sexta-feira, 1 de fevereiro de 2019

MICHAEL BUBLÉ - THE MORE I SEE YOU

                                         https://www.youtube.com/watch?v=9WoxGL6CObY


The more I see you, the more I want you
Somehow this feeling just grows and grows
With every sigh I become more mad about you
More lost without you and so it goes
Can you imagine how much I love you?
The more I see you as years go by
I know the only one for me can only be you
My arms won't free you, and my heart won't try
Can you imagine how much I love you?
The more I see you as years go by
I know the only one for me can only be you
My arms won't free you, and my heart won't try
Songwriters: Mack Gordon / Harry Warren
The More I See You lyrics © Warner/Chappell Music, Inc

Em geral, gosto bastante das versões dos clássicos, que Michael Bublé tem levado ao ouvido das novas gerações....Especialmente, esta versão da célebre canção «The More I See You». 

Celebrizada por Chris Montez, nos anos sessenta na cena pop, foi igualmente interpretada por stars do jazz, entre as quais, Sarah Vaughan e Nat King Cole.

A versão de Bublé é criativa e adequada. É muito difícil de ser original e de ter bom gosto, na interpretação de canções muito célebres, como esta. 

quinta-feira, 31 de janeiro de 2019

GEOPOLÍTICA E HISTÓRIA

Hoje, decidi escrever algo sobre geopolítica, mas tomando um certo recuo em relação à actualidade:

É que os políticos e governos ocidentais que se «distinguem» por tentar reactivar a era de Guerra Fria, agora entre blocos sensivelmente diferentes dos do tempo da Guerra Fria nº1, são aqueles que se dizem defensores da «globalização».
Enquanto os seus «inimigos», ou seja, sobretudo a Rússia e a China, são defensores de um «mundo multipolar». Porém, o que estes últimos estão fazendo é - afinal - a globalização verdadeira, ou seja, a generalização de trocas comerciais, a intensificação dos fluxos de pessoas e mercadorias através de novas redes de transporte (as «novas rotas da seda»), a generalização de relações iguais e mutuamente vantajosas entre Nações soberanas... Ao fim e ao cabo, não seria mais apropriado serem estes designados por globalistas? ...Enquanto os primeiros, do «eixo Atlântico» (os EUA e os seus aliados-vassalos), os anti-globalistas??

Talvez o mais apropriado fosse designar estes últimos de «hiper-imperialistas», ou seja, os que querem um mundo unipolar, uma hegemonia mundial. Querem que todo o mundo esteja sujeito a um único super-poder - os EUA, a tal «nação indispensável» - com os seus acólitos, onde se contam, em particular, as ex-potências coloniais europeias do século XIX. O papel destes ex-impérios coloniais tem sido o de «correia de transmissão», do hiper-imperialismo para o mundo «em desenvolvimento» (respectivas ex-colónias de África, nomeadamente).

Os políticos fazem uso das palavras e conceitos que elas encerram para enganar as pessoas de bem. As que acreditam que, quando eles dizem... «vamos defender a liberdade contra a tirania», é isso mesmo que têm intenção de fazer. Na realidade - é sempre o contrário!
Em política, o lema das pessoas deveria ser «non credo», ou seja, apenas nos interessam factos observáveis e verificáveis... Além disso, devemos desconfiar das interpretações desses factos, dadas por uns e por outros: 
-«Como se chegou a tal situação? Quais os factores em jogo? Qual é a verdadeira estratégia de uns e de outros? » Estas e outras perguntas devem ser colocadas em relação a quaisquer episódios que ocorram no «jogo de xadrez» mundial do poder. Porém, é frequente não haver uma resposta clara e inequívoca a tais perguntas 

Estou convicto que a verdade sobre o que se passa agora só poderá ser conhecida após um tempo longo, um mínimo de 50 anos, quando os arquivos estiverem abertos para investigadores fazerem a história de um dado período. 
Ninguém, hoje em dia, sabe a verdade, quer em termos globais, quer no pormenor: mesmo os diversos actores políticos - não apenas o grande público - estão imersos num «nevoeiro de desinformação». 
Não é nada tranquilizador pensar nisto. Por muito prudentes que tais políticos sejam, poderão - com uma alta probabilidade - tomar decisões erróneas e contrárias aos interesses das suas respectivas populações, no meio de tal nevoeiro.

