sexta-feira, 21 de setembro de 2018

POPULISMOS e AS POLÍTICAS DO «OCIDENTE»

                         
Sim, escolho o plural «populismos», pois a identidade e propósitos dos movimentos contraditórios que são etiquetados debaixo deste termo depreciativo, são realmente muito diversos.
Na origem, temos a crise da chamada «democracia ocidental», que não é de ontem, nem de anteontem, sequer: foi consubstanciada num modelo de governança pelo establishment, em que a participação real e autêntica dos cidadãos na vida pública foi afastada, de forma sistemática e sub-reptícia, durante décadas:
- Ao cidadão com direitos políticos e com participação na vida política, modelo clássico e ideologicamente utilizado como montra do «Ocidente democrático», foram substituindo o consumidor-rei, o cidadão cujo verdadeiro e único «direito» era o de consumir, consumir o que desejasse. Para tal, a publicidade, baseando-se na ciência psicológica mais avançada, foi talhando um «Homo consumisticus» à medida da saúde dos mercados.
Mas quando o mercado ele próprio entrou em crise, devido à impossibilidade de absorver todos os gadgets e o consumo supérfluo que tinham sido o apanágio da fase áurea do capitalismo de consumo, foi necessário inflectir as regras e o discurso, sempre com o objectivo de preservar o sacro-santo lucro. 
Surgem então as políticas de austeridade, no dealbar do século XXI, especialmente mais virulentas nos países do sul da União Europeia. Tudo foi feito: a chantagem do emprego, a inoculação do complexo de culpa de «demasiado gastadores», a comparação com os miseráveis dos países pobres, empobrecidos pelo neocolonialismo da civilizada Europa e pelos bombardeamentos humanitários contra os regimes que em África (Líbia) ou no Médio Oriente (Síria) resistiam à vaga neoliberal...
A reacção de um público inculto politicamente, em vez de se revoltar e derrubar a sua própria classe dirigente, foi de ser arrastado pelo discurso demagógico das extrema-direitas de diversos países europeus, que viram a sua oportunidade na conjugação de vários factores: as vagas sucessivas de refugiados, as dificuldades cada vez maiores de emprego e o retraimento do Estado Social (Wellfare State).

Especial papel coube aos políticos franceses, em especial a Miterrand e seus seguidores, que fizeram o (mau) cálculo político de proporcionar o desenvolvimento da extrema direita do «Front National», para contrariar os avanços da direita clássica, evitando assim a possibilidade de alternativa a governos P«S», de neoliberalismo disfarçado com as cores socialistas, em que se tornara o PSF.
Infelizmente, o PSF serviu de modelo a diversos partidos homólogos pela Europa fora. 
Foram tão bem sucedidos, ao ponto de que muitos ex-votantes nos partidos «clássicos» da esquerda, PC e PS, se viraram para os «populistas»: 
Houve emergência de populismos de extrema-esquerda; mas estes, apenas fizeram uma actualização das teses clássicas do leninismo e não foram além do terreno eleitoral habitual da extrema-esquerda... 
Muito mais graves são os populismos de extrema-direita, em vários países. Agora, tem-se o culminar de tão «inteligente» estratégia, a tal artimanha de deixar tais movimentos crescer e adquirir respeitabilidade e sobretudo audiência junto de grande parte do eleitorado operário: movimentos deste calibre estão agora no poder, ou em situação directa de disputar o poder com partidos políticos tradicionais, nos mais diversos países, desde a Suécia à Itália, passando pela Alemanha, Áustria e muitos outros. As consequências disto, no curto prazo, serão eleições para o parlamento europeu marcadas pelo avanço da extrema-direita. 
Os que pensam que o contexto vai também no sentido de favorecer o extremo oposto, ou seja, a extrema-esquerda, estão auto-iludidos. Os mais míopes de todos são aqueles, da extrema-esquerda, que apenas vêem o que as suas lentes com filtragem «marxista», deixam ver... Por isso - nos últimos 20 anos - eles e os que têm confiado neles, só tiveram derrotas, tanto no campo da luta social, como política.
Quanto às classes dominantes, elas estão absolutamente  deliciadas com a subida do «populismo», da extrema-direita: nada melhor para elas do que governos que preconizem a «união nacional», o «sacrifício necessário» face à ameaça externa (a pseudo ameaça dos outros globalistas, do eixo russo-chinês). 

