quinta-feira, 6 de junho de 2024

NÃO ESPEREM INDICAÇÕES DE VOTO DA MINHA PARTE

Mas... Gostaria de vos apresentar algumas realidades:

- Quando alguém vos quer arrastar pela ilusão, nunca vai dizer quais os verdadeiros poderes e atributos da assembleia parlamentar para a qual precisam do vosso voto.

- A fraude começa por não discutirem propostas de lei, "diretivas" da U.E., pois teriam de confessar que a entidade que realmente faz as propostas e quem tem capacidade para as implementar, é a Comissão Europeia, um órgão não -eleito.

- Para atrair o voto, vão portanto apelar a sentimentos, nomeadamente o medo, o ódio, a cobiça, pouco importa que as "medidas" preconizadas tenham alguma exequibilidade, o apelo é 100% dirigido às emoções dos eleitores. Não têm a honestidade de dizer que não têm soluções exequíveis e que a assembleia carece de qualquer poder de as implementar.

- Na verdade, surge como óbvio, para qualquer observador sereno, que todos os discursos são vazios, tendo como ponto de partida e de chegada a desresponsabilização do eleitor. Dizer isto, equivale a dizer que apelar ao voto neste ou naquele candidato, é infantilizar o eleitor. O eleitor, em geral, não se apercebe disso. A maioria nunca terá participado alguma vez na sua vida, em assembleias realmente democráticas, onde suas opiniões e vontade contam, de facto.

- A corrupção institucional tudo domina; não estou a falar de atos imorais ou ilícitos do deputado X ou da deputada Y, ou Z ! Mas, da própria arquitetura do poder, destinada a retirar qualquer capacidade efetiva aos eleitores em fazerem valer sua vontade. Entrar em conluio com isto, é diferente de pragmatismo. É participar, diga-se o que se disser, na monstruosa encenação, destinada a obter submissão (o falso consentimento) e legitimar a ditadura "deslizante", que vai - aos poucos - anular as réstias de democracia nas nações.

- Com efeito, a legislação, automaticamente aprovada pelos parlamentos nacionais e vertida para as leis internas de cada nação europeia provém da Comissão Europeia, a 70% em média, quer diretamente, quer tenha antes passado pelo "parlamento" europeu.

- Passadas duas décadas sobre a rejeição da "constituição" (pelos eleitores holandeses e franceses) e imposição do Tratado de Lisboa a todas as cidadanias do espaço UE, sem que elas pudessem sequer referendar esse tratado, a coesão europeia não existe: Não há sentimento de "comunidade europeia", as pessoas continuam a sentir-se nacionais dos seus países de origem. Não se apresentam forças políticas, de um extremo ao outro do espectro político, com candidaturas ao nível europeu, embora isso fosse possível: Podem formar-se listas abrangendo vários países. Mas isso não ocorre ou, se ocorreu, teve uma expressão quase nula.

- A democracia pode ser vista de modos muito diversos. Mas tem de se basear na existência dum sentimento de pertença a uma comunidade nacional, mesmo que exista diversidade étnica, maior ou menor, na sua cidadania. Só a partir da aceitação comum e recíproca destes factos, é possível desenvolver um diálogo político com consequências, ou seja, que se traduza em leis e medidas, consensuais ou maioritariamente aceites.

- Não pretendo influir na vossa posição, no sentido de votarem ou de se absterem, em relação às próximas eleições europeias. Espero apenas que os pontos acima estimulem a curiosidade e a vossa reflexão.

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PS1: Consultar, a propósito da UE e do parlamento europeu o meu artigo de Maio de 2019

quarta-feira, 5 de junho de 2024

QUE VIVA MÉXICO!


 

OPUS VOL. III, 17: AQUELE PUNHO FECHADO

 


Aquele punho fechado inspira coragem

E vem com o braço e o pulso

Finos, delicados e fortes da mulher

Dela erguem-se palavras 

Soam e ressoam no meu espírito

Sem falsa retórica e sem ódio

 

Sabe falar da guerra e da paz

Não precisa de falsos argumentos

Só de três coisas precisa: Amor, 

Coragem e Verdade. 