quarta-feira, 30 de janeiro de 2019

VENEZUELA E INGERÊNCIA EM ASSUNTOS INTERNOS DOUTROS ESTADOS


                                 http://www.informationclearinghouse.info/50996.htm


                               

Hoje em dia, existem duas correntes antagonistas, no que toca aos assuntos internacionais. Uma, que é representada pelo imperialismo, nomeadamente os EUA e seus vassalos europeus. Esta corrente declara como legítimo que se faça guerra económica (as sanções são claramente uma forma de guerra económica), se façam pressões e se dite o que um governo dum país estrangeiro e soberano deve ou não fazer (que é a exigência de eleições no caso venezuelano senão uma descarada interferência nos processos internos desse pais?), chegando ao ponto de decretar a legitimidade de intervenções armadas para «proteger populações sujeitas aos piores abusos» (lembram-se do Kosovo, da Líbia, etc?). Nesta corrente, a Carta da ONU ou os princípios do Direito Internacional contam apenas como algo que se utiliza quando vêem vantagem, para «fundamentar» a retórica intervencionista. Por contraste inventaram o «direito de ingerência humanitária», que não é mais do que uma capa para as piores aventuras bélicas. 
A outra corrente, que é corporizada pela Rússia, China e por múltiplos países não vassalos do império dos EUA,  defende que os países devem respeitar a soberania uns dos outros, devem aceitar o princípio da não-ingerência nos assuntos internos, que as relações entre governos e Estados se devem basear nos princípios do respeito e  das vantagens mútuas. 
A primeira corrente é apoiada politicamente pelos ditos «liberais» ou «neoliberais», que são as forças dominantes e hegemónicas na cena política do chamado «Ocidente» (que inclui o Japão): trata-se de várias famílias políticas, que vão desde os dois partidos do poder - os democratas e os republicanos - nos EUA, até aos diversos grupos que partilham ou se alternam no poder, na Europa ocidental. Algumas forças tidas como «marginais», no Ocidente, estão no entanto em contradição com a narrativa do direito de «ingerência humanitária», a esquerda comunista na Europa e os libertarianos nos EUA (diferente de libertários = anarquistas), que defendem a não-ingerência e o direito à auto-determinação.
O grotesco e grave é que a grande maioria do establishment político do Ocidente está a fazer o jogo dos EUA, numa situação em que não existe absolutamente nenhum direito da sua parte, com o risco de conduzir (é isso que desejam?) a uma nova tragédia como a da Síria. Ignoram os princípios sobre os quais foi edificada a ONU e o Direito Internacional.
Uma «esquerda» falsa, que alinha com ONGs e outras instâncias, subsidiadas por agências, como a fundação Soros, faz um grande chinfrin em torno da violação (real ou fictícia) de direitos humanos mas, em geral, somente nos países que justamente não alinham com o Ocidente, como a China, o Irão, etc... «esquecendo-se» de referir situações bem piores - sob todos os ângulos - como aquilo que fazem a Arábia Saudita, as outras monarquias do Golfo e muitos outros regimes ditatoriais em África, Ásia ou na América Latina... 

Na verdade, as pessoas com sentimentos humanitários verdadeiros deveriam fazer todo o tipo de pressão para que o governo do seu país não se imiscuísse nos assuntos de outros, não causando situações que irão desencadear uma guerra civil, deslocação em massa de populações, etc. Ao fim e ao cabo não deveriam tolerar que uns corruptos dirigentes políticos ao serviço do grande capital, da banca mundializada, venham dar «lições de moral», para mandar tropas fazer «intervenções humanitárias» para repor a ordem que lhes convém. 
Não fazer nada, não manifestar indignação e repúdio é colaborar com estas violações grotescas dos princípios que enformam as relações entre Nações, construídos à custa da experiência de duas guerras mundiais. 
Uma «desculpa» é atribuir males (reais ou imaginários) aos governantes do regime/país que se quer diabolizar: isso é uma técnica de propaganda usada pelos nazis, à qual as pessoas minimamente inteligentes não deveriam sucumbir. 
Não se podem «exportar» a democracia ou o respeito pelos direitos humanos com sanções, ameaças de invasões, apoio a grupos terroristas, etc. Precisamente aquilo que os governos ocidentais, a começar pelos EUA, costumam fazer quando têm na mira uma «mudança de regime». 
O facto de certos partidos ditos de «esquerda» se somarem ao coro não mostra senão a sua corrupção completa.
Estar contra a ingerência maciça na Venezuela não quer dizer «dar o aval» ao regime venezuelano e ao seu líder. Quer dizer apenas que se respeita o povo venezuelano e que este tem o direito absoluto a governar-se do modo que entender, a resolver os seus problemas políticos internos do modo que entender. Se houver uma insurreição genuína num país qualquer do mundo, de certeza que os insurrectos não irão querer que forças externas se vão imiscuir na sua luta. 
O imperialismo não pode tolerar a independência de um país que possui as maiores reservas conhecidas de petróleo, não apenas do continente americano, mas do mundo inteiro. 
John Bolton disse-o, sem vergonha, numa TV dos EUA, «nós iremos lá e tomamos conta do petróleo».