O mais vantajoso, do ponto de vista da classe dominante, é que estas «mudanças» permitem manter a ilusão nas massas de que elas mandam, de que «o povo é soberano»! 
Absolutamente ridículo... porém é assim que os poucos conseguem dominar os muitos, ao ponto de que estes muitos elejam quem os vai esfolar e estrangular ainda mais!

quarta-feira, 19 de setembro de 2018

«TOUCHEZ PAS AU GRISBI» GRANDE FILME, GRANDE MÚSICA!

  Grande filme de gangsters, realizado por Jacques Becker em 1954, com Jean Gabin e Jeanne Moreau. 

        
Jean Albert Wiener compôs a canção-tema do filme, que se tornou muito famosa, tanto a versão cantada, como a versão em harmónica.


   
 Liane Augustin interpreta abaixo o tema principal do filme. Esta cantora austríaca actuava num cabaret em Viena, após a 2ª Guerra Mundial. Gravou para a «Vanguard» mais de dez discos, com o «Bohème Bar Trio». Participou na versão filmada da «Ópera dos Três Vinténs» e representou a Áustria num dos primeiros festivais da Eurovisão.

terça-feira, 18 de setembro de 2018

«ENTRE A CHINA E A COREIA» POR EDUARDO BAPTISTA



Este pergaminho de caligrafia chinesa foi oferecido à escola pelo presidente sul-coreano Park Chung-Hee em 1969, Lê-se: “Coreia e China, amigos íntimos”. (韩中亲善)  

Á volta da capital sul-coreana de Seul, a influência da China é visível. Nos distritos centrais da cidade, empresas de consultoria de educação exibem cartazes gigantes que oferecem cursos que “garantem” levar os clientes, de um nível básico de Mandarim, até ao grau mais elevado do exame de proficiência em língua chinesa (HSK 6), tudo no intervalo de 30 dias.
Em Myeong-dong, o centro da indústria cosmética de Seul, vendedores sul-coreanos podem ser vistos a falar um chinês quase perfeito, enquanto tentam vender máscaras e perfumes aos milhares de turistas chineses, grande parte dos quais viaja para Coreia do Sul somente para comprar produtos cosméticos de alta qualidade.

Mas noutras paragens menos turísticas, é a vez dos imigrantes chineses fazerem a sua presença sentida. Tomando o metro em direcção sudoeste, chega-se ao bairro de Daerim-dong, conhecido por ter a maior concentração de imigrantes chaosienzu (), a minoria étnica coreana da China.
As principais ruas de Daerim-dong estão repletas de restaurantes que servem gastronomia de todas as regiões da China.


No entanto, um reduto da cultura e língua chinesas em Seul tem estado enfraquecido nas últimas duas décadas. Situada no distrito de Sodaemun, no noroeste da cidade, a Escola Secundária Chinesa de Seul foi estabelecida como escola básica em 1948, por um grupo de imigrantes chineses envolvidos no comércio sino-coreano. Depois do começo da Guerra da Coreia, a 25 de Junho de 1950, a escola foi rapidamente transferida para a Câmara de Comércio Chinesa de Busan, no sul da Península coreana. Mais tarde naquele ano, quando as forças sul-coreanas e da ONU foram encurraladas em Busan pelo exército norte-coreano, apoiado pelos soviéticos, a escola teve que ceder seu espaço para os soldados, transferindo-se para uma morada muito mais humilde: algumas tendas numas colinas situadas nos subúrbios de Busan. Após o fim da guerra, em 1953, a escola voltou para Seul, acrescentou o ensino secundário e em 1956 recebeu reconhecimento oficial do governo sul-coreano.




