segunda-feira, 10 de novembro de 2025

SUITE PARA ALAÚDE EM SOL MENOR BWV 995, Klaudyna Żołnierek

 

O espanto da minha descoberta desta intérprete, Klaudyna Zolnierek. 

Conheço esta peça de «cor e salteado», embora não seja alaúdista. Tenho imenso respeito pelos alaúdistas, que tenho ouvido nas minhas deambulações musicais, mas nunca me surgiu alguém que elevasse a este ponto a música da suite de Bach, graças à sua maestria da execução. Ela «canta» as notas no alaúde; tudo soa tão natural ao ouvido. Vale a pena ouvir com a máxima concentração; são momentos sublimes...


                               https://youtu.be/FGV4z2NCC8k?si=pG73LHVfKHnwwr_U



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domingo, 9 de novembro de 2025

PARA QUE SERVE A «IA» (INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL)



 Como qualquer novidade tecnológica, estes sistemas de busca e processamento na Rede, através de algorítmos têm  sido muito publicitados, têm-lhes sido atribuídos poderes miraculosos, a capacidade infinita de processar dados,  «inteligência» muito acima da simples humanidade... Porém, realisticamente, tem servido, no quotidiano, para muitas coisas, por ex.: Os trabalhos de casa de alunos, fazer uma revisão extensa e completa sobre um tópico que nos interesse... 

Algo que me parece muito interessante é o decifrar de antigas formas de escrita, de cuja «chave» nos falta (ou falta aos cientistas). Com o auxílio de IA, pode-se decifrar essas linguagens escritas e - a partir deste ponto - ler textos inscritos na pedra, em tábuas de argila, ou noutro suporte. 

A interpretação, usando os algorítmos de IA, de qualquer coisa que saia fora da experiência corrente deverá - porém - ser vista com cuidado. Com efeito, a IA processa apenas informação que está estocada em qualquer ponto da Rede, acessível pela Internet. Se houver um número vasto de artigos científicos que interpretam um fenómeno, basicamente da mesma maneira, creio que um relatório de «IA» vai enfatizar estes pontos de vista maioritários, talvez mencionando pontos de vista divergentes, mas sem verdadeiramente fazer a avaliação crítica dos mesmos. Com efeito, a estatística não nos diz nada sobre a correcção ou incorrecção de uma dada hipótese, de uma dada teoria. 

Do universo da IA está ausente o aspecto criativo. Compreende-se, pois a aventura criativa é justamente aquela em que se fazem hipóteses mais ou menos «anormais», fora da «média estatística». A criatividade, seja ela em que domínio for, parece-me continuar a ser exclusividade humana. Tanto nas ciências, como na criação literária, as capacidades que se devem conjugar situam-se a vários níveis. Desde o nível do conhecimento de dados em bruto, até ao nível da discussão sobre teorias concorrentes, sabendo quais os argumentos avançados pelos defensores de uma, ou de outra teoria. Nestes casos, a mente humana tem de exercitar o seu espírito de análise, de síntese, de crítica, de intuição, etc... Todas estas componentes têm de estar integradas, não somente em termos teóricos, como em termos de vivido. 

As tarefas repetitivas, enfadonhas, poderão ser reservadas para a IA. Aqui, será importante para os utilizadores saberem como tirar partido da "ferramenta" em suas mãos. Com efeito, de acordo com a forma concreta como é formulada uma pergunta, assim a pesquisa e a resposta de IA, serão orientadas. Mas, penso que é algo que se pode dominar, após alguns meses de treino de utilização de IA. 

Esta utilização da IA, permitiria utilizar as funções nobres em exclusivo para o cérebro, as funções que sempre foram apanágio da mente humana: A criatividade, seja em domínios científicos ou artísticos; ou a interacção com o mundo observado: A prova de uma teoria, não está na correcção formal do sistema de equações usado, mas nas observações e experiências controladas, permitindo confrontar o(s) modelo(s) proposto(s), com a realidade. 

