quinta-feira, 16 de novembro de 2023

QUASE PÓSTUMO [OBRAS DE MANUEL BANET]

 


Quase póstumo

Ainda assim querendo ser

Ingénuo outra vez nascer

Em segredo olhando

Crepúsculos de madrugada

E ventos cantando

 ao ouvido aquela

Canção antiga

 Não sei a letra

 Mas fala de sereias

E de sementes

Reminiscências

De quando fui

Noturno corujando 

Em diálogo com

Filtradores de orvalho


Mas não era eu

Afinal, tempo sonhado

Ou vida imaginada

Se foi tudo um filme

Não sei, podia sê-lo 

Ser outra história

Às vezes cómica

Ou triste

 Ou irónica

Ou trágica

Ou banal

E tudo...


O cintilar de prata à superfície do rio que flui para o mar

É efémero; eu sei

Mas o olhar, esse, é eterno

Se te concentrares e fixares

O instante como eternidade

Como universo parando para deixar

O instante ser na sua plenitude

Sem nada que o estorve

Sem outro modo de ser 

Senão o ser em si mesmo


Compreenda isto quem puder


Vamos remando num universo sem limites 

Mas cíclico e nossa insignificância

É eternidade

O ser é eterno deixa a sua marca

Não desaparece, transforma-se


Entenda isto quem puder


Eu apenas reflito o saber

Como o espelho reflete a luz

Nada  misterioso, o espelho 




1 comentário:

Manuel Baptista disse...

https://manuelbaneteleproprio.blogspot.com/p/poesias-de-manuel-banet-desde-2022.html

No link acima estão os poemas transcritos desde 2022, até hoje.