quarta-feira, 7 de março de 2018

SOLITUDE - CHANTAL CHAMBERLAND & SARAH VAUGHAN


Um standard do jazz de autoria de Duke Ellington 


In my solitude
You haunt me
With reveries
Of days gone by


In my solitude
You taunt me
With memories
That never die

I sit in my chair
I'm filled with despair
There's no one could be so sad
With gloom everywhere
I sit and I stare
I know that I'll soon go mad

In my solitude
I'm praying
Dear Lord above
Send back my love




  



terça-feira, 6 de março de 2018

[NO PAÍS DOS SONHOS] TOCCATA L'ARPEGGIATA, POR KAPSBERGER

                                                   


Paul O'dette no Chitarrone

 Instantes de plenitude e humildade

Já todos os raios de Sol se vão extinguindo, além do horizonte coado de nuvens. O halo do astro de luz não se desfaz logo totalmente. 

No firmamento, mesmo por cima de nossas  cabeças, uns gansos grasnam, ao voarem para seu refúgio de Inverno. 

Tudo parece imaterial. A pouco e pouco, desce um manto azul profundo, mais espesso no Oriente. 

As estrelas começam a acender-se, a brilhar com maior intensidade, cada vez mais cintilantes. 

No silêncio, cortado pelos apelos das aves nocturnas, cada instante toma a dimensão de um espectáculo solene, à medida que os últimos reflexos de luz solar se extinguem por completo.




segunda-feira, 5 de março de 2018

A VERDADE INCONVENIENTE DO CLIMA


                         NEIGE SUR AUTOROUTES A9 ET 709 A HAUTEUR DE SAINT AUNES
                Imagens dos últimos dias na Europa (aqui

À parte Martin Armstrong, não vejo muitas pessoas ou entidades a virem a público avisar que estamos a atravessar um mínimo solar. 
O que está a acontecer na América do Norte e no Continente Europeu é muito mal compreendido pelo público em geral. Estamos a assistir a um mínimo de irradiação, o que está a induzir uma nova «mini idade do gelo» tal como ocorreu em volta de 1700. 
Os valores de temperaturas são apenas um factor, pois as grandes precipitações de neve, o facto de rios e lagos gelarem, etc. tornam as condições ainda mais difíceis de suportar.
Os ventos frios e violentos, como os que têm varrido a costa de Portugal nos últimos dias, são consequência deste arrefecimento geral. 
As pessoas não tomam as suas precauções, como deviam (e podiam), porque a media está demasiado empenhada em «vender» a narrativa do «aquecimento global». 
Nada pior do que ser-se apanhado de surpresa, nesta viragem climática. É muito mais mortífero um arrefecimento: muito mais súbito também. Ele costuma ser acompanhado por agravamento de epidemias de gripe e doutras doenças, que atingem proporções pandémicas quando existe uma vaga de frio.
O Polo Norte desloca-se; neste momento, está a descer sobre a Europa... esta é a verdade inconveniente!

ITÁLIA - O ESPELHO DO FRACASSO DA UE

                      The election results were a triumph for the Five Star Movement, led by 31-year-old Luigi Di Maio




Embora as pessoas tenham sido sujeitas à lavagem ao cérebro, em modalidade intensiva, com a cerimónia dos Óscares, o mais importante acontecimento deste fim-de-semana foi, sem dúvida, a eleição parlamentar italiana, com o movimento «5 estrelas» a obter uma maioria (relativa) face a partidos e coligações à direita e à esquerda. 

Embora eu não tenha nenhuma «fé» na política eleitoral, mesmo quando esta é protagonizada por pessoas muito jovens, desencantadas com as formações políticas tradicionais, que não receiam avançar com aquilo que lhes parece ser a via de salvação para as suas vidas, vejo que existem situações, cuja maturação e desfecho obrigam a que os restantes aspectos da realidade social (e não apenas política) se «alinhem» com elas. 

No caso de Itália, temos um país que vem sendo desgovernado pelas direitas e esquerdas, um país cujo crescimento económico tem sido posto em cheque, que tem de sofrer o embate - quase isolado - de ondas de imigrantes que afluem de África às suas costas, um país onde os jovens têm uma formação de qualidade e onde não encontram emprego correspondente às suas qualificações. 
No plano financeiro, a dívida italiana tem subido constantemente, os bancos italianos estão todos falidos, sendo sustentados «a braços», pelo BCE, que lhes compra a porcaria que detêm como «activos». 
Portanto, devemos encarar Itália como o elo mais fraco da UE, não porque outros não estejam em lençóis tão maus ou piores que os italianos, mas porque a dimensão de Itália faz com que uma crise de confiança que aí desponte, irá transmitir-se automaticamente à UE no seu todo.
Ora, tal como o resultado eleitoral de 04 de Março de 2018 foi traçado, ele desenha um quadro difícil de negociações, de compromissos, tendo no centro um movimento que tem rejeitado coligações e compromissos com partidos «do sistema» e que não estará em condições de formar um governo 100% «5 estrelas». Porém, não se vê que outras forças políticas se disponham a fazer passar um governo «5 estrelas» minoritário, sem que existam compromissos de parte a parte. 
O forjar de tais compromissos não me surpreenderia, pois a conquista do governo foi sempre um factor que atraiu as forças mais radicais a abdicarem da parte mais «intransigente» do seu ideário e programa de governo, para conseguirem alcançar o poder. Seria de admirar que isso não jogasse também no interior do movimento ora vencedor. 
Mas, por outro lado, do lado dos negócios, o que se pode esperar é que - embora não exista uma deliberada campanha de boicote contra o novo poder político que emergiu em Itália - as forças do capital «votem» para sair da «grande bota». 
Uma precipitada saída de capitais significa que a montagem da falsa solvabilidade das finanças públicas de Itália e, por extensão, dos países do Sul, construída pelo BCE, fica a descoberto. 
Se a opinião pública ficar com a noção clara -por fim - de que o papel do BCE tem sido de atirar biliões sobre biliões, para que governos continuem a pedir emprestado e a gastar mais do que as economias respectivas produzem, então a subida destas «5 estrelas», será um sinal mortal para aquelas outras «doze estrelas», que compõem a bandeira da União Europeia.

