terça-feira, 29 de novembro de 2016

SOBRE O PORQUÊ DO FRACASSO DE TODOS OS MODELOS

Na minha modesta opinião, a sociedade é sempre o espelho de si própria. 
Nesta época também, ou não se vê que o sublime e o mesquinho se confundem, o genial e o efémero são colocados lado a lado, o criativo perde toda e qualquer notoriedade e o bobo monopoliza a plateia?

Parece que estamos em pleno no reino do relativismo...

Dois textos que analisam o papel dos média, de forma diferente, mas convergente: 




(*) Interessante... só que o uso e abuso da «Liberté guidant le peuple» obriga a que eu faça uma pequena nota de roda-pé. 
Pois, é que o genial Eugène Delacroix, não era assim tão revolucionário como o célebre quadro pode fazer crer: ele simplesmente reproduziu o entusiasmo das jornadas de Julho de 1830, que depuseram um rei absolutista e entronaram um rei constitucionalista, depois de um povinho republicano ter morrido nas barricadas! É a suprema ironia, este símbolo pictórico da revolução liberal, ser obra de um burguês, realista (no pincel e nas ideias políticas), perfeitamente integrado no status-quo...

segunda-feira, 28 de novembro de 2016

AFINAL, O QUE É POESIA?

Peço desculpa ao espírito de Fernando Pessoa, por utilizar, talvez de forma muito pouco fiel, a sua iluminada/iluminante abordagem do fenómeno poético, num dos seus textos em prosa. 
Creio que, segundo Pessoa, são 3 os grandes géneros de poesia, o épico, o lírico e o filosófico:

- O épico está relacionado com uma gesta coletiva, de tradição oral, mesmo se depois foi recolhida por escrito por alguém. 

- A poesia lírica tem a ver com o sentimento amoroso e todas as suas vertentes, todo o complexo de sentimentos e movimentos gerados pela paixão amorosa, no sentido mais lato. 

- A poesia filosófica, preferida de Pessoa - embora ele tenha dimensão épica na «Mensagem» e em muitos dos seus poemas esteja presente o lírico - está centrada numa reflexão, num pensar o mundo, a natureza, Deus, o homem. Mesmo quando parte de uma experiência pessoal, aspira ao geral.

domingo, 27 de novembro de 2016

CONVOCATÓRIA: MOV. PELA PAZ, 08/12/2016


Amigos, amigas!
Não se pode continuar a enterrar a cabeça na areia.
As pessoas de boa vontade têm sido sistematicamente enganadas pela máquina propagandística da média corporativa, disfarçada de «comunicação social», na realidade, propaganda.
Estão a roubar-nos - a pouco e pouco - os nossos espaços de liberdade, a nossa possibilidade de expressão livre. Já não podemos exprimir a nossa opinião em muitos locais, sem risco de sermos censurados, de sermos considerados «terroristas» ou outra etiqueta infamante, porque o poder já não suporta ser confrontado com a verdade, com aquilo que ele é...
As pessoas podem continuar a fazer os seus projetos - nos quais encontram razões para viver, para lutar, para serem ativas - e isso é muito bom e positivo. No entanto, é menos bom e positivo que andem completamente dissociadas das lutas mais gerais e mais decisivas. Se desistem de lutar, serão fatalmente derrotadas, já estão sendo derrotadas, agora.
Mas há esperança de se fazer algo positivo se quiserem, se considerarem - como nós consideramos - que já chegou o momento de dizer «basta!»
 Propomos nos reunir, em breve, no âmbito do Movimento pela paz, para delinearmos estratégias, que não conflituam de modo nenhum com vossas e nossas prioridades, mas que quebrem a apatia das pessoas que são o alvo deste trágico resvalar para uma sociedade totalitária global.
Assim, no dia 8 de Dezembro,  pelas 18H00um feriado em Portugal que assinala o «dia das forças armadas», iremos realizar uma nova Assembleia do Movimento pela paz  nas instalações da Fábrica de Alternativas,  para refletir sobre os caminhos do anti-militarismo, da paz, da resposta cidadã à tentativa globalista de instaurar uma «ordem» mundial, com um governo único, uma moeda única, um poderio militar sob comando único...

Contamos com a tua presença e participação ativa.

Saudações de paz

sábado, 26 de novembro de 2016

EPITÁFIO MERECIDO

Eu não preciso da História (com H grande) para me absolver!

Realmente, tenho a certeza, não ter causado desgraças como a morte por assassínio  - sem julgamento ou por julgamento «revolucionário» - de tantos que eu cismei serem meus inimigos.

Nem estive mais de meio-século aos comandos de um regime que era nº1 na perseguição da dissidência, aperfeiçoando o conceito de gulag, um país transformado em ilha-prisão tropical, mas «paraíso» para turistas.

Nem fui sequer um que elogiei a prostituição de algumas das minhas concidadãs, considerando que elas eram universitárias e portanto merecedoras de uma «alta nota» na sua profissão.

Eu também não estive envolvido em apoios de forças militares a outras ditaduras, "dando" generosamente aquilo que faltava ao meu povo, já para não falar de médicos e pessoal de saúde e outros «voluntários».

