Veja o que o mais conceituado oncologista japonês diz sobre vacina anti- COVID e os "turbo cancros": https://www.globalresearch.ca/video-oncologist-condemns-mrna-vaccines-evil-practices-science/5856356

quarta-feira, 24 de janeiro de 2024

LE DERNIER REPAS - JACQUES BREL

 https://www.youtube.com/playlist?list=PLUv1WgIwP9IPk6USCWVJbq7e4t8JFCOss


À mon dernier repasJe veux voir mes frèresEt mes chiens et mes chatsEt le bord de la mer
À mon dernier repasJe veux voir mes voisinsEt puis quelques chinoisEn guise de cousins
Et je veux qu'on y boiveEn plus du vin de messeDe ce vin si joliQu'on buvait en Arbois
Je veux qu'on y dévoreAprès quelques soutanesUne poule faisaneVenue du Périgord
Puis je veux qu'on m'emmèneEn haut de ma collineVoir les arbres dormirEn refermant leurs bras
Et puis je veux encoreLancer des pierres au cielEn criant Dieu est mortUne dernière fois
À mon dernier repasJe veux voir mon âneMes poules et mes oiesMes vaches et mes femmes
À mon dernier repasJe veux voir ces drôlessesDont je fus maître et roiOu qui furent mes maîtresses
Quand j'aurai dans la panseDe quoi noyer la terreJe briserai mon verrePour faire le silence
Et chanterai à tue-têteÀ la mort qui s'avanceLes paillardes romancesQui font peur aux nonnettes
Puis je veux qu'on m'emmèneEn haut de ma collineVoir le soir qui chemineLentement vers la plaine
Et là debout encoreJ'insulterai les bourgeoisSans crainte et sans remordsUne dernière fois
Après mon dernier repasJe veux que l'on s'en ailleQu'on finisse ripailleAilleurs que sous mon toit
Après mon dernier repasJe veux que l'on m'installeAssis seul comme un roiAccueillant ses vestales
Dans ma pipe je brûleraiMes souvenirs d'enfanceMes rêves inachevésMes restes d'espérance
Et je ne garderaiPour habiller mon âmeQue l'idée d'un rosierEt qu'un prénom de femme
Puis je regarderaiLe haut de ma collineQui danse, qui se devineQui finit par sombrer
Et dans l'odeur des fleursQui bientôt s'éteindraJe sais que j'aurai peurUne dernière fois

Esta soberba canção abre a minha playlist, dedicada ao mais notável autor-compositor de origem franco-flamenga. Ele nos encantou enquanto adolescentes, encarnando todo o fulgor de revolta e de amor que nos incendiava também. 

Sabemos muito sobre a vida deste grande vulto da canção francófona, mas isso não explica nada, pois o fenómeno de criatividade, quer nas letras, quer nas melodias, continua a ser, para mim, um caso ímpar. Dificilmente, se encontra meia dúzia de interpretes/compositores, que tenham atingido a perfeição e qualidade de Jacques Brel.

Jacques Brel é também um formidável intérprete.  Tem imensa qualidade vocal, nas gravações ao vivo ou em estúdio: Elas são de grande perfeição, não apenas pela sua musicalidade, como pela sua perfeita dicção: consegue-se perceber todas as palavras, mesmo nas canções com um ritmo muito vivo.

Algumas canções do «grand Jacques» foram interpretadas por outros cantores/cantoras. Mas, para mim, nenhuma dessas interpretações (embora algumas tenham real qualidade) vale a versão original.  

Brel escreve sobre o amor, sobre os desencontros do amor, sobre os seus fracassos, sobre a condição humana, sobre os problemas sociais, sobre a guerra e a paz, sobre o militarismo, sobre a morte, etc. Dizer - porém - que é um «cantor/autor de intervenção» ou «engagé» é um bocado redutor, não se aplica ao personagem e à sua obra. Ele transcende as divisões esquerda/direita, ou ateísmo/religião. Por isso, pode ser amado ou odiado por muitos, em todos os quadrantes: as canções que eu escolhi na playlist dão, espero, uma amostra representativa das temáticas das canções de Brel.

Brel viveu apaixonadamente, nunca recusando os desafios que a vida lhe colocava. Pode dizer-se que é um exemplo de comportamento «heroico» ou voluntarista, mas não cai dentro da categoria típica das «stars», pois ele não gostava nada que os media da altura se imiscuíssem na sua vida privada. Tinha, além disso, um sentido profundo de solidariedade e de justiça social, que não era fictício, pois ele assumia estes valores que proclamava. Pode dizer-se que o seu substrato profundo fosse de um libertário social, que assumia o humanismo como herança da civilização em que estava inserido, mas rejeitava as hipocrisias dos burgueses, dos falsos devotos, etc.    

Gostaria que houvesse outros artistas como ele, que estivessem vivos e atuantes, que soubessem fazer a denúncia das iniquidades e das brutalidades dos poderosos, com a mesma verve, pois a força da expressão artística tem a capacidade de abrir os corações. Uma das coisas que mais falta faz, neste século, parece-me ser a coragem de se ser coerente com os  ideais proclamados.



Sem comentários: