Não é meu costume reproduzir um vídeo tão longo, porém julgo que é importante fazê-lo porque a media ocidental não está interessada em que as pessoas oiçam e vejam na íntegra este documento. Qualquer que seja a visão de quem vê isto, terá a entrevista inteira, não momentos seleccionados, podendo assim fazer uma opinião mais informada. Os assuntos discutidos são muito importantes em geral, para a questão da guerra e da paz e, em particular, devido às novas revelações russas sobre armas estratégicas.
Desde a brutal e inconclusiva guerra da Coreia, os dois regimes - a Coreia do
Norte e Coreia do Sul - viviam numa situação de tréguas instável.
A Coreia
do Norte evoluiu para um curioso regime totalitário de carácter
autárcico, uma «monarquia vermelha», com uma sucessão hereditária de líderes
carismáticos, até ao actual líder, Kim Jong Un.
A Coreia do Sul
viveu intensa repressão anti-comunista e anti-trabalhadores, tendo-se libertado
dos aspectos mais odiosos da repressão através de um levantamento popular, nos
anos oitenta. Mas o regime foi sempre oficialmente anti-comunista, totalmente
alinhado com os EUA, os quais tinham neste período - pelo menos, até há bem
pouco tempo - ditado qual deveria ser a atitude da Coreia do Sul, sua aliada
nominalmente, mas na verdade sua colónia. Os sessenta mil militares
estacionados permanentemente em diversas bases, dispunham de armamento
sofisticado de defesa e de ataque. Sabe-se que passaram por estas bases ogivas
nucleares americanas, sem que estes dessem conta aos políticos e militares do
regime do Sul.
Para a estratégia
dos EUA, a Coreia do Sul tem constituído uma peça-chave do seu
dispositivo. Com efeito, a existência daquele outro Estado arque-inimigo - a
Coreia do Norte- tem sido muito conveniente, como pretexto para manter forças
importantes em estado operacional permanente desde há vários decénios, não
apenas na Coreia do Sul, como também no Japão. Graças a este pretexto, os EUA
dispõem de meios de exercer chantagem militar sobre a China, ou Rússia, visto
poderem também alcançar com seus mísseis, o extremo oriente russo.
Depois do fim
oficial da «guerra fria» em 1991, com a dissolução da URSS e o desfazer-se do
Pacto de Varsóvia, o regime Norte-Coreano, arcaico e super-repressivo foi
mantido, não por milagre, mas porque todos os vizinhos encontravam aí algo a
ganhar.
A Coreia do Sul
tinha um inimigo cuja ameaça tornava indispensável que o «Tio Sam» ajudasse e
protegesse a «frágil democracia» do Sul, dos «constantes intentos subversivos»
dos «comunistas» do Norte.
Os Chineses,
possuíam um aliado incómodo, mas apreciavam a existência de um «tampão» entre
as suas fronteiras e os dispositivos militares dos EUA, em bases permanentes e
dotadas de todo o arsenal bélico, para atingir o território da R.P. da
China.
Os russos, tinham
os mesmos motivos que os Chineses, em relação ao papel da Coreia do Norte como
«Estado tampão».
Os japoneses
também tinham vantagem, pois assim conseguiam manter a protecção dos EUA. Além
disso viam com bons olhos que a Coreia do Sul, seu concorrente
industrial, continuasse a braços com este problema, obrigada a
desviar somas colossais dos recursos do Estado coreano para a defesa, incluindo
a manutenção dum exército em pé de guerra permanente, para enfrentar uma
hipotética invasão, ou qualquer provocação vinda do «irmão inimigo» do
Norte.
A abertura da
Coreia do Sul à R.P. da China, os laços de comércio (70% do Comércio
Sul-coreano é actualmente com a R. P. da China) e as políticas de boa
vizinhança, além da existência de um grande cansaço da população em geral e
mesmo de parte da oligarquia sul-coreana, perante este estado de guerra
suspenso «sem fim à vista», levou a que, no início do novo milénio, a liderança
de um presidente da «esquerda moderada» levasse a cabo a «Sunshine Policy» de
abertura à Coreia do Norte: através de pequenos passos, do levantamento de
certas restrições, da implantação de uma zona industrial na Coreia do Norte,
onde as empresas do Sul poderiam investir, aproveitando baixos salários e boas
condições de funcionamento garantidas pelo regime do Norte, etc. Esta política
foi posta em causa - embora não completamente - pelos governos conservadores
que lhe sucederam.
