leur faut des acteurs violents: le pouvoir en dispose avec un certain nombre de gens de justice et de gens de la police qui, sachant qu’ils bénéficient d’une couverture venue du ministère de l’Intérieur, donc de Matignon, donc de l’Elysée, donc d’Emmanuel Macron, s’en donnent à cœur joie.
Je me suis retrouvé sur un plateau de télévision avec Jean-Marc Michaud, qui a perdu un œil à cause d’un tir de flash-ball. Il a dit toute sa colère contre le tireur -et je le comprends. C’est le premier mouvement, quand on a été violenté, de vouloir riposter de la même manière. On reçoit un coup, on n’a pas envie d’autre chose que de le rendre au centuple. Le cerveau reptilien fait la loi tant que le cortex n’effectue pas son travail.
Certes, il y a une responsabilité du tireur: mais si ce tireur sait qu’il aura des comptes à rendre à la justice si sa hiérarchie lui reproche de s’être mal comporté en ne respectant pas les procédures -dont celle, majeure, de ne jamais viser la tête…-, alors il se comportera probablement autrement.
Mais, quand on sait pouvoir bénéficier de l’impunité du pouvoir, alors on tire ou on tabasse sans état d’âme et, pour l’avoir constaté par moi-même à Caen, avec certains spectateurs de ces opérations, une jubilation non feinte à cogner, taper, tabasser, projeter violemment au sol, menotter, mais aussi, dans certains cas sur lesquels je me penche ces temps-ci: dénuder et palper…
J’ai déjà dit ailleurs que je supposais que certains policiers noyautaient les casseurs pour nourrir la thèse du pouvoir selon laquelle tous les gilets-jaunes sont violents. Après que j’ai donné cette information, d’aucun parmi les gilets-jaunes m’ont fait savoir par courrier qu’ils en détenaient les preuves. Je reviendrai sur ce sujet le moment venu.
Mais sans se focaliser sur ce cas particulier, il suffit de lire, sous la plume du maire divers droite, donc pas un gauchiste, Xavier Lemoine, une intéressante information. Il affirme dans Le Figaro qu’en tant que maire de Montfermeil, il a constaté que “la police a moins réprimé les émeutes en banlieues en 2005 que les Gilets Jaunes” (29 janvier 2019). Tout est dit.
Le maire constate qu’en 2005 il n’y a eu aucun mort et peu de blessé parmi les émeutiers bien que ces derniers aient choisi la violence comme unique moyen d’expression. Il en donne la raison: la police avait alors choisi une opération de maintien de l’ordre et non, comme Macron, une logique de répression. Or, maintenir l’ordre n’est pas réprimer. Ce sont deux choix politiques extrêmement différents idéologiquement, politiquement, stratégiquement, tactiquement -et aussi moralement. Emmanuel Macron a sciemment choisi de réprimer et non pas de maintenir l’ordre. Le chef de l’Etat n’a donc pas voulu contenir les violences revendicatives mais déchaîner les violences d’Etat. C’est à dessein.
Xavier Lemoine constate que le choix du maintien de l’ordre vise, comme les mots l’indiquent, à chercher avant tout à maintenir l’ordre, donc à éviter le désordre. J’y reviens: on ne me fera pas croire que laisser dépaver l’avenue des Champs-Elysées sous les objectifs des caméras de BFMTV pendant presque une heure ne témoigne pas du fait que le forces de l’ordre n’avaient pas eu pour consigne d’empêcher le désordre, c’était facile à faire sans violence, mais, au contraire, de le favoriser en laissant ces pavés devenir des projectiles en attente de leurs cibles humaines ou matérielles…
Parlant de sa ville, Xavier Lemoine dit: “En 2005, la totalité (sic) des revendications se sont exprimées par la violence. Or, à l’époque, les forces de l’ordre ont adopté le mode d’intervention le plus approprié qui soit pour faire retomber cette violence. D’un point de vue technique, leur attaque a été souple et remarquable. Alors qu’ils étaient pris pour cibles par les émeutiers, policiers et gendarmes ont montré une grande retenue dans l’usage de la force. Aujourd’hui, au contraire, nul ne peut prétendre que toutes les revendications des ‘gilets jaunes’ s’expriment par la violence. En outre, en 2005, il n’y avait aucune femme parmi les émeutiers, alors que les femmes sont présentes massivement dans les rangs des ‘gilets jaunes’. Ne pas le prendre en compte, c’est se priver d’un élément d’analyse fondamental. Contrairement à ce que la puissance des images peut laisser penser, la majorité des ‘gilets jaunes’ ne participe pas aux violences condamnables commises lors de ce mouvement. Pourtant, depuis le samedi 8 décembre, les forces de l’ordre privilégient la répression, et non le maintien de l’ordre.” Au journaliste qui lui demande de préciser ce qui distingue maintien de l’ordre et répression, Xavier Lemoine répond: “Le maintien de l’ordre consiste d’une part à permettre à une manifestation de s’écouler de la manière la plus pacifique qui soit, et d’autre part contenir la violence en vue de la faire diminuer. Cet objectif n’interdit pas aux policiers d’intervenir contre des personnes déterminées à des actes de violence” -je songe à ceux qui dépavent l’avenue des Champs Elysées…
