sábado, 2 de setembro de 2023

TRÊS MOMENTOS HISTÓRICOS DO «NEOLIBERALISMO»

 É preciso, de uma vez por todas, desmascarar o «neoliberalismo», como teoria económica e sobretudo, como teoria política dos Estados. 

I) A existência de uma corrente forte designada como neoliberalismo, pode atribuir-se - na origem - à «Escola de Chicago» e economistas do chamado «reaganismo», nos anos 1980. 

Mas, ainda antes disso, os «meninos de Chicago» (Chicago boys) estiveram associados à subversão do regime socialista de Allende, no Chile em 1973, com a contestação orquestrada na sombra pela CIA, conduzindo ao golpe sangrento e fascista de Pinochet, em 11 de Setembro de 73. Foi a partir desse 11 de Setembro, que os arautos do neoliberalismo tiveram oportunidade de aplicar as suas teses de privatização radical das grandes empresas estatais, de privatização da segurança social e saúde (entregando-a às empresas seguradoras), com um pano de fundo de ditadura violenta. No Chile de Pinochet havia quotidianamente «desaparecidos», a tortura e os assassinatos pela polícia política e polícia militar eram comuns, apesar da censura férrea a toda a informação impedir que se soubesse a maior parte do que se passava. Grande parte da população, em especial a mais pobre, ficou na miséria. A «lei» do livre mercado, significou que as condições de exploração se tornaram muito  semelhantes às do século XIX. O lucro das grandes corporações subiu, graças à exploração sem vergonha das pessoas e dos recursos naturais (como o cobre,  outros minérios, pescas, agricultura...). Há pessoas suficientemente estúpidas para dizerem que «as reformas» orientadas pela escola de Chicago, no Chile de Pinochet, foram um sucesso. Claro que esta narrativa é uma afronta às dezenas de milhares de mortos e às centenas de milhares de presos políticos. Este regime de terror, sob a proteção dos EUA, durou bem mais que um decénio e a transição para a democracia foi muito condicionada pelos próprios termos que Pinochet e seus acólitos impuseram.

II) Um outro dos «triunfos» do neoliberalismo foi o desmantelamento do chamado «Estado Social» ou «Welfare State». Não houve viragem política verdadeira dos eleitores, mas antes corrupção de governos social-democratas e socialistas, em toda a Europa. As hostes neoliberais penetraram profundamente o «socialismo reformista» e a IIª Internacional. Esta influência, teleguiada pelo Estado profundo dos EUA e os interesses corporativos que ele serve, permitiu que se tornasse «doutrina» a ideia segundo a qual o sector público é mal gerido e sujeito a clientelismos partidários, enquanto o setor privado (ou privatizado) tem a «propriedade mágica de rentabilizar as empresas, é muito mais eficiente, tem uma gestão rigorosa, o capital não tolera que os recursos sejam desbaratados » etc. 

Como sabemos, a canalização de ajudas e de benesses que acompanharam a entrega de setores rentáveis à «iniciativa privada», enquanto se deixavam em mãos estatais os setores não rentáveis, torna esta narrativa «num conto de fadas», ou numa ladainha que não prova nada, mas que esconde uma coisa importante: A intensificação da exploração dos trabalhadores, pela via direta nas empresas privatizadas e indireta, pois são-lhe retirados muitos direitos sociais legitimamente adquiridos.

III) Finalmente, o chamado neoliberalismo é a expressão na teoria económica, política e geoestratégia do imperialismo americano. Isso implicou a cedência total dos referidos social-democratas e socialistas europeus e, num âmbito global, do chamado «Ocidente». Os governos da UE, muitos destes considerados de centro-esquerda, têm mostrado a sua subordinação total à política belicista dos EUA, em especial no que toca à guerra levada a cabo pelos EUA em solo europeu via OTAN, e usando o Estado falido e fascistoide da Ucrânia como  ariete. Esta, insere-se na guerra sem tréguas contra a Rússia: Os neocons, que dominam a política externa e «de defesa» dos EUA desde há mais de 2 décadas, querem ver a Rússia destruída, reduzida a uma série de «bantustões», incapazes de fazer frente aos EUA. O público dos países da UE é inundado de propaganda de guerra, que distorce completamente a realidade e impede que ele se coloque como protagonista. O seu interesse natural seria de  tomar um claro partido contra a guerra, mas ele tem-se deixado manipular. 