Apenas com este
novo presidente, Moon, as coisas se modificaram. Desta vez, os Jogos
Olímpicos de Inverno foram ocasião para uma grande operação de
«degelo» e de diplomacia desportiva, como todo o Mundo pode testemunhar. Os
contactos prosseguem actualmente.
As duas Coreias
finalmente dialogam entre elas, sem pedirem autorização a nenhum dos
«protectores». A presidência dos EUA, apesar de uma série de afirmações
deselegantes e provocatórias do seu vice-presidente, durante os jogos Olímpicos
de Inverno, viu-se na obrigação de apoiar o novo rumo das relações, segundo o
conhecido ditado «se não os podes derrotar, junta-te a eles».
Tudo isto vai
evoluir; de uma forma ou de outra, nada ficará como dantes.
O destino que o
regime Norte Coreano tiver, oxalá dependa apenas e somente da vontade dos seus
cidadãos. Não acredito que, face a uma maior abertura ao mundo, havendo uma
garantia de não-ingerência, o status quo permaneça intacto por muito
tempo.
Ocorreram outras
transições de regimes totalitários, «vermelhos» ou não: nada garante porém que,
no caso da Coreia do Norte, se caminhe para um maior respeito pelos direitos
humanos, pelos direitos de participação política na sua plenitude. Mas não
há dúvida que, no interior do próprio regime, se irão fazer ouvir vozes
clamando por mudança.
A minha natureza,
essencialmente optimista, em relação à espécie humana, faz-me crer
profundamente que os povos, quando deixam de estar sujeitos ao medo, encontram
naturalmente o caminho próprio para a felicidade.
A felicidade deles
também é a nossa, pois significa - não meramente em termos simbólicos -
que a página da «guerra fria», esse longo período de grave ameaça para a Paz
mundial, estará definitivamente virada.
Com a redução para metade das compras mensais do BCE de 60, para 30 biliões em activos dos bancos e obrigações soberanas, os mercados do velho continente já estão a sofrer. O suposto estímulo não estimulou senão uma dependência, como um junkie, que depende da sua injecção quotidiana de heroína monetária, para continuar a fingir que está activo e que existe um mercado, que existem instituições financeiras solventes, que existem estados não falidos, para não falarmos da dívida sempre crescente de grande número de empresas, especialmente as empresas familiares, sobre as quais repousa 60 a 80 % do emprego e da produção nos países da Eurolândia.
Os analistas já prevêem, com razão, o arrefecimento da economia, para níveis equivalentes a uma estagnação. Teremos um novo ciclo de «estagflação» ou seja estagnação económica, com inflação, supostamente baixa, mas somente por manipulação dos índices pelas agências governamentais. O episódio anterior de estagflação foi nos finais dos anos setenta e princípios dos anos oitenta. Foi uma altura muito dura para as classes trabalhadoras de todos os países europeus. Foi também a altura em que as pressões, económicas, políticas, sociais começaram a fazer romper o «dique» dos países do Leste, do Pacto de Varsóvia.
Hoje em dia, a China é quem irá beneficiar da fragilidade da economia europeia. Está a implantar as suas plataformas de troca de Yuan por moedas ocidentais, quer na City de Londres, quer no Luxemburgo, em Frankfurt ou ainda Zurique.
Vai chegar um momento, não tarda muito, em que o «consenso» vai virar, será então muito melhor possuir algo sólido, algo que não seja um «activo financeiro», nem uma conta bancária, ou o mínimo possível... pois o grande «reset» está aí, à vista, é preciso ser míope para não o ver chegar.
Os poderes (incluindo os orientais) estão em conluio para que esse tal reset tenha um mínimo de sobressaltos, de modo que apenas os pobres, ou as classes médias, sofram o embate principal.
Os sistemas de previdência, os fundos das pensões de reformas, etc. tudo isso (o nosso capital acumulado, não esqueçamos) vai servir como combustível para a grande fornalha.
Os Estados e outros «grandes devedores» sairão «magicamente» solventes de todos estes episódios, enquanto o comum dos mortais irá ficar ainda mais dependente do «Welfare State», com a falsa benesse do «rendimento incondicional».
Mas, talvez as coisas não se passem exactamente a contento dos oligarcas!
Já todos os raios de Sol se vão extinguindo, além do horizonte coado de nuvens. O halo do astro de luz não se desfaz logo totalmente.
No firmamento, mesmo por cima de nossas cabeças, uns gansos grasnam, ao voarem para seu refúgio de Inverno.
Tudo parece imaterial. A pouco e pouco, desce um manto azul profundo, mais espesso no Oriente.