 Mais força tem que um exército

Mais pontaria que atirador de elite 


Sua palavra abrasa corações 

Invencível: Sendo impossível

De suprimir, brota da terra 

Recobre o horizonte 

É brisa ou vendaval

Sai do peito daquela mulher


Mas palavras assim poderosas

Outras vozes as pronunciam

Quem recebeu tais palavras

Pode fazê-las suas 

E disseminar como semeador

Que lança na terra nova vida







terça-feira, 4 de junho de 2024

SISTEMAS DE SAÚDE FALIDOS EMPURRAM PACIENTES PARA MORTE MEDICAMENTE ASSISTIDA

 

https://www.zerohedge.com/political/i-was-offered-assisted-dying-over-cancer-treatment-broken-canadian-healthcare-system

Os sistemas de saúde dos países ocidentais, da U.E. e incluindo do Canadá e Reino Unido, eram uma espécie de orgulho de uma medicina «socializada», em que a possibilidade de tratamento e apoio dos doentes não dependia sobretudo das suas posses. Talvez isto tenha sido assim, ou talvez seja uma imagem demasiado rósea do período social-democrata da política europeia e ocidental, mas o facto é que a fúria neoliberal de privatizações se abateu - desde logo - sobre estes sistemas de saúde públicos e a escola pública (do jardim de infância, á faculdade).

A história relatada no link acima passou-se no Canadá, mas refere casos semelhantes - ou piores - que ocorreram no Reino Unido e na Holanda.

E em Portugal? 

O sistema nacional de saúde português tem sido desmantelado metodicamente, entregando à gula de grandes empórios da medicina empresarial os pedaços de assistência médica que lhes interessavam mais. Aqueles setores em que teriam maior possibilidade de obter lucros chorudos. Por exemplo, a saúde mental, incluindo os doentes crónicos do foro psíquico, foi completamente desleixada. Com efeito, o Estado não tem investido nada que se veja, em comparação com a progressão deste grupo de doenças, nem o setor privado está interessado em tomar conta de doentes crónicos, com afeções que são apenas tratáveis usando psicofármacos e em que as sessões de psicoterapia ou outras  medidas são apenas auxiliares para o bem-estar dos pacientes. Já o setor, não da psiquiatria, mas da psicologia, tem sofrido uma explosão, não só pela multiplicação de casos de  mal-estar, angústia, fobias, etc. que se observa na população, mas porque é um setor fácil de instalar (consultórios com baixo custo de tecnologia associada) e permite obter uma «renda continuada» através de sessões frequentes de psicoterapias. Curiosamente, a esta explosão de oferta de serviços de psicoterapia, não tem correspondido uma diminuição de suicídios, ou de tentativas  de suicídio. Isto prova que - globalmente - o setor apenas responde ao sentimento subjetivo dos pacientes, de serem ouvidos, de alguém «compreender» os seus pontos de vista, seus sentimentos, etc. Corresponde perfeitamente ao acréscimo de isolamento, de atomização dos indivíduos, da enorme pobreza dos relacionamentos sociais, mesmo dos mais íntimos. Tudo isto é consequência de uma sociedade em que o objetivo não é o ser humano, a sua felicidade, o seu tratamento quando doente, mas a inenarrável hipocrisia de ver cada um como sendo - ou não - um elemento «produtivo», que pode ser «útil» na medida em que dele se possa extrair alguma forma de lucro. 

A terminação da vida por vontade explícita do paciente, não pode ser resultante de pressões do entorno social e familiar, até mesmo de subtis formas de chantagem, como são descritas no artigo acima. Para os pobres, ou os não-ricos (incluindo grande parte da classe média), os custos de certos tratamentos ao cancro, estão para além das possibilidades económicas dos pacientes, nos sistemas de saúde totalmente virados para o lucro, como sejam os dos EUA e os da «Europa rica». Os sistemas privatizados, incluindo seguros de doença e de vida, são desenhados para permitir aos utentes a sua contribuição por pagamento dum seguro, de forma suportável pelos seus ordenados ou pensões. Mas, esta possibilidade de acesso implica a exclusão  á partida, de certas áreas de saúde, dos seguros contratados. Além disso, é impossível contrair um seguro de saúde a partir de certa idade, ou tendo doença incurável, pelo que os indivíduos mais necessitados de proteção ficam ao cuidado dos sistemas públicos, que foram transformados, de sistemas universais (e com qualidade média satisfatória), em sistemas supletivos, ou seja, assistindo as pessoas que não têm meios económicos para se tratarem na medicina empresarial. 

Os «liberais», «sociais-democratas» e «socialistas» de hoje, em Portugal, como em todo o Ocidente são frequentemente pessoas que aderiram ao ideal político mal nomeado de «neoliberalismo». Mal nomeado, porque a liberdade é entendida como a liberdade dos muito ricos e das (grandes) empresas, fazerem o que querem e chamam a isso «leis do mercado». Acham que o «mercado» dá conta de tudo, resolve tudo, distribui com justiça os recursos, etc. É uma grosseira falácia, mas funciona porque é constantemente propagandeada como sendo a única forma possível*!