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Post scriptum: mapa pós eleições de 04-03-018
A azul, as zonas que votaram à direita, a vermelho à esquerda, a amarelo «anti-sistema»

                                          Foto de Pepe Escobar.

sábado, 3 de março de 2018

GUERRAS ECONÓMICAS IMPERIAIS

A absurda decisão de Trump em iniciar uma guerra comercial com os países (nomeadamente a China, mas não só) que têm fornecido matérias-primas e produtos industriais revela a enorme fragilidade económica do Império. Dá a impressão que o próprio Trump está desesperado em criar as condições de uma crise. 
Alguns analistas pensam que só assim - ou com uma monstruosa «falsa bandeira»- pensam justificar o «reset», a transformação do sistema financeiro mundial. A oligarquia dos EUA está convencida que somente assim poderá controlar a transição.


sexta-feira, 2 de março de 2018

DA FALSA RECUPERAÇÃO À NOVA DESCIDA AOS INFERNOS

Durante todo o período que sucedeu à grande ruptura de 2007/2008, as opiniões públicas foram embaladas por vozes de sereia, que proclamavam uma espectacular recuperação dos mercados financeiros e das economias dos países do «Ocidente». Na realidade, o que é que se passou?

As sociedades ocidentais têm estado dominadas por um tipo de capitalismo designado por «crony capitalism», ou seja, capitalismo mafioso. Neste capitalismo, não funcionam as «regras de mercado», muito pelo contrário: Os mecanismos de formação de preços nos mercados financeiros - nas acções, nas obrigações, ou nos derivados - estão todos manipulados pela intervenção constante dos Bancos centrais, com o beneplácito dos governos e para maior salvaguarda, não das economias nacionais, mas das mega corporações, com projecção mundial.
  
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A este estado de coisas soma-se, no «Ocidente», uma descida constante dos índices da «economia real», ou seja, os que revelam dados da produção de bens e serviços. 
Sabemos bem que os países asiáticos se tornaram os fornecedores da maioria dos bens industriais no mundo inteiro, invertendo completamente a situação, relativamente à realidade de há cerca de 40 ou 50 anos atrás, em que as produções industriais estavam situadas, em maioria, na América e Europa.

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Em muito poucas décadas, o Ocidente desindustrializou-se e o Oriente recebeu todo o tipo de indústrias, quer as tradicionais, quer as «de ponta», principalmente devido à política de deslocalização, levada a cabo pelos grandes industriais europeus e norte-americanos. Estes puseram seus lucros em primeiro lugar; não se importaram nada com a sustentabilidade das economias de seus próprios países. 

Agora, acumulam-se sinais inquietantes de um excesso de confiança nas bolsas e no imobiliário. 
Mas a economia real estagna, por mais que as estatísticas dos governos (quer dos EUA, quer da UE) sejam manipuladas, de maneira a dar impressão de que há uma recuperação. 
Os empregos criados são de baixa qualidade, temporários, muitos deles, a tempo parcial. 
A inflação é também manipulada para dar  impressão de crescimento do PIB. Se houver uma subestimação acentuada do fenómeno inflação, os valores de aumento aparentes do PIB não serão corrigidos de forma adequada. 
Os índices das bolsas também estão falseados, com a contínua auto-compra de acções pelas grandes empresas, as que detêm um peso importante nas transacções em bolsa. 
Os bancos centrais, com os seus programas de «QE», também contribuem de maneira decisiva para esta falsa euforia. 

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Os grandes bancos - tal como nas vésperas do grande «crash» de 2008 - estão a emprestar muito pouco uns aos outros, o que indica desconfiança recíproca na liquidez dos mesmos. 
Os especuladores continuam atirando capitais (que podiam ser para investimento produtivo) para a nova «túlipa-mania», as criptomoedas.

O aumento anunciado, em 4 etapas, das taxas de juro pela FED (Reserva Federal Americana, Banco Central - privado- dos EUA) irá provocar uma saída dos capitais investidos na Europa (e no Japão), atraídos pelas melhores taxas de juro do outro lado do Atlântico. A manter-se o programa anunciado, o resultado será catastrófico para o conjunto da UE. A única incógnita é saber-se quando é que a fuga de capitais para os EUA começará em grande escala: talvez ela seja visível já nesta Primavera e Verão de 2018. Esta saída de capitais irá provocar um abrandamento das actividades económicas, em todo o lado de cá do Atlântico, a poucos meses de intervalo. 
Em particular, irão sofrer maior embate países como Portugal, muito dependentes de factores "voláteis" - como o turismo - para a sua recuperação, depois dos anos de austeridade forçada. 

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Claro que os EUA, a prazo, não irão «vencer» numa competição em que têm jogado a cartada de afundar os seus próprios aliados e parceiros mais chegados, os países europeus, principalmente. 
Mas, transitoriamente, a sua economia parecerá mais atraente que as da União Europeia.