As estrelascomeçam a acender-se, a brilhar com maior intensidade, cada vez mais cintilantes.
No silêncio, cortado pelos apelos das aves nocturnas, cada instante toma a dimensão de um espectáculo solene, à medida que os últimos reflexos de luz solar se extinguem por completo.
Imagens dos últimos dias na Europa (aqui) À parte Martin Armstrong, não vejo muitas pessoas ou entidades a virem a público avisar que estamos a atravessar um mínimo solar.
Os valores de temperaturas são apenas um factor, pois as grandes precipitações de neve, o facto de rios e lagos gelarem, etc. tornam as condições ainda mais difíceis de suportar.
As pessoas não tomam as suas precauções, como deviam (e podiam), porque a media está demasiado empenhada em «vender» a narrativa do «aquecimento global».
Nada pior do que ser-se apanhado de surpresa, nesta viragem climática. É muito mais mortífero um arrefecimento: muito mais súbito também. Ele costuma ser acompanhado por agravamento de epidemias de gripe e doutras doenças, que atingem proporções pandémicas quando existe uma vaga de frio.
O Polo Norte desloca-se; neste momento, está a descer sobre a Europa... esta é a verdade inconveniente!
Embora as pessoas tenham sido sujeitas à lavagem ao cérebro, em modalidade intensiva, com a cerimónia dos Óscares, o mais importante acontecimento deste fim-de-semana foi, sem dúvida, a eleição parlamentar italiana, com o movimento «5 estrelas» a obter uma maioria (relativa) face a partidos e coligações à direita e à esquerda.
Embora eu não tenha nenhuma «fé» na política eleitoral, mesmo quando esta é protagonizada por pessoas muito jovens, desencantadas com as formações políticas tradicionais, que não receiam avançar com aquilo que lhes parece ser a via de salvação para as suas vidas, vejo que existem situações, cuja maturação e desfecho obrigam a que os restantes aspectos da realidade social (e não apenas política) se «alinhem» com elas.
No caso de Itália, temos um país que vem sendo desgovernado pelas direitas e esquerdas, um país cujo crescimento económico tem sido posto em cheque, que tem de sofrer o embate - quase isolado - de ondas de imigrantes que afluem de África às suas costas, um país onde os jovens têm uma formação de qualidade e onde não encontram emprego correspondente às suas qualificações.
No plano financeiro, a dívida italiana tem subido constantemente, os bancos italianos estão todos falidos, sendo sustentados «a braços», pelo BCE, que lhes compra a porcaria que detêm como «activos».
Portanto, devemos encarar Itália como o elo mais fraco da UE, não porque outros não estejam em lençóis tão maus ou piores que os italianos, mas porque a dimensão de Itália faz com que uma crise de confiança que aí desponte, irá transmitir-se automaticamente à UE no seu todo.
Ora, tal como o resultado eleitoral de 04 de Março de 2018 foi traçado, ele desenha um quadro difícil de negociações, de compromissos, tendo no centro um movimento que tem rejeitado coligações e compromissos com partidos «do sistema» e que não estará em condições de formar um governo 100% «5 estrelas». Porém, não se vê que outras forças políticas se disponham a fazer passar um governo «5 estrelas» minoritário, sem que existam compromissos de parte a parte.
O forjar de tais compromissos não me surpreenderia, pois a conquista do governo foi sempre um factor que atraiu as forças mais radicais a abdicarem da parte mais «intransigente» do seu ideário e programa de governo, para conseguirem alcançar o poder. Seria de admirar que isso não jogasse também no interior do movimento ora vencedor.
Mas, por outro lado, do lado dos negócios, o que se pode esperar é que - embora não exista uma deliberada campanha de boicote contra o novo poder político que emergiu em Itália - as forças do capital «votem» para sair da «grande bota».
Uma precipitada saída de capitais significa que a montagem da falsa solvabilidade das finanças públicas de Itália e, por extensão, dos países do Sul, construída pelo BCE, fica a descoberto.
Se a opinião pública ficar com a noção clara -por fim - de que o papel do BCE tem sido de atirar biliões sobre biliões, para que governos continuem a pedir emprestado e a gastar mais do que as economias respectivas produzem, então a subida destas «5 estrelas», será um sinal mortal para aquelas outras «doze estrelas», que compõem a bandeira da União Europeia.
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Post scriptum: mapa pós eleições de 04-03-018
A azul, as zonas que votaram à direita, a vermelho à esquerda, a amarelo «anti-sistema»