A crença das pessoas em «virtudes supranaturais» de máquinas ou artefactos («Deus ex Machina») vai continuar, durante algum tempo. Isso irá dar oportunidade aos que controlam este mundo, de transformar algo que tem potencial libertador e potenciador da produtividade humana, em algo opressor: Com efeito, se as descobertas e inovações fossem postas ao serviço da humanidade inteira, haveria um efeito direto positivo na vida das pessoas comuns. Por exemplo, a produtividade dos trabalhadores, tendo aumentado devido às transformações tecnológicas, poderiam receber melhor salário, trabalhando as mesmas horas que antes, ou até menos horas. Ficariam assim com mais tempo livre para se dedicarem à família, ao lazer, à educação e à cultura... Mas, isso seria um problema para a classe patronal. Esta não teria indivíduos submissos, temerosos, etc... Indivíduos incapazes de resistência face ao arbítrio. Neste mundo de classes antagónicas, onde a classe dominante dispõe da propriedade e uso monopolístico dos meios de produção, a prioridade do patronato vai ser de transformar em seu em favor qualquer inovação ou aplicação, para que esta aumente o seu poder e o controlo sobre as classes dominadas.

A automatação, a robotização, a utilização de IA, etc... seriam bem-vindas numa sociedade onde os recursos e a produção estivessem repartidos de maneira equitativa. Tais inovações têm um potencial libertador, mas, para ser efetivo, é preciso que a sociedade - no seu todo - se organize de forma não opressiva, que a hierarquia não seja de poder, mas somente de função, em que a decisão se distribua por aqueles/as a quem um determinado processo, trabalho, ou tarefa, dizem respeito. Pressupõe o controlo dos trabalhadores, e de todo o povo, sobre a utilização daquilo que é colectivo. Mesmo guardando a propriedade privada em grande parte dos meios de produção, esta não poderá ser um meio de exerceer poder sobre a sociedade em geral. Ela terá de estar a produzir segundo o interesse coletivo. A propriedade intelectual não poderá ser instrumento de controlo e extorção sobre os outros, terá de haver justiça em remunerar os inventores, mas não tolerar que se apropriem de «bens intelectuais» como forma de capital, reservando para si os «direitos» de propriedade.  

Não há nada que o espírito humano não possa inquirir; não existe nenhum problema que esteja para além do alcance dos humanos. 

O Universo, que tudo produz e destroí, dará continuidade à aventura da tecnologia humana, se esta não for dominada por sociopatas e psicopatas (os «vencedores» nesta sociedade). Estes, são pessoas sem nenhuma empatia, sem sentimentos de solidariedade, centradas em si próprias e no seu poder. 

Mas, cabe a todos nós, nos apropriarmos das ferramentas (físicas e conceptuais), que nos podem libertar. 


sexta-feira, 7 de novembro de 2025

Prof. MEARSHEIMER sobre a Venezuela



Ele parte do momento que se vive atualmente no mar das Caraíbas, para dar uma panorâmica geral do falhanço da diplomacia dos EUA com a Rússia e outras grandes potências e da incapacidade dos dirigentes americanos compreenderem que as posturas agressivas apenas apressam a derrocada do "império do dólar ".


Um memorável discurso, a não falhar.

PS1: 


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quarta-feira, 5 de novembro de 2025

Ratificação do tratado de Lisboa é INVÁLIDA (e U.E. não tem base LEGAL!)


Segundo Francis Lalanne, a urgência da luta jurídica deve-se à deriva autoritária de dirigentes da UE:
- Ursula Van Der Leyen, quer que a Comissão Europeia tenha o direito de decidir sobre a utilização das armas nucleares da França, 
- O presidente Macron quer enviar soldados franceses combater na guerra russo-ucraniana.
Estes atos autoritários são também completamente ilegais. Neste caso, um combate jurídico, além do combate político,  faz sentido.

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terça-feira, 4 de novembro de 2025

ESPIRAL ASCENDENTE DA DÍVIDA AMERICANA

 



Enquanto a inflação continua elevada, a FED (Federal Reserve= banco central dos EUA) vai cancelar o programa de QT (Quantitative Tightening), o que equivale a aumentar a liquidez no mercado. Simplesmente, a quantidade de dívida que os EUA têm de pagar está a subir exponencialmente. Agora, o aumento é de 3 mil milhões de dólares por dia. Agora - no orçamento dos EUA - os juros da dívida pesam 17% do total. Esta espiral vai acabar mal, mas quem vai sofrer não são os grandes accionistas, os grandes bancos, nem a elite corrompida de Washington. O colapso vai atingir os pequenos aforradores, os pensionistas, os trabalhadores no ativo, as pessoas dependentes do Welfare State (o Estado de Bem-estar). Mas, também serão sacrificados muitos pequenos empresários, que terão de declarar falência.