Il poursuit: “Mais il est toujours laissé aux manifestants pacifiques des portes de sortie. Les intéressés peuvent ainsi quitter les lieux quand ça dégénère. La répression, elle, consiste à en découdre contre des groupes sans faire nécessairement la distinction entre les individus violents et les manifestants paisibles, qui peuvent se trouver loin d’eux. Or, dans la crise actuelle, les forces de l’ordre recourent trop souvent aux ‘nasses’, qui l’empêchent les personnes encerclées de quitter les lieux. Il est facile alors de faire des amalgames entre des manifestants très différents. Parmi les éborgnés, combien avaient cassé des vitrines, retourné des voitures, pillé des magasins? De même, le souci de différencier les casseurs ‘confirmés’ et les primo-délinquants devrait être beaucoup plus net.” Pour Xavier Lemoine, les forces de l’ordre obéissent à un pouvoir qui a choisi la répression et la brutalité. Elles obéissent. Le responsable, donc le coupable, est celui qui donne l’ordre. Et, comme on ne peut imaginer que Castaner ou Philippe prennent la décision seuls, c’est au chef de l’Etat qu’il faut imputer le choix de la répression, donc chaque blessure infligée. Quand ce même chef de l’Etat affirme éhontément en Egypte que les forces de l’ordre n’ont causé aucun mort alors qu’on leur doit celle de madame Redoine à Marseille, il ment. Et il est personnellement responsable de cette mort [1]. La brute, c’est lui.
Lisons encore Xavier Lemoine: “Je n’incrimine en rien les forces de l’ordre, qui obéissent, comme il est naturel, aux instructions du ministre de l’Intérieur. Mais je blâme ces instructions, qui me paraissent traduire une volonté de monter aux extrêmes, d’accroître la violence pour justifier une répression. Je n’ai aucune complaisance pour les violences préméditées des casseurs ou des groupuscules extrémistes. Mais la responsabilité du politique est aussi de savoir désamorcer un cri de détresse, au lieu de l’alimenter en diabolisant les ‘gilets jaunes’. Jamais les gouvernants, en 2005, n’ont tenu des propos aussi méprisants envers les émeutiers d’alors. Actuellement, une partie importante des violences émane de manifestants sans casiers judiciaires, désespérés et chauffés à blanc. Ils se sentent provoqués par la rigidité de la riposte de la police. La dynamique de foule aidant, ils se ‘radicalisent’. Leur réflexe vital s’exprime de façon brutale. En 2005 aucune manifestation n’avait été déclarée en préfecture et toutes dégénéraient en émeutes. Pourtant, à l’époque, en Seine-Saint-Denis, il n’y a eu aucune charge de CRS, ni de policiers à cheval. Aujourd’hui, si. Voilà quatorze ans, les forces de l’ordre n’ont pas recouru au tir tendu, à l’horizontal, à face d’homme et à courte distance. Aujourd’hui, si. Pourquoi ces deux poids, deux mesures de l’Etat entre les émeutes urbaines de 2005 et les scènes d’émeutes des ‘gilets jaunes ‘? Je ne juge pas que les forces de l’ordre ont été laxistes en 2005 ; j’affirme qu’elles sont trop ‘dures’ aujourd’hui.”
Que le président Macron ait choisi la ligne dure de la répression contre la ligne républicaine du maintien de l’ordre est donc avéré. Il a donc à son service la presse maastrichtienne, autrement dit les médias dominants, dont ceux du service public audiovisuel, il a mis à son service la police, l’armée, donc les forces de l’ordre, il a également essayé d’y adjoindre la machine judiciaire. Ce dont témoigne un article du Canard enchaîné (30 janvier 2019) intitulé “Les incroyables consignes du parquet sur les gilets jaunes”, qui rapporte dans le détail comment le ministère dit de la Justice a communiqué par courriel avec les magistrats du parquet de Paris sur la façon de traiter les gilets-jaunes: après une arrestation, même si elle a été effectuée par erreur, il faut tout de même maintenir l’inscription au fichier du traitement des antécédents judiciaires (TAJ), y compris “lorsque les faits ne sont pas constitués”. Le courrier précise également qu’il faut ficher, même si “les faits sont ténus” et même dans le cas avéré “d’une irrégularité de procédure”! Dans ces cas-là, arrestation par erreur, infraction non motivée, irrégularité de procédure, il est conseillé de maintenir les gardes à vue et de ne les lever qu’après les manifestations du samedi afin d’éviter que les citoyens fautivement interpellés puissent exercer leur droit de grève, faut-il le rappeler, un droit garanti par la Constitution? Alinéa 7 du préambule…
Ajoutons à cela que le projet de loi dit “anti casseurs” proposé par Macron se propose purement et simplement d’instaurer une présomption de culpabilité à l’endroit de quiconque serait suspecté d’être sympathisant de la cause des gilet jaune. Suspecté par qui? Par la même justice à laquelle le pouvoir demande, premièrement, de conserver en garde à vue une personne même arrêtée par erreur, deuxièmement, de ne la relâcher qu’après la fin des manifestations, troisièmement, d’agir de même y compris dans le cas d’une erreur de procédure, quatrièmement, de ne pas se soucier du fait que les faits soient avéré, la ténuité suffisant pourvu que la justice macronienne soutenue par la police macronienne elle-même au ordre de l’idéologie macronienne, qui est purement et simplement celle de l’Etat maastrichtien, aient décidé qu’il en soit ainsi. Mélenchon a pu parler à ce propos du retour de la lettre de cachet, il n’a pas tort sur ce sujet.