A guerra anunciada contra a China, a pretexto de um território que é reconhecido por todos formalmente como pertencente à China, é ilustrativa da agressividade imperialista, dos que se designam de «neoliberais». Taiwan está internacionalmente reconhecida sob soberania chinesa. A constante provocação contra a China pode despoletar a IIIª Guerra Mundial, ou o alargamento da Guerra Mundial já existente. Os «neoliberais» imperialistas estão a fazer correr o risco de generalização e escalada de conflito entre potências nucleares. 

Concluindo: O «neoliberalismo» não tem nada de novo, nem tem nada de liberal no sentido da corrente nascida no século XVIII

Os verdadeiros liberais do passado, não apenas propunham a liberdade do comércio, como eram defensores da liberdade política, dum governo representativo, com câmaras eleitas, representantes dos cidadãos e dos seus interesses, defensores de constituições promovendo a liberdade de opinião e de organização da oposição.

Os que usam abusivamente a etiqueta «liberal», os neoliberais, apenas querem que o capital e seus detentores reinem sem entraves, que os poderosos esmaguem os fracos... Nem sequer resta no pensamento deles a «liberdade de comércio», constantemente espezinhada pelas sanções unilaterais contra as nações que não se dobram ao seu diktat. 

Na verdade, os neoliberais são defensores duma liberdade sem limites, para exploração dos trabalhadores, dos fracos e dos povos do Terceiro Mundo, às mãos das grandes corporações. Usam o termo «liberalismo» para melhor enganarem as pessoas.  


quinta-feira, 31 de agosto de 2023

MORNING HAS BROKEN (Cantado por CAT STEVENS)

Um hino em glória a Deus e de gratidão pela beleza da vida, que nos é dada gratuitamente, basta saber recebê-la como a erva que recebe o orvalho.

                                          https://www.youtube.com/watch?v=DmAOBosGlHY

Morning has broken
like the first morning,
blackbird has spoken
like the first bird.
Praise for the singing!
Praise for the morning!
Praise for them, springing
fresh from the world!


Sweet the rain’s new fall
sunlit from heaven,
like the first dewfall
on the first grass.
Praise for the sweetness
of the wet garden,
sprung in completeness
where God’s feet pass.


Mine is the sunlight!
Mine is the morning
born of the one light
Eden saw play!
Praise with elation,
praise every morning,
God’s recreation
of the new day! (*)




Autora:

----------------------


(*) Tradução de Manuel Banet


Ao romper do dia
como no primeiro,
o melro cantou,
como a primeira ave.
Alegrai-vos pelo canto!
Alegrai-vos pela manhã!
Alegrai-vos pela frescura
Irrompendo na Criação!

Suave chuva tombando
iluminada do céu,
como o primeiro orvalho
na primeira erva.
Alegrai-vos pela doçura
do jardim húmido,
irrompendo perfeito
sob os pés de Deus.


Minha é a luz do Sol!
Minha é a manhã
saída da luz única
que o Éden iluminou!
Alegrai-vos esfuziantes,
Gratos por cada manhã,
A recreação Divina
de um novo dia!

quarta-feira, 30 de agosto de 2023

NOVO PARADIGMA NA FÍSICA - STEVE WOLFRAM

 No primeiro destes três vídeos, Stephen Wolfram explica a importância de um quadro conceptual totalmente diferente para dar conta da imprevisão intrínseca, ou seja , da impossibilidade de mapear os percursos possíveis dum conjunto de partículas: Ele formula a 2a. Lei da Termodinâmica de um modo  assaz original.




Um segundo vídeo reflete  sobre a importância  na ciência, que tiveram as ideias completamente "fora da caixa" e a sua rejeição pelos contemporâneos, mesmo os mais ilustres cientistas.

https://www.youtube.com/watch?v=ofeg1P0yHUQ


O terceiro vídeo, mais filosófico, mostra que o novo paradigma proposto por Wolfram escapa à Física e situa-se no terreno da Metafísica. Mas, o autor deste vídeo defende que é uma necessidade. Não usa a expressão "Metafísica" ao de leve. Se seguirmos o raciocínio dele, devemos concluir que a revolução encetada por Wolfram não é meramente na Ciência: tem repercussões no plano da Filosofia.

https://www.youtube.com/watch?v=-jNMh8uuqQY

terça-feira, 29 de agosto de 2023

ALASDAIR MCLEOD: PROTEGENDO-SE DO FIM DAS DIVISAS FIAT

https://www.goldmoney.com/research/hedging-the-end-of-fiat


Do artigo de A. McLeod:

