terça-feira, 5 de junho de 2018

OS EUA RESPONSÁVEIS PELA REACTIVAÇÃO DO PROGRAMA NUCLEAR IRANIANO

US sanctions can cut Iran’s oil sales abroad by half – BP boss




O plano dos EUA, de isolar o pior inimigo de Israel, saindo do acordo multipartes não apenas teve uma resposta negativa de seus aliados (Grã Bretanha, França e Alemanha) também signatários do acordo, como colocou o regime iraniano numa posição em que pode legitimamente tomar medidas que aproximam o Irão da possibilidade de obter a arma nuclear, sem no entanto, ir contra a letra do acordo. 
Além disso, os europeus, com a sua cobarde atitude de recusar sair do acordo por um lado, mas por outro, vindo com exigências de que a re-negociação futura do mesmo deveria incluir os mísseis iranianos (não nucleares, que nunca estiveram em causa durante as negociações para este acordo) levaram imediatamente uma recusa peremptória do regime dos ayatollahs. 
Tudo isto, resume a incapacidade do Ocidente em definir uma estratégia, que não seja a da ameaça constante e do bullying, para com uma potência dispondo de uma capacidade militar dissuasiva de uma invasão terrestre e com algum potencial de retaliação também, caso Israel se lembre de efectuar um ataque aéreo «punitivo». 
No fundo, é apenas esta capacidade do Irão, que enfurece Natanyahu e todos os sionistas. Eles desejam continuar suas campanhas contra a Síria e o Líbano, com total impunidade. Desejam anular o Irão como poderoso inimigo e aliado do regime Sírio e do Hesbollah do Líbano (parceiro da coligação governamental). 
Os lacaios dos sionistas, sejam eles europeus ou americanos, estão assim a diminuir as garantias e compromissos mútuos, que permitiram baixar o nível de tensão e afastar o perigo de confronto nuclear no médio-oriente. 
Haverá algum propósito, alguma lógica nisto? A única «razão» para tais comportamentos ocidentais será o facto de que os poderosos lóbis pró-Israel e da indústria armamentista terão feito uma enorme pressão no sentido de fazer tudo voltar à estaca zero. 
Ao terem de novo o Irão como inimigo nº1 oficial, estão a deixar Israel com as mãos livres para qualquer ataque aéreo que  queira efectuar, além de criarem uma justificação «plausível» para a necessidade de mais despesas com armamento.

domingo, 3 de junho de 2018

PORQUE É QUE A UNIÃO EUROPEIA NÃO TEM FUTURO

                           Resultado de imagem para european union cartoon

Num contexto de crescimento vigoroso, como foi o caso da década de 90 e até à década seguinte, interrompido pela crise mundial de 2007-2008, era fácil à oligarquia eurocrática impor o seu modelo de «governança» ao povo europeu, mesmo à custa de uma série de entorses à democracia, da qual ela se diz a maior defensora. Lembremos os casos dos referendos irlandeses, dinamarquês e, sobretudo, os dois sucessivos «não» à Constituição europeia, em França e na Holanda. 
As oligarquias não descansaram enquanto não encontraram um meio para subverter o sentido do voto destes eleitorados, cujos países foram membros fundadores do Mercado Comum. No Tratado de Lisboa, impuseram uma «Constituição bis», apenas com alterações cosméticas, para formalmente não ser considerado como desrespeitando o veredicto das urnas em França e Holanda. 
Com o colapso da economia especulativa nos EUA, em 2007-2008, mas logo propagando-se ao continente europeu, a única preocupação de governos e bancos centrais, de um lado e do outro do Atlântico, foi a de evitar que os bancos, chamados «too big to fail»,  não sofressem e  continuassem a ter os seus lucros. 
- Inventaram as políticas monetárias mais  absurdas, como «Quantative Easing», ou seja, aumentar indefinidamente a dívida, como «meio» para resolver um problema  ... de dívida! 
- Impuseram a austeridade para o povo, mas reforçando os privilégios de casta dos líderes políticos. 