Comparada com a crise de 2008, esta crise vai ser muito mais severa. A sua gravidade será igual ou maior que a da crise de 1929.

Note-se que agora, a financialização da economia está muito mais avançada que naquela altura (1929).

Enquanto na crise de 2008, os Estados puderam socorrer a banca comercial e grandes empresas, com empréstimos praticamente gratuitos (juro quase zero). Além disso, os Estados e bancos centrais compraram ativos «podres» das empresas ao seu valor nominal. Deste modo, ofereceram somas colossais por ativos que não valiam nada e que não tinham hipótese de vir, um dia, a recuperar o dinheiro investido.

Mas, agora, a crise da dívida não se confina às empresas e aos bancos comerciais; ela atinge os bancos centrais e os Estados.

Não vai haver entidade exterior para fazer um «bail-out» (resgate vindo do exterior). Em todo o planeta, não haverá entidade capaz de resgatar a Reserva Federal ou o Tesouro dos EUA. Como não haverá possibilidade de reproduzir a «solução» provisória da crise de 2008, será o povo a pagar. Não apenas o povo dos EUA, como ao nível mundial, visto que o dólar continua a ser usado em 55% das trocas internacionais.

Hiperinflação, desemprego em massa, ditaduras policiais, guerras, tudo o que já começámos a sofrer nestes últimos tempos, irá  manifestar-se num grau muito mais intenso.

Neste contexto, é melhor as pessoas agirem depressa e adquirir tudo o que não seja ativo em «papel».

A subida das ações não é resguardo, não apenas porque pode haver um crash bolsista; também pelo facto de que a «subida» das ações deve ser avaliada em relação à desvalorização da divisa fiat na qual estão cotadas: Se uma ação cotada em dólares, sobe de 10%, mas estes dólares perderam 15% do seu valor (é o que o dólar perdeu, desde Janeiro de 2025, face ao ouro), então a pessoa julga ter ganho 10% e na realidade, perdeu 5%.

As obrigações, sejam de empresas ou soberanas (títulos de dívida do Tesouro de um dado país), vão perder toda a rentabilidade, num contexto de grande inflação, pois serão geralmente de juro com  taxa fixa, a qual será menor que a taxa de inflação real. As obrigações indexadas serão um pouco menos más, porém, a subida dos seus juros nunca cobrirá a desvalorização acelerada do dinheiro.

 Ativos não dependentes de divisa fiat: Os metais preciosos (ouro em barra, prata em barra, platina e palladium) ; o imobiliário (mas atenção: O imobiliário de luxo ficará relativamente mais desvalorizado, pois em contexto de crise, ninguém terá capacidade de o adquirir ou alugar); os terrenos agrícolas (se forem cultiváveis e se houver conhecimento técnico que permita rentabilizá-los); obras de arte e objetos de coleção (deve-se conhecer o mercado de arte e de coleccionismo, pois muitos objetos estão sobrecotados).

A divisa fiat é pouco fiável para avaliar o valor de um objeto. Ela está constantemente a desvalorizar-se; esta perda de valor é ainda maior num contexto de grande inflação.

Quanto aos bens acima enumerados, eles nunca deixarão de ser possuidores de valor próprio, qualquer que seja o novo sistema monetário que vier a ser adoptado depois da grande crise.

Pelo contrário, o numerário, os depósitos, as participações em fundos financeiros, as acções e as obrigações podem descer para 0 - 20 % do valor na altura da compra, ou seja, os seus detentores irão perder entre 100% e 80% do seu investimento.

As dívidas à banca são geralmente contraídas com juros variáveis; elas podem aumentar a um nível difícil ou impossível de pagar. Por isso, é melhor liquidar as dívidas existentes e não contrair novas.

Cultivar nossos talentos, em especial, os que a sociedade considera úteis, manter e reforçar os laços com a família e com amigos, são especialmente importantes neste contexto.