CONTOLO DE DOCUMENTOS / VIGILÂNCIA DE MASSAS
Na IIª Guerra Mundial, os civis das regiões ocupadas pelo exército nazi eram constantemente intercetados e tinham de exibir os seus documentos de identificação e salvo-condutos.
Hoje, a identificação é exigida em tudo e para tudo: on-line e off-line; em situações oficiais e extra- oficiais. Tudo isto foi potenciado pela «crise do COVID». As pessoas passaram a ter de mostrar - por rotina - os certificados de vacina a torto e a direito.
A sociedade da vigilância generalizada já está aqui. Simplesmente, as pessoas vivem quase todas, mentalmente, no antes da era digital. Elas pensam, ingenuamente, que algo «tão inócuo» como o número de cartão de cidadão, ou o número fiscal, nos serem exigidos não tem gravidade, é mera rotina. Mas, nem sempre é assim. Abaixo, direi porque penso que estão enganadas.
Elas não sabem que os contratos que «assinam» com um click na Internet, exigem que a pessoa aceite que os dados fornecidos e outros dados (no seguimento da relação contratual) sejam utilizados livremente pelo «dador de serviço». O tipo de utilização não é especificado, não há limites para o cruzamento de dados, para a venda dos perfis individuais, que abrangem muitas coisas: Compras, postagens on-line, chats em redes sociais, dados do teu curriculum, etc.
Este «maná» (para as empresas) já foi considerado como «o petróleo do século XXI» e, de facto, há empresas que lucram vendendo estes dados, agrupando e tratando os mesmos, revendendo os dados processados, etc.
Na verdade, existem numerosos incumprimentos da legislação de muitos países, nomeadamente os da União Europeia. Mas, esses incumprimentos são ignorados devido à hipocrisia do sistema. Supostamente, antes de assinares, deverias ter lido atentamente, ouvido o conselho dum jurista, etc. Parte-se do princípio, nesta sociedade hipócrita, que aquele que não sabe, ou não quer ler as complicadíssimas «n» páginas de conversa fiada jurídica, é quem está em «falta». Pelo contrário, os que cozinharam assim tal contrato, fizeram tudo dentro da lei.
Não me admira nada que isto seja assim, pois o Estado e seus agentes também são coniventes e participantes na farsa. Ele - o Estado - também se aproveita da situação a vários títulos, também recorre à mineração dos dados dos cidadãos, também utiliza algoritmos de vigilância automática dos sites, para - supostamente - rastrear os terroristas!
São sempre os mesmos pretextos: o terrorismo, a fraude fiscal, etc. Mas, os dados dos cidadãos são vasculhados e armazenados em massa, sem limite de tempo, sem limite de utilização, transformando em «paródia» as leis de confidencialidade (que ainda estão em vigor), que o Estado deveria respeitar e fazer respeitar.
Não me ocorre nada de melhor, como antídoto, que este longo recitativo-canção de Léo Ferré. Aquele mesmo que eu vi no palco. Foi há tanto tempo, é como se fosse noutra vida.
POÈTE... VOS PAPIERS!
https://www.youtube.com/watch?v=87qVWD0VV6EBipède volupteur de lyre, époux châtré de PolymnieVérolé de lune à confire, Grand-Duc bouillon des librairiesMaroufle à pendre à l'hexamètre, voyou décliné chez les GrecsAlbatros à chaîne et à guêtres, cigale qui claque du becPoète, vos papiers! Poète, vos papiers!
J'ai bu du Waterman et j'ai bouffé LittréEt je repousse du goulot de la syntaxeÀ faire se pâmer les précieux à l'arrêtLa phrase m'a poussé au ventre comme un axeJ'ai fait un bail de trois-six-neuf aux adjectifsQui viennent se dorer le mou à ma lanterneEt j'ai joué au casino les subjonctifsLa chemise à Claudel et les cons dits "modernes"
Syndiqué de la solitude, museau qui dévore du couicSédentaire des longitudes, phosphaté des dieux chair à flicColis en souffrance à la veine, remords de la Légion d'honneurTumeur de la fonction urbaine, Don Quichotte du crève-cœurPoète, vos papiers! Poète, Papier!
Le dictionnaire et le porto à découvertJe débourre des mots à longueur de pelureJ'ai des idées au frais de côté pour l'hiverÀ rimer le bifteck avec les engeluresCependant que Tzara enfourche le bidetÀ l'auberge dada la crotte est littéraireLe vers est libre enfin et la rime en congéOn va pouvoir poétiser le prolétaire
Spécialiste de la mistoufle, émigrant qui pisse aux visasAventurier de la pantoufle sous la table du NirvanaMeurt-de-faim qui plane à la Une, écrivain public des croquantsAnonyme qui s'entribune à la barbe des continentsPoète, vos papiers! Poète, documenti!
Littérature obscène inventée à la nuitOnanisme torché au papier de HollandeIl y a partouze à l'hémistiche mes amisEt que m'importe alors, Jean Genet, que tu bandesLa poétique libérée, c'est du bidonPoète, prends ton vers et fous-lui une trempeMets-lui les fers aux pieds et la rime au balconEt ta muse sera sapée comme une vamp
Citoyen qui sent de la tête, papa gâteau de l'alphabetMaquereau de la clarinette, graine qui pousse des gibetsChâssis rouillé sous les démences, corridor pourri de l'ennuiHygiéniste de la romance, rédempteur falot des lundisPoète, vos papiers! Poète, salti!
Que l'image soit rogue et l'épithète au poilLa césure sournoise certes mais correcteTu peux vêtir ta Muse ou la laisser à poilL'important est ce que ton ventre lui injecteSes seins oblitérés par ton verbe arlequinGonfleront goulûment la voile aux devanturesSolidement gainée ta lyrique putainTu pourras la sortir dans la Littérature
Ventre affamé qui tend l'oreille, maraudeur aux bras déployésPollen au rabais pour abeille, tête de mort rasée de fraisRampant de service aux étoiles, pouacre qui fait dans le quatrainMasturbé qui vide sa moelle à la devanture du coin, ha!Poète, haha, circulez, poète, haha!Circulez, poète! Circulez, hahaha!
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1 comentário:
Como agradecer-te não me é possível, continua a ajudar-me a estar com os amigos comuns, como o Léo Ferré. Abraço fraternal do velho
Max
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