terça-feira, 29 de janeiro de 2019

INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL E CRIATIVIDADE

Neste vídeo abaixo, o autor da série «Science Étonnante» coloca a questão de saber se a IA (Inteligência Artificial) se pode aparentar à nossa capacidade cerebral, não no aspecto quantitativo, mas qualitativo:
Ou seja, hoje é evidente que as capacidades de cálculo e velocidades dos computadores excedem em muito o equivalente em termos humanos. 
Mas será assim também em relação à criatividade? Oiça a discussão da questão, em termos bem humorados e esclarecedores!



segunda-feira, 28 de janeiro de 2019

ENTREVISTA COM MANUEL BANET, ELE PRÓPRIO



O QUE TE LEVOU A FAZER O BLOGUE «MANUEL BANET, ELE PRÓPRIO»?
Eu tinha estado muito mal, durante anos a fio. Precisava de me pôr «de pé» e tive ideia de escrever exactamente aquilo que me apetecia. Não por capricho, mas por uma necessidade de me situar a mim próprio, em relação às minhas convicções, aos meus gostos, às minhas vivências… Ao fazer algo potencialmente visível pelo público, tinha de ser mais exigente comigo próprio, do que se fosse meramente «confissões a um diário».

VEJO QUE TE INTERESSAS POR MÚLTIPLOS ASPECTOS DA CULTURA, DA SOCIEDADE, EMBORA TENHAS ALGUNS TEMAS DOMINANTES…
Sim; assim como sou, assim escrevo: tenho interesses variados, como sempre tive, às vezes reencontro velhas «teimosias», velhos «jeitos», mas tento não estar exclusivamente centrado na minha pessoa, nos meus pensamentos. 
Penso sempre se aquilo que estou a escrever ou a mostrar tem o mínimo de interesse para os outros. Senão, mais vale não publicar…

COMO ENCARAS O MUNDO DA POLÍTICA E DA ECONOMIA, HOJE EM DIA?
Tenho a visão de alguém que passou por muitos episódios, que observou muitas coisas, tentando reflectir sobre aquilo que se passava à sua volta. 
A minha intervenção hoje é mais distante, mas não é indiferente. Tenho horror ao estilo panfletário: tento fazer com que a minha posição, seja ela qual for, seja bem clara para os leitores. 
A política no sentido nobre de preocupação com os assuntos da sociedade em geral sim, é do meu interesse. A pequena intriga, o ódio vesgo e partidário, a mesquinhez, a difamação… tudo isso não cabe nos meus parâmetros. Não estou interessado em escrever assim. 
Tenho muita preocupação pelo facto de que as jovens gerações sofrem, sem o saberem, de uma constante lavagem ao cérebro, que as torna – mesmo inteligentes – incapazes de compreender o mundo. Eu tento dar um contexto a certos fenómenos, a certos factos. Espero contribuir com algo de positivo em relação aos outros. Em relação ao meu percurso pessoal, é importante também, pois ajuda a me situar e a ver as coisas em perspectiva.


O QUE SIGNIFICA PARA TI LIBERDADE?