A entrada da Escola Secundária Chinesa de Seoul. O poster rosa, no lado esquerdo, diz, em coreano, "Agora é a Era da China" numa tentativa de atrair mais alunos coreanos para o currículo chinês oferecido pela escola.




Dois leões de pedra, uma característica comum da arquitectura imperial chinesa, flanqueiam as escadas que vão até o prédio principal da escola




“Fiel, filial, trabalhador, parcimonioso”. Valores confucianos exibidos na entrada do edifício principal da escola




Avisos bilingues passam pelo painel de LED da escola, exibindo frequentemente ditados confucianos como o da direita, "o valor da vida depende do que se contribui e não do que se adquire"




Os “quatro laços sociais” do sistema de valores confucianos - propriedade, justiça, honestidade e senso de vergonha - pintados na parede




Os altos e baixos desta escola secundária têm sido ditados por mudanças históricas nas relações sino-coreanas. Como o actual director Yu Zhisheng explica, na época da sua fundação, a escola era propriedade da embaixada taiwanesa na Coreia do Sul, que a financiou na esperança de encorajar os alunos a mudarem-se para Taiwan depois de se formarem. A cidadania taiwanesa fazia parte do pacote oferecido aos jovens imigrantes, assim como uma bolsa para estudar numa universidade taiwanesa.



Alunos e professores lamentam a morte de Chiang Kai-Shek, 6 de abril de 1975

O apoio financeiro do governo taiwanês foi decisivo no crescimento da escola. No final dos anos setenta, quando Yu era estudante, a escola atingiu o seu auge, com 2800 estudantes.
No entanto, após décadas de industrialização, a motivação inicial de Taiwan para financiar a escola começou a diminuir, trazendo uma diminuição gradual do financiamento governamental até 1992. Nesse ano, a decisão da Coreia do Sul de transferir o reconhecimento diplomático de Taiwan para a República Popular da China finalizou o corte de apoio económico à escola. Isto levou ao aumento anual das propinas que, no início dos anos 2000, ultrapassava a média das escolas privadas em Seul, causando uma diminuição gradual no número de estudantes; a escola hoje tem pouco mais de 500 alunos, o número mais baixo da sua história.

A escola teve que encontrar soluções para não entrar na insolvência. Perguntei a Yu porque é que o campo de futebol não tem relva sintética como a maioria das escolas secundárias coreanas: olhando para o chão, responde que foi decidido pelo Conselho de Administração há alguns anos que um campo de areia, por ser mais “natural” do que um campo relva sintética, teria uma melhor influência nos alunos, explicação que me parece ser desculpa para medidas de austeridade.
De qualquer maneira, a necessidade da escola encontrar alunos cujos pais estivessem dispostos a pagar as propinas levou o antecessor de Yu, Sun Shiyi a decidir em 2008 (quando o prestígio global da língua chinesa estava em ascensão), abrir a escola aos sul-coreanos e outros estrangeiros, que agora compõem cerca de vinte por cento do corpo estudantil.
Ainda assim, os problemas financeiros persistem, o que levou as instalações da escola a ficarem significativamente atrás dos concorrentes na mesma faixa de preço, como as escolas internacionais de estilo britânico ou americano.





O campo de futebol da escola




Muitas instalações na escola têm necessidade de renovação

A situação vulnerável da escola tornou a postura de neutralidade entre o governo comunista da República Popular da China e o governo democrático de Taiwan ainda mais necessária para a sua sobrevivência.
Desde 1992, Yu afirma que a escola seguiu “valores pluralistas, centrados na filosofia confuciana": a maioria dos professores são, como Yu, da República Popular e ninguém tem reservas sobre o uso de materiais escolares de Taiwan.
Quando representantes do governo taiwanês vêm em visita, Yu  recebe-os alegremente; quando a embaixada da República Popular da China convida a escola a participar no concerto de Ano Novo, Yu aceita sem hesitação.
A bandeira de Taiwan é erguida nos aniversários de Sun-Yat Sen e Chiang Kai-Shek, ao lado das suas estátuas, à frente do prédio principal da escola, mas nenhuma bandeira é içada quando o hino taiwanês é cantado todas as  segundas-feiras de manhã, depois da embaixada da República Popular da China ter tido uma “conversa amigável” com Yu.