A pseudo «elite» - na realidade, uma oligarquia - conseguiu «dominar». Mas submeteu-se caninamente a tudo o que lhe impunham, a partir da sede do império: 
- Desde o reforço da NATO, sob pretexto de renovada guerra fria (iniciada e alimentada por eles), até à destruição do Estado de Direito, com pretexto numa série de atentados terroristas tipicamente «falsas bandeiras». 
- Como resultado da sua participação desastrosa na guerra civil na Síria, causou a revolta popular contra uma aceitação forçada e indiscriminada de refugiados desta e doutras guerras, insufladas pelo «Ocidente».
A total desconfiança relativamente às cúpulas políticas, atingiu um ponto alto com a eleição em Itália de duas forças euro cépticas, que se coligaram para governar. 
Por agora, a contestação dos povos tem sido civilizada, ordeira. Mas, o destino desta construção falhada da «União» Europeia não se anuncia nada tranquilo e democrático. Com efeito, quando houver uma nova grande crise, que irá fazer parecer uma «brincadeira» a crise de 2008 que abalou o sistema de capitalismo financeiro, o desespero das gentes será tal, que a casta dirigente irá ser posta na rua. 

Resta a incógnita sobre o que virá depois. Não creio que a chamada «democracia representativa» tenha condições para se reformar. Mais provável será o advento dalgum tipo de cesarismo ou populismo... na ausência de genuína alternativa para outro sistema totalmente diferente do actual, nos seus pressupostos. 
O monstro chamado UE, a ditadura da Comissão de Bruxelas sobre todos os governos, parlamentos nacionais e povos, não pode continuar no contexto desta crise que se avizinha. 
Esta crise não é evitável, não é adiável por muito tempo, não existe remédio eficaz para os males que assolam o mundo financeiro e económico, dentro do sistema em vigor. 
Haverá uma transição, seguramente, mas não será pacífica: não existe maneira de a fazer, sem colocar em causa o âmago do sistema. 

CONCERTO PARA CLARINETE K. 622 DE W.A. MOZART


Uma das últimas obras instrumentais de Mozart, estreada por seu amigo Stadler em Praga, em 16 de Outubro de 1791, apenas dois meses antes da morte do compositor. 

Este concerto é de estrutura muito clássica. Porém, o charme na melodia do solista, a sua aparente espontaneidade, fazem dele um dos meus preferidos concertos mozartianos. 
O original desta peça terá sido escrito para clarinete baixo: foram tentadas várias reconstituições da forma inicial do mesmo, partindo de tal hipótese, visto que o manuscrito de Mozart não é conhecido.

A interprete solista, Arngunnur Árnadóttir, é excelente! Está acompanhada pela orquestra sinfónica da Islândia, sob direcção do maestro Cornelius Meister



sábado, 2 de junho de 2018

UM GENE ESPECÍFICO RESPONSÁVEL PELA EXPANSÃO CEREBRAL



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Nos dias de hoje, saturados com notícias sensacionalistas, que supostamente dão uma informação sobre os progressos em biologia, é difícil de não se cair no cepticismo. Porém, algumas descobertas transportam a marca do que se pode designar - sem exagero - de pequenas revoluções no conhecimento da biologia evolutiva. 


É o caso de um gene, especificamente humano, que se designa por NOTCH2NL. Possui a propriedade de retardar a vinculação das células cerebrais, no caminho da diferenciação  em direcção ao estado de neurónio. Ou seja, graças à actividade deste gene uma linhagem celular vai ficar mais tempo no estado indiferenciado, na forma de células estaminais. Ora, as células estaminais vão continuar a dividir-se e dar origem a novas células. Temos assim um mecanismo de diferenciação que é atrasado, retardado, na espécie humana, por comparação com o que se passa nos tecidos equivalentes dos símios, os quais não são possuidores deste gene activo. Assim, certas zonas do cérebro humano - córtex frontal, nomeadamente - continuam mais tempo em divisão activa durante a gestação, comparativamente aos nossos primos símios. 

Esta diferença explica uma parte do aumento da massa cerebral, que se observa justamente a partir da bifurcação que deu origem ao género Homo. 
Outra parte, deve-se a um complexo de causas e consequências, um mecanismo de selecção, em que o surgimento de seres dotados de maiores cérebros, correspondia a comportamentos mais aptos à sobrevivência; o que, por sua vez, permitia a perpetuação desta característica nas gerações seguintes.

Os autores desta importante descoberta fazem notar que o surgimento deste gene poderia ter ocorrido (por reparação de genes similares) em qualquer momento da evolução dos primatas. Mas esse acontecimento terá ocorrido, segundo estudos da divergência de sequências de ADN, há cerca de 4 milhões de anos. Foi nessa altura, na origem deste gene, que se iniciou a divergência evolutiva entre os símios antropoides (chimpanzés, gorilas, etc) e a linhagem ancestral de todo o género Homo.