Pergunta realmente difícil! Não considero que se possa ter uma ideia unívoca, que caiba dentro duma definição de dicionário. 
Acho que a liberdade humana é a capacidade potencial de cada pessoa em criar. 
Agora, no concreto, há muitas pessoas a quem lhes são negadas tais possibilidades, de uma variedade muito grande de maneiras. 
Em relação ao exterior, às forças externas ao indivíduo em sociedade, há uma liberdade «negativa», ou seja: a liberdade de não ter fome, de não ser preso por exprimir os seus pensamentos, etc. Esta liberdade «negativa», que poderíamos considerar também «as garantias do cidadão» está em perigo, hoje em dia, porque se confundiu durante demasiado tempo isso com a «defesa de privilégios».  
Mas o que me preocupa actualmente é o indiferentismo, que atinge tantas pessoas, ou por incultura, ou por cobardia, ou por egoísmo, ou tudo isso junto. Desta maneira, a liberdade ou as liberdades correm perigo, porque estas só são verdadeiras se e quando exercidas pela cidadania. 
Uma liberdade «letra morta», encerrada nos textos das leis, mas que não se exerce na vivência social, está mesmo morta, é um cadáver!

COMO ENCARAS O FUTURO DAS NOSSAS SOCIEDADES?
As sociedades souberam ao longo de milénios encontrar saídas para situações dilemáticas. A nossa época é uma de transição, em que muitas pessoas ficam desorientadas, onde não se tem qualquer certeza. Mas estas épocas são, normalmente, as mais promissoras em soluções.
O que me preocupa mais é a possibilidade dessas mil e uma experiências serem anuladas subitamente por uma catástrofe, como uma guerra nuclear, ou a perda da habitabilidade do planeta pelo excesso de poluição, pela destruição dos habitats, pelo esgotamento de recursos, água potável e outros… 
Como biólogo, encaro com imensa preocupação que as questões ambientais, muitas vezes, não se traduzem senão por discursos, destinados a captar o voto dos cidadãos, enquanto se tornam cada vez mais urgentes verdadeiras intervenções de protecção e recuperação dos nossos habitats.

QUE ASPECTOS DA BIOLOGIA TE TÊM INTERESSADO MAIS, NOS TEMPOS MAIS RECENTES?
Nos tempos mais recentes, frequentei alguns cursos online sobre epigenética, sobre paleoantropologia e sobre pensamento crítico. Estes cursos de elevado nível e com real conteúdo foram para mim ocasião de aprofundar coisas que nunca pude aprender, pelo menos de maneira sistemática, quer no meu estudo inicial, quer durante a minha vida profissional. 
Em particular, no caso dos cursos sobre a evolução humana, ensinaram-me imenso (e refrescaram-me conhecimentos também) sobre a bela e frágil aventura humana e como é tão preciosa. 
Estou certo que se houvesse uma compreensão mais aprofundada deste assunto, não apenas haveria maior cuidado em resguardar os vestígios do passado remoto, como se teria uma perspectiva da profundidade histórica da nossa própria espécie e das que nos antecederam. Logo, acredito que o conhecimento da evolução humana ajude a abater mitos e dar força a um humanismo integral, que tenha orgulho e humildade daquilo que somos enquanto espécie, em toda a sua diversidade.
  

EM TERMOS DE POESIA, QUE INFLUÊNCIAS TE MARCARAM AO LONGO DA TUA VIDA?
A poesia sempre me acompanhou desde muito pequeno, pelo que - para mim - é impossível dar um conjunto concreto de influências. Mas, na minha adolescência, lia com entusiasmo tudo o que me caía debaixo dos olhos. Tinha especial interesse pelos surrealistas e pelos autores maneiristas do século XVI e XVII. Hoje, ao ler poemas meus, vejo claramente que sofri essas influências estilísticas: é como se fossem vários Manuel Banet a escrever, umas vezes num estilo, outras noutro…

AS TUAS PREFERÊNCIAS MUSICAIS SÃO O BARROCO E O JAZZ CLÁSSICO, EMBORA OUTROS TIPOS DE MÚSICA TAMBÉM ESTEJAM PRESENTES: O QUE TE ATRAÍ MAIS NESTES ESTILOS?
Sim, aparentemente, o barroco e o jazz são géneros musicais muito distantes. Mas tanto um como outro, devem ser interpretados com enorme liberdade e também adequação, bom gosto. É isso que os liga subjectivamente, no meu espírito… não gosto de modelos demasiado rígidos.  Mas, a minha preferência por estes estilos, não anula a capacidade de apreciar outros estilos de música.