A população é mantida na ignorância, ou envenenada contra tudo o que seja medicina pública, como se o privado tivesse a «qualidade mágica» de dar mais eficiência. Na verdade, os serviços privatizados são muito mais caros, só que a população não se apercebe disso. Certos serviços públicos de saúde são de elevado padrão de qualidade. Se, nesses casos, a qualidade é elevada, porque não noutros? Não será antes por deficiência de gestão, ou crónico défice de investimento ou ainda, devido a condições de remuneração, de carreira e outras, que tornam o serviço público menos atraente para os profissionais de saúde? Tudo isso são males corrigíveis pelos governos, mas eles só o farão se não estiverem preocupados com a «saúde financeira» dos sistemas empresariais de saúde e realmente se dediquem a fornecer os serviços pelos quais todos nós pagámos e que merecemos.

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* O famoso "TINA": There Is No Alternative

segunda-feira, 3 de junho de 2024

MÚSICA COPIADA, TRANSCRITA, ADAPTADA (segundas-feiras musicais nº3)

Imagem: um retrato de J. S. Bach quando jovem, do período em que terá copiado e adaptado muita música italiana, nomeadamente de Vivaldi

Hoje em dia, com o conceito de «copyright», temos tendência a ver qualquer empréstimo como uma espécie de «roubo». Porém, na era do barroco (e mesmo, depois), era comum uma peça de música dum compositor, ser adaptada por outro.  

São célebres as adaptações, feitas para o órgão (ou cravo) pelo jovem Bach, dos concertos para cordas do «Estro Armonico» de Vivaldi*. São adaptações de pleno direito, pois as modificações necessárias para serem executadas no cravo ou no órgão implicavam mudanças substanciais: quer na tessitura das vozes, quer no enchimento harmónico e noutros detalhes, que fazem destas «transcrições» mais propriamente «adaptações».

Muitos músicos fizeram adaptações do mesmo tipo. Franz Liszt, por exemplo, transcreveu peças de Bach (originalmente para órgão solo) em peças para piano. Busoni, mais tarde, também efetuou transcrições para piano doutras obras de Bach. Estas transcrições são conhecidas e frequentemente interpretadas.  


Vivaldi: Concerto para 2 violinos e orquestra, RV 522

https://www.youtube.com/watch?v=7E-RTI-H2oI


Versão para órgão solo de Bach: BWV 593:



No estudo abaixo citado, são contabilizadas e explicadas as modificações que Bach  fez nas partituras originais  de Vivaldi, para tornar as peças plenamente executáveis ao órgão: «Bach the Transcriber: His Organ Concertos after Vivaldi (Vincent C. K. Cheung)»

Alexandre Tharaud (piano) realizou um disco em 2001, com transcrições feitas por Bach de obras de Vivaldi, de Alexandro e Benedetto Marcello e Torelli, além de obras do próprio Bach: «Concerto Italien».

No século XX, muitos compositores usaram temas de peças musicais de autores do passado para compor suas próprias peças, usando mais ou menos livremente esses temas.

 Veja-se, por exemplo, o caso de  «La Campanella» de Paganini, utilizado por Rachmaninoff para compor uma rapsódia para piano e orquestra. 

A estreia da Rapsódia sobre Tema de Paganini foi a 7 de Novembro de 1934 pela orquestra de Filadélfia, sob direção de Leopold Stokowski, com Rachmaninoff como solistaEste tema já tinha sido usado por Liszt, cerca dum século antes.

Abaixo, Yuja Wang interpreta a parte de piano da Rapsódia de Rachaminoff:

Não nos devemos surpreender que grandes músicos copiem e usem materiais de outros: Pode ser visto como exercício, ou como forma de estudar as técnicas de composição dos mestres. Em tais circunstâncias, não se trata de "plágio", mas antes de homenagem!

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(*) música de Vivaldi e transcrições por Bach, nesta PLAYLIST

domingo, 2 de junho de 2024

ASCENÇÃO ECONÓMICA DA CHINA E OS DESENVOLVIMENTOS DOS BRICS


 O professor Warwick Powell é entrevistado por Lena Petrova.

Se tivesse de escolher a entrevista mais esclarecedora sobre a China e o seu papel na nova arquitetura internacional durante estes últimos tempos, esta seria provavelmente entrevista acima, a escolhida. 

SONDA CHINESA ATERROU NA FACE OBSCURA DA LUA




A sonda lunar recolheu amostras de rochas da face escura da Lua

 https://www.youtube.com/watch?v=svW5JNPAD6c