Não preciso da absolvição da História, sou uma pessoa com defeitos e qualidades, sem querer impor a minha ideia aos outros, nem as minhas visões do mundo e da história, tão pouco... 

De qualquer maneira, repousa em paz, não venhas inquietar com a tua loucura fria os corações que se dedicam a amar a revolução e não a morte.  

Não venham mais epígonos teus fazer fuzilamentos sumários de patriotas e de libertários, operários que tiveram a ingenuídade de apoiar a tua guerrilha, para logo serem declarados «inimigos da revolução» no dia seguinte ao seu triunfo.... 

Os Maquiaveís deste tempo chamam a isto «estar do lado da História». 

Eu prefiro não ir com esse vento e estar sinceramente ao lado das pessoas que não vergaram nem perante a morte, pobres, operários, que foram tragados na tua «revolução», nessa assucareira ilha «socialista paradisíaca». 

quarta-feira, 23 de novembro de 2016

LÓGICA DE PAZ VERSUS LÓGICA DE GUERRA FRIA

Neste final de 2016, constatamos que o mundo está um pouco menos ameaçado pela guerra global. Isto seria uma quase certeza, caso Hillary tivesse vencido as eleições americanas. 
Não devemos pensar, porém, que tudo se vai compor, não devemos cair na ilusão de que uma détente EUA-Rússia é automática e inevitável, pois existem muitas frentes de fricção que podem, a qualquer momento, especialmente antes da entrada do governo Trump em funções na segunda metade de janeiro 2017, rebentar em conflitos fora de controlo e complicarem muito a situação internacional. 

Esta situação presente poderia caracterizar-se como «nem paz, nem guerra», não se trata de uma situação estável, nem se pode equacionar a nova «Guerra Fria» com o famoso «equilíbrio do terror» da «Guerra Fria nº1». Com efeito, a política agressiva e provocatória dos EUA e de seus aliados da OTAN, tem sofrido revezes de toda a ordem:
- Os tratados de comércio «livre», TPP e TTIP, estão realmente afundados, já estavam seriamente em risco antes da eleição de Trump, sendo que a sua eleição apenas representa o prego final no caixão.
- O lodaçal da Ucrânia tem azedado as relações nem sempre cordiais dos «aliados» (súbditos) europeus na OTAN com os EUA, pois existem demasiados setores industriais europeus a sofrer por causa das sanções à Rússia. Esta, declarou recentemente que as contrassanções, banindo a importação de géneros agrícolas, vão continuar. Muitos outros motivos, como a desesperada necessidade de abastecimento de gás natural, que nunca será substituído pelas energias renováveis, pelo menos no curtíssimo prazo, aconselham os governos a uma atitude de não confronto com a Rússia, que continua a ser um importante fornecedor da União Europeia (especialmente, da Alemanha do Norte).
- A derrota militar na Síria está a tornar claro o jogo sujo lançado pelos EUA, com o pleno apoio da Arábia Saudita e do Qatar. Os objetivos militares eram claramente de empurrar os terroristas do Estado Islâmico (ele próprio uma criação dos EUA, Israel, Arábia Saudita e Qatar) contra o exército sírio governamental, na esperança de causar uma situação crítica e finalmente o derrube de Assad. 
Aliás, isto foi, enquanto estratégia de Hillary, como secretária de Estado do governo Obama, O OBJECTIVO ESTRATÉGICO dos EUA no médio oriente.
- A perda das Filipinas como um dos baluartes de cerco à RP da China. Esta estratégia do «Asia pivot» ruiu com a recusa estrondosa de Duterte em aceitar ser o vassalo obediente dos imperialistas, virando-se claramente para os chineses, para se livrar da dominação colonial secular dos EUA sobre o seu país.
- A redução de influência, em relação aos governos do sul da América: tem surgido uma América Latina cada vez mais independente económica, militar e diplomaticamente do poderoso vizinho do norte.
- Mesmo os aliados mais próximos dos EUA, como a Grã-Bretanha, têm de ter cuidado até onde vão no seu apoio à política «da canhoneira», pois as suas possibilidades de continuarem a desempenhar um qualquer papel no xadrez económico-político-diplomático, dependem das boas relações com a China, e eles sabem-no perfeitamente. Os britânicos ofereceram a praça de Londres para emitir e negociar bonds denominados em yuans, o que lhes daria uma vantagem importante sobre Frankfurt, a principal praça europeia.