PREOCUPAM-TE AS REACÇÕES QUE POSSAS SUSCITAR NO LEITOR, QUANDO PUBLICAS ALGO NO BLOG?
Sim; preocupa-me, pois se trata afinal duma amostra daquilo que eu sou: não posso esquecer que estou a revelar algo de mim próprio, através dos meus escritos, sejam eles ensaios políticos, filosóficos, poesia, crítica de música, etc…
Por outro lado, não condiciono a decisão de incluir isto ou aquilo ao que suponho seriam as reacções de um dado público. Primeiro, porque não ando «à caça» de nenhum público (!) e, depois, porque não se pode «agradar a gregos e troianos»: quem não aprecia o que eu escrevo, simplesmente não vai ler… é um blog aberto, sem vinculação a nenhuma agenda particular. Agora, o que ocorre com frequência, é receber reacções aos meus escritos da parte de pessoas amigas.








domingo, 27 de janeiro de 2019

[OBRAS DE MANUEL BANET] COMPOSIÇÃO


Fazer poesia com as mãos
Moldar estátuas de fumo branco
Entoar as horas pelos valados
De noite escalar as dunas
De dia ouvir zumbidos no lugar

Assim irei rente ao rio 
Canoa sem mastro e sem remos
Serei aquela ave de falcoaria
Ou aquela raposa assustada
Clandestina senha do juncal

Mais não saberei que meus dias
Minhas errantes caminhadas
Aquelas visões de poente

E me extinguirei sem dor
Sem assumir dívida ou herança
Apenas assoprado como vento
Da alma entregue ao universo

(Murtal, Parede, 23 de Janeiro, 2019)

sábado, 26 de janeiro de 2019

VENEZUELA: FABRICAÇÃO DO «INEVITÁVEL» GOLPE...


Começaram por fazer um boicote a todos os meios de subsistência da Venezuela. Lembram-se da «campanha do papel higiénico»? O boicote económico implicava que apenas se conseguiam coisas essenciais à custa de dólares e estes obtidos no mercado negro, a um valor múltiplas vezes superior ao câmbio legal. Foi assim que começaram a desencadear o ciclo infernal da hiperinflação. 
A Venezuela estava bem exposta a esse tipo de sabotagem, na medida em que - devido à bonança do petróleo - as pessoas recebiam ajudas do governo para praticamente tudo, o qual governo se abastecia de dólares no mercado petrolífero, distribuindo esses dólares aos comerciantes que os usavam na importação de bens de consumo. A partir de determinado momento, os comerciantes começaram a guardar os dólares, muitos deles, com certeza, fora do país, em vez de os trocar por mercadorias. Organizou-se a escassez, que levou à inflação e depois à hiperinflação.

A CIA esteve desde sempre associada na Venezuela com todo o tipo de contestação, desde a mais «política», à mais terrorista, à sabotagem económica, que culminou com uma série de sanções cada vez mais abrangentes, do governo dos EUA contra o Estado Venezuelano.
A guerra económica era apenas uma etapa para o golpe, para a substituição de Maduro por um Juan Guaido fiel e submisso aos seus patrões dos EUA: com 35 anos, preside ao parlamento, membro da oposição, não tem direito constitucional de tomar o cargo de presidente, visto que Maduro ganhou as eleições presidenciais, de forma totalmente legal, como foi decretado pelos juízes, que avaliaram (e descartaram) as queixas sobre o referido processo eleitoral.  
A utilização de países da América Latina (e do Canadá) como apoiantes do golpe, mostra claramente quais estão ao serviço do imperialismo, por sinal os que já tinham sido largamente favorecidos pelo «maná» vindo de Washington. 
Logo que se trata de subverter um processo democrático que escapa ao seu controlo, estes fantásticos «democratas» esquecem logo certos factos, relegados a «pormenores sem relevância» como, nomeadamente, de que uma grande maioria do povo venezuelano votou em eleições consideradas livres e legítimas e elegeu Nicolas Maduro.

É lamentável ver a falta de coragem de uma certa esquerda, sendo que as personagens que nos EUA realmente colocam as coisas em termos factuais são Paul Craig Roberts e Ron Paul.



Caitlin Johnstone trouxe ao nosso conhecimento o acto corajoso de Medea Benjamin, que realmente diz as coisas que os presidentes da Organização dos Estados Americanos não gostaram de ouvir, mas totalmente certas:


Fazer um golpe de Estado, não é solução, além de que é criminoso; é o caminho mais certo para desencadear uma guerra civil, uma tragédia. 
Apoiar um golpe de Estado é uma cobardia; quem sofre as consequências é o povo desse país, não os presidentes que nas suas poltronas lançam uns contra os outros e promovem o caos.