 

Estátuas de Sun Yat Sen (acima)
e de Chiang Kai Shek (abaixo)
na entrada principal da escola
O declínio da escola parece estranho, dado os fluxos maciços de migração da China continental para a Coreia do Sul desde 1992. O número de imigrantes chineses, da China Continental, na Coreia do Sul aumentou 22,5 vezes entre 1990 e 2011. A KOSIS, o serviço de Informação Estatística da Coreia, revelou, no censo populacional mais recente dos residentes estrangeiros da Coreia do Sul, que 76% dos 245.000 imigrantes residindo em Seul são chineses, dos quais 71.4% são coreanos étnicos, ou chaosienzu (), 23.7% doutras etnias do Continente e 4,9% provenientes de Taiwan.

No entanto, uma análise mais detalhada dos imigrantes chineses em Seoul revela porque é que Yu continua a sentir dificuldades em aumentar o número de alunos matriculados. A maioria dos chaosienzu de Seul é composta por homens e mulheres solteiros que vêm para a cidade aproveitar-se dos salários relativamente altos oferecidos, para melhorar os padrões de vida das suas família no regresso à China. Quanto aos trabalhadores étnicos coreanos que adquirem vistos de residência permanente - como os proprietários de restaurantes de Daerim-dong - enviar os seus filhos para a escola coreana é a escolha lógica. A maioria dos jovens chineses da República Popular que decide morar na Coreia do Sul, chega a este país para estudos universitários, não do ensino secundário.

Preparar os alunos para competir com jovens coreanos, no exame ultra-competitivo de entrada universitária, conhecido como sunneung ( ), tem sido o principal desafio da escola, na última década.
No ano passado, o "Diplomat" escreveu sobre o número crescente de estudantes chineses que escolhem frequentar as universidades sul-coreanas, apesar das dificuldades que enfrentam no estudo da língua coreana.
Para superar este problema, a escola criou um programa, dez anos atrás, destinado a preparar estudantes chineses para o sunneung e o coreano de nível universitário.
Tanto Sun quanto Yu encorajaram os seus estudantes a considerar a possibilidade de se matricularem em universidades taiwanesas, devido ao seu processo de selecção ser menos competitivo, mas os pais temem que isso prejudique suas chances de encontrar emprego quando voltarem para a Coreia do Sul.

"Os estudantes e os seus pais estão tão preocupados em que não fiquem para trás, em comparação com os alunos coreanos, que estão sempre a pedir-nos para cancelar actividades relacionadas com a cultura chinesa, para terem mais aulas de preparação para o sunneung", afirma Yu, que tem persistentemente recusado acabar com aulas de caligrafia chinesa bi-semanais, bem como a viagem anual de "procura das raízes" na província chinesa de Shandong. Para Yu, a educação não pode centrar-se nos exames, especialmente, numa escola como a sua, que foi criada para ajudar os imigrantes chineses na Coreia do Sul a não esquecerem a sua cultura.

Cerca de 95% dos imigrantes chineses na Coreia do Sul, que não são etnicamente coreanos (chaosienzu), são de Shandong, incluindo Yu.
Quando a Coreia do Sul e a China se enfrentaram em Setembro do ano passado, devido à instalação na Coreia do Sul dos «THAAD», plataformas de defesa anti-mísseis com um radar poderoso, que Pequim temia fosse usada por Washington para espionar o espaço aéreo chinês, Yu sentiu-se deprimido; não por causa do conflito em si, mas porque as restrições de viagem subsequentes entre os dois países levaram ao cancelamento da viagem a Shandong.