La violence généalogique, celle qui s’avère fondatrice des premières revendications des gilets-jaunes, c’est d’abord et avant tout celle qu’impose le système politique libéral installé de façon impérieuse par l’Etat maastrichtien depuis 1992. Quand Macron dit que les racines du mal sont anciennes, il ne le sait que trop, car il est l’un des hommes dont la courte vie a été entièrement consacrée à l’instauration de ce programme libéral qui s’avère fort avec les faibles, on le voit dans les rues depuis douze semaines, et faible avec les forts, on le constate avec la législation qui leur est favorable -de la suppression de l’ISF au refus de s’attaquer aux paradis fiscaux en passant par la tolérance du fait que les GAFA échappent à l’impôt.
La violence de cet Etat maastrichtien sur les plus faibles, les plus désarmés, les moins diplômés, les plus éloignés de Paris ou des mégapoles françaises; la violence de cet Etat maastrichtien sur les plus précaires en tout, sur les gens modestes qui portent tout seul le poids d’une mondialisation heureuse pour d’autres qui les conchient à longueur d’apparitions médiatiques; la violence de cet Etat maastrichtien sur les oubliés des nouvelles compassions du politiquement correct; la violence de cet Etat maastrichtien sur les femmes seules, les mères célibataires, les veuves aux pensions de retraite amputées, les femmes contraintes de louer leur utérus pour qu’on y dépose un sperme mercenaire, les victimes des violences conjugales surgies de la misère, les jeunes garçons ou les jeunes filles qui se prostituent pour payer leurs études; la violence de cet Etat maastrichtien sur les ruraux privés jour après jour du service public que leurs impôts indirects financent pourtant; la violence de cet Etat maastrichtien sur les paysans qui se pendent tous les jours parce que la profession de foi écologiste des maastrichtiens urbains ne s’encombre pas d’écologie quand il s’agit de l’assiette des Français qu’ils remplissent de viandes avariées, de produits toxiques, de chimie cancérigène, d’aliments en provenance du bout de la planète sans souci de la trace carbone et qui peuvent même être bios; la violence de cet Etat maastrichtien sur les générations d’enfants crétinisés par une école qui a cessé d’être républicaine et qui laisse aux seuls filles et fils de la possibilité de s’en sortir non pas grâce à leur talents, mais avec l’aide du piston de leurs familles bien nées; la violence de cet Etat maastrichtien qui a prolétarisé des jeunes n’ayant plus pour seul espoir que la sécurité de l’emploi du policier, du gendarme, du militaire ou du gardien de prison et dont le métier consiste à gérer par la violence légale les déchets du système libéral; la violence de cet Etat maastrichtien sur les petits patrons, les commerçants, les artisans qui ignorent les vacances, les loisirs, les week-end, les sorties -ces violences là, oui, sont les violences premières. Ce sont celles qui n’ont pas généré de violence, mais juste une première manifestation contre l’augmentation du plein d’essence.
La réponse du pouvoir, donc de Macron, à cet aveu de pauvreté des pauvres a été tout de suite la criminalisation idéologique. Les médias aux ordres ont crié au loup fasciste. Depuis plusieurs mois, c’est leur pain quotidien: selon les riches qui les gouvernent, les pauvres seraient donc antisémites, racistes, homophobes, violents, complotistes -“salauds” dit-même BHL chez Ruquier. C’est la vielle variation sur le thème: classes laborieuses, classes dangereuses. C’est l’antienne de tous les pouvoirs bourgeois quand ils ont peur.
Le pouvoir de l’Etat maastrichtien manœuvre assez bien pour que, jusqu’à ce jour, sa responsabilité ne soit jamais mise en cause! C’est pourtant lui le problème! C’est tellement lui le problème que Macron veut en faire la solution en expliquant que le problème de l’Europe libérale; c’est qu’il n’y en a pas assez alors que les gilets-jaunes lui disent justement qu’il y en a trop -non pas d’Europe, mais de libéralisme.
Dès lors, le chef de l’Etat mobilise les médias qui désinforment, la police qui traque le manifestant, la justice qui les coffre sévèrement, la prison qui les parque quand l’hôpital ne les soigne pas après tabassages. A partir de quel moment comprendra-t-on que nous disposons là des pièces d’un puzzle despotique?
Michel Onfray
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[1] Pour mémoire :
Source : Michel Onfray, février 2019