«Ao se discutir a aplicabilidade de bitcoin enquanto dinheiro, a sua inadequação como meio a partir do qual o crédito toma o seu valor foi mencionado e, também, que os entusiastas não tiveram em conta essa função essencial. De facto, a criação de crédito bancário é vista por muitos, quer no campo dos defensores do ouro, quer das cripto-divisas, como um mal e portanto, dizem que um dos benefícios principais do bitcoin é de nos vermos livres dos criadores do crédito. Os que seguem esta linha de raciocínio, falham na compreensão de que todo o dinheiro e as obrigações de pagá-lo, são de facto crédito, pois representam o armazenamento provisório de produção não consumida.  Porque todo o nosso consumo tem origem na produção, logo o meio de troca, seja ele qual for, é um meio de intermediação.

Existem duas distintas formas deste crédito, uma que não implica contrapartida (garante) e que existe apenas sob forma de ouro,  prata ou cobre, que são amoedados por conveniência. Não pode ser outra coisa, se excluirmos a troca direta (barter). O termo adequado para as moedas é dinheiro, para o distinguir das promessas de pagamento (em dinheiro) em data futura, o que se designa por crédito. »



PS.1: Um artigo de 04/09/2023, dá-nos uma panorâmica do ouro, enquanto padrão monetário, sendo particularmente interessante os detalhes sobre os erros cometidos durante o século XIX e as perspetivas dum futuro padrão-ouro, deste servir como reserva, garantindo a solidez das divisas:

segunda-feira, 28 de agosto de 2023

VIAGEM CÓSMICA [OBRAS DE MANUEL BANET]

 



Nosso rio da Lua serpenteia por um céu de estrelas

Não existe limite no firmamento só escuridão vibrante 

Em nossos corações pequeninos estão encerrados universos

Pelo caminho de prata vogamos em silêncio

Recolhidos perante o mar cintilante aos nossos pés

Afinal somos estrelas, não somos só daqui

Viajamos em espaços vibrantes e sensuais

O vazio não existe, a nossa vida é eterna

Posso morrer, num certo sentido, mas estarei

Em constelações e galáxias, num espaço-tempo

Insuspeitado. Olho o céu estrelado

Na noite, respiro o perfume

Das fragrâncias oceânicas 

Num silêncio só entrecortado 

Pelo murmúrio das vagas

Eternidade do momento que me possui

Sinto-me unido a Ti 

Tranquilo como criança por nascer

No ventre de sua Mãe





Please Don't Talk About Me When I'm Gone

Bert Lown's Orchestra

 Please don't talk about me when I'm gone

Oh honey, though our friendship ceases from now on
And listen, if you can't say anything real nice
It's better not to talk at all is my advice
We're parting, you go your way I'll go mine
It's best that we do
Here's a kiss I hope that this brings lots of luck to you
Oh makes no difference how I carry on
Remember, please don't talk about me when I'm gone
We're parting, you go your way I'll go mine
It's best that we do
Here's a kiss I hope that this brings lots of luck to you
Makes no difference how I carry on
Remember, please don't talk about me
Please don't talk about me
Please don't talk about me when I'm gone


Um sucesso duradoiro - desde 1930, quase 100 anos - de uma canção popular americana que continua a fazer parte do reportório de bandas de jazz tradicional. Foi interpretado por gigantes do jazz como Frank Sinatra e Billie Holiday.



domingo, 27 de agosto de 2023

WHITNEY WEBB: O CASO EPSTEIN É APENAS A PONTA DO ICEBERG, HÁ MUITO MAIS A DESCOBRIR

 Whitney Webb é uma jornalista de investigação, que escreveu um livro em dois volumes, descrevendo a rede na qual Jeffrey Epstein estava inserido. Ela tem o mérito de nos centrar no papel de fornecedor de fundos e de agente do Mossad, assim como a sua relação de longa data com Bill e Hillary Clinton. Igualmente a relação entre as agências de «segurança» (National Security State) e Silicon Valley é esclarecida factualmente por Whitney Webb, remontando ao tempo da guerra do Vietname. As conexões entre mundos aparentemente separados, são perfeitamente visíveis, se houver um pouco de insistência em investigar por detrás das mentiras, meias-verdades e silêncios do aparelho de Estado e da media mainstream, protegendo os poderosos e ocultando seus atos criminosos.