Apesar da pressão académica, Yu está determinado a permanecer fiel às origens chinesas da escola. Num corredor, estão alinhadas fotografias emolduradas dos lugares mais belos da China; a fiel adesão da escola ao calendário chinês ao longo dos anos está documentada no corredor oposto. Uma outra parede exibe cerca de cinquenta peças de arte pintadas por estudantes; poemas da Dinastia Tang, como o icónico “Pensando numa Noite Tranquila” (夜思) de Li Bai (701-762), escrita elegantemente em chinês clássico, com aguarelas ilustrando as cenas descritas por um dos poetas mais famosos da história chinesa.

Yu acredita que no futuro haverá cada vez mais estudantes coreanos que, querendo estudar nas universidades chinesas, irão reforçar o corpo estudantil da escola.

“Eu quero que esta escola continue fazendo o que seus fundadores queriam: ajudar os imigrantes chineses em Seul a se integrarem. Mas isso não significa sacrificar o chinês pelo coreano. ”

No caminho, ele leva-me até à estátua de Confúcio, erguida ao pé do campo de futebol arenoso.


Estátua de Confúcio ao lado do campo de futebol da escola

“Isto”, aponta ele para a estátua imponente, “é a razão pela qual a nossa escola tem um significado, para além de servir os imigrantes chineses: O confucionismo é a raiz cultural dos dois países. Se um estudante coreano estudar aqui, ele não irá apenas aprender o chinês. Também perceberá mais sobre o seu próprio país, de uma forma que poucos têm a oportunidade de perceber. ”

segunda-feira, 17 de setembro de 2018

A SOLUÇÃO PARA REDUÇÃO DO CO2 ATMOSFÉRICO? - CONHECIDA HÁ BILIÕES DE ANOS...

... E CHAMA-SE FOTOSSÍNTESE

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Tentarei fazer aqui a crítica dum artigo na revista suíça Bilan, «o CO2 Torna-se uma Matéria-prima», sobretudo da realidade subjacente ao mesmo. Este artigo revela algo típico de uma certa miopia, quando alguns só se interessam pelo ganho em termos monetários.
A natureza faz bem melhor em termos de recuperação do CO2 emitido: 
As enzimas que presidem à fixação do carbono atmosférico e sua «fixação» em moléculas de glúcidos são enzimas cujo óptimo está bem acima daquilo que são as concentrações médias de CO2 atmosférico: 300-400 ppm (partes por milhão). 
Para um funcionamento óptimo destas enzimas (PEP carboxilase e RuDP carboxilase/oxidase) seria necessária uma concentração dez vezes maior... 
A razão da maior produtividade das estufas, advém da elevada concentração (por falta de dispersão) do CO2, na maioria originado no solo pelas raízes das plantas e pelos micróbios do solo. Não é a temperatura no interior da estufa que é benéfica para o crescimento das plantas. Esta seria benéfica, quanto muito, para o amadurecimento dos frutos.