Outra curiosidade importante deste estudo, foi a relocalização do gene, noutro ponto do genoma humano. Estava mapeado noutro sítio do genoma humano, que não aquele onde ele efectivamente se encontra. 
Ora, a sua verdadeira localização é extremamente interessante, pois é a zona onde ocorrem  genes associados a macrocefalias e microcefalias, mas igualmente genes envolvidos nas doenças do desenvolvimento cognitivo, como o autismo e outras patologias. 
O gene NOTCH2NL pode ser sujeito a deleção ou duplicação, originando anomalias por si próprio ou pode sua alteração ser causadora de perturbação no seu entorno, na expressão doutros genes.  



sexta-feira, 1 de junho de 2018

FIM DO GOVERNO RAJOY: INSTABILIDADE POLÍTICA À VISTA

                    

Rajoy foi «corrido» do posto de presidente do governo, horas depois do tesoureiro do partido PP ter sido incriminado no escândalo de corrupção. Foram desvendados os mecanismos pelos quais industriais vertiam avultadas somas para os cofres do partido, através de esquemas como a sobre-facturação de serviços durante as campanhas eleitorais e também dinheiro líquido directamente entregue para as campanhas locais e regionais.
O parlamento (as cortes), ao subscrever maioritariamente o voto de não-confiança proposto pelos socialistas, designou o secretário-geral do PSOE, Pedro Sanchez. 
Mas esta maioria circunstancial dificilmente se irá transformar numa maioria operacional: não apenas as negociações do PSOE com o PODEMOS se anunciam complicadas, como também os partidos  regionalistas do País Basco e da Catalunha, irão fazer uma máxima pressão para obterem, em troca do seu voto na câmara, uma maior autonomia.
A economia da  UE, depois do abalo italiano, sofre agora outro factor político de instabilidade. 
O Euro desceu imediatamente em relação às outras moedas, em particular, o dollar. 
É previsível que o BCE (ECB), em vez de desacelerar o programa de compra de activos como tinha anunciado, vá manter - ou mesmo reforçar - a compra de obrigações soberanas italianas  e espanholas.

DEUTSCHE BANK oficialmente reconhecido como banco «com problemas»

                         

Conforme Martin Armstrong aponta muito claramente no seu artigo, o problema da consolidação das contas do DB é insolúvel dentro do sistema instaurado pelo Euro. 


             
                   [descida brusca das acções do DB]


O problema principal do DB é a excessiva exposição a derivados (exposição num montante muito maior que o próprio PIB da Alemanha!).
Com efeito, a excessiva alavancagem em relação a derivados, neste banco global, torna inviável um «bail in». Ou seja, a utilização de activos dos accionistas e dos depositantes do próprio banco para tapar o buraco não serviria, neste caso. 
Restava a fusão, mas esta não é viável com o outro grande banco alemão (Commerce Bank), justamente pela quantia excessiva de capital em risco, investido em derivados, que o DB iria trazer como «dote». Quanto à fusão com outro mastodonte bancário europeu mas não alemão, com o BNP francês por exemplo, ela seria mal vista, por uma questão de nacionalismo (embora o capital não tenha pátria, como bem sabemos!).
A UE está metida numa série de becos sem saída e já ninguém sério se atreve a vaticinar-lhe um «grande» futuro. Nem sequer se sabe muito bem como irá ultrapassar a actual borrasca da transformação política em Itália e a mais que provável colocação em referendo da retirada do Euro.
O sistema do Euro poderia ter sido viável, segundo Armstrong, se - desde o princípio - tivessem sido mutualizadas as dívidas de cada país da zona Euro. 
Tal faria com que houvesse uma base de confiança suficiente na moeda, viabilizando a caminhada para um sistema fiscal unificado, assim como condições comuns de operação das empresas (legislação referente a contratos de trabalho, legislação de concorrência, do ambiente, etc...).
Contra toda a lógica, mas com toda a ganância, os grandes empórios que pilotaram a transição para o Euro queriam «tudo para as empresas e nada, ou quase, para os trabalhadores e para os bens comuns, investimento social, etc». 

Pena que sejam os mesmos de sempre a pagar as «vistas curtas» e os fracassos decorrentes NA CONSTRUÇÃO DE UM MODELO INVIÁVEL À PARTIDA E CUJO DESFECHO FOI PREVISTO POR MARTIN ARMSTRONG!