Delineei acima algumas de um vasto conjunto de situações, ocultadas ou tratadas de forma completamente distorcida pela média corporativa, mostrando que estamos perante um quadro muito complexo em que a agressividade de uma das partes - o campo «ocidental», nitidamente mais agressivo na retórica e nos atos- acabe por desencadear uma reação da outra. Ou seja, que a provocação constante acabe por causar um passo em falso dos outros. 
Isto é claramente uma estratégia de tensão, que é levada a cabo pelos EUA e aliados (na realidade... súbditos) da União Europeia, agrupados sob o chapéu da OTAN.
- Este posicionamento perigoso é acompanhado por uma torrente importante de propaganda, que faz com que muitas pessoas, incluindo pessoas sinceramente devotadas à causa da paz, confundam as situações e pretendam tomar as suas «distâncias» em relação ao conflito em curso, mas de forma equivocada.
Ora, para se ter uma visão apropriada, deve-se considerar as coisas, não sob a forma que a propaganda quer e deseja que façamos, mas sob a forma que nos parece justa em termos globais, ou seja, sob forma de um desenlace que seja aceitável pelas diversas partes, dentro dum espírito realista de resolução dos conflitos por meios pacíficos, pela prioridade à negociação sobre a confrontação armada, pela reafirmação do princípio da soberania dos Estados, pela não-ingerência de Estados nos assuntos internos dos outros (ou seja, o completo abandono da doutrina de «intervenção humanitária», que apenas trouxe desastres humanitários e destruição total). 
A propaganda tem sempre um objetivo claro em relação à cidadania sobre a qual incide: É desencadear reflexos de medo. O medo impede as pessoas de pensar. Para isso, deflete as questões, não permite que as pessoas percebam onde estão as responsabilidades reais. 
Penso que uma estratégia de paz não passa por contrapropaganda, ou seja, por demonizar aqueles que emitem a propaganda. Isso não é eficaz por várias razões. 
- Em primeiro lugar, porque nos põe, não como críticos, mas como favorecendo apenas um dos lados; ficamos ao mesmo nível que propagandistas. 
- Por outro lado, não permite que se aprofunde, se compreenda, com base em factos e não em opinião, as causas dos acontecimentos. 
Pois é exatamente isso que a média corporativa nos oculta sistematicamente. Esmera-se sempre em obliterar completamente o contexto das notícias, especialmente de conflitos armados, mas - em geral  - faz isso com todo o noticiário de política internacional. 
Pelo contrário, esmeram-se em transcrever e reproduzir todas as declarações oficiais de um dos lados, de forma extensiva, omitindo completamente quaisquer contrapontos. O discurso do poder é registado sem qualquer observação crítica, como um «deus», inquestionável. Para essa média, o «deus» é realmente o poder do dinheiro, seja ele o dos nossos impostos ou o das publicidades que alimentam essas enormes máquinas de propaganda moderna.  
Assim, as pessoas de boa vontade devem educar seus concidadãos a verem a realidade por detrás da propaganda, indo à raiz dos problemas.
Apenas alguns exemplos de manipulações e ocultações recentes da média corporativa internacional:
- Eles sabiam perfeitamente, mas ocultaram quem desencadeou e nutriu as guerras da Líbia, da Síria, quem equipou e subsidiou Al-Nusra, ramo Sírio de Al-Quaida… e como sabemos, estas guerras estiveram realmente na origem do problema – gravíssimo – dos refugiados destas guerras.

- Eles sabiam perfeitamente e ocultaram que houve interesses que se serviram dos refugiados para desestabilizar vários países da Europa central: era conhecido o envolvimento do multibilionário George Soros, que subsidia as ONGs que tiveram um papel de relevo nesta crise.

- Eles sabiam, não apenas do papel das ONGs locais, subsidiadas por Soros, um fator importante na «revolução» de Maidan na Ucrânia, como das forças nazis e antissemitas sem quaisquer máscara, mas que foram apelidadas de «democráticas» pela média e pelo departamento de Estado dos EUA. Foi um golpe de Estado, monitorizado e financiado pelos EUA e com o apoio das chancelarias europeias, nomeadamente alemãs, francesas, britânicas…

Poderia citar mais exemplos, eles estão constantemente a surgir. Mas estes bastam, para se perceber como a média distorce as realidades no terreno, exerce uma forte pressão na opinião pública, não como veículo de informação, que deveria ser, mas como veículo de propaganda.

A meu ver, a propaganda não deve ser combatida com «contrapropaganda», mas com informação objetiva, que desmascare as operações de propaganda. Por isso, importa formar uma cidadania com uma elevada capacidade de pensar criticamente. Não «acreditar» seja o que for, seja de onde vier a informação, sem questionar, examinar as provas da mesma, ver até que ponto se trata de factos, não fabricados, mas objetivos. Depois, ver se estes tais factos suportam ou são coerentes com as teses ou hipóteses defendidas e se não terá havido omissão de outros factos, que iriam contrariar as conclusões…
Esta educação e formação de espíritos livres devem ser assumidas como fator muito importante, essencial mesmo, na construção de um movimento pacifista.



terça-feira, 22 de novembro de 2016

O ESPÍRITO DO LOBO - filme de Jean-Jacques Annaud


Esta película, baseada num romance de Jiang Rong, conta uma aventura de um estudante chinês na Mongólia durante o período da revolução cultural (1967-1970). Os estudantes eram encorajados a irem por períodos de anos apoiar camponeses ou nómadas. 
O livro «Tótem do Lobo» é uma ficção parcialmente baseada na experiência vivida do autor que esteve realmente a viver numa comuna de criadores de gado na Mongólia, nos anos 1970.