Assim, um aumento da cobertura verde, não apenas terrestre, como também de fitoplâncton, irá aumentar a captação do CO2 em excesso. 
As grandes causas contemporâneas do aumento do CO2 na atmosfera são a existência de fogos de grandes proporções, em simultâneo com o abandono da agricultura em vastíssimos espaços, por um lado e, por outro, diminuição da produtividade dos oceanos, causada pela quantidade de plásticos, detergentes, venenos químicos que são constantemente atirados aos mares...
Um retorno a uma agricultura, em termos modernos, com tecnologia apropriada, com os recursos disponíveis hoje em dia, que fazem com que a vida no campo possa ser tão ou mais confortável que nas melhores cidades mundiais, esta seria a aposta inteligente, mas ela não implica algo a ganhar pelas grandes multinacionais. 
Não cultivaria a dependência dos indivíduos, mas pelo contrário a sua independência, pois um agricultor bem sucedido e - sobretudo - uma comunidade destes, tem auto-suficiência, autonomia. 
Os políticos corruptos não querem isso, de forma nenhuma: querem as pessoas a depender deles, da distribuição dos apoios do Estado, o que lhes permite manter todos os tráficos de influência e corrupções. 
Por esta razão, não se fala do retorno à agricultura em relação à geração do milénio, que seria uma dupla solução: em termos ambientais e em termos de acabar com a crise de emprego. 
- Em termos ambientais, os jovens, na sua actividade agrícola, seriam consumidores líquidos do CO2 atmosférico, seriam produtores de biomassa, de produtos agrícolas, salvariam as paisagens e preveniriam os grandes fogos florestais, pois deixaria de haver grandes manchas de território, que se podem designar de desertos verdes, onde não existem povoações, apenas uma vegetação totalmente abandonada, crescendo sem cuidados (remoção da camada arbustiva, pistas de acesso para carros de bombeiros, etc). 
- Em termos de emprego, seriam eles próprios os geradores de emprego, para si próprios e suas famílias, mas também fariam reviver o tecido de aldeias que houve em tempos, as infraestruturas que essa vida implica também iriam requerer muita mão de obra... Os desempregados nos grandes centros urbanos poderiam ser canalizados para zonas rurais carentes de mão-de-obra, especializada ou não. 
Mas isto implicaria um outro modelo de sociedade, baseado na descentralização, na autonomia dos indivíduos e comunidades locais, na própria descentralização do poder, que tal transformação na distribuição demográfica traria em paralelo. 
Mas tal «utopia*» (*entre aspas, pois ela existe e está realizada, é o modo mais antigo de as sociedades humanas se auto-organizarem, desde que abandonaram o modo de vida de caçadores-recolectores) deveria ser desejada, tornada apetecível, deveria ser cultivado o amor pela Natureza, mas um amor não platónico, não romântico, mas sim um amor feito de conhecimento profundo e verdadeiro da mesma, em todo o seu esplendor. 

O maravilhoso das soluções naturais, da engenharia natural, deveria ser mostrado em todos os media de massas, ensinado de modo criativo nas escolas: 
- Em vez de uma colectânea de «curiosidades» apenas, a Biologia deveria ser ensinada como a chave do nosso futuro. 
- A Ecologia deveria ser central na formação científica dos jovens do novo milénio, através de um estudo dos ecossistemas, não na visão «fundamentalista» duma «ecologia New-Age».

O ponto central do artigo que mencionei é o do «mercado de carbono», ou seja, como transformar o ar, a atmosfera em mercadoria, e colocá-la numa Bolsa ...

VALENTINA LISITSA INTERPRETA BEETHOVEN e TCHAIKOVSKY


Valentina Lisitsa interpreta neste video a sonata «Appassionata»,  de Beethoven.
Neste recital, a grande intérprete mostra sua máxima qualidade técnica e rigor de interpretação. Tem, além disso, a personalidade e o bom gosto que esta sonata - «clássica entre os clássicos» - exige. 

Valentina estará presente em Portugal no próximo mês de Outubro, no festival de Sintra, para um recital único, totalmente preenchido com obras para piano solo de Tchaikovsky

De Tchaikovsky, interpretado por Lisitsa, deixo-vos a «Barcarolle», peça que corresponde a Junho, no ciclo das «Estações».




Estou impaciente por ouvir - ao vivo - a talentosa e versátil artista.

domingo, 16 de setembro de 2018

A TEIA DE ARANHA - O SEGUNDO IMPÉRIO BRITÂNICO



O termo «Segundo Império Britânico» refere-se à finança internacional. O centro da «Teia de Aranha» encontra-se na City de Londres.

Um interessantíssimo documentário sobre o significado, as origens, as particularidades, no passado e no presente, do mundo da finança e do papel desempenhado pela City de Londres. 
Este grande «buraco negro» é - de facto - o maior paraíso fiscal do mundo, além de supervisionar outros paraísos fiscais, condomínios da coroa britânica, uma série de 14 territórios beneficiando de um estatuto especial.... desde as Ilhas das Caraíbas à Ilhas da Mancha, passando por Gibraltar... 

Legendado em: Francês, Espanhol, Alemão, Italiano, Russo, Arábico, Coreano, Húngaro e Inglês